segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Felicidade canina




Eu peguei uma "longneckzinha" bem geladinha, depois peguei a coleira da Frida e falei:
- Fridona, vamos passear?
Não foi preciso nem terminar a frase, pois toda vez que ela me vê com aquela coleira na mão que ela fica insuportavelmente feliz. Ela pula sem parar e joga seus 60 quilos de alegria em mim batendo seu rabão, dando chicotadas na perna da gente e as vezes até acertando em locais não recomendados.
Fomos passear num pasto que fica perto de casa. Toda vez que chego lá, eu solto a Frida da coleira e ela se esbalda. Corre atrás dos quero-queros, corre atrás de umas vacas e bois que ficam pastando por alí, rola nas poças de lama, faz buracos no barro mole, deita e se esfrega no meio do capim, faz uns quatro xixís e pelo menos dois cocôs!
Ela adora ir passear alí! Pra ela, aquilo é a melhor coisa que pode existir no mundo depois de macarronada. Pois pra Frida as coisas estão nessa ordem: Macarronada, passear no pasto e depois ser coçada na barriga.
Ela é uma cachorra feliz e faz questão de demonstrar isso pra gente. Ela é feliz quando a gente chega em casa, é feliz quando a gente sai para o quintal, é feliz quando brinca com a Chambinha minha gata. Tão feliz, que a Chambinha se estressa com ela e depois de dar umas ranhetadas, sobe na jabuticabeira que temos no fundo do quintal até que o nível de entusiasmo da Frida abaixe.
A Frida é feliz porque a gente existe, simplesmente porque ela ama a nossa família. Mesmo que as vezes a gente passe por ela sem nem lhe dirigir o olhar, ela nos segue até onde a gente for, e quando nos tocamos e prestamos atenção nela, ela está olhando pra gente com os olhos mais doces do mundo e balançando o rabo feliz pela nossa presença.
A gente as vezes é pior do que cachorro. Não conseguimos ser felizes apenas porque temos uma família, apenas porque vamos passear, apenas porque temos um amigo, apenas porque quem amamos está perto da gente. Nós condicionamos a nossa alegria por coisas que não temos e que se conseguirmos aí sim seríamos felizes. E quando conseguimos ter essas coisas, percebemos que ainda somos infelizes e elegemos então outra coisa pra conseguirmos e aí sim, encontrar a felicidade!
A Frida minha cachorra sempre me dá essas lições quando eu estou confundindo os valores da vida. Isso serve pra mim e serve pra muita gente também. Nós temos que amar e aprender a ser feliz como são os cachorros. Com coisas simples... Com um simples passeio, com uma simples macarronada, com uma simples coçadinha na barriga... Com as pessoas que amamos, simplesmente por elas existirem e estarem perto da gente. Só isso já basta!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O sabichão




Ele achava o mundo lindo. Gostava das cores, dos cheiros e dos sabores da vida.
Gostava das pessoas, de seus animais de estimação, de sorrisos e de abraços. Ele era feliz!
Sua felicidade era tanta, que incomodava seus amigos de trabalho, seus vizinhos, seus conhecidos...
Mas ele não ligava pra isso. Tinha dó dos infelizes. Tinha pena dos incapacitados. Tinha pena dos pobres de espírito.
Ele resolveu que não deveria querer das pessoas aquilo que elas não tinham para lhe dar.
Não iria desejar educação dos mal educados.
Não iria desejar cordialidade dos broncos.
Não iria desejar amizade dos pobres de espírito.
Não iria desejar ajuda dos invejosos.
Não iria desejar amabilidade dos amargos.
Com essas regrinhas básicas ele conseguiu ser feliz!
Ser feliz por si só...
Olhar para o mundo e entender que cada um tem uma história de vida e que um dia acordarão de seus mundos ilusórios e conseguirão entender também... Entender que viemos aqui para sermos felizes. Por mais que a vida lhe pregue peças e desaforos... Viemos aqui para sermos felizes!
Por isso é que ele achava o mundo lindo. Gostava das cores, dos cheiros e dos sabores da vida.
Gostava das pessoas, de seus animais de estimação, de sorrisos e de abraços. Ele era feliz!
Pois aprendera a viver!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Amigos de rua

Olá amigos e seguidores do blog. Eu fiquei mais ou menos dez dias sem internet, por isso sumi tanto dos blogs dos amigos, quanto do meu próprio blog. O tal do modem do speed queimou, e eles me mandaram um outro mais queimado ainda pra resolver meu problema.  Mas agora com um modem inteiro, acho que tudo vai voltar ao normal. Estou republicando esse texto que gosto muito. Espero que gostem também.



