sexta-feira, 31 de maio de 2013

Nóis samos gente boa!




- Mas onde ser o partida do Alemanha, minha senhor?
- Fica frio chefia, nóis vamo chegá rapidão e o senhor vai podê vê o jogo. Fica sussa!
- A problema é que a senhor já passar por esse rua uns dez vezes e nós não chegar nunca na estádio.
- Calma seu Fritz!
- Eu não chamar Fritz, eu chamar Thomaz!
- O senhor num é alemão?
- Sim, eu ser alemão.
- Então... Alemão é Fritz.
- Mas quem falar que toda alemão ser Fritz para a senhor?
- Seu Fritz! Aqui no Brasil, alemão é Fritz, português é Manoel ou Joaquim, americano é Tio Sam e japonês é China.
- Eu não ser Fritz, estar nervosa, e querer chegar logo ao estadio para assistir a jogo do Alemanha!
- Tâmo indo seu Fritz! Tâmo indo! Por acaso o senhor não qué dá uma paradinha pra comer um cachorro quente?
- Comer cachorra? Você estar maluca?
- Ué seu Fritz? Vocês alemães só sabem comer cachorro quente e repolho... Eu já vi isso na televisão.
- Não sua burro, nós alemão não comer cachorra! Quem comer cachorra ser os coreanas!
- Ôpa! Burro não! Eu já vi que vocês comem salsicha de manhã, salsicha na hora do lanche e salsicha na janta.
- Mas o nosso salsicha é de carne da porco e não de cahorra!
- Ah tá... Agora entendi seu Fritiz... A nossa salsicha também não é de cachorro, isso é só o jeito de falar.
- Olha eu não querer comer nada, eu só querer ver a jogo do Alemanha, e a senhor já está dando decima primeira volta nesse rua...
- Calma aí chefia que a gente já vai chegá! É só dobrar essa esquina e pronto... Doi quarteirões e o estádio tá aí!
- Mas como assim? A senhor não virar esse esquina antes porque? Nós passar doze vezes por esse rua!
- Só pra fazer amizade seu Fritz, pra dar tempo da gente conversar um pouco. É a globalização, entendeu?
- Eu meio nervosa, porque achar que a senhor motorista me tapear... Ficar dando voltas para poder cobrar mais...
- Quê isso chefia! Nóis brasileiros nunca tapeamos ninguém... Nóis samos gente boa!

domingo, 26 de maio de 2013

Imortal



Fazia muito tempo que eu não fazia um desenho, um cartum ou uma charge para o blog. Mas ontem assistindo a uma reportagem que falava dos donos do Brasil, que são pessoas que estão no poder a incontáveis anos, fazendo uma besteira atrás da outra, participando de falcatruas e podridões, e que mesmo assim, amparados por seus currais eleitorais, e pela falta de comprometimento e educação do povo, conseguem se reeleger e reeleger, e reeleger a cada eleição, eu tive a ideia de fazer esse cartum.
É triste, mas dá piada! E falando nisso, eu acho que rir é a única solução que temos pra esse problema por enquanto. Mas um dia as coisas mudam... Quem sabe quando o Sarney estiver com 465 anos só no Senado, o povo não consiga parar de votar nele!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Precisamos de uma virada cultural, real!




Na virada cultural paulista teve arrastão, facada, tiro, espancamento e até roubo de carteira de senador. 
Uai, mas e daí?  O que tem de novidade nisso?
O que eu estou achando estranho foi a reação da mídia e das pessoas horrorizadas com essa situação. 
Gente... Nós estamos no Brasil! Essa virada cultural foi em São Paulo... O que está assustando vocês?
Eu fiquei assustado foi quando perguntei a uma professora de português, qual foi o melhor livro que ela leu no último ano, e ela me respondeu que não havia lido nenhum. Na verdade ela me confidenciou que não lê um livro a mais de cinco anos!
Eu fiquei assustado, foi quando pedi pra um rapaz que trabalha comigo e que está no terceiro colegial, ler um texto e ele não deu conta. Gaguejou, suou e no final não sabia o que tinha lido! Isso sim é o que assusta!
Como vamos exigir educação de um povo desses? De um povo que não sabe ler e nem interpretar um texto? Como vamos exigir que eles se comportem num evento cultural, se o que eles tem de parâmetro de cultura é o Pedro Bial e seu BBB? Se eles levam a sério as famílias desmanteladas e hipócritas das novelas da Globo e acham que aquilo é bom? 
Gente... Vamos acordar pra vida! Nós parecemos ridículos quando acontecem esses incidentes, e a gente fica posando de falso moralista.
Esse país só vai melhorar quando se investir verdadeiramente em EDUCAÇÃO, e quando for obrigatório nas escolas, que o aluno leia pelo menos um livro a cada trimestre; o que já é pouquíssimo, mas pelo menos seria um avanço enorme na situação que temos hoje.
Povo que não lê, não sabe entender as falcatruas políticas, não sabe formular idéias, não sabe interpretar situações, não tem memória e vira massa de manobra.
Nós somos culpados! Todos nós somos culpados. Quando deixamos nossos filhos com o controle remoto da tv na mão; nós somos culpados! Quando não exigimos o boletim escolar e nem cobramos boas notas neles; nós somos culpados. Quando não lemos historinhas para nossos bebês; nós somos culpados! Quando não damos gibis para as crianças lerem, para assim começarem a pegar gosto pela leitura; nós somos culpados! Quando votamos nesses senhores feudais que não se interessam pela educação no nosso país; nós somos culpados!
Nós... Só nós, somos os culpados por essas situações acontecerem. 
Precisamos de uma verdadeira virada cultural, e se essa virada não começar a acontecer dentro dos lares, dentro das escolas e principalmente usando de livros como muletas; isso nunca vai virar!
Pense nisso!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Nostalgia nostálgica





