sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Resto de festa



Eu estacionava meu carro pela manhã numa rua que fica ao lado do meu serviço e em frente a uma praça. Enquanto manobrava para estacionar eu reparei num senhor que caminhava lentamente atravessando a rua. Ele estava com roupas muito sujas, vestia uma calça clara, uma camiseta dessas de propaganda política e um farrapo de blusa cobria-lhe as costas.
Com uma das mãos ele segurava um saco de pano grosseiro que caía sobre as costas. Na cabeça, além de uma farta cabeleira suja e enrolada, tinha também um boné encardido que em algum dia devia ter sido branco.
Eu acabei de estacionar e segui em direção ao meu serviço. Enquanto andava eu vi o homem pegar uma bituca de cigarros no chão e sentar-se num dos bancos da praça. Depois, como ventava um pouco, ele colocou uma das mãos na frente da bituca e com a outra tentava ascendê-la.
Nesse momento um cidadão que vinha em sentido contrario, olhou pra mim com uma cara de quem contava uma piada muito engraçada e apontando com a cabeça, esticou o beiço para o andarilho, falando:
- Aí... Isso aí é o resto da festa que sobra pra nossa cidade!
Eu não retribuí o sorriso e nem o gracejo que essa pessoa ignorante me fez. Pelo contrário, essa frase infeliz dele, chamando um outro cidadão de “resto de festa”, na verdade mostrou a dureza de coração, a falta de educação e a falta de humanidade que ele carrega dentro de si.
A gente nunca sabe o que leva uma pessoa a sair pelas ruas como andarilho. A gente não sabe se ela tem problemas psíquicos, se ela teve uma dolorosa decepção e não conseguiu se controlar depois disso, se ela teve ou não uma base familiar que o auxiliou durante a vida, se ela é assim por opção, ou seja lá o que for!
Por isso acho que as palavras de sarcásmo e ironia, que esse sujeito usou, chamando o andarilho de “resto de festa”, foram infelizes.
Mesmo que talvez a gente não faça a nossa parte colocando a mão na massa para fazer um mundo e uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as pessoas tenham condição de vida e apoio nas horas difíceis, pelo menos consideração pelo ser humano independentemente do seu aspecto e condição social, é a nossa obrigação!
Fazer graça na desgraça dos outros, não é humor! Nem humor negro, pois o humor negro trabalha em coisas absurdas, mas não reais como a vida desse andarilho...
Pense nisso!



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Penas para o ar

Meu irmão Júnior, tem um repertório de "causos" que ele sempre conta nas reuniões de família. Esse aqui é um deles. Ele escreveu pra que eu colocasse no meu blog. Achei que ficou divertido e que vale a pena você ler e dar um pouco de risda! Ele jura que é verdade... E posso falar como irmão mais novo, que ele não é muuuuito mentiroso!

 

