segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Conversão

 


Eu era um pré-adolescente. Tinha mais ou menos 13 anos, quando fiz a primeira comunhão. A "minha" igreja ficava na Freguesia do Ó em São Paulo e tem o apelido de "Igreja de Zinco", porque o telhado dela é todo coberto de telhas galvanizadas.

O padre na época era o padre Matheus, e a moça que ensinava a gente sobre a vida de Jesus e sobre a nossa nova vida com Jesus, se chamava Soninha.

O padre Matheus juntou com a Soninha e os dois sumiram no mundo! Se casaram e nunca mais tive notícias de nenhum deles.

Ixi... Esse trem deu uma conversa danada! 

Crucificaram o padre, apedrejaram a Soninha, falaram que o capeta estava agindo dentro da igreja. Uns irmãos disseram que tinham percebido, outros que foram pegos de surpresa, outros que o padre era safado, outros que a moça era safada, e eu... Eu não entendi nada!

Naqueles dias, tinha um padre irlandês, que estava passando um tempo na igreja, não sei fazendo o quê, mas mesmo eu achando que nem ele sabia o que estava fazendo lá, ele teve que assumir a igreja, até que um novo padre fosse escalado pra gente.

O padre irlandês nem sabia falar direito português, ele lia as coisas e dava a entonação que ele imaginava que estava certo, tipo: 

— I Jééésuzzz faulou parrrra sus apóstoulous! Iu soui o verdade e o vido.

A gente; crianças e adolescentes, íamos na igreja aos domingos só pra dar risada desse padre, coitado! Ele ficava bravo, avermelhava as bochechas e falava: 

— Voucezzzz non prestammm otencioun in nado!

Ele era grandão, devia tem quase dois metros e era corpolento sem ser gordo, era grandão mesmo. Devia ter uns 150 quilos mais ou menos.

Nas tardes, ele se sentava na padaria ao lado da igreja e tomava sozinho mais de uma dúzia de cerveja. Isso todos os dias, até que os homens, cabeças da congregação, foram conversar com ele:

— Padre, o senhor não pode se sentar aqui e beber desse tanto.

— Coma non poude?

— Não pode porque é feio!

— Feia? Coma anssí?

— As pessoas falam mal do senhor.

— Pessoas falar maou de minha, pourque eu beber cerveja?

— Isso.

— Mas lá no Irlanda, nóuis dá cerveja no mamadera do bebêzinha.

— Então padre! Mas aqui é feio um padre fazer isso. O senhor pode até beber, mas lá na casa paroquial.

Eu não sei como acabou a conversa, só sei que o padre parou de beber na padaria, e que de vez em quando algum dos homens tinham que ir fazer companhia pra ele na casa paroquial, porque ele achava triste beber sozinho.

Mas porque estou contando essa história?

Estou contando essa história, porque há mais de 20 anos eu vou à uma igreja evangélica, e outro dia o pastor perguntou aos irmãos, como foi a conversão de cada um deles.

Quando chegou a minha vez, eu contei uma cena que eles não gostaram muito, mas é a primeira cena de que me lembro, que eu entendi o que, ou quem é Jesus.

O padre irlandês, na primeira aula do catecismo depois que a Soninha e o padre Matheus sumiram, começou a aula dando a notícia sobre eles e ligando isso à nossa vida e ao cristianismo:

— Vacêis sobem que a padre Matheus e o Soninho resoulveram si casar. Juntaram como vocêis dizem acá em Brasil, os panélos, e foram morarem juntas! Mas... — ele deu uma parada e apontou pra gente com cara de acusador e continuou teatralmente. — O que vaia acountecir com a padre e o Soninho? Eles vai pra inferna? — outra pausa antes da conclusão. — Eu achar que non, porque a padre e o Soninho já entregar o alma a Crista! O que eles fizer foi largar o igreja, e não largar o Crista! Eles continuam sendo cristianas! E agoro vanm procurarem otro igreja para congregarem, ou nom, e nom tem nada errada. É simples! Eles continuam sendo salvas, mas agoro vam fourmarem um familio!

Cara! Essa fala caiu como uma bomba na minha cabeça! Eu que achava que entendia o que era Cristo, o que era Jesus e o que era igreja, na verdade não entendia nada!

Esse, pra mim, foi o dia em que eu me converti...

Hoje eu tenho uma vida longa dentro de igrejas evangélicas e até em religiões alternativas e algumas até misteriosas... Outro dia eu conto para vocês. Mas foi esse dia que marcou a fé que até hoje me norteia. E mesmo que alguns irmãos evangélicos sejam contra, o que vale é dentro de mim, e esse padre, que falava mal o português e que gostava de uma gelada, pois para ele era tradição e não pecado, foi a pessoa que me mostrou: Quiém é a verdadero Crista!



segunda-feira, 30 de setembro de 2024

O genial Robert Johnson

 



Robert Johnson, começou a tocar guitarra por volta dos anos 1920, mas ele só foi fazer um relativo sucesso na década de 1930. Naquela época os músicos de blues viajavam de cidade em cidade, principalmente do Delta do Mississipi e tocavam em qualquer lugar que abrisse as portas para eles. Geralmente, lugares que não eram muito recomendados para menores de 18 anos. 

Drogas, bêbados, prostitutas, matadores, trabalhadores da roça de algodão, casais informais, e gente que queria apenas diversão, eram a maioria do público dessas bibocas, que além de perigosas, eram maravilhosas.

