quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Nesse momento




Nesse momento:
Um beduíno cruza com seu camelo a imensidão do deserto, pedindo a Alah que o próximo oásis apareça logo, pra que ele mate sua sede e descanse na sombra de uma tamareira.
Um pirangueiro do Piauí sai com seu barquinho de madeira para alto mar, para buscar alguns peixes que são o sustento de sua família; sua mulher e seus dois filhos tentam ajudar, colhendo caranguejos no mangue para serem vendidos na feira do dia seguinte.
Um nativo de uma tribo do Congo é forçado a trabalhar sem proteção alguma numa mina de diamantes. Quase nú, apenas com uma velha camiseta e uma bermuda, ele respira o ar úmido e tuberculoso dos velhos túneis da velha mina.
Uma senhora de sessenta anos, trabalha numa roça de algodão na China. Ela colhe quarenta quilos por dia e ganha alguns trocados que lhe servem para comprar arroz e batatas no mercado de sua vila.
Alguns garotos em São Paulo, brincam nadando em um córrego, onde se escoa o esgoto da COHAB vizinha.
Uma menina na Itália trabalha ajudando na colheita da uva, que servirá para fazer vinho. A produção de vinho sustenta sua família à oito gerações.
Um boiadeiro no Pantanal, atravessa a boiada num vale alagado. O caminho que normalmente seria feito em oito horas, depois das chuvas que castigaram o lugar, será feito em três dias.
Um caminhoneiro no Canadá, leva uma carga de colchões de espuma ao hospital de um vilarejo no Alaska. Ele atravessa o mar congelado com seu caminhão, e corre o risco de que a estrada se quebre e ele se perca para sempre na imensidão do mar gelado.
Um comerciante em Bangladesh negocia a venda de alguns carneiros que seu primo cria nas montanhas vizinhas.
Uma criança nasce na Indonésia, um velho morre na Costa Rica, uma mulher é atropelada na Inglaterra, um homem faz um bem sucedido transplante de coração em Porto Alegre, um casal reata namoro na Austrália, um casal se separa no Cazaquistão.
O mundo se mexe!
As coisas acontecem.
As horas passam.
E a gente...?
A gente envelhece correndo atrás do vento...

Afinal... Tudo no mundo, a não ser o amor que se ganha e que se dá, não passa de vento!



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Amarração do vento


- Ih zifía... Eu tô veno aqui, qui ocê vai tê um pobreminha co homi qui ocê gosta!
- Ah é... – Falou a moça aflita. - Mas que tipo de problema?
- Hehehe... Zifía, é um pobreminha di ôtra saia qui vai aparecê nu seu caminho...
- Mas como pai Chico? Ele vai arrumar outra mulher? Como é que esse safado faz isso comigo?
- Hehehe zifía... O bixo home é ansim mêmo, hehehe. Mais a gente póde fazê um trabainho pr'ele ficá amarrado c'ocê i num dizamarrá mais.
- E como é que a gente faz esse trabalho?
- Nóis só tem qui escrevê u nome dele num papérzinho vermêio e u seu nome num papérzinho marélo. Dispois a genti passa bastante mel, qui é proceis ficá grudadinho, e dispois a genti amarra tudo bem inroladinho, com linha cor da rósa, qui é a cor du amor. E dispois a gente amarra nos pé da pomba branca e sórta ela, qui é pro seu amor vivê feliz lá no céu... Hehehe zifía... Vivê feliz nas artura!
- Gostei pai Chico! - Falou a moça interessada.
- Hehehe, eu sabia qui ocê ia gostá! Mais ocê sabi qui pra fazê os trabaio, ocê tem qui dá um agradim pru santo... U serviço fica em trezentos reais... É só pra ajudá i agradecê as boa vontadi dos amigo do lado di lá...
- Muito abrigada pai Chico! - Disse a moça feliz. - Assim que eu arrumar um namorado ou algum paquera, eu já venho aqui correndo fazer esse trabalho pra amarrar esse safado!



sábado, 15 de dezembro de 2012

Papai Noel avisa:




Papai Noel pegou uma grande caixa cheia de cartinhas de crianças do mundo todo e começou a lê-las para separar os pedidos, e mandá-los para a linha de produção de sua fabrica mágica.
Tiaguinho de Alagoas, pediu um tablet. Manoelzinho de Lisboa, pediu um playstation. Catarininha de Livorno pediu outro playstation. Chiao Yeozinho de Xangai, pediu um robô. Fernandinha de Mar del Plata, pediu um celular Galaxy. Michaelzinho de Ohio pediu um i-phone. Obondozinho de Uganda pediu uma TV com tela de LCD. 
 O bom velhinho leu essas cartinhas e percebeu que alguma coisa estava errada com as crianças do mundo. Ninguém queria mais jogar futebol com os amigos, ninguém queria mais um belo tênis pra poder correr pela rua e brincar de esconde-esconde, ninguém mais queria um brinquedo onde pudesse usar a imaginação.
Noel resolveu que esse ano iria visitar apenas as crianças que ainda não haviam sido infectadas pelo "espírito comercial do natal", e que tinham pais que prezavam pela infância de seus filhos. Crianças interesseiras e "adultificadas", não receberiam a visita e muito menos os presentes que o velho Noel distribuiria pelo mundo. O velhinho resolveu visitar apenas as crianças que ainda sonhavam com fadas, fábulas, mágicas, palhaços e mundos extraordinários. O velhinho visitaria apenas as crianças que tivessem um amigo real para dividir a alegria que seria o desfrutar do presente ganhado. Esse ano o velhinho seria radical!
Se você é uma criança má, que tem entre 5 e 105 anos, que só pensa em ter as coisa ao invés de ser alguém no mundo. Se você só tem amigos virtuais, só se relaciona através de celulares, e internet... Não precisa esperar... Seu presentinho não virá!



Olá amigos, voltei das férias! Essa é minha preimeira postagem depois de um mês parado. Aos pouco vou visitando os blogues parceiros e retribuindo as visitas que aparecerm por aqui. Obrigado por esperarem e me desejarem boas férias!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Off





Amigos!

Eu vou tirar umas fériazinhas aqui do blog.
Faz dois anos que eu tenho blogado continuamente sem parar. Até aqui foram 344 postagens desde o dia 18/02/2010.
Eu sempre visito os blogs dos amigos, leio e comento com muito carinho, atualizo o V&B pelo menos duas vezes na semana e acho que porque levo assim tão a sério, acabei cansando.
Me perdoem. Eu sinto um grande carinho por todos os blogueiros e seguidores que comentam por aqui, e justamente para manter o nível e honrar a qualidade que acho que vocês merecem, chegou o momento de tirar umas férias, refrescar as idéias e me afastar um pouco do mundo virtual.
Essas férias devem durar de trinta a quarenta dias, mas eu prometo a vocês que não os abandonarei! Apenas vou dar esse tempinho e já volto.
Nesse tempo eu vou ficar triste, mas não vou comentar nos blogues de vocês... Snif!
Me perdoem, mas eu acho que estou precisando disso.
Estou triste, mas vai ser melhor assim.
Obrigado pelo carinho de sempre que vocês tem por mim e espero encontrá-los aqui quando eu voltar.

Um abração a todos!

André Mansim



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Alimento intelectual



Com o que você tem se alimentado intelectualmente?
Quanto tempo faz que você não lê um bom livro?
Quanto tempo faz que você não assiste a um documentário, um programa de debates ou uma entrevista interessante?
Quanto tempo faz que você não vai a uma banca de jornal? A uma livraria? A um sebo? A uma biblioteca?
Quanto tempo faz que você não conversa com seu avô, sua avó ou com o vizinho mais velho?
Como é seu alimento intelectual?
Big Brother? Novela das sete? Das oito? Das nove? Das dez? A fazenda? Faustão? Cidade Alerta? Programa do Ratinho? Novela das sete? Das oito? Das nove? Das dez?
Como é sua formação intelectual?
Você sabe ler e interpretar corretamente um texto?
Sabe escrever uma redação?
Sabe formular um pensamento?
Sabe discutir um assunto sem discutir com as pessoas?
Na sua formação intelectual existe espaço para a humildade? Para o bom carater? Para o aprendizado eterno?
Como você alimenta sua intelectualidade?
Você sabe qual a sua raiz? De onde vem a sua tradição?
Qual a sua tradição?
De onde você veio? 
Quais são seus ídolos?
Quais são as suas lendas?
O halloween? Os vampiros e lobisomens do cinema? Guloseimas ou travessuras? A bruxa da vassoura e do caldeirão?
Quanto tempo faz que você não lê um livro?
Não lê um poema?
Não lê um simples conto?
Não assiste um bom filme?
Como está a sua alimentação intelectual?
No que você acredita? Quais são seus ideais? Qual a sua meta na vida?
Você sabe o que são ideais?
E meta?
O que você vai querer ser daqui a dez anos? Quem você vai querer ser daqui a dez anos? Onde você vai querer estar daqui a dez anos?
Será que até lá você vai aprender a interpretar um texto?
Vai saber de onde veio? Vai conhecer suas bases históricas e sociais? Vai aprender a ler as entrelinhas? Vai aprender a votar?
Qual a sua dieta intelectual? A que produz neurônios ou a que produz vento?
De que é alimentada a sua intelectualidade?
Hein? Pense aí...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Tesouros




A muuuuito tempo atrás na pacata escola estadual Professor Antonio Prudente, havia um menininho gordinho, de óculos com armação grossa, e devorador de livros... Eu!
Um belo dia eu peguei o livro "A Ilha do tesouro", do escritor escocês Robert Louis Stevenson. Tudo bem que pra minha idade aquele era um livro um pouco complicado, mas nem tanto assim pra mim. Eu já havia lido D'artagnan e os três mosqueteiros, As aventuras de Simbad o marujo, Robin Hood, Mobby Dick, e mais um monte de clássicos.
Felizmente a biblioteca da minha escola era "a biblioteca", nela tinha muitas obras boas demais, e devorando-as, eu me divertia muito. E para minha felicidade um dia eu peguei  "A ilha do tesouro" pra ler...
Eu me lembro que naquele ano os trapalhões fizeram o filme "O trapalhão na ilha do tesouro" que era um filme maravilhoso. Muito divertido e bem dirigido, esse filme era do tempo em que o Dedé Santana e o Renato Aragão estavam com vontade de se firmarem como pessoas importantes do humor nacional. Eles tiveram a felicidade de fazer esse filme que era totalmente baseado no livro A ilha do tesouro. Ainda hoje de vez em quando me lembro da musiquinha do filme:

Sete homens na arca do defunto,
yohoho, yohoho,
eles bebem e o demônio bebe junto
e depois se encarrega de um por um.