O Frajola perseguia o Piu-piu pela casa, e o passarinho com a maior cara de anjinho, batia no gato com uma panela, depois com uma bigorna que sempre caia em sua cabeça e depois com um estilingue gigante que jogava o bichano dentro de uma tina com água gelada!
Depois disso, o Pica-pau aparecia fazendo bagunça! Uma vez ele arrumou um carro maluco e quase levou o Leôncio (que era o dono de um posto de gasolina) à loucura. Durante suas traquinagens o Pica-pau era acompanhado por uma musica clássica alegre, tocada por uma grande orquestra animada.
Aí, quando o Pica-pau ia embora a Formiga aparecia fugindo do Tamanduá azul, morto de fome, querendo a todo custo transformá-la em almoço. A Formiga com aquele olhar e falas sarcásticas fazia o Tamanduá de bobão do começo ao fim.


Mais tarde os Jetsons apareciam com suas navezinhas e badulaques proféticos! Engenhocas que previram em décadas o celular, o notebook, o skipe, e mais um monte de coisas que só seriam inventadas muito tempo depois. Eu ainda me lembro que foi assistindo os Jetsons que eu descobri que patrão é patrão e empregado é apenas... Empregado!
Os Flintstones eram os Jetson da idade da caverna, o Fred e o Barney mostravam pra gente como era bom ter um amigo inseparável e pra sempre.
A família Flintstone com seus problemas e prazeres se assemelhavam muito com as famílias da gente.


Na corrida maluca a gente aprendia que a trapaça nunca compensa, pois o Dick Vigarista iria ganhar todas as corridas trapaceando, mas sempre se dava mal. No Dartagnan e os três Mosqueteiros nós víamos como era bom acreditar nos nossos sonhos... O Pinóquio também ensinava isso. E na Pantera cor-de-rosa, a gente se divertia apenas por se divertir, pois suas histórias assim como as do Mister Magoo, Brasinhas do espaço, Pepe Legal, Os impossiveis, Tom sem freio, Policia desmontada, etc, não vinham com nenhum ensinamento subliminar, mas eram divertidos pra caramba.


Esse bate-papo aqui, é apenas nostalgia, para dividir com os amigos e nada mais... Não vou falar que os desenhos antigos eram melhores, mais educativos, que ensinavam a pensar e sonhar, e não vou entrar no mérito de que os desenhos de hoje em dia estão violentos e só falam em bandidos, ladrões, povo do mal contra o povo do bem e blá, blá, blá... Não tem como nadar contra a corrente fora de nossas tendas! Mas uma coisa eu garanto, dentro da minha tenda quem manda sou eu, e o Samuquinha (meu filhinho), vai se divertir muito com os desenhos antigos, dosados e misturados um pouquinho com os desenhos de hoje em dia, que é pra ele não se tornar um menino defasado nas atualidades. Mas tenho certeza que ele será um menino sonhador, criativo e feliz.