No ano de 1972 , eu tinha 9 anos de idade e morava com minha avó em Barretos, numa casinha bem simples de três cômodos e bem distante da do centro cidade , o vizinho mais próximo era a “Maria Macumbeira” que morava ao lado (que eu achava que não valia como vizinha), depois dela, o segundo mais próximo ficava a uns quatro quarteirões. Nós não tínhamos energia elétrica, água encanada, nem nada que pudesse significar algum conforto, pelo contrário, a vida era bem difícil porém como vão perceber bem ela era divertida!
Minha avó era muito rígida comigo (à moda das pessoas rústicas e honestas de antigamente), também era uma polivalente, pois cuidava da casa, cuidava de um mercadinho, criava galinhas e o melhor de tudo! Era a única parteira da cidade! Além disso fazia caridade e trabalhos sociais na sua Igreja. Não preciso dizer que eu participava de tudo isto de forma direta e indireta e ai de mim se não participasse.
Um dos maiores orgulhos de minha avó eram suas “preciosas” galinhas caipira e seus galos da raça índia, todo ano era certeza que ela expusesse esses galináceos, na feira de animais que acontecia na Festa do Peão. Ela não admitia que suas galinhas não fossem premiadas sempre com o primeiro lugar! O pior (ou melhor, pra ela), era que sempre levava o premio maior.
Mas como será que estas galinhas chegavam até a Festa do Peão? Aí é que começava o meu drama. O netinho lindo da dona Lourdes era a transportadora...
Eu como ator coadjuvante nas peripécias da minha avó, andava a pé (pois nem bicicleta eu tinha), por essa cidade toda, hora transportando galinhas, ora buscando latas de lavagem para os porcos e em todas as situações pagando meus vários “micos.”
Todo ano, sempre no primeiro dia da festa do peão, eu acordava bem cedo, fazia um desjejum puxando uns 15 baldes de água da cisterna que parecia não ter fundo. Comia algo bem rápido, pois não podia me atrasar. Daí minha avó “adoravelmente” colocava as estrelas galináceas fêmeas num saco, e os galãs galináceos machos em outro. Eu (a transportadora), colocava estes sacos nas costas, e ia sempre á pé, rumo ao local da exposição dos animais, que ficava num bairro bem distante. Ia sempre de chinelo de dedos, isso quando “havainas” era chinelo de pobre! O sol escaldante maltratava minha pele de menino, por isso eu sempre pensava num plano para acabar com aquele evento. Mas logo depois me conformava com o que o destino tinha me reservado. Este trajeto de ida e volta demorava mais ou menos duas horas, eu chegava exausto, e minha avó sempre, “mas sempre mesmo”, perguntava porque eu tinha demorado tanto. Se eu pudesse pelo menos lançar meu olhar de ira já ia ficar satisfeito, mas naquele tempo uma criança jamais podia confrontar uma pessoa mais velha, nem mesmo em pensamento! Falando nisso acho que minha avó lia meus pensamentos! Que coisa mais louca... O sistema era bruto!
Mas um ano, eu resolvi dar uma de esperto. Repeti o ritual até o ponto de iniciar a longa e exaustiva caminhada, mas com um plano já arquitetado na minha mente. Andei uns 500 metros para despistar minha avó e peguei o ônibus, com o dinheiro que minha tia Mariana tinha dado para eu chupar um sorvete (saudades da Tia Mariana!) Então, dentro do ônibus, eu me sentia numa limusine! Sentei bem no meio num banco que parecia mais um brinquedo de pula-pula! Fomos eu e as estrelas galináceas.
Depois de uns quinze minutos achando estranho que todos me olhassem feio apenas pelo barulho dos cacarejos, resolvi investigar se as madames tinham feito alguma sujeira dentro do saco. Porque fui fazer aquilo! As amarras do saco se soltaram e foi galinha pra todos os lados. Parecia um caminhão de galinhas!
E parecendo vingança, as galinhas sujaram todo o ônibus. Eu desesperado, tentando pegá-las, inocentemente pedia ajuda, mas o que ouvia era:
- Credo que nojo! - Ai Jesus que é isso? - Ah... Só podia ser o neto da parteira!
Como percebem, todos conheciam minha avó, eu mesmo não tinha nome, porque numa época onde os meninos, principalmente os bem pobres como eu, eram em sua maioria meros desconhecidos, pelo menos eu era “o neto da parteira.“
Então depois de muito lutar, não sabia quem estava mais cansado! As galinhas, eu, ou as pessoas que assistiam a tudo impassíveis. O motorista parou o ônibus, e finalmente consegui colocar as galinhas novamente no saco. Fui expulso do ônibus junto com as celebridades ensacadas, (o que era de se esperar), mas a tristeza do jeca não era essa, pois certamente levaria uma surra quando chegasse em casa. Pois além de levar quase o dobro do tempo, antes que eu chegasse em casa minha avó já estaria sabendo de tudo, e pensar nisso era realmente aterrorizador...
É lógico que o imaginável se cumpriu. Uma surrinha foi inevitável... Eu jurei matar todas as galinhas, mas logicamente isso não aconteceu pois o que eu mais gostava era dos bichos que nós tínhamos em nossa casa. Galinhas, gatos, cachorro e muitos pássaros soltos pelo jardim.
Para garantir minha integridade, ao final da festa resolvi buscar as madames seguindo a rotina padrão do caminhar, junto ao meu amigo sol escaldante, ou então, na companhia da luz do luar, que lindo né?
Essas lembranças me divertem ainda hoje e trazem a mente as lições de humildade, domínio próprio, mansidão, etc. Tudo dentro do plano e do cuidado que Deus já tinha comigo. Realmente sou muito grato a Ele, pois foi por permissão Dele que tudo aconteceu para a formação de meu caráter.
Então até a próxima ! Deus os abençoe !