Quem viu o jovem Robertinho tocar no começo de sua carreira dizia que ele era mais ruim que pinga quente, mas "milagrosamente" depois de alguns anos de reclusão, onde não se sabe bem para onde foi, ele reaparece tocando feito um demônio!

Digo feito um demônio, porque, (à boca pequena), os fofoqueiros de plantão, pregavam que Robert Johnson fez um pacto com o capeta em uma encruzilhada e que o caramunhão, depois de afinar seu violão, disse que ele faria sucesso, mas que depois teria que pagar com sua alma!

Não se sabe muita coisa dessa época, e muitas lendas giram em torno desses bluseiros antigos. As notícias se espalhavam mais no boca à boca, e os pobres, geralmente afro-americanos, que eram os principais consumidores de blues, não tinham acesso à imprensa.

O negócio era tão doido nessa época, que um gaitista chamado Sonny Boy Willianson tocava acompanhando os principais artistas que se apresenatvam nas mesmas bibocas que o Robert Johnson e era considerado por todos um músico excepcional. 

Sabendo disso, um outro gaitista começou a se apresentar com o mesmo nome. Ele tapeava o povo, porque enquanto estava em uma cidade o verdadeiro estava em outra, até que um dia, Howlin Wolf, um músico reconhecido e famoso em toda a região, questionou o impostor Sonny Boy, que em sua defesa, disse que à partir daquele momento iria se chamar: Sonny Boy Willianson II.

O caso não foi levado adiante, porque dizem, que os dois Sonnys nunca se encontraram cara a cara e também, porque o segundo Sonny Boy, tocava melhor que o original.

Nos anos 40 e começo dos 50, o blues saiu do gueto das pequenas cidades rurais  e chegou até a cidade grande e esse Sonny Boy Willianson II, até participou de especiais de TV. 

Voltando ao Robert, ele foi o primeiro dos artistas famosos que morreu aos 27 anos. Vocês sabem da maldição dos 27 anos, né? Se não souberem eu conto outro dia.

Uns dizem que ele caiu no palco uivando feito um lobo, andando de quatro e espumando pela boca enquanto uma luz vermelha apareceu dentro do bar e uma silueta com chifres dava chicotadas nele. (A parte da luz e da silueta foi eu que inventei pra ficar mais legal).

Mas a história oficial é a de que ele andou flertando com a mulher do dono do bar onde estava cantando e esse cara colocou veneno no uísque do Robertinho.

As músicas do Robert Johnson caíram em um curto esquecimento, mas nos anos 60 e 70, artistas de rock influenciados pelo antigo blues do delta do Mississipi, reviveram essas canções e o que é mais incrível: Todas as 29 músicas que ele compôs, chegaram em diferentes momentos entre as 10 melhores da parada da bilboard e ele foi considerado pela crítica especializada, o músico mais influente do século 20.

Tudo bem... A gente sabe que o americano acha que o mundo gira emtorno do umbigo dele, e que quando por exemplo, um time de basquete ganha o campeonato americano eles falam que é campeão do mundo, mas nesse caso, exageiros à parte, o Robert Johnson é sim um dos músicos mais incríveis e com a história mais misteriosa, do século 20, e além disso é o primeiro dos que morreram com 27 anos.


quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Todos iguais? Ou uns mais iguais que os outros?

 



Eu gosto de rock e de suas vertentes. Dentre elas a que mais gosto é punk rock.

Mas, com um bom menino dos anos 80 eu também gosto de bandas mais popizinhas que tocaram no rádio, tipo: Ira!, Legião Urbana, Nenhum de Nós, Paralamas, Biquini, Blitz, Camisa de Vênus, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Lobão, Uns e Outros, 365, Garotos da Rua, TNT, Engenheiros do Hawai, Skank e por aí vai.

Esses dias em um show eu vi o Nasi do Ira! fazendo campanha para um político que ele apoia e fiquei pensando: Será que isso é certo?

Eu entrei e paguei o ingresso, porque gosto das músicas deles e não da posição política deles, que aliás, sou totalmente contra.

Uma vez em uma questão dessas, o chatíssimo crítico musical Régis Tadeu, me respondeu em uma live que o artista não pode ser calado nunca, e que ele tem o direito de falar sobre política a hora e quando ele quiser.

Uai? Porquê?

Eles são melhores que as outras pessoas? Ou se a gente for ver certinho mesmo, eles não passam de empresas que vendem seu produto que é, talento e entretenimento?

Imagina se os cozinheiros acharem que um cozinheiro tem o direito de falar sobre política e não pode ser calado nunca. Aí você vai a um restaurante e na hora que vem o prato, o cozinheiro vem junto, senta-se à mesa e faz campanha do candidato dele.

Iria dar dor de barriga!

E se um médico achasse que também tem esse direito e antes de te operar, lógicamente que antes da anestesia, pra você ficar atento, ele falasse de partido político, ideologia e fizesse campanha do candidato dele.

Você opreraria com um cara desses?

Então! Porque os artistas tem esse direito? Ainda mais a gente sabendo, que muitos deles vivem no mundo de Narnia e outros ainda gostam de uns aditivos que os deixam loucões...