Hahahahaha, como era legal essa musiquinha! Sempre que eu ia brincar de playmobil, eu queria ser algum pirata. Sempre minhas histórias inventadas em nossas brincadeiras tinham uma ilha perdida, um navio fantasma ou algo desse tipo.
Tempos depois eu lí novamente A ilha do tesouro. Eram outros tempos e eu enxerguei outras coisas no livro que me fizeram gostar dele ainda mais. A narrativa do autor, o modo como ele descreveu as cenas e as pessoas... Tudo era maravilhoso.
Os livros clássicos são clássicos porque são maravilhosos. Os autores ficam imortalizados por escreverem obras que nunca ficarão velhas, pois pode o mundo envelhecer, mas aquelas histórias universais sempre serão atuais. A trama, a forma de contá-la... Tudo num clássico vale mais. É mais belo, é mais emocionante.
Semana passada eu acabei de ler pela terceira vez A ilha do tesouro, dessa vez eu novamente encontrei coisas novas, imagens novas, sensações novas.
Eu recomendo a todos vocês que gostam de ler e devoram livros: Leiam os clássicos! Vocês não vão se arrepender nunca! A viagem vale a pena.
Ontem assisti um novo filme chamado: A ilha do tesouro.
Dessa vez a coisa é séria. O filme não á baseado no livro apenas, ele é o livro em imagens. Apesar de que o roteirista do filme ter dado umas mudancinhas aqui e umas acrescentadinhas alí. Ele até interferiu na história de alguns personagens importantes. Mas no geral o filme bebe na fonte do livro em uns 80%. O diretor caprichou. É uma grande e bem feita produção... Chorei! Ví naquelas imagens a minha infância e minhas brincadeiras com o playmobil ganharem vida na minha frente.
Não sou um bom resenhista de filmes, não sei falar tecnicamente. Só sei falar as coisas com o coração. E com o coração eu falo mais uma vez pra vocês:
Leiam os clássicos, aprendam a escrever lendo esses tesouros e depois se der... Assistam os filmes baseados neles.
Todos nós que gostamos de ler só temos a ganhar com isso!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Kaiser

Mais uma história de meu irmão da série: Quando eu morava com minha avó em  Barretos.



No ano de 1972 eu tinha 9 anos de idade e morava com minha avó Lourdes em Barretos numa casinha branca tão pequena e distante da cidade que parecia ter o silencio eterno. Só perturbado pela passagem dos trens na linha férrea há alguns 100 metros de nossa casa, e pelos cavalos do jóquei quando relinchavam em seu palco de corridas pertinho dali. A água de poço era tão cristalina quanto difícil de se retirar, “teimosa que só ela”. Energia... Apenas dos nossos corpos e de todos aqueles amigos bichos, não tinha nada que pudesse significar algum conforto, mas tudo nos dava muita alegria e movimentava nossos corpos e mentes além de ser muito divertido!
Minha avó era muito rígida comigo (á moda das pessoas rústicas e honestas como antigamente), também uma polivalente pois cuidava da casa, cuidava de um mercadinho, criava galinhas e o melhor de tudo... Era a única parteira da cidade, além de fazer caridade em trabalho social para sua Igreja. Não preciso nem dizer que eu participava de tudo isto de forma direta ou indireta.
É nesse cenário e contexto que vem a história a seguir:
Um dos meus melhores amigos era um amigo bicho cão chamado Kaiser (nada a ver com a cerveja), minha Avó era fã de um general que tinha esse nome, daí ela achou que homenagearia o coitado do amigo cão... Valeu a intenção.
Se Kaiser fosse gente com certeza seria meu irmão, pois quantas vezes nos dias de frio eu o colocava debaixo do cobertor sem minha Avó perceber e ali ele ficava por muito tempo pela manhã. mas algumas vezes não era assim que funcionava.
Como já disse em outras historias, minha Avó era uma exímia criadora de galinhas, acho que devíamos por volta de umas 50 galinhas, fazendo dupla, de criador, com ela estava o fiel... Kaiser! Um exímio cão pegador de galinhas, acho que estava cursando ultimo ano da faculdade de pegar galinhas... Então, aos domingos pela manhã sempre as sete horas em ponto... Oh senhor! Maldita pontualidade! Quando as galinhas se ajuntavam para comer, era “o circo no seu ápice do espetáculo” .
Minha Avó como uma sirene de bombeiro. chamava o Kaiser, eu já acordava me lembrando de que pelo barulho e estardalhaço deveria ser domingo! Eu torcia para que ela não chamasse o Kaiser por mais de 3 vezes porque se isso acontecesse era a fatídica comprovação de que ele tinha se mandado pra dar umas voltas, (acho que ele usava relógio), se isso acontecesse, minha avó carinhosamente me acordava aos solavancos dizendo: “Aquele cão mardito sumiu de novo! Vamo! Levanta que tem umas 10 galinha pa pegá depois oçê dorme dinovo!” Realmente, acho que o Kaiser usava relógio, aquilo pra mim era o mais indesejado desjejum matinal , mas como sempre eu obedecia e lá ia eu correndo feito louco em campo aberto, ás vezes me embrenhando pelo mato, subindo até em árvores, e ai de mim se não pegasse todas as galinha que minha avó apontasse... Já nas últimas galinhas, eu já exausto recebia o elogio fatal da adorável vovó: “Vai muleque lerdo, larga de ser mole, vo cuspir no chão, antes de secar quero essas galinha na minha mão senão çe sabe, te dou uma surra.”
Depois destas doces palavras como não ia me reanimar? Minha avó deveria ser psicóloga! Ela mexia com minha cabeça... Eu pensava: Hehhhh Kaiser, eu pego as galinhas, mas eu também vou te pegar!
Mas como sempre, eu tinha um plano!
Resolvi que aos sábados á noite eu iria prender o Kaiser, e no domingo lá pelas 6:30 hs antes do horário fatídico que era as 7:00 horas eu o soltaria e voltaria a dormir, perfeito não?
Sabe que isso funcionou bem. Mas como tudo tem um fim isso foi apenas por um tempo, pois eu comecei a não acordar em tempo de soltar o Kaiser.
Resultado? Uma surra fatal.
Daí então eu desisti desse plano e parti para outra estratégia, levantava as 6:00 horas procurava o Kaiser colocava-o debaixo do cobertor para depois soltá-lo logo que minha Avó acordasse!
Outro plano perfeito que resultou em outra surra (acho que eu fazia coleção de surras!), pois muitas vezes eu esquecia de colocá-lo para fora do cobertor.
Só me restou me conformar com aquela vida de corredor, pegador, sei lá como se chamava aquilo, só sei que com tudo isto eu era bem magrinho, ágil e bem esperto!
Terminado estes shows de domingo, o Kaiser chegava com aquela cara de “não sei de nada” e eu bem cansado mas bem mais faminto o perdoava como sempre e ia com o Kaiser para o pomar, e lá eu colhia algumas frutas, pouca coisa como 20 laranjas, pitangas, uns maracujás do mato, seriguelas e tudo que visse já maduro e levava para cima da árvore e em seguida içava o Kaiser lá pra cima com um invento que meu Avô arrumou e ficávamos por horas lá em cima. Sabe que o bichinho danado até gostava da árvore? Malandro...
Apenas por momentos eu tentava descobrir o porque de tudo aquilo, talvez aquilo fosse um acordo entre o Kaiser e as galinhas? Uma trama dos vizinhos se vingando dos pães amassados? (Isso é uma outra história), talvez uma louca experiência da minha Avó ? Ou então seria o meu dia a dia mesmo...
Eu logo esquecia de tudo porque desde esses dias eu aprendia que Deus sabia de tudo e se Ele sabia então estava tudo bem. Aprendi que em tudo ele me amava.
Assim eu seguia cumprindo os meus dias repletos de muita emoção, mas de pensamentos simples e na beleza da inocência de menino.
Abraços a todos vocês

Crisógono Júnior.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Mais um na multidão




Eu queria ser um gigante!
Queria ser jogador de futebol.
Queria ser o melhor dos amantes... Saber dançar tango e cantar as musicas de Carlos Gardel.
Eu queria ser empresário, engenheiro, arquiteto e astronauta! Trabalhar na Nasa e projetar Ferraris, projetar Lamborguinis e ser piloto de fórmula 1.
Eu queria ser fazendeiro! Ter bastante gado nas pastagens de minha fazenda. Queria plantar arroz, soja, milho e laranja. Queria criar galinhas. Ter um grande chiqueiro de porcos e talvez criar ovelhas também!
Eu queria ser piloto de avião. Conhecer o mundo. Conhecer a Europa, a Ásia, a Oceania. Queria ser capitão de navio.
Navio mercante, navio cargueiro, navio... Navio.
Eu queria ser cozinheiro de um restaurante na Grécia ou na Itália ou na Espanha e talvez em Portugal... Isso!
Eu queria fabricar vinho em Portugal! Fabricar vinho, azeite e queijos, muitos tipos de queijos.
Eu queria ser holandês! Plantar flores na Holanda... Plantar bambu na China e plantar macaxeira na Paraíba...
Eu queria ser maestro! Reger orquestras pelo mundo, queria também saber tocar violão... No barzinho alí da esquina.
Eu queria ser jogador de futebol, artista de novela, ator de cinema, escritor de livros, desenhista de história em quadrinhos. Eu queria ser o Homem-aranha!
Eu queria ser veterinário, tratar de cachorro, gato, boi, macaco e onça! Eu queria ser biólogo! Queria ser astrônomo e arqueólogo também. Queria ser o Indiana Jones.
Queria ser um mercador do deserto, Um beduíno. Andar de tapete voador. Comer coalhada seca com pão sírio todos os dias. Mergulhar no lago de um oásis debaixo da sombra das tamareiras.
Eu queria!
Infelizmente não sou nada disso...
Ainda!



domingo, 21 de outubro de 2012

Anjos

De tempos em tempos eu posto esse texto. Já faz quase um ano que eu o postei a última vez foi dia 25/12/2011 e infelismente ele continua atual. Acho que meu trabalho e o de todo mundo que se sensibiliza com essa situação é falar, falar e falar sem parar. Quem sabe assim as autoridades um dia tomarão alguma atitude. Então tá aí. Pra quem já leu pode se lembrar e pra quem não leu, tomara que o texto lhe diga algo de bom, mesmo que esse bom venha junto com uma dose de revolta.