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Bacalhau do mestre André


Eu já falei aqui no blog que gosto de cozinhar, e geralmente as pessoas que me conhecem adoram que eu faça isso! Então eu acabo achando que ou eu sou bom cozinheiro ou as pessoas é que são muito gente fina e comem mesmo sem gostar! Mas como nunca sobra nada no fundo da panela, então vou ficar com a primeira opção.
Geralmente eu invento as minhas receitas, na verdade 99,99% delas são inventadas, mas é lógico que você que gosta de cozinhar, deve sempre acompanhar alguns programinhas culinários e ler alguns livros de receitas para assim, no dia em que for fazer alguma coisa, você já tenha uma base do que quer criar.
Vou ensinar um bacalhauzinho que eu inventei esses dias, podem fazer que é muito gostoso, depois me contem o resultado.
Primeiro passo! Coloquem uma música bem gostosa e que te faça feliz. Se gostar de tomar um vinho, ou uma cervejinha, coloque um copinho ao lado e vá dando umas bicadinhas enquanto cozinha.
Dessalgue o bacalhau, pode até ser aqueles bacalhaus esfarrapados que se vende na banca de bacalhau, sabe aqueles pedacinhos que vão sobrando e você compra picado? Então, pode ser aquele. Compre mais ou menos um quilo e meio, calcule mais ou menos pelo tamanho da receita que quer fazer, e pelo tamanho da forma que vai utilizar pois esse bacalhau vai ao forno.
Cozinhe o mesmo peso do bacalhau, em batatas, se for um quilo de bacalhau, é um quilo de batata, entendeu cabeção?
Amasse as batatas cozidas e reserve, depois refogue o bacalhau com azeite virgem, (não use o extra-virgem, porque este tipo de azeite é só pra finalizar o prato), acrescente pimenta vermelha, cebola, alho a gosto (pelamordedeus não use aqueles temperos de alho prontos, aquilo deveria ser banido do mundo), quando o refogado estiver quase pronto acrescente tomate e azeitonas e deixe cozinhar até a água do tomate sumir.
Dê outra bicada no vinho! Troque o cd, dê um beijinho na sua esposa ou marido, faça uma gracinha pro seu cachorro, coce (com o pé) a barriga do seu gato que está deitado do seu lado com cara de pidão. E continue que ainda falta um pouco.
Retire 5 gemas de ovo (para 1 quilo de batata), amasse as batatas com a gema. Acrescente metade do bacalhau refogado e misture tudo até virar uma massa “liguenta”, bata as claras dos ovos em neve. Depois junte as claras aos poucos na massa, certificando-se que ela fique fofinha. Se ela ficar muuuuuuito molenga, coloque umas pitadas de farinha de trigo, mas acho que não vai precisar. Unte uma forma pequena e altinha e coloque uma camada dessa massa no fundo e subindo pelas paredes da forma, aí coloque o restante do bacalhau refogado. Coloque azeite (agora o extra-virgem), e cubra o bacalhau com o restante da massa, fazendo assim um tipo de uma torta.
Leve ao forno médio por uns minutinhos até dar uma dourada. Enquanto isso, dê outra bicadinha no vinho ou na cerveja, dê mais um beijinho na esposa ou marido, balance o nenê! Agora que não vai mais mexer com a comida você pode fazer um carinho no cachorro e no gato. Pronto!
Sirva-se primeiro senão você vai ficar sem!