Ele acordou, suas costas estavam doendo pelo mal jeito que foi dormir naquele banco. Por mais que forrasse o banco com jornal e papelão para improvisar um colchão, as suas costas estavam lhe matando.
Seus dois cachorros, acostumados a dormir ao seu lado, estavam de guarda nos seus pés, esperando que ele acordasse. O sol já vinha nascendo e os primeiros raios ajudavam a esquentar seu corpo franzinho e debilitado.
" Puxa vida... Como esfria no nascer do dia..." - Pensou ele se sentando e esfregando os olhos com as costas das mãos.
Depois de dar uma espreguiçada, dobrou seus trapos que servem de cobertor e guardou junto com os jornais, colocando-os dentro da carrocinha que usa para catar latinhas e plásticos recicláveis pela cidade. "Vou guardar esses jornais aqui, porque eles quebram um galhão à noite."
Seus dois companheiros desceram do banco e ficaram em sua frente balançando o rabinho a espera de um afago. Depois desse bom dia canino, ele sorriu e foi até a fonte da praça dar uma lavada no rosto e nas mãos para depois voltar ao banco e abrir seu saco de pão com mortadela que cuidadosamente havia guardado debaixo de seu travesseiro para que no outro dia cedo servisse de café da manhã.
- Pitoco, Juquinha, vem aqui! - Falou ele chamando seus dois amigos. - Olha, hoje só tem esses dois pães aqui, então eu vou dividir um entre vocês dois que são pequenos e vou comer um inteiro. Vocês sabem que eu tô uma tosse dos infernos e tenho que comer um pouco mais senão não num guento!
Os dois cachorros pararam em sua frente novamente e ficaram esperando o café da manhã. Então ele dividiu um dos pães com os dois e começou a comer o outro. Dalí um pouco ele separou mais um pedaço agora de seu pão e falou novamente:
- Toma vai seus dois gulosos, ficam aí me olhando com essa cara de pidão...
Depois do pão ele pegou um resto de guaraná que estava no fundo de uma latinha, colocou na boca, fez uns gargarejos e engoliu. Aí ajeitou sua roupa, passou seu pente banguela no cabelo e colocou seu boné de propaganda eleitoral da eleição passada.
Em seguida saíram os três, andando juntos pelas ruas da cidade.
Ele tinha que procurar nas latas de lixo do calçadão e ver se coletava alguma coisa que lhes garantisse o almoço.
Pra ele era assim, ele tinha que ganhar o próximo pão todos os dias... Pra ele e para os seus amigos...

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Tradição vende?




Esses dias eu fui até a banca de jornal e fiquei intrigado com uma coisa. Entre os vários títulos de histórias em quadrinhos, havia pelo menos uns quatro títulos do Tex!
Era Tex especial, Tex ouro, Tex clássico e apenas Tex...
Eu me virei pra japonesa dona da banca e perguntei:
- Esse monte de revista do Tex vende?
- Se vende? - Respondeu ela folheando uma revista sem se dar o trabalho de olhar pra minha fuça. - Vende demais. Nunca devolvi uma revista Tex pra editora.
- Mas esse personagem tem mais de cinquenta anos, não tem mídia falando dele, e nunca nem fizeram um filme dele pra ele ficar mais famoso?
- Ah.... Aí eu já não sei, mas tem gente que vem todo mês aqui só pra comprar esse Tex. E de vez em quando tem umas edições comemorativas que são muito procuradas, tenho que encomendar uma dúzia delas pra editora e não sobra uma! - Falou a japonesa ainda olhando sua revista.
"Que coisa né?" - Pensei eu com meus botões. - "Como pode nos dias de hoje, um produto vender assim. Sem mídia, sem propaganda, sem marketing, sem nada!"
Depois desse dia eu comecei a reparar em coisas desse tipo, que vendem por sí só. Eu reparei que a cerveja Caracu vende no Brasil inteiro (inclusive pra mim), e não faz propaganda nenhuma. Descobri que o povo árabe tem fama de "mão de vaca" e de bom negociante sem fazer propaganda sobre essa fama. Descobri que o Caetano Veloso vende milhares de exemplares de seus discos e tem fama de ser intelectual e a mídia não fala nada sobre seus novos trabalhos. Descobri que o Quentin Tarantino cavou um público cativo de seus filmes, que podem ser horrorosos, e mesmo se a crítica especializada falar mal, os cinemas vão encher para assisti-los. Nessa linha descobri que se você quiser o melhor relógio, deve ser o Rolex, melhor carro deve ser o Bentley, melhor macarrão deve ser em uma cantina Italiana (que pode até não ser de italianos), melhor samba deve ser de algum carioca... E tudo isso sem fazer propaganda.
Descobri que os charutos cubanos são os mais vendidos no mundo... Alguém já viu um comercial de charuto cubano? Descobri que os japoneses tem fama de serem fechados e anti-sociais, quem não tem um amigo japonês? Eu tenho, e o cara é bem legal!
Descobri um monte de coisas que estão impregnados na nossa vida e não sabemos de onde isso vem! Você pode fazer o melhor charuto da galáxia, milhões de vezes melhor que o cubano, mas se você for a uma charutaria e colocá-lo á venda, fatalmente ele ficará lá empacado, enquanto os cubanos venderão aos montes.
Depois de muito pensar (quase morri de pensar, pois de tanto pensar morreu um burro) eu cheguei á conclusão de que esses fenômenos se devem á tradição. De coisas passadas de pai pra filho, de família pra família... As vezes esses produtos nem são tão bons assim e nem os melhores do mundo em seus segmentos, mas eles estão co inconsciente coletivo das pessoas, e assim vendem por sí só...
Não sei se estou certo nessa minha conclusão, só sei que comprei um gibizinho do Tex e descobri que não é tão ruim quanto eu imaginava...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pressurizando




