Muitas
vezes temos certeza de que estamos certos, e que nossa forma de pensar e agir,
é a mais correta. Nossa doutrina torna-se o nosso modus vivendi, e isso acaba
por se tornar quase que uma questão de honra. Nós não admitimos pensamentos
contrários aos nossos, pois nossos pensamentos estão friamente calculados, e
estudados. Nós vestimos essa camisa, e morremos por ela, pois é assim que
acreditamos, pois fomos convencidos, e o melhor: estamos prosperando e
progredindo, pensando e agindo dessa forma.
Correntes
de pensamentos existem aos milhões. Filósofos, estudiosos, cientistas e
teólogos, que pensaram e repensaram a vida, de trás pra frente e de frente pra
trás. Gente capacitada e antenada cada um em seu tempo e que formam opiniões,
seguidores e as vezes até adoradores, de seus pensamentos e teorias.
Pessoas
que absorvem a todas essas infinitas informações como esponja, sem peneirar
antes, as vezes, absorvem muitas baboseiras. Essas baboseiras criam raízes em
suas personalidades, enfraquecendo-as psicologicamente para enfrentar o
diferente, e aceitar que o diferente tem direito de ser diferente e de pensar
diferente e agir diferente.
Hoje
pessoas não toleram que alguém torça para outro time de futebol, que seja de
outra religião, ou apenas de outra corrente teológica dentro da mesma religião.
Enquanto algumas pessoas criam regras rígidas, outras criam a única regra que
consiste em não seguir regra alguma. As pessoas estão como dizem os antigos,
seguindo o ditado do “oito ou oitenta”, onde: ou é do meu jeito e você me
segue, ou você não serve para andar comigo.
As
pessoas deveriam pensar mais. Analisar os problemas pela ótica alheia. Conhecer
outras correntes de pensamento, e meditar sobre elas. Talvez, o modo que outra
pessoa pense sobre algo em que nos tornamos irredutíveis a vida toda, seja a
melhor forma de pensar a questão. E talvez essa pessoa não esteja cem por cento
certa, mas uma nuance de seu pensamento pode te ajudar a melhorar sua posição,
afirmando-a ou renovando-a.
Eu
vivo em constante mudança. Não sou uma metamorfose ambulante, porque tenho sim
minhas questões irredutíveis. Quase todas essas questões, são questões morais.
Mas em outras questões secundárias, que de certa forma ajudam a formar essas
questões morais, eu me dou ao luxo de estuda-las, incorporando-as ou não, ao
meu eu pensante.
Sei
que não sou o dono da verdade, e quando descobri isso, eu me tornei uma pessoa
muito mais feliz.
Não
tenho que ganhar todas as discussões. Não tenho que estar certo em tudo. Posso deixar
os louros da vitória para o outro, mesmo que intimamente eu saiba que ele está
errado. Mas o que é errado pra mim, pode não ser pra ele.
Por
isso descobri que as minhas questões irredutíveis, não existem para serem
compartilhadas com todo mundo. Elas existem para serem compartilhadas com
pessoas íntimas. Pessoas amigas, pessoas que podem ou não te entenderem, mas
que assim como você, aprenderam a aceitar as diferenças. Aprenderam a viver
melhor. Aprenderam a analisar outras formas de vida, outras maneiras de agir,
de pensar, de comportamento.
Todo
mundo um dia vai dar conta de suas atitudes e vai colher o resultado de sua
plantação. Mais cedo ou mais tarde a justiça, que eu acredito ser divina, mas
que muitos acreditam ser da natureza, vai acabar cobrando seus dividendos.
Nesse dia, tudo vai estar claro para quem seguiu a vida toda por um caminho.
Nesse dia, o caminho vai ser avaliado e feliz daquele que foi aprendendo
enquanto caminhava. Certamente este vai ter uma colheita melhor do que aquele
que começou errado, continuou errado e acabou errado, plantando ervas daninhas
e semeando pragas. Este vai se afundar em si mesmo, afogando-se em seu ego e
morrendo em sua ignorância.
Quando
vemos alguém se afundando assim nós temos obrigação de adverti-lo dos problemas
que está arrumando para si mesmo? Sim, eu acho que temos essa obrigação.
Mas
e julgá-lo? Nós devemos julgá-lo por ele não nos escutar e se meter em um
cenário tão ruim? Não, acho que não! Afinal, o que é não é bom pra nós, pode
ser o céu que ele tanto desejou para o fim de sua vida. Tudo é relativo!
O
mundo é relativo, a vida é relativa. E como meu avô já dizia: Uns gostam dos
olhos e outros gostam da ramela. A vida é assim!