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O resto

Ana casou-se com Arlindo, não porque ele era lindo e sim porque era rico!
Arlindo tinha dinheiro “igual a capim no pasto”, mas não tinha educação, e apesar de Ana levar uma vida de “patricinha”, ela era maltratada e espezinhada dia a dia.
Era uma patricinha infeliz, as vezes sentia-se como a Geni “que era feita pra apanhar e era boa de se cuspir”, mas quando acordava pra vida ela era apenas, a Ana!
Cleuza era casada com Jose.
As coisas não estavam bem em sua casa, Jose era trabalhador, mas com pouca escolaridade só arrumava bicos de servente de pedreiro e coisas desse tipo.
Mas Jose tentava compensar a falta de conforto, dando carinho, companheirismo e compreensão para sua esposa. Cleuza, mesmo tendo um bom marido em casa, queria mesmo é ter uma boa casa, não importando se tivesse ou não marido.
Por isso começou a trair Jose com Dr. Salvador, que de “salvador” não tinha nada.
Claudinha saiu da casa da mamãezinha e do papaizinho porque se apaixonou por Diguinho que era um rapazinho muito bonitinho e safadinho que ensinou para Claudinha o mundo gostoso das bobiças.
Os dois foram morar de favor nos fundos da casa da Tia Leonor.
Diguinho não gostava de trabalhar, e o dinheiro começou a faltar. Mas as bobiças davam frutos e Claudinha estava gravidinha! Mais um meses e a família iria crescer! Se em dois eles já passavam por dificuldades, imagina em três!
O papaizinho e a mamãezinha até falaram pra Claudinha voltar pra casa que eles adotariam e cuidariam do netinho. Mas que não trouxesse esse vagabundinho, safadinho, aproveitador de menininha e fazedor de menininhos!
Roberlei namorava Isaura desde a adolescência.
Isaura era uma moça linda, que chamava atenção por onde passava. Todos tinham inveja de Roberlei, diziam que ele havia ganhado na mega-sena por uma menina tão linda, tão educada e tão bem provida de curvas e mais curvas, namorar com um feinho mequetrefe assim igual a ele.
Acontece que Roberlei se formou e foi trabalhar numa grande empresa. O dono da empresa tinha uma filha da idade de Roberlei, ela era mais feia que “o rascunho do mapa do inferno”, mas deu em cima de Roberlei que viu ali uma chance de ganhar na mega-sena pela segunda vez!
Ele nem pensou nos anos, nem nas curvas e nem na pessoa doce e meiga que era  Isaura. Resolveu pegar um atalho “reto e sem graça”, mas que o levariam até o pote de ouro! Trocou a namorada de sua vida toda  pelo dinheiro fácil.
Maria era casada com Arthur, os dois tinham uma mercearia quando se casaram a muitos anos atrás, a mercearia virou um grande super mercado e depois uma rede se super mercados.
Arthur ficou muito doente e Maria não pensou duas vezes. Ela amava seu marido e mercado após mercado, foi vendendo tudo para tentar reverter a situação e assim salvar a vida e seu amado.
Maria chorava muito, pois podia ter todo o dinheiro do mundo, mas não conseguiria viver sem Arthur.
Deus escutou os choros, pedidos e lamentações de Maria e resolveu providenciar um milagre. Arthur se recuperou. Depois que eles tinham perdido todos os seus bens, ele se recuperou.
Hoje Maria e Arthur voltaram a ter uma mercearia, modesta e pequenina no bairro onde moram. Mas isso não importa, porque Arthur sabe que tem a melhor esposa do mundo e Maria sabe que tem o marido que tanto ama e que corresponde ao seu amor.
Alguns trocam a felicidade por dinheiro fácil ou a promessa de enriquecer, não pensam nos outros e nem tem escrúpulos. Maria e Arthur não...  Eles trocaram tudo pelo amor de suas vidas.
Pra eles não falta nada. Eles tem um ao outro e o resto... É apenas o resto! E o resto o dinheiro pode comprar.
Mas quem viver de restos?

