Parte 5
Mocinhos ou bandidos? O início de tudo.
Nós já voltamos no tempo 3 vezes para falar da culinária brasileira — especialmente da Paulistânia.
Hoje vamos dar uma passeada por diferentes épocas. Nossa reflexão começa antes da chegada dos negros e termina já na fase dos imigrantes.
O personagem em que vamos focar nossas atenções, não é o cara mais carismático da nossa história — principalmente nos dias de hoje, em que as pessoas estão olhando mais para a forma em que as coisas foram feitas, e não para o que foi feito.
Mas aqui fica uma pergunta: naquele tempo, com as condições em que eles viviam, com a mentalidade, a ética e a moral da época... será que eles foram mesmo errados?
Hoje vamos falar dos Bandeirantes.
Os bandeirantes eram grupos de homens paulistas. Moradores da Capitania de São Vicente.
Inicialmente trabalhavam por conta própria, e percorriam o interior do Brasil em busca de indígenas para escravizar, riquezas minerais e rotas desconhecidas.
Com o tempo, passaram a trabalhar para a Coroa Portuguesa, ajudando na expansão territorial e exploração das riquezas coloniais.
Os bandeirantes eram formados por portugueses e pessoas nascidas aqui no Brasil. Alguns já eram mestiços, filhos de portugueses com indígenas.
Até esse momento a culinária brasileira praticamente não existia.
Os habitantes das Capitanias Hereditárias comiam produtos trazidos da Europa e acrescentavam alguns produtos indígenas, como a mandioca, milho e caça.
Os bandeirantes tinham esse nome, porque as expedições que faziam para adentrar as matas eram chamadas de Bandeiras.
À medida que iam adentrando o país, esses bandeirantes estabeleciam rotas, descobriam produtos interessantes para a comercialização e estabeleciam povoados, que aos poucos foram originando pequeninas cidades.
Geralmente atrás dos bandeirantes, vinham os padres jesuítas, que em cada cidadezinha, abriam missões, com a intenção de catequisar indígenas, lhes ensinar a fé cristã e "domesticá-los", para serem usados para os interesses comuns tanto da igreja, quanto da Coroa Portuguesa.
Os Bandeirantes eram rústicos. Homens talhados para sobreviver com pouco. Sua alimentação baseava-se em carne seca, feijão, farinha, e coletas que encontrassem no meio do caminho.
O arroz com charque e feijão gordo, como conhecemos hoje, são herança desses Bandeirantes.
O tutu de feijão, a paçoca de farinha de mandioca com charque, também é herança bandeirante.
Muitas frutas, raízes e produtos indígenas, foram absorvidos primeiro pelos Bandeirantes e depois para as cidades. Eles foram a ponte cultural da culinária indígena para o homem branco europeu.
Uma coisa muito interessante que eu descobri pesquisando essa fase da nossa história, é que os indígenas não queriam comer as galinhas e frangos que os bandeirantes levavam, porque tinham nojo daquela ave estranha, que comia de tudo.
Mas com a presença dos Bandeirantes e depois dos jesuítas missionários, aos poucos os indígenas incorporaram o frango à sua dieta.
Esses Bandeirantes foram os responsáveis direto para o aparecimento do Norte do Paraná, de São Paulo, de Minas Gerais, de Goiás, de Mato Grosso, e do que se convencionou chamar de "Paulistãnia", a grande região formadas hoje por esses Estados, mas que naquela época não era dividido assim.
Os Bandeirantes existiram até quase a criação da área urbana das cidades dessa região, e aos poucos migraram para o serviço de tropeiros. Peões que levavam gado de uma fazenda para outra por grandes distâncias.
A comida que hoje conhecemos como comida tropeira, nada mais é do que a comida dos Bandeirantes, que com o passar do tempo, mudou de nome. Ou melhor — ganhou um nome.
Então meus amigos!
Agora que nós arrumamos o cenário, escalamos os atores e atrizes e traçamos o roteiro.
Finalmente podemos começar a falar da culinária brasileira e da grande Paulistânia.
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