 
Zezé era menino.
Menino que não sabia.
Menino que não conhecia.
Zezé era um menino que não sabia de onde veio.
Não conhecia seu pai, era filho de pai sem mãe...
Não conhecia sua mãe, era filho de mãe sem pai ...
Zezé foi criado por uma irmã mais velha. Um ano mais velha. Marcia era o nome dela.
Comiam os restos das latas de lixo, dormiam debaixo da ponte, se cobriam com jornal, cheiravam cola e fumavam bitucas de cigarro.
Um dia acharam o corpo de Marcia num matagal, comida pelos vermes e pelos humanos.
A policia achou normal, afinal, era só uma menina de rua mesmo...
Zezé prosseguiu sozinho. Já tinha quatorze anos e uma mulher! Carol.
Carol, que já tinha treze anos. A oito meses grávida...
- Que legal, eu vou ser pai!
E foi!
Comiam os três restos de lixo, comida roubada ou ganhada, o mercadão jogava muitas verduras fóra.
Carol, desnutrida, não tinha muito leite, e quem tinha não dava. Afinal um centavo valia muito falou o presidente!
Um dia a polícia entrou no cafofo. Cafofo era a casa de Zezé, e de Jão, Zé, Cráudia, Alê, Xixa, Carol e mais um monte de moleque de rua.
Cheirador de cola!
- E esse nenem? - Falou o policial - vamos levar pro juizado!
- Meu filho não! - Falou Carol.
- Vai ele e você!
Carol se atracou com o policial que queria tirar o nenem do seu colo, e os outros moleques entraram na briga, foi uma confusão. De repente um dos policiais puxa a arma e atira!
Legítima defesa ele afirmaria no processo.
Zezé que já tinha visto muita coisa nessa vida, viu sua mulher e seu filhinho cairem no chão...
O tiro atravessou os dois.
Zezé matou um dos policiais a pauladas!
Mais polícia chegou, a televisão chegou, as pessoas chegaram... Mais policia chegou, mais televisão chegou, Os moleques foram presos!
Hoje Zezé está preso... Deflorado, surrado, usado, pisado...
Ele sonha com o dia em que vai sair da cadeia para menores infratores...
Legal né?
Ele sonha...
Afinal ele é criança, que sonha antes de dormir, afinal ele é criança e sonha com fantasias de criança... Criança de quinze anos...
Que sonha acordado!
E sonha com dias melhores... E sonha com os Anjos!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Incêndios



Eu apago fogo.
Virei bombeiro.
Apagador de incêndio...
As vezes apago com a água da apaziguação.
As vezes apago com gasolina.
Isso acontece quando meu sangue está envenenado.
Quando meu humor está infectado.
Quando meu dia está inflamável...
Mas... Eu apago fogo.
Fogo e incêndio alheio.
De pessoas que tem muita lenha pra queimar.
De pessoas que tem prazer em incendiar.
A vida, os dias, as pessoas...
Pessoas que botam fogo ao redor de nossas vidas.
Ao redor dos sentimentos.
Ao redor dos nossos sonhos.
Dos nossos lares.
Pessoas que botam fogo descontroladamente.
Descontrolando, descontroladoras, descontroladas...
Ateiam fogo.
Ateiam fogo!
E eu?
Enquanto isso...
Eu apago fogo!
Socorro um foco de incêndio aqui...
Socorro um foco de incêndio acolá!
Virei bombeiro apagador de incêndio.
Virei bombeiro apagador de incêndio.
Assim estou.
Apagando incêndios alheios...
Por enquanto. Enquanto consigo correr. Enquanto tenho fôlego. Enquanto tenho vontade...
Enquanto tenho fé...
Mas meu cantil está esvaziando.
Minha água está secando.
Meu extintor está se extinguindo.
Minha vontade de correr atrás do fogo está se acabando!
Eu tenho vontade de deixar queimar, mas não posso.
Tenho vontade de deixar que se queimem, mas não posso.
Virei bombeiro apagador de fogo.
Enquanto elas queimam, eu socorro!
Enquanto elas incendeiam , eu socorro.
Eu socorro...
Eu socorro!
Eu, socorro...

domingo, 14 de outubro de 2012

Ira! - Parte da minha herança

O primeiro contato que eu tive com o som de uma banda de rock foi com o disco "Vivendo e não aprendendo" da banda Ira!
Foi amor a primeira "ouvida". Daí em diante eu descobri que seria roqueiro e que essa banda iria me acompanhar pra sempre, nem que ela não lançasse mais nenhum disco... Só esse já estava bom pra mim...
Mas para minha alegria, essa banda prosperou e lançou muitos discos ao longo de vários anos. Até hoje me lembro que eu esperava o lançamento dos discos novos, e acompanhava tudo pela revista Bizz, que era a revista que trazia as novidades de cada mês que saiam nas lojas de discos. O próximo disco do Ira, foi Psicoacústica, e a crítica da revista não falou muito bem desse disco. Isso foi um erro cruel! Hoje esse disco é considerado pela crítica especializada como o melhor e mais influente disco do rock nacional juntamente com Cabeça Dinossauro dos Titãs... Mas esse disco não fez tanto sucesso. Suas musicas realmente não eram apaixonantes e fáceis de engolir numa primeira audição. Mas aos poucos os ouvidos mais atentos poderiam notar a qualidade das musicas e das gravações. 
Clandestino foi o próximo disco do Ira, novamente a revista Bizz não falou bem... Mas eu não ligava, era o primeiro a comprar na loja e botava na minha vitrola pra tocar. Realmente não eram todas as musicas boas. Uma pessoa que não fosse fã gostaria apenas de duas ou três musicas do disco todo. Eu acabei gostando de todas, mas depois de algum tempo.
Ví na televisão que o novo disco do Ira acabara de sair: Meninos da Rua Paulo! Corri na loja e comprei na hora... Nem quiz saber a opinião da revista Bizz, na verdade nunca mais comprei "aquilo". Botei na vitrola e sorri. Esse disco era melhor, tinha muitas musicas legais, e certamente traria o Ira para as paradas de sucesso novamente... Não foi bem o que aconteceu! Só uma musica do disco tocou bem e ainda por cima era uma regravação de um velho rock dos Beatles que Raul Seixas havia feito uma versão "Você ainda pode sonhar". Fiquei com medo da banda terminar alí.
Pra  minha alegria os caras da banda eram teimosos assim como eu, e lançaram "Musica calma para pessoas nervosas", que bom! Corri comprei e coloquei na vitrola... Que disco horrível! O pior de todos até aqui... Salvavam-se à primeira vista, a musica Arrastão e Campos praias e paixões. Eu acabei gostando do disco com o passar dos anos... Mas a crítica e o público não aprovou... O Ira acabou sumindo da TV e do rádio.
Alguns anos depois, se não me engano três anos, o Ira apareceu com um novo disco, de nome 7. Apenas isso. Comprei e coloquei agora no meu toca cd! Hehehehehe, eu tinha um toca cd! O disco era bom demais! Praticamente todas as musicas eram boas demais... Ufa! Finalmente um disco bom de verdade dos meus camaradas. E agora o nome da banda ganhava um ! e começou a se chamar Ira!
O legal é que eles imendaram com discos legais, "Você não sabe quem eu sou", "Isso é o amor", "Ao vivo na MTV", "Entre seus rins" e o acústico MTV, que vendeu mais de 350 mil cópias. Depois desse sucesso meteórico que o acústico teve, a banda desandou... Infelismente o Nasi se desentendeu com o irmão dele que era o empresário da banda, e se desentendeu também com o Edgard Sacandurra e acabou saindo da banda... Antes da saída eles ainda gravaram "Invisivel Dj", um belissimo disco que certamente se bem trabalhado também seria um sucesso. 
Hoje eu como fã, vivo dos discos antigos e dos discos solo que os ex-Ira! lançam quase todo ano. O Samuquinha meu nenêm já está entrando em contato com esse povo, pois eu comprei pra ele um cd e dvd da banda Pequeno Cidadão, que é uma banda onde o Edgard Sacandurra, junto com  Arnaldo Antunes e Taciana Barros e mais alguns bons musicos fizeram musicas só para crianças. Assim é a vida né!?  Nada é pra sempre... Mas as vezes coisas que parecem acabadas podem retornar um dia... Quem sabe.
Desses discos que falei aí em cima, faltou eu falar do primeiro do Ira, que se chama "Mudança de comportamento", que eu só adiquiri depois que havia comprado o segundo disco deles.
Fiquei sabendo numa entrevista do Nasi na revista Playboy, que o Clandestino, o Meninos da Rua Paulo e o Musica calma para pessoas nervosas, não venderam nem dois mil discos!!!!!!! Hahahahaha, mas em casa eu tenho... Isso é o que importa pra mim.
Agora apertem o play aí embaixo e ouçam a musica que o Samuquinha está curtindo do cd Pequeno Cidadão e vejam se esse menino vai ou não ser igual ao pai! 
Ah! Outra coisa... O Samuquinha além de roqueiro, vai ser sãopaulino também... São algumas heranças que deixarei pra ele, além da caréca depois dos trinta, hahahahaha, coitado!




quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Personagens secundários



Eu sempre quis escrever um livro. Sempre tive muitas idéias sobre várias coisas malucas e outras não tão malucas para escrever.
Acontece que sempre que achava uma idéia legal, eu começava a escrever e depois acabava parando pela metade! A única coisa mais consistente que consegui terminar foi esse conto que você pode ler clicando AQUI. De resto eu acabei me especializando em crônicas, e textos mais curtos.
Mas um dia batendo papo com a Camila do blog “Vida complicada”, ela acabou me falando que acontecia com ela exatamente o que acontecia comigo. Ela começava e não terminava seus projetos literários. Então eu fiz uma proposta pra ela: Eu escreveria um tanto do meu livro por dia e mandaria pra ela “redatar” e ela escreveria um tanto do dela pra mim “redatar” daqui!
Legal! Eu pensei. Pois eu já tenho toda a história aqui na minha cabeçona e é só eu escrever e pronto! Belezinha!
Engano meu. O livro ganha vida própria, e personagens próprios, e o enredo ganha caminhos e atalhos próprios, e quando a gente tenta acordar da viagem... Já é tarde demais! A gente tem mesmo a história e tem que seguir um caminho traçado até onde se deve chegar... Mas pra chegar lá muita coisa acontece fora do combinado que você tinha em sua cachola! Aconteceu assim comigo e aconteceu também com a Camila no livro dela.
Um dos exemplos do que eu estou falando, são os personagens secundários e talvez até terciários. Um desses personagens apareceu no meu livro do nada, e acabou ganhando meu coração! O cara é maluco! Doido de pedra. Um dos personagens principais do livro conheceu esse cara quando foi preso numa penitenciária aguardando o término de uma investigação.
Esse maluco, que tem o apelido dentro da cadeia de “Treizoitão”, reza a lenda, que num acesso de fúria e descontrole mental, acabou matando sua família e por isso estava encarcerado.
Ele vive num mundo à parte desse nosso, e transita entre esse seu mundo particular e o nosso, misturando tudo ao mesmo tempo e deixando as pessoas que interagem com ele, as vezes confusas e as vezes alegres de ter um cara tão diferente para eles conviverem dentro da cela.
Acontece que no desenrolar da história o “Treizoitão” entrou numa enrascada e eu me vi forçado a dar um fim para ele. Se eu fosse pensar friamente no resultado que a morte dele traria para o livro eu teria o matado sem dó. Inclusive a minha redatora Camila disse que eu teria que fazer isso mesmo, e que o resultado ficaria legal mais lá na frente do livro. Ela falou também que eu não poderia me apegar ao personagem...
Depois de muuuito pensar, de brigar com minhas idéias e com a Camila eu acabei dando mesmo um fim no “Treizoitão”.
Mas não consegui matá-lo!
Dei um final digno ao cara! Afinal ele não era um assassino maligno... Ele tinha problemas psicológicos.
Engraçado esse negócio de escrever um livro. As pessoas e personagens da história vão entrando no coração da gente e as vezes até tocam-nos de uma forma que a gente se acha responsável por aquela vidinha de papel. Vida de palavras e de linhas escritas numa folha que antes era apenas uma folha em branco...
Os personagens ganham a amizade e a admiração da gente, se tornam criaturas dos nossos sonhos, e quando o livro vai chegando ao fim parece que a gente não quer que ele acabe mais!
Estou acabando de escrever, estou no finalzinho... Acho que fui legal com as pessoinhas de papel que criei, tomara que as pessoas de carne e osso que lerem o livro um dia também gostem e curtam tanto quanto eu estou curtindo, e que os personagens ganhem seus corações assim como ganharam o meu...

sábado, 6 de outubro de 2012

Fashion

Essa é mais uma historia onde meu imão Juninho conta pra vocês mais um causo da série: Quando eu morava com minha avó! Espero que se divirtam.



Os anos de 1972 e 1973 foram marcantes na minha vida. Não me recordo bem a época certa de cada “causo e acontecimento”, mas muitas dessas histórias e seus detalhes são bem nítidos e inesquecíveis e jamais deixarão de ser engraçados.
Ainda jovenzinho ou como se diz hoje um pré-adolescente, dos 10 a 12 anos, a inocência ia se escondendo e libertando os primeiros gestos da infinita metamorfose humana.
É bem nessa fase que os olhares para as amigas se tornam diferentes, e um deslize qualquer pode por tudo a perder, especialmente no meu caso, era uma fantástica e literal ginástica para me manter notado e normal como todo menino de olhos brilhantes.
Saibam que minha Avó era uma mulher fantástica, cuidava da casa, tinha um mercadinho onde cuidava juntamente com meu santo avô, criava galinhas, era parteira e entre outras muitas outras coisas para o meu azar ela achava que era costureira...
No cenário daquele ano eu estava na 5ª série do ginasial, hoje seria o sexto ano do ensino fundamental.
Seguindo a moda da época, os meus amigos usavam um tipo de shorts um tanto pequenos. Eu via aquilo e queria um também, foi então que eu muito linguarudo, disse que queria COMPRAR um short igual aos de meus amigos. Pra que fui falar aquilo!
Minha avó se empolgou... Foi na loja comprou um pano parecido com jeans. Podem acreditar, mas acho que não existe nada no mundo mais quente que aquilo!
Ela ficou costurando aquela peça por uma semana, parecia um ciclista naquele pedal da maquina, “pedalava numa velocidade tremenda”, parecia que ia voar. Sim, para ela aquele short seria a sua obra prima, de certa forma, no começo eu também estava bem esperançoso. Quando finalmente ela terminou, era numa terça e a aula de educação física seria na quarta de manhã.
Foi quando ela me apresentou o “short “, por segundos tinha certeza que aquilo era a bermuda que ela tinha feito para meu avô, e o meu short estava por terminar, mas infelizmente não, aquele era o meu short mesmo...
Quando ela disse: - Pronto olha que lindo que ficou o shortinho a Vó fez!
Olhando aquilo eu fiquei tão desesperado que minha voz sumiu, meu coração disparou e transpirava como um gambá...
Vou descrever para que vocês avaliem:
O “short” começava no joelho, passava pelas partes onde fazia um papo enorme, o fecho-eclair começava lá em baixo e ia até o umbigo onde acabava o short, até parecia que meu quadril era feminino... O cordão que tinha que amarrar parecia uma corda, ideal para quem quisesse se enforcar. Não tinha como definir aquilo.
Então após a fatídica frase: - Olha o que a vó fez!
Momentos tensos que se seguiram... Alguns segundos de silêncio que pareciam infinitos foram a única reação que consegui expressar... Minha amada avó sabendo que não gostei não só se decepcionou como também se irou de uma forma nunca vista. Aquilo para ela foi uma afronta e daí em diante ela me declarou guerra e disse furiosa: - Ah você vai usar sim... Ah se vai!
Manchar a minha reputação diante das paquerinhas doeria em mim mais que todas as surras que levei, então nos dias seguintes surgiriam na minha mente brilhante os incríveis planos! Eu era um menino que tinha planos muuuitos planos!
Vesti aquela coisa horrível em alguns dias que não sairia para lugar algum, somente para amenizar a situação, e pensei em manchar aquilo com algo que não podia sair.
Manchei de manga e minha avó tirou, manchei de leite de seringueira e ela tirou de novo, manchei de amora e ela tirou, então apelei... Rasguei de propósito! E não é que ela costurou? Eu acho que ela tinha feito curso pra aquilo, não era possível existir aquela eficiência! Mas não me dei por vencido e procurei um plano que fosse brilhante e é lógico que consegui pois o que não me faltava eram planos para me safar de algo! Então... Quando ajudava a estender a roupa no varal, deixei “aquilo “ bem perto da boca da cisterna sem prendedor. Quando fui recolher as roupas junto com ela, imagina! Hehehe, o vento derrubou meu lindo shortinho dentro da cisterna, oh!!! Que dó... Foi ai que lancei aquele olhar extremamente triste e comecei a chorar, (essa foi a primeira cena de teatro que fiz), mas ai veio o castigo pelo exagero.
Imediatamente minha Avó falou: Pode deixar meu netinho que amanhã mesmo começo a fazer outro. Sagazmente eu disse: - Não vó, eu gostava era desse!
Felizmente não houve mais costuras naquela casa e tudo voltou ao normal, embora aquela maquina de costura de vez em quando me assombrasse.
Com tudo isto eu aprendi que muitas vezes devemos procurar sempre que possível maneiras de demonstrar nossas insatisfações, sem ferir as pessoas que muitas vezes querem apenas demonstrar carinho.
É um exercício de amor e perseverança
Espero que tenham se divertido !
Grande abraço

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Novos ricos



Assisti a uma palestra no programa café filosófico ontem na TV Cultura com o filósofo Renato Janine Ribeiro, onde o palestrante discorria sobre etiqueta e boa educação.
Ele falou sobre coisas básicas que hoje em dia não são levadas mais em conta, coisas do tipo abrir a porta do carro para a mulher entrar, ceder o lugar no ônibus para os mais velhos ou gestantes, tirar o chapéu ou boné quando entrar num recinto fechado e coisas desse tipo.
Lá pelo meio da palestra ele soltou uma informação que eu achei muito interessante.
Ele falou que a sociedade brasileira teve um ascensão e que as classes B e C deram um salto de qualidade de vida e de poder aquisitivo, mas que a educação para se enxergarem "ricos ou quase ricos" não acompanhou essa transição. Por isso é que muitas dessas pessoas se vêem as vezes inseguros e com a auto-afirmação pessoal duvidosa dentro de suas próprias cabeças e nesses momentos onde bate essa ansiedade eles se vêem na obrigação de maltratar ou pisar em pessoas menos favorecidas pra demonstrarem que são poderosas.
Sabe que eu trabalho em uma empresa que atende pessoas de todas as classe sociais e realmente as pessoas que mais dão trabalho e que tratam mal os funcionários da empresa são mesmo os novos ricos.
Quando a pessoa é realmente rica, de família rica e estabilizada, ele quase sempre é uma pessoa educada e polida, e na outra ponta, quando uma pessoa é pobre e lutadora com a vida ela é humilde e muito educada também, pois conhece os problemas e agruras do dia a dia.
Mas meu amigo, se essa pessoa é dessa classe nova e emergente... Sai de baixo! Em grande parte eles realmente são despreparados para serem quem são e para terem o que tem, e não sabem exigir o que necessitam de forma educada e polida. Muitos novos ricos, confundem falta de educação com poder de compra, e como num conto de fadas exigem tapetes vermelhos para andarem em cima e taças de cristal com champagne francesa para matarem sua sede.
Lógicamente que não quero aqui generalizar e dizer que todos os novos ricos são assim! Existe  gente educada e mal educada em todos os níveis sociais.
Eu estou aqui, discorrendo sobre o despreparo que muitas pessoas tem em assumir sua posição numa nova classe social, confesso que sempre fui revoltado com esse tipo de pessoa, mas sabe que ontem depois que ouvi a explicação do filósofo eu mudei de idéia.
Só agora é que eu descobri que tudo não passa de uma falha na educação e despreparo social. Agora que eu descobri que essas pessoas, por instinto, usam desses procedimentos mal educados porque querem se auto-afirmar dentro da sociedade, e que na verdade eles pensam que as outras pessoas só os aceitam como ricos, se eles usarem dessa força estúpida e mal educada!
O filósofo disse na palestra que isso só vai melhorar na segunda geração desses novos ricos, então eu cheguei a conclusão de que nós temos que orar e pedir a Deus que nos mandem esses clientes para que gastem seu dinheirinho com a gente, mas que também mande um saco do tamanho do saco do papai Noel! Porque pra aguentar esse povinho mal educado é difícil... Mas a gente é profissional e entende a carência deles.
Coitados...