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A reforma da reforma

Na Idade Média, a igreja Católica se aproveitava de ser a única fé do povo da época e usava isso de uma forma corrupta para enriquecer.
De cada 10 europeus, apenas 2 sabiam ler ou escrever. A igreja aproveitava-se disso para manipular as pessoas e enche-las  de terror, pregando que um Deus rancoroso e intolerante, estava pronto para julgá-las e mandá-las para o inferno.
Os padres da época vendiam indulgências, que eram documentos onde a igreja atestava que os pecados das pessoas seriam perdoados, mediante um pagamento em dinheiro. A Bíblia da época era escrita em latim, e toda a missa era rezada nessa língua.
Imaginem um povo que não sabia ler nem a sua própria língua, assistindo missas numa língua incompreensível. Seria como se hoje aqui no Brasil, a gente assistisse uma missa em japonês. 
O governo de Roma, que era o império dominante da época, detinha o controle da igreja e assim nomeava quem seria bispo, papa, padres e autoridades eclesiásticas.
Um padre chamado Martin Lutero, viu o sofrimento que a igreja impunha ao povo, e resolveu protestar contra isso. Ele era um estudioso da Bíblia e percebeu que muitas atitudes que a igreja católica estava tomando não tinham base nenhuma na escritura sagrada. Então ele resolveu escrever 95 cláusulas que batiam de frente com a igreja e seus absurdos. Outra atitude inteligente de Martin Lutero, foi traduzir a Bíblia para o alemão, que era a sua língua natal.
Essas atitudes de Martin Lutero foram o estopim do que se chamou de “reforma protestante” , que nada mais é do que um basta aos desmandos da igreja católica e a criação das denominações que mais tarde ganhariam o nome de "igrejas evangélicas”.
Após a criação das igrejas evangélicas, uma batalha doutrinária se instituiu no meio cristão. Apoiados na Bíblia, que foi traduzida para todas as línguas do mundo, teólogos e estudiosos adaptaram suas doutrinas se apegando na sua forma de interpretar a sagrada escritura.
Todos os sacramentos  que vinham da igreja católica menos o casamento, foram negados no meio evangélico. Batismo, extrema-unção, crisma, primeira comunhão, unção dos enfermos etc. As igrejas evangélicas usaram a Bíblia para negar essas práticas e ainda para abominar pontos da fé católica que não tinham embasamento  na palavra de Deus.  Práticas como culto aos santos, dias santos, uso da hóstia, reconhecimento da liderança do Papa, celibato eclesiástico, e mais um monte de diferenças que não dava para aceitar.
Basicamente essa é a diferença entre a fé católica e evangélica.
Só que a reforma protestante na minha opinião deixou que algumas aberrações aparecessem em nome de Deus.
Principalmente nos dias de hoje, com algumas igrejas sem base nenhuma doutrinária, que se instalaram pregando e arrebanhando fiéis, usando da mesma prática suja que a igreja católica da Idade Média usava. Igrejas que hoje não vendem indulgências, mas vendem milagres, vendem água santa do rio Jordão, sal sagrado, óleo ungido, pedaços da cruz de Cristo, chaves da “fechadura do céu” e mais um monte de tranqueiras, que o povo humilde acaba aceitando e acreditando.
Para “desfazer” um feitiço, ou se proteger do “inimigo”,  enquanto a Bíblia fala apenas para você ter fé em Deus, orar pedindo proteção e entregar nas mãos Dele que Ele vai te proteger, essas novas igrejas evangélicas contratam “ex-pais de santo, e ex-mães de santo”, para te ajudar e tirar todo o mal da sua vida.
Pastores, pastoras e missionários, inclusive uns que se auto-intitulam “bispos ou apóstolos”, juntam imensas fortunas e impérios, inclusive com redes de televisão, jatinhos particulares, fazendas, e tudo o que o dinheiro pode comprar, isso as custas de pessoas amedrontadas que acham que se não derem seus salários para a igreja, vão apodrecer nos mármores do inferno.
Agora eu pergunto: Onde estão as igrejas evangélicas sérias e realmente embasadas na verdadeira escritura sagrada que não falam nada? Porque os sacramentos que vem dessas igrejas malignas são aceitos nas igrejas sérias? Será politicagem?
Existe um ditado que diz “meu inimigo, se for gente boa, pra mim não presta, e meu amigo, se não prestar, pra mim é gente boa.”
Acho que as igrejas evangélicas sérias devem fazer uma nova reforma.  
A re-reforma protestante.
Tudo pela glória de  Deus e pelo verdadeiro ensinamento do evangelho de Jesus!        
As vezes falar não aos aliados, quando esses aliados estão se desviando do caminho, é a melhor forma de dar o exemplo e assim talvez salvar pessoas que estão enganadas. Acho que a mesma medida que foi tomada contra a igreja católica, deve, por uma questão de honestidade, ser tomada também contra essas falsas doutrinas aproveitadoras.
Não deve-se aceitar seus batismos, não deve-se convidar suas lideranças para pregarem nas igrejas sérias, e deve-se falar e alertar quanto a enganação que essas falsas igrejas estão fazendo no mundo Cristão.
Só assim a reforma protestante vai voltar a encontrar seu caminho... O caminho da verdade e retidão. Sem protecionismo sínico. 


