quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Camada de ozônio, ou; feliz 2025

 

         Depois de se revirar na cama, ele pegou o celular para ver que horas eram. Ainda dava para ficar na cama mais quinze minutos, mas ele resolveu se levantar.

         Apoiando as costas e andando lentamente, ele foi despertando os músculos e articulações. Todo dia era assim... As dores matinais faziam parte da sua vida, mas ele sabia que era só andar um pouco que elas iriam embora.

           Ele escovou os dentes, fez xixi, foi até a cozinha, comeu um pão com manteiga e tomou um copo de leite.

      Definitivamente, as festividades do final do ano não caíram muito bem em seu estômago. Cervejinhas a mais, vinhozinhos de vários tipos, várias uvas e várias procedências, muitas vezes duvidosas. Champanhe rosê, champanhe branco, champanhe amarelado e com gosto avinagrado, e como não poderia faltar, o champanhe fidido, que aquela tia avarenta sempre trazia todo ano.

           Tudo isso, combinado com uma dose a mais de churrasco, fricasê, chester, arroz temperado, pavê e pácumê, acabam formando um coquetel molotov, que fermenta e depois explode, detonando gases que contribuem para a destruição da camada de ozônio.

            Dando umas batidinhas na barriga, enquanto anda pelado pela casa ele pensa com um sorriso de canto de boca: "Acho que deve ser por isso que janeiro é um mês tão quente, os gases tóxicos aumentam muito, e isso pode realmente contribuir para o aquecimento global!"

            Ele está se preparando para o primeiro dia de mais um ano. Se esse ano continuar no mesmo ritmo dos demais, ele sabe que muita coisa vai acontecer. Ele vai sorrir, ele vai chorar, ele vai ter vitórias e pequenas derrotas.

            Ele vai ter felicidade e paz, mas também vai ter impaciência e momentos de raiva. Todos esses momentos, distintos, mas juntos, fazem dos anos sucessões de obstáculos. E como é bom vencer um obstáculo... Tudo bem que esses obstáculos as vezes machucam; mas as vezes alegram! Ele sabe que isso é que faz a vida boa para ser vivida.

            Ele toma banho, passa perfume e se ajeita pra ir trabalhar. Ele sabe que as rotinas da vida matam, mas também salvam! Cabeça vazia é oficina do capeta, já dizia sua avó!

          Então ele vai trabalhar. Certamente não é o melhor serviço do mundo, mas está longe de ser o pior... Ele sai feliz por mais um ano que começa e por saber que Deus lhe deu a honra de ter acordado e vivido 365 dias no ano que passou. Agora ele está pronto pra mais uma batalha. Aí vem mais 365 dias, e ele quer estar presente em todos. Daqui a um ano ele pretende estar feliz, com o estômago em frangalhos, com a boca amarga pela ressaca e cheio de comidinhas e bebidinhas, e por isso, contribuindo para acabar com a camada de ozônio e deixando os janeiros cada vez mais quentes...

            Feliz 2025!