Eu fui ao médico. Fui fazer um "xécapi" no meu coraçãozinho sãopaulino pra ver se ele aguenta por mais tempo as agruras da vida!
Minha pressão arterial deu de ficar meio bobinha e dar uns pulos me deixando mais tonto do que eu normalmente sou. Minha vista dava umas desligadas repentinas de milésimos de segundos e as pernas davam umas "cambotiadas" como fala a minha avó. Então, resolvi ir visitar o seu "dotô."
Ele me examinou, mediu a pressão dum braço e depois do outro, em pé, sentado, deitado... Ainda bem que ele não pediu pra eu tirar a roupa...
Ele disse que "à priori" (achei bonito ele falar isso), eu não apresentava nenhum sintoma que detectasse algum tipo de irregularidade, mas que por "via das dúvidas" (meu dotô é pobrema), eu iria fazer um exame de esteira e um outro que não lembro o nome.
Liguei pra marcar o tal exame e a moça marcou para as sete da manhã. Dez pras sete eu estava na porta do instituto onde é feito esse exame... O médico chegou nove e meia! Nove e meia!
Chegou, passou um gelzinho no meu peito, esfregou uma maquininha, ficou olhando par a tela do computador, escreveu umas coisas num papel, e saiu... Nem olhou pra minha cara!
Depois disso a moça do atendimento disse que eu poderia ir embora e buscar o resultado daí a uma semana.
Essa uma semana se passou, eu busquei o resultado e marquei o retorno ao médico. A menina disse que meu horário estava marcado as 17:30, então como bom bobinho que eu sou, cheguei lá as 17:15. A sala de espera estava lotada. Mas eu estava dentro do meu horário marcado, então fiquei tranquilo. Quando meu relógio marcou 18:45 eu fui conversar com a atendente:
- Moça, o atendimento aqui é por ordem de chegada?
- Não. - Respondeu ela. - É por horário marcado.
- Uai! Mas meu horário era as 17:30 e tá passando um monte de gente na minha frente?
- É que eles chegaram primeiro!
- Então é por ordem de chegada?
- Não, - falou a moça fazendo cara feia - é por horário marcado! Já te falei!
- Mas moça... Se é por horário marcado, como é que essas pessoas estão entrando na minha frente se eu estava aqui até adiantado do meu horário?
- É que elas chegaram na frente... Já te expliquei!
Resolvi não continuar essa briga... Eu estava falando em português e ela em línguas estranhas...
O final feliz da história é que as 19:38 eu saí do consultório feliz, porque o seu "dotô" me disse que os exames estavam maravilhosos, que eu não tinha nenhuma irregularidade e que meu coraçãozinho estava pronto para mais um punhadão de anos. Ele disse que minha pressão alterada deve ser por causa do estresse. E que a gente tem que aprender a viver feliz mesmo quando coisas que nos chateiam batem á nossa porta!
Eu respondi com um "obrigado, seu dotô", e fui embora pensando em como ele se sentiria sentado em sua própria sala de espera... Nervosinho, ou calminho?