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Festa do peão de boiadeiro de Barretos



Essa semana começa mais uma festa do peão de boiadeiro aqui em Barretos. Puxa... Olha só! Meu bisavô que era peão deve se revirar no túmulo toda vez que essa festa começa.
Porque sinceramente o que se vê hoje, não tem nada a ver com a vida dos peões e tropeiros que levavam a vida aí pelo país adentro, levando e trazendo as boiadas em busca de novas pastagens, ou levando-as para os frigoríficos. 
Hoje tudo virou festa. Apenas festa. 
Ano passado eu falei umas coisas pesadas aqui, e uma pessoa anônima tomou as dores da festa e fez um comentário contrário ao que postei. Tudo bem, opiniões são opiniões e graças a Deus que elas existem das mais variadas formas, vindas das mais variadas maneiras de pensar. 
Eu Acho que a festa não faz o bem que todos imaginam para a cidade. Eu acho que esse estigma "festeiro" bota medo nas indústrias que poderiam se instalar aqui e não se instalam. Eu acho que apenas 5% das pessoas que moram aqui na cidade, realmente tem algum lucro com essa festa. Eu acho que a bebedeira excessiva, conjuntamente com carros e motos não combinam. Eu acho que pessoas mijando pelas calçadas e andando de bota, chapéu e cueca pela cidade não é legal. Eu acho que sair beijando tudo e todos em todos os lugares, só pra somar no final da noite, também não é legal.
Claro que também tem os pontos positivos, porque eu não sou hipócrita de falar que tudo o que gira em torno dessa festa é ruim e não presta. Turismo, tradição, cultura, movimento, conhecimento, exportação do nome da cidade, circulação de dinheiro, serviços temporários, atrações musicais, rodeio e atração de investimentos para o hospital do câncer, são os pontos positivos dessa festa.
Na verdade a cultura e tradição foi deturpada e a cultura cowntry americana a cada ano ganha mais espaço deixando a verdadeira cultura caipira brasileira cada vez mais diminuida. Mas alguns heróis aqui da cidade, através de festas pequenas que são feitas na periferia da grande festa, através do festival de musica de viola, através de passeios de tropeiros e de concursos de culinária boiadeira, ainda brigam pela verdadeira cultura brasileira, sem deixar que ela se extingua por completo. 
Então no meio do grande negócio que virou essa festa, ainda dá pra tirar algumas boas iniciativas culturais, que foi o que os idealizadores pensaram quando fundaram o clube que tem os direitos da festa. As pessoas tem a mania de falar que essa aqui é a festa do peão de Barretos, mas isso é errado, o certo seria dizer que essa é a festa do peão em Barretos. Pois a festa é particular, promovida não pela cidade, mas sim por um clube de empresários que "honestamente" trabalham e lucram com a festa. Ela é um negócio. Um grande negócio. E infelismente a cultura, a tradição, a história tão bela dos peões de boideiro verdadeiros, estão todos fadados a desaparecer... 
Essa é a minha opinião e se alguém tiver outra eu fcaria muito feliz em saber qual é, pois aqui mora a democracia. Eu falo o que quero e você pode falar também. Só não vale apelar né caramba! Hahahahahahaha.