sábado, 29 de setembro de 2012

Plantação

Olá amigos! Essa é mais uma re-postagem de um texto que escrevi a algum tempo e que agora volta a ter um significado em minha vida. Espero que pra quem já leu, o texto agora nessa releitura lhe diga algo diferente do que lhe disse da outra vez. E pra quem não leu ainda, espero que gostem e que ganhem alguma coisa de bom, pois essa é a intenção do texto.
Um abraço a todos e obrigado pelas visitas e comentários.





A plantação começou !
Começou no dia do seu nascimento. No dia em que você começou a interagir, a falar, a dar opiniões. Aí começou a plantação.
Nas frases que você falou, nas atitudes que você tomou, nas escolhas que você fez. Ai começou a plantação.
As vezes em que você teve a chance de ajudar e virou as costas, cada momento desses foi uma semente de ervas daninhas que você plantou. Em outras ocasiões em que você se fez amigo e útil, aí você plantou sementes de arvores frutíferas .
As vezes em que você no seu serviço, ou na sua escola, ou na sua igreja, ou mesmo no seu bairro, foi simpático, gentil, prestativo. Ai você plantou sementes de cereais e hortaliças.
As vezes em que você foi áspero, agressivo, mal intencionado, desleal, infiel e ingrato. Certamente você plantou sementes de espinhos, galhos secos e até plantas venenosas.
Um dia você vai começar a colheita... Pois cada uma dessas sementes que você plantou foram plantadas no coração de alguém! Alguém cultivou essas sementes plantadas por você, e as viu germinar e crescer no coração de seu intimo, e viu essa semente virar frutos ou pragas!
Um dia esse alguém vai te devolver a plantação e o mundo vai te devolver a colheita, e a sociedade vai te devolver tudo aquilo que você plantou. Só que multiplicado muitas vezes, afinal cada semente dá inúmeros frutos, cada semente se torna muitas outras e tudo voltará para você!
Pense bem... Ainda dá pra reverter, ainda dá pra passar o arado, tirar as pragas e plantar coisas boas, sementes boas em terra boa, em corações amáveis e amigáveis.
Pense bem... A colheita pode não ser tão boa. E tudo depende de você. Você nasceu para ser um plantador de boas sementes, e colhedor de boas colheitas.
Não deixe que a maldade do mundo se impregne nas suas sementes, assim se todos nós plantarmos só boas sementes, um dia não vai mais haver essa maldade. E o mundo todo e todos os corações vão agradecer por suas belas colheitas!
Pense bem... Agricultor!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Decreto



Quando Ivan era criança, um dia seu pai lhe disse: - Você não tem jeito muléque! Nunca vai consertar na vida! Eu cansei de te ensinar as coisas e você nunca aprende, seu imbecil!
O pai estava nervoso porque Ivan, um menino hiperativo de apenas 5 anos, arrancou todas as flores do jardim numa brincadeira onde imaginava ser um jardineiro.
As palavras de seu pai entraram na cabecinha de Ivan e se alojaram no seu coraçãozinho de criança. Ivan foi um aluno repetente, se envolveu com coisas erradas na vida, virou traficante, ladrão, assassino e hoje está preso na penitenciária de segurança máxima. Seu pai de vez em quando vem lhe visitar e sempre sai se perguntando, “onde foi que eu errei?”
Carolina era uma linda menina de 15 anos. Muito bonita, era cobiçada por todos na escola, era o sonho de todos os meninos, realmente ela era linda!
Um dia sua mãe presenciou Carolina dando um beijo em um namoradinho na saída da escola. A mãe não sabia, mas aquele era seu primeiro beijo, era o primeiro momento em que Carolina descobrira algo diferente em sua vida. Mas a sua mãe não conteve sua raiva. Pegando Carolina pela orelha, na frente de todos seus amigos e amigas a mãe falou em voz alta: - Sua putinha! Vou te ensinar a ser sem vergonha com a cinta lá em casa!
Carolina apanhou da mãe fisicamente, mas o que mais a marcou foram as palavras da mãe na frente de seus amigos! Essas palavras se alojaram em seu coração, e hoje Carolina está num leito de hospital. Ela é HIV positivo. Contraiu essa doença trabalhando como prostituta em vários prostíbulos da cidade. Ela se tornou uma profissional do sexo, assim como as palavras de sua mãe a induziram naquele dia...
Renan era gordinho,gostava muito de comer, era um menino saudável, que corria, brincava e tinha uma grande imaginação. Um dia no aniversário de seu primo, Renan passou correndo pela mesa do bolo e não se conteve. Pegou um brigadeiro e comeu. Sua tia que era a dona da festa, o viu fazendo isso e gritou no meio da sala: - Renan seu gordo baleia! Deixa os brigadeiros aí seu sem educação... Os doces são pra todo mundo e não só pra você!
Renan olhou pra todas as pessoas na sala, que devido á fala de sua tia, lhe encaravam com semblantes de reprovação. Essas palavras se alojaram no coraçãozinho de criança de Renan e hoje ele está preso a uma cama, numa clínica de emagrecimento. Renan tem 298 quilos. Não consegue andar, quase não consegue respirar sem aparelhos, apenas vegeta enquanto os médicos tentam reverter a difícil situação.
Luiz era um rapazinho de 16 anos, quando conheceu alguns amigos não muito bons. Esses amigos saíram com Luiz e o levaram para roubar iogurte e chocolate no supermercado! Luiz nunca havia feito uma coisa dessas e “tremeu na base” quando pegou um chocolate e colocou dentro do calção.
Raimundo que era um dos guardas que vigiavam o supermercado, segurou Luiz pelo braço quando ele iria sair do supermercado e abaixando-se para ficar da altura de Luiz, olhou fixamente em seus olhos e docemente falou:
- Menino, eu não te conheço pessoalmente, mas já te vi aqui com sua mãe e seu pai. Eu notei que vocês são uma linda família. Vejo que seu pai e sua mãe te amam. Vejo que vocês são pessoas boas e sei que você é um menino bom! Então me devolva esse chocolate que está no seu calção! Você é um menino abençoado e nunca vai precisar roubar pra conseguir o que quiser... Eu não vou contar isso pra ninguém, só quero que você me prometa que nunca mais vai tocar em nada do que é dos outros. Me promete?
Luiz retirou a barra de chocolate do calção e entregou a Raimundo, e soluçando, com uma lágrima entalada na garganta falou: - Eu prometo!
As palavras de Raimundo se alojaram no coraçãozinho de Luiz. Hoje ele é um grande empresário, bem sucedido, bom pai de família e querido por todos!
Realmente a vida funciona assim... As vezes uma palavra que se fala mal falada e mal interpretada pode determinar a vida inteira de uma pessoa. Basta que ela se aloje em seu coração... Por isso é melhor semear boas palavras. Palavras de incentivo, de engrandecimento pessoal e que sempre vão impulsionar as pessoas cada vez mais para o sucesso em suas vidas e nas vidas de quem os rodeiam. Afinal, somos responsáveis pelas nossas palavras e principalmente pelo impacto que elas causam.
Pense nisso!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Encantar





Algumas pessoas se acham menores que as outras porque não tem o mesmo status social daquelas que julga, bem sucedidas, ou porque são de uma família de condições precárias, ou porque não tem o cargo dos seus sonhos em seu serviço. Por isso elas se trancam em si mesmas e se tornam pessoas tímidas e as vezes amargas.
O maior problema que essas pessoas encontram na vida, é que elas perdem o dom de encantar. E sem encanto, tudo se torna morno e sem graça. Quer coisa mais chata que uma pessoa sem graça?
Eu conheço uma pessoa que tem uma condição precária, muito precária, pois nem pessoa ela é considerada... Essa pessoa é minha cachorra Frida!
A Frida, apesar de ser uma cachorra, tem tanto poder de encantar, de demonstrar carinho, companheirismo, alegria, amizade e mais um monte de encantos, que foi elevada a categoria de “pessoa de quatro patas”.
O engraçado é que algumas pessoas que são amigas da minha família e que não gostavam de cachorro, dizendo que nunca teriam um em casa, se encantaram tanto com a Fridona, que arrumaram um companheiro canino pra trazer alegria em suas vidas!
A Frida encanta pela forma estabanada e incondicional em que ama! Ela não sabe falar, não tem escolaridade, mora numa casinha no quintal e não entra dentro de casa. Mas pra ela nada disso é problema. O importante pra ela, são os momentos em que ela pode passar perto de mim, da minha esposa, da Chambinha (minha gata), e dos amigos que nos visitam. Ela aproveita esses pequenos momentos e com sua alegria, ganha o coração e o respeito de quem a conhece.
O que eu estou querendo falar com isso?
Estou querendo falar, que se uma pessoa é triste, amarga, tímida demais e se sente inferior por vários motivos que a vida lhe impôs, ela perde o poder do encantamento, e isso joga contra ela! Pois se uma pessoa demonstra ser uma pessoa legal, amável, companheira, “pau pra toda obra” e principalmente feliz, tenha certeza que coisas boas acontecerão na vida dessa pessoa. Seu serviço vai melhorar, suas relações pessoais vão melhorar, seu nível social vai melhorar, sua auto-estima vai melhorar e “de tabela”, vai contagiar a auto-estima de quem estiver do seu lado. Quem não quer conviver ao lado de uma pessoa assim?
Por isso acho que a Frida é tão querida por minha família, por meus amigos e por todo mundo que a conhece! Por isso hoje ela subiu de cargo. Não é mais uma cachorra e sim, uma pessoa de quatro patas!
Faça você também como a Frida faz, e suba de cargo na vida e no reconhecimento das pessoas. Deixe a vergonha e o amargor de lado, seja e faça as pessoas felizes. Você só tem a ganhar com isso, e todos a sua volta também!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Olhar de cinquenta anos