Tudo bem que individualmente, no CPF deles, em suas redes sociais, ou entre amigos, todo mundo de qualquer profissão pode fazer campanha de qualquer candidato e de qualquer partido e adorar qualquer líder de merda desses que eles adoram, mas quando a situação é profissional, aí, na minha humilde opinião, eu acho que eles tem que apenas mostrar a sua arte, o seu serviço ou o seu talento.

O que vocês acham?



segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Resenha do livro: Antes que o café esfrie

 


Antes que o café esfrie, do autor Toshikazu Kawaguchi, é o primeiro livro de literatura japonesa que eu li. Apesar de uma ou outra coisinha que achei estranho, no balanço final, eu gostei.

Imagine um café antiguissimo que fica em uma pacata rua de um pequeno bairro de Tókio e que tem a particularidade de ter uma cadeira que serve como um portal para uma viagens no tempo. Essa ideia maluca e ótima, teria tudo para ser a ideia central do livro, mas por incrível que pareça, não é.

O livro fala sim de viagens no tempo e de curiosas regras para se fazer essa viagem, tipo: Só dá pra viajar no tempo de uma determinada cadeira e depois que é servido uma xícara de café. Tudo o que for feito ou falado durante a viagem não mudará o presente. É proibido levantar da cadeira durante a viagem e, o mais importante, a pessoa tem que voltar antes que o café esfrie.

Essas regras prendem a atenção, despertam o interesse e servem de pano de fundo para a verdadeira sacada do autor, que é usar as viagens para falar dos pequenos e grandes problemas da vida e o que você faria se tivesse uma oportunidade para rever alguém que ama e ter a chance de se acertar com ela. 

O autor oferece quatro lindas histórias, que falam de amores mal resolvidos, relacionamentos machucados por atitudes intempestivas, problemas de saúde, luto e culpas que carregamos por ter magoado alguém.

Essas histórias são independentes, mas fazem parte de um todo que acontece dentro do café e interagem com a vida dos personagens que trabalham ali.

Uma coisa que estranhei e que não sei se é da literatura japonesa ou se é do autor, é que todas as personagens têm nome. Mesmo os figurantes que aparecem em uma única vez, têm nome. Isso as vezes confunde um pouco, mas nada que a gente não se acostume.

A Editora Valentina fez um ótimo trabalho editorial. O livro ficou bonito e agradável de ler.

Devorei "Antes que o café esfrie", em pouco tempo e me diverti bastante. Confesso que em alguns momentos cheguei a me emocionar e em outros eu ri alto, parecendo um bobão.

Nota 8,5 de 10. Apesar de bom, a ideia é tão interessante que eu acho que poderia ser mais explorada.

O livro tem mais duas continuações, mas as histórias desse primeiro volume se fecham nele. Acho que cada livro pode ser lido independentemente de ter lido os outros.

Recomendo!



sábado, 7 de setembro de 2024

Amigos de rua

 



Ele acordou, suas costas estavam doendo pelo mal jeito que foi dormir naquele banco. Por mais que forrasse o banco com jornal e papelão para improvisar um colchão, as suas costas estavam lhe matando.

Seus dois cachorros, acostumados a dormir ao seu lado, estavam de guarda nos seus pés, esperando que ele acordasse. O sol já vinha nascendo e os primeiros raios ajudavam a esquentar seu corpo franzinho e debilitado.

"Puxa vida... Como esfria no nascer do dia." — pensou se sentando e esfregando os olhos com as costas das mãos.

Depois de espreguiçar, dobrou seus trapos que servem de cobertor e guardou junto com os jornais, colocando-os dentro da carrocinha que usa para catar latinhas e plásticos recicláveis pela cidade.

"Vou guardar esses jornais aqui, porque eles quebram um galhão à noite."

Seus dois companheiros desceram do banco e ficaram em sua frente balançando o rabo à espera de um afago. Esse era o melhor bom dia que ele poderia ter, e todos os dias ele se repetia, sempre com todo o carinho que ele poderia ganhar e retribuir.

Depois do bom dia canino, ele sorriu, e foi até a fonte da praça dar uma lavada no rosto e nas mãos, para depois voltar ao banco e abrir seu saco de pão com mortadela, que cuidadosamente havia guardado debaixo de seu travesseiro, para que no outro dia cedo servisse de café da manhã.

— Pitoco, Juquinha, venham aqui! — falou ele chamando seus dois amigos. — Olha, hoje só tem esses dois pães aqui, então eu vou dividir um entre vocês dois que são pequenos, e vou comer um inteiro. Vocês sabem que eu tô numa tosse dos infernos e tenho que comer um pouco mais senão não eu num guênto!

Os dois cachorros pararam em sua frente novamente e ficaram esperando o café da manhã. Então, ele dividiu um dos pães com os dois e começou a comer o outro. Dalí um pouco ele separou mais um pedaço agora de seu pão e falou novamente:

— Toma vai... Seus dois gulosos, ficam aí me olhando com essa cara de pidão...

Depois do pão, ele pegou um resto de guaraná que estava no fundo de uma latinha, colocou na boca, fez uns gargarejos e engoliu. Depois ajeitou sua roupa, passou seu pente banguela no cabelo, e colocou seu boné de propaganda eleitoral da eleição passada.

Em seguida saíram os três, andando juntos pelas ruas da cidade.

Ele tinha que procurar nas latas de lixo do calçadão, e ver se coletava alguma coisa que lhes garantisse o almoço.