segunda-feira, 13 de maio de 2013

O tempo, os sonhos e a morte




Na entrada do cemitério da Boa viagem, estava o jazigo da família Gouveia. Adalberto Gouveia era um homem amigo de muita gente, muito bem relacionado na cidade, entendia muito de muitas coisas. Na metade de sua vida, Adalberto sonhou em montar sua lanchonete, mas a situação do país e os problemas financeiros que assolavam a nossa economia não deram coragem para que Adalberto abrisse o tal negócio.
Na quadra de baixo, dois túmulos depois da esquina, do lado direito, estava o túmulo de Margareth Albuquerque.
Margareth foi a melhor aluna da cidade nos anos 80. Passou em quatro faculdades federais, sendo que em duas teve a nota mais alta de todo o vestibular. Tal era sua inteligência que Margareth foi convidada a estudar na Inglaterra com todas as despesas pagas pelo governo inglês. Mas o pai de Matgareth, "seo" Albuquerque, como era conhecido, não deixou a filha ir sozinha para uma terra tão distante.
Descendo mais algumas quadras, chegamos ao tumulo de Antonio Caldeiras. Um jovem rapaz que trabalhava de mecânico de automóveis, numa pequena oficina da cidade. Quando estava para se casar, Antonio teve a chance de ser contratado por uma grande montadora de automóveis que estava se instalando no Brasil. Ele faria alguns cursos e treinamentos e assim teria uma grande chance de se tornar um chefe de setor na grande montadora. Mas a sua futura esposa não queria deixar a cidade e assim ficar longe de sua família.
Ao lado de Antonio estava enterrada a "irmã" Ana. Uma freira que depois de uma tentativa não bem sucedida de se casar e ter filhos, resolveu se enclausurar num convento e levar uma vida de religiosa.
Mais três quadras à esquerda e bem no meio do cemitério estava a carneira de João Francisco Nunes, o mais promissor jogador de futebol que a cidade já teve. Quando rapazote ele chegou a ser sondado por Flamengo, São Paulo, Corinthians e Botafogo, mas a vida era muito boa em sua adolescência, com muita bebida e muitas mulheres.
Muitos sonhos estavam alí naquelas ruas do cemitério, enterrados juntos com seus sonhadores. Pessoas que morreram frustradas por não ter corrido atrás de seus desejos enquanto podiam. Pessoas que não lutaram com a vida e com as situações para alcançarem seus objetivos. Pessoas que simplesmente se perderam no meio do caminho.
Adalberto Gouveia morreu trabalhando de empregado numa banca na feira.
Margareth se aposentou como costureira e morreu anos depois num asilo.
Antonio Caldeiras se suicidou depois que sua esposa foi pega com o vizinho em sua cama.
Irmã Ana, morreu no convento tristemente por não ter constituído família e não ter podido ser mãe.
João Francisco morreu quase como indigente, se não fossem os documentos velhos e amassados que ele carregava dentro de uma mochila gasta e fedida. João Francisco era um andarilho.
Como esses, incontáveis sonhos estão enterrados pelos cemitérios do mundo. Sonhos esses que poderiam ter mudado uma vida, uma cidade ou até um país... Sonhos que não voltam mais. A não ser que sejam sonhados por algum vivo, que ainda tem tempo e coragem de realizá-los...


Resolvi hoje republicar esse texto que gosto muito e que publiquei a muito tempo atrás. Hoje os seguidores do blog mudaram um pouco e se renovaram. Ainda bem que essa renovação acontece e que muitos seguidores e amigos antigos ainda estão por aqui! Isso deixa minha vontade de escrever viva! E meus sonhos cada dia mais reais. Obrigado por seguirem, por comentarem e por se interessarem pelas minhas verdades e bobagens!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Neanderthal