Sabrina, Jonas, Augusto Cesar e Priscila entraram pelo salão de festas trazendo o bolo de bodas de ouro do vovô Valter e da vovó Soraia. Os velhos esperavam o bolo chegar, rodeados pelos filhos e amigos, que cantavam “parabéns pra você”. Uma lágrima escorreu pelo rosto da “vovó Sosô” e do “vovô Vartinho”. A cinquenta anos atrás eles nunca imaginariam que um dia chegariam a um momento desses.
Em 4 de agosto de 1952, Soraia era uma linda jovenzinha que trabalhava no mercadinho de seu “Manoel português”, um homem bom como patrão, mas muitíssimo exigente com seus funcionários. Soraia estava pesando um quilo de feijão para uma cliente, quando Valter entrou pelo mercadinho apressado para comprar batatas.
- Seu Manoel! – Falou Valter num só fôlego. – Me dê um quilo de batatas meio rápido, porque já está quase na hora de eu ir pra escola e minha mãe ainda não fez o almoço.
- Olhe garoto, vais ter quê spêrar a sua veixz! Purquê tem umas pssoas qui chigaram em vossa friente!
Soraia olhou para Valter com cara de poucos amigos... Ela detestava esses apressadinhos que vinham tumultuar o seu serviço.
Em 3 de setembro de 1953, Soraia esperava o ônibus para ir ao cinema encontrar seu namoradinho novo, um rapaz loiro que tinha os olhos mais azuis de todo o mundo! Perdida em pensamentos ela nem notou quando Valter sentou-se ao seu lado no banco do ponto de ônibus e começou a folhear um gibi do “Cavaleiro Solitário”. Os dois entraram no mesmo ônibus e mais uma vez sentaram-se lado a lado, até chegarem à porta do cinema. Soraia logo encontrou o rapaz loiro e Valter logo encontrou seus amigos que foram até ali pra trocar gibis e dar uma paquerada nas meninas.
Em 23 de maio de 1954, Soraia passeava com sua amiga Gorete pela praça da catedral, quando Valter passou em sua bicicleta olhando para Gorete, que era a menina mais linda da cidade.
Valter descuidou-se com os olhares e nem viu o banco da praça! Foi um capote só! Sorte que Valter caiu dentro do chafariz e apesar de ter se molhado todo, não se machucou além de uns arranhões.
Em 17 de janeiro de 1957 Valter discutia com sua namorada Ermínia sentado num banco da praça do coreto, enquanto Soraia namorava Arlindo num banco ao lado. A discussão de Valter se elevou tanto que Ermínia deu-lhe um tapa no rosto. O estalo foi tão alto que no banco ao lado Soraia e Arlindo até se assustaram! Quando olhou para ver quem tinha apanhado, Soraia só viu um rapaz indo embora com sua bicicleta por entre o jardim.
Em 22 de dezembro de 1959 Soraia estava junto com as meninas da igreja, passando de casa em casa fazendo uma coleta para montar cestas de natal para pessoas carentes. Ela bateu numa casa e a dona saiu muito brava, falando que não tinha nada para ajudar e que já estava cansada de pessoas enchendo o saco em seu portão. Valter passava pela rua e vendo o destempero da mulher, parou sua bicicleta e entrou no assunto defendendo a “menina da igreja”.
- Dona Rute! – Falou Valter em alto e bom som. – Isso que a senhora está fazendo não é legal! As meninas da igreja estão tentando fazer uma boa ação! Se a senhora não quer ajudar é só falar que não e fechar a porta, não precisa falar besteiras pra menina.
Foi a primeira vez que Soraia encarou os olhos de Valter. Ele era um desconhecido pra ela e ela era uma desconhecida pra ele.
Hoje, mais de cinqüenta anos mais tarde, os dois velhinhos se abaixaram para apagar as velinhas de cinqüenta anos de união. Ela encarou os olhos de seu velho e se lembrou desse dia em que ele a defendeu. Os olhos eram os mesmos, e a pessoa por trás deles também.
Novamente ela se encantou por aqueles olhos...
Jovens olhos.
Olhos de cinquenta anos...
Do amor de sua vida!



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A salvação de Jonas

Olá amigos! Essa é uma re-postagem de um texto que escrevi a mais ou menos um ano. Como a rotatividade do blog é grande, eu acho que vale a pena postar de novo. Um grande abraço a todos!



Jonas olhou a sua volta, tudo estava escuro, a lama cobria-lhe o joelho, a cada passo que ele tentava dar se atolava mais e mais. Jonas não via saída, o caminho estava difícil demais pra ele. O sol já não batia mais em seu rosto, a floresta era muito densa e as arvores encobriam o horizonte. De dentro da vegetação ele ouvia sussurros e uivos. Parece que falavam dele, mas não dava pra ter certeza pois as vozes vinham de sombras que ora apareciam por detrás das folhas e ora sumiam fazendo algazarra.
- Ei! - Gritou Jonas - vocês aí, me ajudem. Estou perdido!
Não adiantava, a cada grito de Jonas, a cada pedido seu, as vozes se calavam e apenas olhos esbugalhados apareciam em meio ao breu. Esses olhos pareciam curiosos pra saber se Jonas iria sair da enrascada em que estava mas não pareciam querer ajudar.
Jonas estava aflito, e com esforço sobre-humano ainda dava passos lentos e tentava prosseguir. Ele levantava uma perna da lama pegajosa, inclinava seu corpo pra frente e pisava mais adiante, depois repetia com a outra perna e assim ia tentando sobreviver.
De vez em quando Jonas sentia que alguém segurava sua perna e lhe puxava pra baixo, ele sentia que de vez em quando alguém colocava mais lama no meio do caminho, mas Jonas precisava vencer, Jonas precisava prosseguir, Jonas precisava respirar, Jonas precisava sobreviver.
Foi quando uma pessoa apareceu do outro lado do caminho, ela parecia conhecida. - Olá! - Falou Jonas - Você é a minha professora da quarta série?
A pessoa não respondeu mas jogou um livro para Jonas, o livro se depositou no fundo da lama e Jonas pôde se apoiar nele. Foi quando mais pessoas apareceram ao lado do caminho. Todos pareciam conhecidos de Jonas, uns pareciam antigos professores, um parecia com o dono da livraria, outro parecia o dono da banca de jornais, e eles foram jogando livros e mais livros para Jonas.
Jonas notou que essas pessoas que hoje vinham lhe ajudar, ele, no decorrer de sua vida, não havia dado muita importância a elas...
Mesmo assim elas arremessavam revistas, jornais e muitos livros para ele.  
Jonas ia usando esses livros como escada, subindo, subindo, saindo da lama até que conseguiu sair do buraco em que estava. Até que conseguiu atingir terra firme, terra sólida e sair da densidão daquela floresta negra... 
Então o sol bateu de novo em seu rosto, então as cores da vida tornaram a aparecer.
Então, Jonas sorriu!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Velhos conceitos

Velhos conceitos...
De mentes velhas.
Mesmo que em corpos novos
mesmo que em corpos jovens
mesmo que em novos corpos jovens...
Os conceitos podem ser velhos.
A reciclagem da vida
não encontra guarida na teimosia
teimosa
terrivelmente teimosa...
Mesmo que o mundo mude
mesmo que tudo mude
mesmo que o mudo fale!
Os conceitos
na cabeça
do teimoso, espuma menos que na cabeça do burro velho...
E o burro velho
mesmo que em novos corpos jovens
sofre!
Pois ele está aprisionado em si mesmo.
Em sua soberba
em seu orgulho...
E as novas idéias,
as novas cores
novos cheiros
nova vida...
Não encontra guarida na cabeça do burro velho...
Ele só enxerga o que quer enxergar
o que quer
o que quer
o que quer?
Não!
Ele só enxerga o que sua teimosia deixa
e ela não o deixa enxergar muita coisa
pois ele está aprisionado
em velhos conceitos
velhas idéias
velhas
velharias
inúteis e ultrapassadas!
Velhos conceitos
conceitos sem concerto
velhos
conceitos...
Inúteis e ultrapassadas, velhas, velharias,
pensadas
num tempo
onde essas idéias velhas
eram novas
mas o tempo
passa
tempo que passa
tempo que já foi...
Reciclagem!
Reciclagem de conceitos
reciclagem de velhas
velharias
reciclagem...
Movimento!
Idéias em movimento
movimento de idéias...
Novos conceitos!
Basta ter coragem
basta ter
basta ter novos conceitos
novos rumos
novas idéias...
Reciclagem!