Para ele era assim, a noite era seu quarto, o dia era seu escritório, as latas de lixo eram seu estoque de mercadorias e seu mercado. Ele tinha que ganhar o próximo pão. Sua vida era para ser vivida, para ele e para os seus amigos, que alegres, o seguiam pela cidade, sem protestar em viver daquela forma. Porque eles eram amigos... Amigos sinceros. Amigos de rua, e por toda a vida.

 

Esse texto é bem antigo, e por incrível que pareça, ele foi o que me inspirou a escrever meu segundo livro, que é a história da investigação de um sequestro de uma garotinha de 12 anos, filha de um servente de pedreiro e uma manicure.

Aqui esse personagem é um andarilho anônimo, no livro ele ganhou nome, sobrenome e foi um coadjuvante muito interessante e cativante. Inclusive o livro termina com ele. 





terça-feira, 3 de setembro de 2024

O sucesso do improvável.

 


Quatro jovens feios, desengonçados, tímidos, sem perspectiva de vida, quase delinquentes, antissociais, e tudo mais que possa servir de pedra de tropeço na vida, um belo dia resolveram formar uma banda de rock.

Nenhum deles sabia tocar, nenhum deles sabia cantar e nenhum deles sabia se comportar em frente ao público.

Com ajuda de alguém que lhes ensinou alguns acordes, eles começaram a tocar músicas que eles mesmo compunham, quase que por instinto, sem entender nada de música e sem saber compor. 

Melodias estranhas, baseadas toscamente no rock dos anos 50 e 60, mas que da maneira que eles tocavam, pareciam rápidas e agressivas demais.

O ano era 1974 e eles eram a banda: Ramones.

Suas composições eram básicas e tinham no máximo 3 acordes. Em todo seu primeiro disco, as 10 músicas somadas, tinham ao todo 5 acordes, que eram os únicos que eles conheciam.

Como eles se achavam deslocados socialmente, que não sabiam fazer mais nada na vida a não ser tocar mal as suas músicas e pelo aspecto não muito agradável que as suas caras feias tinham, eles resolveram que a banda seria o futuro deles.

Começaram a ensaiar insistentemente e a tocar em todas as bibocas possíveis.

No começo arrumaram uma sequência de shows no lendário bar chamado GBGB, que era um espaço fuleiro, sujo e de má fama, mas que abriu as portas para ícones do rock em começo de carreira, e dali, foram melhorando em suas apresentações e ganhando fãs, que os ajudaram a abrir outras portas e tocar por todo Estados Unidos. 

Eles fizeram cerca de 2.263 shows durante sua carreira, que durou 22 anos, de 1974 a 1996. A banda era conhecida por sua intensa agenda de turnês, fazendo quase sempre mais de 100 shows por ano.

O Ramones fez 19 turnês mundiais e tocaram em todos os continentes.

Ao todo eles venderam cerca de 5 milhões de discos durante sua carreira nos Estados Unidos e cerca de 15 milhões de discos em todo o mundo.

Eles são considerados a banda mais influente do rock de todos os tempos e um dos precursores do estilo punk rock.

A imagem deles, com calça jeans, camiseta surrada, tênis all star e jaqueta preta, tem sido copiado por jovens de todo mundo desde 1976.

Ao longo do tempo, com muita persistência, suor e crença de que a banda era as suas vidas, o Ramones passou de um projeto que tinha tudo para ser um fracasso, à um símbolo de que tudo é possível quando se acredita que é possível.

Joey Ramone e Jonny Ramone, os principais integrantes da banda, tiveram uma discussão porque Jonny roubou e se casou com a namorada de Joey e, porque eles tinham ideologia política diferente. Por isso os dois ficaram 20 anos sem se conversar, mas nunca deixaram a banda e nunca deixaram de compor, e fazer shows juntos, até o final da banda, com a morte de Joey por um câncer na garganta.

            Joey morreu em 2001, Dee Dee morreu em 2002, Jonny morreu em 2004 e Tommy morreu em 2014. Só Mark Ramone, o segundo e mais longevo baterista da banda, ainda está vivo e tocando com a molecada pelo mundo. Ele ainda faz pelo menos 50 shows por ano.

Há alguns anos pediram para uma orquestra fazer uma apresentação só com músicas dos Ramones. O maestro disse que não iria expor sua orquestra a tocar músicas com 2 ou 3 acordes.

            A pessoa que queria a apresentação perguntou se o maestro conhecia a obra dos Ramones e ele disse que não conhecia.

Então ele presenteou o maestro com todos os 14 álbuns da banda.

Depois de escutá-los, o maestro fez o concerto e em sua fala inicial disse:

Vamos tocar músicas de 3 ou no máximo 4 notas, mas são músicas tão sensacionais, que só os gênios poderiam compô-las. 

Ramones é um exemplo de que todos podem conseguir, mesmo que os obstáculos sejam considerados intransponíveis, mesmo que a timidez e a aparência joguem contra... No final, o trabalho e a dedicação, prevalecem.

 


segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Gripe do caramba

 


Peguei uma puta duma gripe do caramba!

Renite, sinusite, faringite, laringite e otite. Tudo no mesmo pacote.

Eu fui ao médico do meu plano de saúde e ele nem olhou pra minha cara. Isso porque era no médico do plano. Que fica lá no pronto socorro do plano, pra atender os clientes do plano, e pelo que eu saiba, ele não foi forçado nem pelo plano, e nem pelos clientes do plano, a atender as pessoas que vão lá, gripadas e sinusitadas querendo um pouco de atenção e carinho. Ele é um médico malvado! Nem escutou meu pulmão, nem olhou meu nariz, nem nada!