Ele saiu de sua caverna ainda cedo. O sol estava despontando no horizonte e sua família ainda dormia.
Suas três companheiras, seus oito filhotes e mais dois machos mais novos que faziam parte de seu clã, estavam deitados no fundo da caverna, enrolados em peles de mastodonte para se aquecerem um pouco.
Ele sabia que deveria matar algum animal para arrumar o café da manhã, por isso, saiu da caverna á procura dessa comida, e se desse sorte, no caminho da caçada encontraria alguma carcaça de algum animal morto. Geralmente os dinossauros brigavam entre sí, e o ganhador não dava conta de comer seu adversário inteiro.
Na noite anterior, uma grande tempestade castigou todo o vale, e um estrondo enorme, seguido de um reluzente clarão, foi ouvido e visto a poucos metros de onde ele estava. Por isso, ele saiu com cuidado redobrado para as tarefas matinais. Ele seguia pelo instinto, porque sua cabecinha neanderthal ainda não formulava nem os mais básicos dos pensamentos. Tudo o que ele sabia era aprendido dia após dia, repetidamente e automaticamente. Aos poucos, algumas idéias iam tomando forma e pequenos pensamentos criavam vida, assim, alguns utensílios para ajudar na sobrevivência começavam a ser inventadas.
Ele desceu desviando-se das pedras que ladeavam a porta de sua caverna e quando ganhou terreno limpo á sua frente, seus olhos se arregalaram e seus músculos começaram a tremer de medo. Pela primeira vez ele encarava frente a frente, o fogo!
Com receio, mas ganhando coragem aos poucos, ele foi chegando perto dos troncos das árvores caídas no chão. Ele não entendia como aquelas árvores tão grandes e fortes estavam ali tombadas á sua frente! Qual era o animal que havia feito aquilo? Deveria ser um dinossauro tão grande e forte como jamais ele havia visto.
Seus olhos demoraram a perceber as labaredas que saíam dos troncos, sua cabecinha não entendia nada daquilo. A medida que ele caminhava em direção as chamas o calor aumentava, uma grande ardência começou a ser sentida em sua pele rústica. Seus olhos lacrimejaram, o ar infectado com fumaça não ficou agradável...
A alguns metros das labaredas ele parou! Seus instintos lhe disseram que aquilo á sua frente era mais forte que um mamute, e mais letal que um tigre de bengala.
Ele chorou! Dobrou seus joelhos e colocou sua testa no chão!
Desse dia em diante, um despertar de pensamento ganhou vida em sua cabeça... Ele inventou algo sobrenatural, e durante gerações e gerações, séculos e séculos, esse dia foi contado como sendo: o dia em que o homem conheceu Deus.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Lendas do blues




As pessoas que seguem esse blog sabem que eu gosto de blues. Realmente eu acho esse ritmo e seus artistas, inspirados por Deus!
Só que algumas lendas, principalmente sobre alguns bluseiros do começo do século passado, provindos da região de New Orleans, falam que esses caras eram mesmo inspirados, mas não por Deus e sim pelo capeta!
Erick Clapton, que é um dos maiores mestres do blues da atualidade, gravou um cd maravilhoso só com musicas do Robert Johnson, que é um dos personagens mais famosos desses causos “capetingenos”. O problema é que esses artistas viviam em comunidades muito pobres, por volta dos anos 30 ou 40, época de história confusa e informações imprecisas, mas as lendas que se criaram sobre eles ganharam o mundo, porque as suas canções também ganharam.
Algumas letras de Robert Johnson ajudam mesmo a fomentar essas histórias sobre esse “pacto” com o cão sarnento, mas mesmo nelas, há varias formas de interpretação, e tudo fica mesmo no mundo da incerteza.
Segundo a lenda, o jovem Robert tocava em bares e clubes, mas não fazia tanto sucesso, então, um dia, ele pegou seu violão e foi até a encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississipi, pra fazer um pacto com o caramunhão. Chegando lá ele encontrou um cara bem "aprumado" e bem vestido com um impecável terno preto. Esse cara estava tocando uma canção do Robert numa gaita. Quando ele viu o Robert chegando ele logo se apresentou como sendo o capeta, e que estava ali, á espera, justamente para fazer um acordo com o jovem musico.
Robert deu seu violão pro rabudo, que afinou-o em um tom abaixo do que o musico costumava cantar e desse dia em diante a carreira do bluseiro decolou.
Robert Johnson só gravou 29 musicas, mas mesmo assim é considerado o musico mais influente do século XX. Suas musicas foram regravadas incontáveis vezes pelos melhores nomes do blues e do rock mundial.
Existem várias versões para sua morte, uns afirmam (essa versão é a mais aceita) que ele morreu envenenado por whisky envenenado com estricnina, porque estaria flertando com a mulher do dono do bar “Tree Forks”, onde estava tocando. Sonny Boy Willianson (outro grande nome do blues), que estava tocando junto com Jonhson, havia alertado-o sobre o whisky envenenado, mas Robert não lhe deu atenção.
Outra versão é que ele morreu de sífilis, outra diz ainda que ele fora assassinado com arma de fogo. Mas em seu certificado de óbito, apenas consta: "No Doctor" (sem Médico). Tem gente que jura que o viu morrer perseguido por seis cães negros, que o destroçaram com mordidas em forma de cruz.
Robert morreu com 27 anos, depois dele Jimmi Hendrix, Curt Cobain, Janis Joplin, Amy Whinehouse e mais uma pancada de roqueiro e bluseiro também morreu com essa idade... Coincidência? Sei lá!
Só sei que eu escuto as musicas do Robert Jonhson sem dar bola se ela foi ou não inspirada pelo encardido... Pois pode até ser que ele tenha se vendido numa encruzilhada, mas suas melodias não podem ter vindo das caixas de som do inferno. Se vieram, acho que o próprio capeta deve ter sido inspirado por Deus para compor musicas tão belas.