Eu peguei uma "longneckzinha" bem geladinha, depois peguei a coleira da Frida e falei:
- Fridona, vamos passear?
Não foi preciso nem terminar a frase, pois toda vez que ela me vê com aquela coleira na mão que ela fica insuportavelmente feliz. Ela pula sem parar e joga seus 60 quilos de alegria em mim batendo seu rabão, dando chicotadas na perna da gente e as vezes até acertando em locais não recomendados.
Fomos passear num pasto que fica perto de casa. Toda vez que chego lá, eu solto a Frida da coleira e ela se esbalda. Corre atrás dos quero-queros, corre atrás de umas vacas e bois que ficam pastando por alí, rola nas poças de lama, faz buracos no barro mole, deita e se esfrega no meio do capim, faz uns quatro xixís e pelo menos dois cocôs!
Ela adora ir passear alí! Pra ela, aquilo é a melhor coisa que pode existir no mundo depois de macarronada. Pois pra Frida as coisas estão nessa ordem: Macarronada, passear no pasto e depois ser coçada na barriga.
Ela é uma cachorra feliz e faz questão de demonstrar isso pra gente. Ela é feliz quando a gente chega em casa, é feliz quando a gente sai para o quintal, é feliz quando brinca com a Chambinha minha gata. Tão feliz, que a Chambinha se estressa com ela e depois de dar umas ranhetadas, sobe na jabuticabeira que temos no fundo do quintal até que o nível de entusiasmo da Frida abaixe.
A Frida é feliz porque a gente existe, simplesmente porque ela ama a nossa família. Mesmo que as vezes a gente passe por ela sem nem lhe dirigir o olhar, ela nos segue até onde a gente for, e quando nos tocamos e prestamos atenção nela, ela está olhando pra gente com os olhos mais doces do mundo e balançando o rabo feliz pela nossa presença.
A gente as vezes é pior do que cachorro. Não conseguimos ser felizes apenas porque temos uma família, apenas porque vamos passear, apenas porque temos um amigo, apenas porque quem amamos está perto da gente. Nós condicionamos a nossa alegria por coisas que não temos e que se conseguirmos aí sim seríamos felizes. E quando conseguimos ter essas coisas, percebemos que ainda somos infelizes e elegemos então outra coisa pra conseguirmos e aí sim, encontrar a felicidade!
A Frida minha cachorra sempre me dá essas lições quando eu estou confundindo os valores da vida. Isso serve pra mim e serve pra muita gente também. Nós temos que amar e aprender a ser feliz como são os cachorros. Com coisas simples... Com um simples passeio, com uma simples macarronada, com uma simples coçadinha na barriga... Com as pessoas que amamos, simplesmente por elas existirem e estarem perto da gente. Só isso já basta!