Com aquela cara de falso legal, ele sorriu um falso sorriso e fez uma falsa pergunta:

— Que cor é o catarro? Verde ou branco?

— Branco.

— Ah tá... Você vai tomar essas 3 injeções agora e comprar essa receita aqui. — disse passando a receita que magicamente apareceu pronta na mão dele.

— Mas o senhor não vai nem me examinar?

— Que cor é o catarro?

— Branco...

— Então! Tá examinado. Toma as injeções e essa receita.

Se fosse um veterinário acho que me daria mais atenção. 

Que chato né...

Aí eu tomei as 3 injeções na bunda. Doeu pra caramba, e fui até a farmácia.

O farmacêutico deu risada porque eu contei a história pra ele, e com um falso sorriso disse:

— Fica tranquilo que você vai sarar.

— Por quê? Como você sabe?

— Porque ele deu receita pra tudo o que existe. Todos os tipos de gripes, sinusites e bronquiolites e até dor nas costas. Uma com certeza ele acerta.

Eu dei um falso sorriso. Peguei o cartão de verdade e paguei a lotérica receita.

Mas tô melhorando...

Minha mãe mandou tomar chá de alfavaca e acho que foi bom...

 

sábado, 17 de agosto de 2024

A Salvação de Jonas


Republicação de um texto antigo, mas que se mostra muito atual.




 

Jonas olhou a sua volta.

Tudo estava escuro. A lama cobria-lhe o joelho, e a cada passo que tentava dar ele se atolava mais e mais.

Jonas não via saída, o caminho de repente se tornou muito difícil.

O sol já não iluminava mais seu rosto, e o que parecia ser uma floresta de galhos secos e espinhos encobriam o horizonte e limitava sua visão a apenas alguns metros à frente.

Perdido dentro dos rabiscos que viraram sua vida, ele ouvia sussurros, risadas de escarnio e gritos. Parecia que falavam dele, mas não dava para ter certeza, pois as vozes cochichadas partiam de sombras, que ora se mostravam na penumbra e ora sumiam fazendo algazarra.

— Ei! — gritou Jonas. — Vocês aí, me ajudem, estou perdido!

Não adiantava!

A cada grito de Jonas, a cada pedido seu, as vozes se calavam e apenas olhos esbugalhados apareciam em meio ao breu. Esses olhos, curiosos para saber se Jonas iria sair da enrascada em que estava, não pareciam querer ajudar.

Olhos da meia noite, olhos da madrugada, que refletidos no espelho, eram a imagem da desesperança e Jonas os conheciam muito bem.

Com esforço sobre-humano, Jonas dava pequeninos passos, que vagarosamente o faziam prosseguir. Ele levantava uma perna da lama pegajosa, inclinava seu corpo para frente e pisava mais adiante, depois repetia com a outra perna, e assim ia tentando se desvencilhar desse pesadelo.

Quanto mais esforço, mais o pântano crescia. Quanto mais esforço, mas Jonas se lembrava de um cachorro que uma vez observara correndo atrás do rabo.

Jonas sentia que alguém segurava sua perna e lhe puxava pra baixo.

As vezes parecia que algumas pessoas saiam das sombras e colocavam mais lama no meio do caminho. Mas... O engraçado é que essas pessoas pareciam com ele!

Jonas precisava vencer, Jonas precisava prosseguir, Jonas precisava respirar, Jonas precisava sair dessa situação.

Foi quando uma pessoa de aparência conhecida apareceu do outro lado do caminho.

— Olá! — alegrou-se Jonas. — Você não é a minha professora da quarta série?

A pessoa não respondeu, mas jogou um livro para Jonas, o livro se depositou no fundo da lama e Jonas pôde se apoiar nele.

Mais pessoas, com feições dóceis, apareceram ao lado do caminho. Todos pareciam conhecidos de Jonas, uns pareciam antigos professores, um parecia com o dono de uma livraria que ele sabia onde ficava, outro parecia o dono da banca de jornais, outro parecia seu pai! E uma mulher que parecia sua mãe...

Jonas estava atordoado, suas vistas, embaçadas, não lhe davam certeza da identidade dessas pessoas, ele via apenas silhuetas e imagens distorcidas.

Como foi que ele chegou nesse estado? Onde foi que ele se perdeu?

Essas pessoas, que agora pareciam amistosas, diferentemente das sombras, em um gesto em conjunto, começaram a jogar livros e mais livros para Jonas.

Ele notou que essas pessoas que hoje vinham lhe ajudar, eram as mesmas que no decorrer de sua vida tentaram lhe aconselhar e que ele não havia dado muita importância. Mesmo assim, as pessoas não desistiram dele e continuavam arremessando revistas, jornais e muitos livros.  

Jonas começou a usar esses livros como escada, subindo, subindo, saindo da lama, até que conseguiu sair do buraco em que estava e atingir terra firme!

Jonas saiu da lama, saiu da floresta de espinhos, do emaranhado de rabiscos e caminhou até um lindo jardim.

Ele percebeu que o sol iluminou novamente o seu rosto!

As cores da vida tornaram a aparecer.

Então... Jonas sorriu!

 


quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Ideia

 



Hoje tive uma grande ideia para um conto.