sábado, 11 de agosto de 2012

O que é isso?


Olá amigos e seguidores do blog! Tudo beleza?
Geralmente eu não gosto muito de bate papo e falar de coisas íntimas aqui no blog, porque eu acho que quem entra aqui não está interessado em saber de minha vida pessoal, nem de meus problemas. Então eu procuro falar do cotidiano coletivo e de idéias! Idéias que nos dê algum tipo de crescimento. Talvez intelectual, talvez espiritual, talvez apenas um crescimento no nível de humor, que no dia a dia as vezes está meio abalado.
Mas hoje eu vou falar de uma coisa pessoal, mas que por outro lado vai acabar servindo para a vida de todo mundo.
Eu pessoalmente quando escutava coisas do tipo que vou conversar aqui com vocês, eu não dava bola. Achava tudo balela, tudo encheção de linguiça.
Uma vez eu conversando com um amigo sobre coisas da vida, acabei falando pra ele uma frase mais ou menos assim: - Rapaz, como você mudou! Seu jeito de olhar a vida está tão diferente!
Ele me respondeu que tudo iria mudar pra mim também, depois do dia em que eu tivesse um filho.
Eu dei risada e zoei ele, falando que ele tinha virado um "mantegão" e que isso não iria acontecer comigo! Nunca!
Hahahahahahahaha, como eu estava enganado.
Meus amigos, realmente a vida depois que agente tem um filho muda. A forma com que encaramos os problemas mudam. As nossas prioridades mudam, e principalmente a forma com que olhamos para nossos pais mudam!
Ah...Você está rindo aí e me achando bobão, ou que eu acordei sensível hoje?
Não... Eu não acordei sensível hoje!
Eu acordei mais sensível no dia 5/3/2012, que foi o dia em que o Samuquinha nasceu. De lá pra cá tudo mudou. Hahahahahahaha.
Esse vai ser meu primeiro dia dos pais. Eita! Eu nunca tinha pensado nisso antes na minha vida. Apesar de que o Samuquinha ainda nem sabe de nada, talvez ainda nem saiba que eu sou o pai dele, mas pra mim já tá valendo. E pra ajudar o dia ficar um pouco mais "sensível", eu ainda recebi um e-mail com esse vídeo que está aí embaixo. Dêem uma olhada nele, que vai valer a pena. E mesmo você que é cabeça dura feito uma porta, e como dizia meu avô "arriado pelo rabo", vê se olha com o coração mais calminho e "sensível" e assim talvez você possa mudar seu ponto de vista, antes que não dê mais tempo. Não espere seu filho nascer... Pode ser tarde.
Um abração a todos e me desculpem essa postagem ser mais ou menos pessoal! Lá pra terça ou quarta-feira eu coloco outras bobagens aqui pra você ler!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A morte, o tempo e os sonhos