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Bebéco

Eu era um adolescente viciado em música nos anos 80! Agora com mais idade e menos cabelo, restou o vício e uma apuração natural onde o "meu" bom gosto dita a regra no meu cd-player.
Durante esses vários anos de roqueiro e bluseiro eu ví muita gente ruim fazendo sucesso e muita gente maravilhosa pasando quase despercebida do grande público.
Eu não tenho a resposta pra isso, sinceramente acho que é o poder da mídia e do dinheiro que corrompe o gosto do povo.
O cara mais injustiçado do rock nacional pra mim se chama Bebéco Garcia, um guitar-man e compositor além de cantor, de primeiríssima qualidade. Nos anos 80 ele fazia parte de uma banda que se chamava "Garotos da Rua", que acabou tendo uma ou duas músicas tocando no rádio aqui na região sudeste. Um dia, eu na minha curiosidade musical e gosto pelo underground, comprei um disco desses caras, acho que foi em 1987 ou 1988... Fiquei fã na hora!
Mais tarde descobri que lá no sul eles tinham muitos fãs e levavam muita gente a seus shows, mas isso foi muito pouco pela genialidade desse cara!
Meu nenê Samuel foi fabricado ao som de "Meu coração não suporta mais" e "Eu já sei", que são músicas desse cara. Infelismente ele morreu de infecção generalizada contraida durante uma cirurgia em 2010.  Morreu quase anônimo nesse nosso país da "bunda".
Hoje resolvi fazer uma pequena homenagem aqui no meu blog pra esse cara que fez e faz parte de horas tão boas na minha vida!
Aqui em baixo tem um vídeo falando sobre a vida, carreira, e a obra desse cara, se você puder, tem muitos sites com links pra baixar seus discos. Procure por Garotos da rua e por Bebéco Garcia!
É o bom e velho rocknroll... Infelismente descriminado nesse país que não dá valor ao talento!


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Heróis



Quando eu era criança, tinha três pessoas que pra mim, eram os caras! Um era o Peter Parker, o outro era o Jerry Lewis e o último era o Frank Poncherello. O Peter Parker, pra quem não sabe é o Homem-aranha, dããããã! Eu gostava dele porque ele não era chatão igual ao Super-homem que resolvia seus problemas sem esforço nenhum... O Homem-Aranha apanhava e sofria muito pra conseguir vencer seus inimigos. Isso sem contar que o Peter Parker era um durão na vida, trabalhava e estudava feito um camelo e ainda só se dava mal no final, eu adorava isso! Ficava esperando o gibi chegar na banca do seu Nicolau que todo mês separava o meu “O espetacular Homem-Aranha.” Inclusive a banca do seu Nicolau foi o primeiro lugar na minha vida em que eu abri uma “conta”, porque quando eu não tinha dinheiro ele deixava eu levar o gibi pra pagar depois.
O Jerry Lewis era um comediante que foi muito famoso no final da década de 60 até meados da década de 80. Seus filmes passavam na sessão da tarde, e quando passava, as ruas ficavam vazias de crianças, pois a molecada só saía de casa depois do fim do filme! Eu imitava o jeito idiota do Jerry Lewis conversar, rir e andar, até hoje quando dou risada, a minha se parece com a dele. Acho que foi uma herança dessas tantas imitações que acabou ficando.
Mais o cara que eu era mais fã, se chamava Frank Poncherello! Ele era um policial de um seriado que se chamava “CHiPs”, que tinha um enredo baseado em dois policiais que trabalhavam nas rodovias no que eles chamavam de “radio patrulha rodoviária.” Os dois policiais era John Bacher que era o cérebro, inteligente e cabeça pensante da dupla e o Frank Poncherello que era o meio burrão, meio doido, que resolvia as coisas sempre do jeito mais difícil, mas que era o engraçado.
O Poncherello morava num trailer, e eu me lembro até hoje de uma cena onde ele chegou em casa e com uma mão só, quebrou um ovo dentro de um copo e depois tomou o ovo cru! Ah... Eu não tive dúvidas, peguei um ovo e com minha mãozinha de criança penei pra quebrar com uma mão só! Acho que quebrei uns dez ovos, até acertar. Aí quando consegui tomei o ovo numa golada só... Vomitei na pia inteira!
Esses heróis da minha época de criança até que eram bons! Não tinham malícia, não usavam de violência, eram até meio bobos. Outro dia na TV eu assisti a um programa onde o repórter entrevistou umas crianças, e elas diziam que seus heróis eram os chefes do narcotráfico! Eu fiquei pensando nisso... Acabei chegando a conclusão que a culpa é mais uma vez dos pais, porque a criança de livre e espontânea vontade não vai torcer pro bandido, a não ser que esse bandido venha a lhe ser apresentado como mocinho! E quem é que tem que dar o discernimento pra criança e lhe ensinar o caminho certo?
Pais... Olhem com carinho com quem seus filhos andam, com quem eles conversam na internet, quem é o amiguinho dele e de onde vem, e principalmente apresente bons heróis e exemplos pro seu filho, senão ele pode acabar sendo seu inimigo também! Pois se você quiser reagir quando ele já estiver com a personalidade formada, talvez seja tarde demais.


sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Resto de festa



Eu estacionava meu carro pela manhã numa rua que fica ao lado do meu serviço e em frente a uma praça. Enquanto manobrava para estacionar eu reparei num senhor que caminhava lentamente atravessando a rua. Ele estava com roupas muito sujas, vestia uma calça clara, uma camiseta dessas de propaganda política e um farrapo de blusa cobria-lhe as costas.
Com uma das mãos ele segurava um saco de pano grosseiro que caía sobre as costas. Na cabeça, além de uma farta cabeleira suja e enrolada, tinha também um boné encardido que em algum dia devia ter sido branco.
Eu acabei de estacionar e segui em direção ao meu serviço. Enquanto andava eu vi o homem pegar uma bituca de cigarros no chão e sentar-se num dos bancos da praça. Depois, como ventava um pouco, ele colocou uma das mãos na frente da bituca e com a outra tentava ascendê-la.
Nesse momento um cidadão que vinha em sentido contrario, olhou pra mim com uma cara de quem contava uma piada muito engraçada e apontando com a cabeça, esticou o beiço para o andarilho, falando:
- Aí... Isso aí é o resto da festa que sobra pra nossa cidade!
Eu não retribuí o sorriso e nem o gracejo que essa pessoa ignorante me fez. Pelo contrário, essa frase infeliz dele, chamando um outro cidadão de “resto de festa”, na verdade mostrou a dureza de coração, a falta de educação e a falta de humanidade que ele carrega dentro de si.
A gente nunca sabe o que leva uma pessoa a sair pelas ruas como andarilho. A gente não sabe se ela tem problemas psíquicos, se ela teve uma dolorosa decepção e não conseguiu se controlar depois disso, se ela teve ou não uma base familiar que o auxiliou durante a vida, se ela é assim por opção, ou seja lá o que for!
Por isso acho que as palavras de sarcásmo e ironia, que esse sujeito usou, chamando o andarilho de “resto de festa”, foram infelizes.
Mesmo que talvez a gente não faça a nossa parte colocando a mão na massa para fazer um mundo e uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as pessoas tenham condição de vida e apoio nas horas difíceis, pelo menos consideração pelo ser humano independentemente do seu aspecto e condição social, é a nossa obrigação!
Fazer graça na desgraça dos outros, não é humor! Nem humor negro, pois o humor negro trabalha em coisas absurdas, mas não reais como a vida desse andarilho...
Pense nisso!



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Penas para o ar

Meu irmão Júnior, tem um repertório de "causos" que ele sempre conta nas reuniões de família. Esse aqui é um deles. Ele escreveu pra que eu colocasse no meu blog. Achei que ficou divertido e que vale a pena você ler e dar um pouco de risda! Ele jura que é verdade... E posso falar como irmão mais novo, que ele não é muuuuito mentiroso!

 

No ano de 1972 , eu tinha 9 anos de idade e morava com minha avó em Barretos, numa casinha bem simples de três cômodos e bem distante da do centro cidade , o vizinho mais próximo era a “Maria Macumbeira” que morava ao lado (que eu achava que não valia como vizinha), depois dela, o segundo mais próximo ficava a uns quatro quarteirões. Nós não tínhamos energia elétrica, água encanada, nem nada que pudesse significar algum conforto, pelo contrário, a vida era bem difícil porém como vão perceber bem ela era divertida!
Minha avó era muito rígida comigo (à moda das pessoas rústicas e honestas de antigamente), também era uma polivalente, pois cuidava da casa, cuidava de um mercadinho, criava galinhas e o melhor de tudo! Era a única parteira da cidade! Além disso fazia caridade e trabalhos sociais na sua Igreja. Não preciso dizer que eu participava de tudo isto de forma direta e indireta e ai de mim se não participasse.
Um dos maiores orgulhos de minha avó eram suas “preciosas” galinhas caipira e seus galos da raça índia, todo ano era certeza que ela expusesse esses galináceos, na feira de animais que acontecia na Festa do Peão. Ela não admitia que suas galinhas não fossem premiadas sempre com o primeiro lugar! O pior (ou melhor, pra ela), era que sempre levava o premio maior.
Mas como será que estas galinhas chegavam até a Festa do Peão? Aí é que começava o meu drama. O netinho lindo da dona Lourdes era a transportadora...
Eu como ator coadjuvante nas peripécias da minha avó, andava a pé (pois nem bicicleta eu tinha), por essa cidade toda, hora transportando galinhas, ora buscando latas de lavagem para os porcos e em todas as situações pagando meus vários “micos.”
Todo ano, sempre no primeiro dia da festa do peão, eu acordava bem cedo, fazia um desjejum puxando uns 15 baldes de água da cisterna que parecia não ter fundo. Comia algo bem rápido, pois não podia me atrasar. Daí minha avó “adoravelmente” colocava as estrelas galináceas fêmeas num saco, e os galãs galináceos machos em outro. Eu (a transportadora), colocava estes sacos nas costas, e ia sempre á pé, rumo ao local da exposição dos animais, que ficava num bairro bem distante. Ia sempre de chinelo de dedos, isso quando “havainas” era chinelo de pobre! O sol escaldante maltratava minha pele de menino, por isso eu sempre pensava num plano para acabar com aquele evento. Mas logo depois me conformava com o que o destino tinha me reservado. Este trajeto de ida e volta demorava mais ou menos duas horas, eu chegava exausto, e minha avó sempre, “mas sempre mesmo”, perguntava porque eu tinha demorado tanto. Se eu pudesse pelo menos lançar meu olhar de ira já ia ficar satisfeito, mas naquele tempo uma criança jamais podia confrontar uma pessoa mais velha, nem mesmo em pensamento! Falando nisso acho que minha avó lia meus pensamentos! Que coisa mais louca... O sistema era bruto!
Mas um ano, eu resolvi dar uma de esperto. Repeti o ritual até o ponto de iniciar a longa e exaustiva caminhada, mas com um plano já arquitetado na minha mente. Andei uns 500 metros para despistar minha avó e peguei o ônibus, com o dinheiro que minha tia Mariana tinha dado para eu chupar um sorvete (saudades da Tia Mariana!) Então, dentro do ônibus, eu me sentia numa limusine! Sentei bem no meio num banco que parecia mais um brinquedo de pula-pula! Fomos eu e as estrelas galináceas.
Depois de uns quinze minutos achando estranho que todos me olhassem feio apenas pelo barulho dos cacarejos, resolvi investigar se as madames tinham feito alguma sujeira dentro do saco. Porque fui fazer aquilo! As amarras do saco se soltaram e foi galinha pra todos os lados. Parecia um caminhão de galinhas!
E parecendo vingança, as galinhas sujaram todo o ônibus. Eu desesperado, tentando pegá-las, inocentemente pedia ajuda, mas o que ouvia era:
- Credo que nojo! - Ai Jesus que é isso? - Ah... Só podia ser o neto da parteira!
Como percebem, todos conheciam minha avó, eu mesmo não tinha nome, porque numa época onde os meninos, principalmente os bem pobres como eu, eram em sua maioria meros desconhecidos, pelo menos eu era “o neto da parteira.“
Então depois de muito lutar, não sabia quem estava mais cansado! As galinhas, eu, ou as pessoas que assistiam a tudo impassíveis. O motorista parou o ônibus, e finalmente consegui colocar as galinhas novamente no saco. Fui expulso do ônibus junto com as celebridades ensacadas, (o que era de se esperar), mas a tristeza do jeca não era essa, pois certamente levaria uma surra quando chegasse em casa. Pois além de levar quase o dobro do tempo, antes que eu chegasse em casa minha avó já estaria sabendo de tudo, e pensar nisso era realmente aterrorizador...
É lógico que o imaginável se cumpriu. Uma surrinha foi inevitável... Eu jurei matar todas as galinhas, mas logicamente isso não aconteceu pois o que eu mais gostava era dos bichos que nós tínhamos em nossa casa. Galinhas, gatos, cachorro e muitos pássaros soltos pelo jardim.
Para garantir minha integridade, ao final da festa resolvi buscar as madames seguindo a rotina padrão do caminhar, junto ao meu amigo sol escaldante, ou então, na companhia da luz do luar, que lindo né?
Essas lembranças me divertem ainda hoje e trazem a mente as lições de humildade, domínio próprio, mansidão, etc. Tudo dentro do plano e do cuidado que Deus já tinha comigo. Realmente sou muito grato a Ele, pois foi por permissão Dele que tudo aconteceu para a formação de meu caráter.
Então até a próxima ! Deus os abençoe !