Aí, comecei a pensar e a ideia poderia ser elevada à categoria de novela ou para um livro.

O problema é que eu tenho um caderno imaginário cheio de ideias, que vou escrevendo imaginariamente até o dia em que resolvo escrever de verdade.

Eu trabalho como vendedor em uma loja de materiais para construção. 

Hoje eu atendi uma cliente que trouxe a netinha dela de 3 anos para passear. A menininha fez muita amizade comigo e me abraçou e disse que eu era muito legal. Mas tipo: Do nada! Ela simplesmente gostou de mim, de graça.

Eles foram embora e eu com minha cabeça doida e fértil pensei no começo de um conto assim:

Uma mulher vai a uma loja com sua netinha de 3 anos e acontece o que aconteceu aqui hoje.

Quando eles vão embora a avó pergunta:

— Camila, você gostou bastante do moço lá da loja né?

— Gostei vovó... E fiquei com dó dele.

— Com dó por quê?

— Porque ainda hoje Deus vai chamar ele pra ir morar junto lá no céu.

— O quê? De onde você tirou essa conversa? 

— Foi o anjo que estava do lado dele que me contou!

Pronto! Essa é a ideia.

Mas ainda está crua. Tenho que desenvolver, e perguntar coisas.

O que a avó faria?

Teria como mudar o destino do vendedor?

Por que o anjo contou isso à menina?

A avó tentaria impedir ou falaria alguma coisa para o rapaz?

Então... Vou pensar...

Se sair algum conto eu conto pra vocês.

O que vocês acharam? Da história gente. 

Não estou perguntando o que vocês acharam da minha maluquice.



sábado, 10 de agosto de 2024

Nós somos coach do mundo!

 


O brasileiro é um tipo de homo sapiens que tem que ser estudado pela NASA. 

Eu acho que antes do Cabral chegar aqui, alguém do além, de outras galáxias ou de outra dimensão, já havia colocado uma sementinha no pessoal daqui. Só pode ser.

Nós somos peritos em tudo! Somos os coaches do planeta, e alguns de nós acham que poderiam ensinar até a Deus como funciona o mundo.

Há um mês e pouco todo mundo sabia qual foi a causa da enchente no Rio Grande do Sul. Apareceu perito em meteorologia, perito em muro de contenção, perito em bomba submersa... Apareceu gente que tiraria a água da chuva com baldes e o Rio Grande ficaria seco!

Depois, nós viramos snipers! Uns que queriam que o Trump morresse, falaram sobre o ângulo, o vento, o calibre da arma e explicaram por que o justiceiro não acertou o tiro. Outros, que queriam salvar o Trump, falaram sobre o ângulo, o vento, o calibre da arma e explicaram por que o terrorista errou o tiro.

Aí nós viramos especialistas em dirigir Porshe, e explicamos o que o motorista bêbado deveria fazer para dirigir alcoolizado. Porque nós entendemos de Porshe, praticamente tiramos a nossa habilitação dirigindo Porshes nas autoescolas.

Semana passada, nós que entendemos de urnas eletrônicas, explicamos para o mundo, porque o Maduro roubou nas eleições e também porque as eleições foram legítimas! Coisas que só nós sabemos.

E hoje, nesse momento, nós estamos explicando para os pilotos de aeronaves o que eles devem fazer pra não acontecer mais tragédias como a que aconteceu ontem.

Eles devem planar aproveitando as correntes de vento, devem subir mais alguns pés para dar tempo de reagir se o motor parar, devem procurar uma rodovia pra pousar, devem ter aquecedor a gasolina, colocar para quedas no avião, consultar uma cigana antes da viagem e por aí vai.

Então eu vou deixar registrado aqui no meu blog: Se você, que não é brasileiro, tiver qualquer problema, de qualquer espécie. Seja material ou espiritual. Seja no presente ou no futuro... Consulte a gente.

Nós somos coach do mundo. 


terça-feira, 6 de agosto de 2024

Jogos olímpicos? Tô fora!


 


Eu não assisti nada das Olimpíadas. Pela primeira vez eu não me empolguei com isso.

Na verdade, eu nem sei quem são os melhores atletas brasileiros e nem em qual modalidade nós estamos bem.

Eu não sei o que está acontecendo comigo em relação a representantes brasileiros no esporte.

Acho que cansei de torcer e ver o país ficar lá atrás no quadro de medalhas.

Até a seleção brasileira de futebol não tem me empolgado em nada. 

Nem ligo!

Desde que os meninos começaram a sair muito cedo dos nossos times para irem jogar na Europa, eu parei de torcer.

Eu nem conheço os jogadores... Não acompanho campeonatos europeus. Não assisto Champions League e não me importo com campeonatos de futebol de outro pais.

Eu sou são-paulino. Torço pelo São Paulo Futebol Clube. Esse eu acompanho todos os jogos, conheço todos os jogadores, fico bravo, feliz, choro e dou risada. 

O São Paulo é uma das paixões que eu tenho na vida; mas essa crônica são é sobre paixões e sim sobre desilusões.

Eu ando desiludido com atletas, cantores, cartunistas, humoristas, escritores e mais um monte de gente famosa, que deveria abrir os olhos do povo para as barbaridades do poder, mas que acabam se vendendo ao sistema e abocanhando uma fatia do dinheiro público.