Na entrada do cemitério da Boa viagem, estava o jazigo da família Gouveia. Adalberto Gouveia era um homem amigo de muita gente, muito bem relacionado na cidade, entendia muito de muitas coisas. Na metade de sua vida Adalberto sonhou em montar sua lanchonete, mas a situação do país e os problemas financeiros que assolavam a nossa economia não deram coragem para que Adalberto abrisse o tal negócio.
Na quadra de baixo, dois túmulos depois da esquina, do lado direito, estava o túmulo de Margareth Albuquerque.
Margareth foi a melhor aluna da cidade nos anos 80. Passou em quatro faculdades federais, sendo que em duas teve a nota mais alta de todo o vestibular. Tal era sua inteligência que Margareth foi convidada a estudar na Inglaterra com todas as despesas pagas pelo governo inglês. Mas o pai de Matgareth, "seo" Albuquerque, como era conhecido, não deixou a filha ir sozinha para uma terra tão distante.
Descendo mais algumas quadras, chegamos ao tumulo de Antonio Caldeiras. Um jovem rapaz que trabalhava de mecânico de automóveis, numa pequena oficina da cidade. Quando estava para se casar, Antonio teve a chance de ser contratado por uma grande montadora de automóveis que estava se instalando no Brasil. Ele faria alguns cursos e treinamentos e assim teria uma grande chance de se tornar um chefe de setor na grande montadora. Mas a sua futura esposa não queria deixar a cidade e assim ficar longe de sua família.
Ao lado de Antonio estava enterrada a "irmã" Ana. Uma freira que depois de uma tentativa não bem sucedida de se casar e ter filhos, resolveu se enclausurar num convento e levar uma vida de religiosa.
Mais três quadras à esquerda e bem no meio do cemitério estava a carneira de João Francisco Nunes, o mais promissor jogador de futebol que a cidade já teve. Quando rapazote ele chegou a ser sondado por Flamengo, São Paulo, Corinthians e Botafogo, mas a vida era muito boa em sua adolescência, com muita bebida e muitas mulheres.
Muitos sonhos estavam alí naquelas ruas do cemitério, enterrados juntos com seus sonhadores. Pessoas que morreram frustradas por não ter corrido atrás de seus desejos enquanto podiam. Pessoas que não lutaram com a vida e com as situações para alcançarem seus objetivos. Pessoas que simplesmente se perderam no meio do caminho.
Adalberto Gouveia morreu trabalhando de empregado numa banca na feira.
Margareth se aposentou como costureira e morreu anos depois num asilo.
Antonio Caldeiras se suicidou depois que sua esposa foi pega com o vizinho em sua cama.
Irmã Ana, morreu no convento tristemente por não ter constituído família e não ter podido ser mãe.
João Francisco morreu quase como indigente, se não fossem os documentos velhos e amassados que ele carregava dentro de uma mochila gasta e fedida. João Francisco era um andarilho.
Como esses, incontáveis sonhos estão enterrados pelos cemitérios do mundo. Sonhos esses que poderiam ter mudado uma vida, uma cidade ou até um país... Sonhos que não voltam mais. A não ser que sejam sonhados por algum vivo... Que ainda tem tempo de realizá-los...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Exigências de mercado

Vista a camisa.
Corra!
Faça o possível.
Possível?
Não...
Faça o impossível.
Faça o impossível, faça o impossível!
Cumprimente a todos.
Sorria!
Trate cordialmente, trate cordialmente.
Trate cordialmente.
Doe sua gentileza, doe sua esperteza. Doe sua alma...
Doe sua alma!
Seja eficiente, seja coerente, seja gente.
Seja gente?
Não!!!
Número...
Seja eficiente, faça o impossível!
Cuide do cliente.
Viva pro cliente.
Acorde pro cliente.
Almoce pro cliente...
Número...
Vista a camisa.
Corra!
Vista uma fantasia de tapete.
Vista uma fantasia de tapete.
Capacho...
Não fique doente.
Nunca fique doente.
Nunca fique doente.
Se for preciso...
Vista uma fantasia de tepete.
Se for preciso.
Vista uma fantasia de tapete.
Não dê gastos, não falte, não chegue atrasado, não coma, não durma, não cague!
Se for preciso, venda sua alma.
Se for preciso, deixe sua vida!
Deixe sua vida...
Morra!
Pois tudo isso faz parte do show...