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Bacalhau do mestre André


Eu já falei aqui no blog que gosto de cozinhar, e geralmente as pessoas que me conhecem adoram que eu faça isso! Então eu acabo achando que ou eu sou bom cozinheiro ou as pessoas é que são muito gente fina e comem mesmo sem gostar! Mas como nunca sobra nada no fundo da panela, então vou ficar com a primeira opção.
Geralmente eu invento as minhas receitas, na verdade 99,99% delas são inventadas, mas é lógico que você que gosta de cozinhar, deve sempre acompanhar alguns programinhas culinários e ler alguns livros de receitas para assim, no dia em que for fazer alguma coisa, você já tenha uma base do que quer criar.
Vou ensinar um bacalhauzinho que eu inventei esses dias, podem fazer que é muito gostoso, depois me contem o resultado.
Primeiro passo! Coloquem uma música bem gostosa e que te faça feliz. Se gostar de tomar um vinho, ou uma cervejinha, coloque um copinho ao lado e vá dando umas bicadinhas enquanto cozinha.
Dessalgue o bacalhau, pode até ser aqueles bacalhaus esfarrapados que se vende na banca de bacalhau, sabe aqueles pedacinhos que vão sobrando e você compra picado? Então, pode ser aquele. Compre mais ou menos um quilo e meio, calcule mais ou menos pelo tamanho da receita que quer fazer, e pelo tamanho da forma que vai utilizar pois esse bacalhau vai ao forno.
Cozinhe o mesmo peso do bacalhau, em batatas, se for um quilo de bacalhau, é um quilo de batata, entendeu cabeção?
Amasse as batatas cozidas e reserve, depois refogue o bacalhau com azeite virgem, (não use o extra-virgem, porque este tipo de azeite é só pra finalizar o prato), acrescente pimenta vermelha, cebola, alho a gosto (pelamordedeus não use aqueles temperos de alho prontos, aquilo deveria ser banido do mundo), quando o refogado estiver quase pronto acrescente tomate e azeitonas e deixe cozinhar até a água do tomate sumir.
Dê outra bicada no vinho! Troque o cd, dê um beijinho na sua esposa ou marido, faça uma gracinha pro seu cachorro, coce (com o pé) a barriga do seu gato que está deitado do seu lado com cara de pidão. E continue que ainda falta um pouco.
Retire 5 gemas de ovo (para 1 quilo de batata), amasse as batatas com a gema. Acrescente metade do bacalhau refogado e misture tudo até virar uma massa “liguenta”, bata as claras dos ovos em neve. Depois junte as claras aos poucos na massa, certificando-se que ela fique fofinha. Se ela ficar muuuuuuito molenga, coloque umas pitadas de farinha de trigo, mas acho que não vai precisar. Unte uma forma pequena e altinha e coloque uma camada dessa massa no fundo e subindo pelas paredes da forma, aí coloque o restante do bacalhau refogado. Coloque azeite (agora o extra-virgem), e cubra o bacalhau com o restante da massa, fazendo assim um tipo de uma torta.
Leve ao forno médio por uns minutinhos até dar uma dourada. Enquanto isso, dê outra bicadinha no vinho ou na cerveja, dê mais um beijinho na esposa ou marido, balance o nenê! Agora que não vai mais mexer com a comida você pode fazer um carinho no cachorro e no gato. Pronto!
Sirva-se primeiro senão você vai ficar sem!



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O resto

Ana casou-se com Arlindo, não porque ele era lindo e sim porque era rico!
Arlindo tinha dinheiro “igual a capim no pasto”, mas não tinha educação, e apesar de Ana levar uma vida de “patricinha”, ela era maltratada e espezinhada dia a dia.
Era uma patricinha infeliz, as vezes sentia-se como a Geni “que era feita pra apanhar e era boa de se cuspir”, mas quando acordava pra vida ela era apenas, a Ana!
Cleuza era casada com Jose.
As coisas não estavam bem em sua casa, Jose era trabalhador, mas com pouca escolaridade só arrumava bicos de servente de pedreiro e coisas desse tipo.
Mas Jose tentava compensar a falta de conforto, dando carinho, companheirismo e compreensão para sua esposa. Cleuza, mesmo tendo um bom marido em casa, queria mesmo é ter uma boa casa, não importando se tivesse ou não marido.
Por isso começou a trair Jose com Dr. Salvador, que de “salvador” não tinha nada.
Claudinha saiu da casa da mamãezinha e do papaizinho porque se apaixonou por Diguinho que era um rapazinho muito bonitinho e safadinho que ensinou para Claudinha o mundo gostoso das bobiças.
Os dois foram morar de favor nos fundos da casa da Tia Leonor.
Diguinho não gostava de trabalhar, e o dinheiro começou a faltar. Mas as bobiças davam frutos e Claudinha estava gravidinha! Mais um meses e a família iria crescer! Se em dois eles já passavam por dificuldades, imagina em três!
O papaizinho e a mamãezinha até falaram pra Claudinha voltar pra casa que eles adotariam e cuidariam do netinho. Mas que não trouxesse esse vagabundinho, safadinho, aproveitador de menininha e fazedor de menininhos!
Roberlei namorava Isaura desde a adolescência.
Isaura era uma moça linda, que chamava atenção por onde passava. Todos tinham inveja de Roberlei, diziam que ele havia ganhado na mega-sena por uma menina tão linda, tão educada e tão bem provida de curvas e mais curvas, namorar com um feinho mequetrefe assim igual a ele.
Acontece que Roberlei se formou e foi trabalhar numa grande empresa. O dono da empresa tinha uma filha da idade de Roberlei, ela era mais feia que “o rascunho do mapa do inferno”, mas deu em cima de Roberlei que viu ali uma chance de ganhar na mega-sena pela segunda vez!
Ele nem pensou nos anos, nem nas curvas e nem na pessoa doce e meiga que era  Isaura. Resolveu pegar um atalho “reto e sem graça”, mas que o levariam até o pote de ouro! Trocou a namorada de sua vida toda  pelo dinheiro fácil.
Maria era casada com Arthur, os dois tinham uma mercearia quando se casaram a muitos anos atrás, a mercearia virou um grande super mercado e depois uma rede se super mercados.
Arthur ficou muito doente e Maria não pensou duas vezes. Ela amava seu marido e mercado após mercado, foi vendendo tudo para tentar reverter a situação e assim salvar a vida e seu amado.
Maria chorava muito, pois podia ter todo o dinheiro do mundo, mas não conseguiria viver sem Arthur.
Deus escutou os choros, pedidos e lamentações de Maria e resolveu providenciar um milagre. Arthur se recuperou. Depois que eles tinham perdido todos os seus bens, ele se recuperou.
Hoje Maria e Arthur voltaram a ter uma mercearia, modesta e pequenina no bairro onde moram. Mas isso não importa, porque Arthur sabe que tem a melhor esposa do mundo e Maria sabe que tem o marido que tanto ama e que corresponde ao seu amor.
Alguns trocam a felicidade por dinheiro fácil ou a promessa de enriquecer, não pensam nos outros e nem tem escrúpulos. Maria e Arthur não...  Eles trocaram tudo pelo amor de suas vidas.
Pra eles não falta nada. Eles tem um ao outro e o resto... É apenas o resto! E o resto o dinheiro pode comprar.
Mas quem viver de restos?