A lei Ruanet, que privilegia artistas que já são ricos, enquantos os artistas iniciantes não conseguem emplacar seus projetos, na minha opinião, é uma sacanagem monstro! 

Esses artistas, que sabem de onde vem a corrupção que os abraça com carinho, viram cabos eleitorais na época das eleições, esquecendo seus escrúpulos... Isso é, se eles tiverem algum escrúpulo ainda, né?

O Brasil tá muito louco! Na verdade, o mundo tá muito louco! Essa loucura maligna se infiltrou em todos os lugares e apodreceu o que eu achava que era mais puro na nossa sociedade: o esporte e a arte.

Isso me deixa triste, e por isso nesses jogos olimpicos eu resolvi me abster. 

Privar-me da função de torcedor. 

Sumir na braquiara, como se diz aqui na roça! 

Dar um perdido, como se diz nas cidades grandes.

E apesar da minha consciência as vezes me falar que eu estou sendo muito exagerado... Eu resolvi assim.  

E vocês? Conseguem separar o joio do trigo e ainda torcer de forma pura e infantil? Tipo com o coração?

Eu... Só pro São Paulo.


quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Inveja plantada em mentes manipuladas

 



Nós brasileiros somos uma raça de gente invejosa e mequetrefe, que não aguenta ver alguém bem-sucedido que logo fica arrumando comentários tipo:

— Ah, mas como ele subiu de vida rápido!

— Trabalhando a gente não fica rico assim... Tem coisa estranha aí...

— Deve estar mexendo com droga! Certeza!

— Vai ver recebeu alguma herança, porque ele sempre foi burro.

Nós somos assim! Pode até ser que você que está lendo não seja, mas a maioria do brasileiro é.

Todos os dias, muita gente enche a cara de cachaça e bate seu carro ou atropela alguém no trânsito, muita gente morre por causa disso e ninguém fala nada. Mas semana passada um cara dirigindo um Porsche, saiu trolado de cana, atropelou e matou um mototaxista. Rapaz... Todo dia os portais, os jornais, os telejornais, as fofoqueiras da esquina, o papagaio da minha vizinha, todos só falam nisso!

Será que é dó do mototaxista ou inveja do Porsche?

Porque quando o mané pingaiada atropela e mata alguém com seu Fiat 147 ninguém fala nada e as vezes tem até pena do Mané pingaiada. Deveria ser notícia da mesma forma que o bebum do Porsche.

Os dois estão errados do mesmo jeito. Mas o rico, só porque é bem-sucedido, parece que tem mais culpa!

Nós somos manipulados gente! Primeiro de tudo o estabilishment ataca a família, depois a religião, depois a ideologia política e depois a classe social dominante.

Nós temos que entender as entrelinhas das notícias.

Entender o porquê das coisas.

Entender a manipulação dos bens, da moral e dos costumes.

Senão... Viraremos gado de verdade.

— Ah, mas o mundo não tem mais caminho de volta. — diz o orelhudo.

Eu digo que tem sim. É é uma solução não tão simples, mas ao mesmo tempo, simples demais. A solução é:

Ler. 

Ler, ler e ler. 

Ler bons livros. 

Estudar literatura.

Literatura clássica de preferência. 

Saber compreender e interpretar textos, para deixar de ser uma pessoa tão manipulável.

Meus amigos da blogosfera e leitores, levem essa idéia para frente, porque essa é a nossa única salvação.

 

 

sábado, 27 de julho de 2024

Adultinhos e crianções

 




Eu tenho notado que as coisas estão um pouco mudadas.

As crianças estão muito mais espertas hoje do que na minha infância, tanto que as vezes chegam até a discutir com a gente sobre coisas que eu nunca imaginava que elas poderiam saber.

Outro dia uma menininha de cinco anos estava falando sobre como o desenho dela estava chato em relação a novela da mãe, porque o desenho repetia muito, e a novela não. Na novela era um capítulo novo por dia e nunca repetia nada.

Véio! Eu assisti Chaves 365 vezes por ano, durante 10 anos e nunca reparei que era repetido!

Quando que eu com cinco anos, saberia argumentar, demonstrando minha opinião sobre qualquer coisa. Eu era um bobalhão.

Um filho de um amigo meu estava com uma chuteira no pé, e dizia que era a marca do Neymar, e que o pai dele queria lhe dar uma outra, mas ele não quis, porque calçando a do Neymar, ele poderia mostrar para os amigos na escola e zoar com eles, porque esse modelo novo só ele tinha!

Gente! Eu não me lembro de ter feito planos para tirar sarro de amigos... A gente zoava e pronto. Espontaneamente e sem maldade. Tirávamos sarro a todo momento, por todos os motivos possíveis. Mas ostentação não! A gente respeitava os amigos que não tinham condição de ter um tênis bom, uma calça legal ou se vinha para a escola a pé ou de carro. Bom, pelo menos eu e meus amigos éramos assim.

As crianças de hoje mexem em computador, em televisão, atendem telefone, fazem pesquisa na internet, conversam entrando no assunto dos adultos, e parecem não ter limite.

A filha de um amigo, quando tinha seis anos e estava na escolinha, (que hoje não se chama mais parquinho e nem prézinho), já fazia pesquisa na internet. Quando ela tinha dez, já usava batom, bota de couro da Angélica, luzes no cabelo, olhos delineados com lápis, e falava em namorar, meninos mais velhos!

Menininhos que jogam futebol, falam em ir para a Europa. Falam em Barcelona, Real Madri, Chelsea. Crianças que tem mais dinheiro, fazem judô, jiu-jitso, caratê, natação, balé, tem aulas táticas de futebol, estudam música, inglês, francês, chinês, piano, teatro e por aí vai.

Ainda bem, que em várias cidades, muitas dessas coisas que falei acima, são oferecidas gratuitamente para a população, como é o caso do projeto Guri. Mas a gente sabe que não é a mesma coisa, apesar de ser uma boa oportunidade.

Mas, por outro lado, os jovens pais e jovens mães, que eram essas crianças chatas, adultinhas, se tornaram um adulto crianção, parece até que eles foram exigidos demais e que não tiveram infância, por isso, agora eles querem ser crianças.

Pais que viram a noite brincando no Playstation, brincando de ser pai, brincando de ser marido, mulheres brincando de ser esposa.

Homens e mulheres que acham que trair seu cônjuge e beber até cair é uma brincadeira muito legal.

Famílias sem regras, onde os filhos comandam porque são adultos em miniatura. Pais e mães que não sabem mais o que é a hierarquia da família, e por isso deixam seus filhos tomarem as rédeas da casa.

Outro dia um programa estava entrevistando um jovem empresário, que estava de terno e gravata do Mickey. Esse empresário é o que eu chamo de crianção!

Os crianções estão por aí, brincando no trânsito, tirando rachas e arrumando encrenca se alguém encostar no brinquedinho deles.

Os crianções brincam de votar sem nunca ter lido um jornal, afinal ler sobre política é um brinquedo muito chato! Melhor assistir o BBB.

Eu tenho uma teoria: Criança adultinha sem infância, vira um adulto crianção, que quer viver a infância depois de velho.

Tive a ideia de escrever esse texto no supermercado. Eu estava com meu carrinho de compras na fila do caixa e na minha frente um casal recém-casado estava fazendo a sua primeira compra.

No carrinho deles tinha danoninho, bolacha recheada, chocolate, tody, suco, refrigerante, bolacha recheada, tody, salgadinho, suco, refrigerante, refrigerante, danoninho, danonão, bala, balinha, chocolate, refrigerante, danoninho, bolacha recheada, paçoquinha, chiclete, bolacha sem recheio, tody, chocolate, refrigerante, salgadinho e danoninho.

De repente a mãe de um deles chegou ao mercado e olhou o carrinho que estava lotado dessas coisas, e falou fazendo cara feia:

- Uai gente, essa é a primeira compra de vocês! Onde está o arroz, o feijão, óleo, verduras, frutas, carne?

Eles se entreolharam envergonhados e saíram da fila, voltando a fazer mais compras.

Eu fiquei imaginando se eles realmente se tocaram que agora teriam que comprar coisas de adulto, ou se foram buscar miojo e pipoca de microondas, porque eu me lembro bem, e não tinha isso no carrinho deles.

 




terça-feira, 23 de julho de 2024

Cocô nosso de cada dia!

 



Eu assisti um documentário na Netiflix que fala sobre o nosso intestino. Véi... O negócio é muito louco.

Os americanos fizeram um banco de dados enorme, com milhões de resultados de exames de fezes e catalogaram os tipos de bactérias que as pessoas tinham na flora intestinal.

O que eu achei curioso é que todas as pessoas que tinham problemas no fígado, tinham deficiência em uma determinada bactéria, se tinham problema de sinusite, renite ou faringite crônicas, elas tinham deficiência em outra bactéria. Se a pessoa tem dificuldade em emagrecer, ela tem ausência de pelo menos 3 bactérias, e assim por diante. 

E olha só! Todas as pessoas com os mesmos problemas de saúde, tem deficiência das mesmas bactérias.

Ou seja: A flora intestinal é o que controla a nossa saúde. Pode não ser 100% ela, mas pelo que eu entendi, pelo menos 80% da nossa saúde tem a ver com essas bactérias.

E como a gente faz para cultivar a flora intestinal e deixá-la saudável? Segure-se na cadeira e respire fundo, porque existem duas soluções:

1 - Alimentação equilibrada e pelo menos 20 tipos de vegetais (frutas, legumes ou verduras) diferentes durante a semana. Isso normalmente vai alimentando e trazendo essas bactérias do bem.

2 - Tomar pílulas de cocô de pessoas saudáveis.

Isso mesmo! Tomar pílulas de cocô de pessoas saudáveis! Meu Deus... Que loucura!

Esse tratamento se chama, transplante fecal.

Eu sei o que você pensou: "Tá maluco! Vou correndo na feira comprar frutas e verduras, tô fora de comer cocô!"

Parece brincadeira né? Mas não é.

Uma moça ficou com nôjo do cocô dos outros e comprou um kit e fez pílulas do cocô do irmão, que era magro e saudável. Só que ele tinha muitas espinhas. Ela era gordinha e não tinha nenhuma espinha.

Resultado: Ela emagreceu e ganhou espinhas.

Os médicos e cientistas explicaram que as pílulas feitas no laboratório são melhores, porque se no pacote das bactérias tiver algumas ruins, eles retiram elas do cardápio.

Que doideira né?

Essa semana já contei 8 vegetais diferentes. 

Estou firme rumo aos pelo menos 20. Só tenho que ver até quando essa minha determinação vai durar.

Assistam o documentário, tem na Netflix.

É muito interessante.