Essa é a minha participação no coletivo de postagens pelo aniversário de 16 anos do blog da amiga Roselia:
https://www.idade-espiritual.com.br/
Rosélia, minha amiga! Obrigado por me convidar para participar desse evento tão importante que é o aniversário do seu blog.
Isso só poderia vir de alguém muito bacana e carinhosa com os amigos e a gente sabe que você é assim.
Uma pessoa sem máscaras.
Eu fiquei muito feliz! Obrigado!
Carmen era o estereótipo de "mulher fatal."
Dessas que, quando desfilam pelas ruas — sim ela não apenas andava, ela desfilava — param o trânsito.
Linda, inteligente, bem sucedida, empreendedora, descolada... Ela era o exemplo de mulher a se seguir.
Suas redes sociais bombavam.
Se ela postasse a foto de um café da manhã, pelo menos três mil visualizações e mais de 500 comentários era o mínimo que se esperava.
Ela era uma deusa e sabia disso.
O pior, ela assumiu esse status de deusa e acreditou nele. Sabia do fascínio que causava. Sabia que a personagem — mulher perfeita — assombrava a mente de quem a conhecesse.
Se fosse homem, certamente cairia apaixonado e se fosse mulher, a inveja ou a adoração brotaria em seu coração.
Ela, acostumada com a fama, não ligava, quando muitas pessoas a acusavam invejosamente de ser a mascarada! De viver um mundo de redes sociais, onde nada é o que parece ser.
"Minha máscara é ser sexy e inteligente." — ela pensava consigo mesma.
Um dia Carmen foi escolhida a patrona do jantar beneficente da Associação dos Amigos dos Animais dos Jardins, um bairro muito glamoroso de São Paulo.
Nesse jantar, empresários, influencers e personagens da alta sociedade paulistana, marcariam presença; para usar a máscara de amigo dos animais, o que os ajudaria em suas reputações.
As nove horas em ponto, Carmen estacionou sua Lamborguini na porta do evento. Um manobrista se aproximou e abriu a porta para ela descer.
Carmen olhou para o rapaz e sentiu o cheiro do suor daquele homem. Um calafrio percorreu desde a base de seu pescoço até o cóccix.
Os feromônios exalados pelo rapaz, causaram um curto circuito dentro dela.
— Olá Carmen. — disse o rapaz, de uma forma quase abusada, sem pompa e sem a atenção que uma mulher daquele calibre necessitava.
— O... O... Olá... — respondeu ela tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu posso estacionar seu carro.
— S... sim, po... pode! — murmurou Carmen, entregando a chave para o rapaz.
"Meu Deus!" — pensou ela se dirigindo até o salão. — "O que foi isso que aconteceu comigo?"
Naquele instante Carmen se sentiu desmascarada! Nua de sua máscara de mulher fatal. Uma mulher desprotegida, diante de uma situação onde ela não tinha as rédeas.
Durante a festa, Carmen olhava para seus convidados e percebia que nada era real!
Pessoas que sorriam umas para as outras pela frente, e que pelas costas faziam cara feia.
Pessoas que pegavam nos talheres como príncipes e que se comportavam como robôs, querendo demonstrar mais educação do que tinham na verdade.
Pessoas gentis umas com as outras do mesmo nível, mas que nem olhavam para a cara dos garçons.
Carmen se sentiu péssima.
Péssima por ter caído na real.
Um instante em que um homem não fez nada de mais para tentar nada de mais com ela, foi um divisor de águas em sua mente!
Meia-noite, Carmen subiu ao palco onde o DJ tocava suas músicas e pegando o microfone, deu inicio ao seu discurso, antes do leilão que viria a seguir.
— Olá amigos, — começou cabisbaixa — aqui estamos nós... Vestindo nossas máscaras de boa gente! Boa gente, no meio de pessoas importantes.
— O que ela está dizendo? — perguntou um.
— Ela bebeu? — murmurou outro.
— Eu mesma, — continuou olhando para o salão e encarando pessoas nas mesas — nem gosto de gato ou cachorro. Na verdade, só fui escolhida para ser patrona desse jantar, porque postei uma foto no Instagram, onde um gato atrevido, aparece deitado em uma mesa ao meu lado. Mas eu nem sei que gato é aquele.
— Meu Deus... — cochichou uma mulher, colocando a mão na frente da boca, enquando se encostava no ouvido da amiga ao lado. — A Carmen enlouqueceu?
— Tem muita gente aqui, que assim como eu, nem tem animal de estimação. Mas a gente sabe que posar de protetor dos animais, ajuda a sair bem na foto.
— Que droga! A Carmen está estragando o evento todo. — praguejou um dos representantes da Associação dos Amigos dos Animais.
— Mas nós temos nossas máscaras! — continuou a mulher fatal, agora vestindo sua fantasia. — E pelas nossas máscaras, pela manutenção do personagem que nós criamos... Vamos participar desse leilão e ajudar da forma como nunca ajudamos antes. Os animaizinhos merecem.
A gargalhada ecoou pelo salão! As pessoas fingiram que entenderam e disseram que a Carmen tinha feito uma jogada de mestre.
Foi a maior arrecadação de um jantar beneficente da história de São Paulo.
Terminado o jantar, no saguão do salão, todos cumprimentaram a anfitriã e declararam que foi um sucesso.
Carmen, agora ciente que naquele momento era um personagem, sorriu para todos e agradeceu a participação no evento.
No final, ela se despediu do presidente da Associação e saiu tentando se concentrar em não desmoronar novamente diante da presença do manobrista.
Quando chegou na rua, ela se assustou ao ver a sua Lamborguini estacionada do outro lado da avenida. Então, um menino se aproximou dela e disse:
— A senhora é a Carmen.
— Sou. — respondeu ela assustada.
— Um moço me pediu para te entregar essa chave do seu carro e esse bilhete.
Carmen pegou a chave, e encabulada, atravessou a rua e entrou em seu carro. Antes de sair, ela leu o bilhete:
"Carmen, me desculpe me passar por manobrista. Mas eu apostei com meus amigos que iria dar uma volta no seu carro hoje. Não fique brava."
" Filhodaputa!" — pensou Carmen dando um sorriso. — "É por isso que ele estava suado e cheirando a macho! Ele estava estressado pelo momento."
Ainda sorrindo, ela abriu seu celular, entrou em seu Instagram e pensando por um momento, titubeou, mas, deletou sua conta.
"Pra mim chega de viver de aparências." — pensou ainda com sorriso nos lábios.
Amigo André, que alegria receber sua participação que li avidamente de inicio...
ResponderExcluirAgora, que respirei fundo, vamos por etapas.
A mensagem primordial está muito bem passada.
O desenrolar do tema ficou surpreendente.
A mulher, cheia de soberba, ensimesmada, se achando " a rainha da carne seca", como se diz no Brasil... caiu em si, finalmente.
Aleluia!
Oxalá aconteça com todos nós o desfecho favorável da conversão.
Metanoia é fundamental.
Mudança de hábitos...
Rumar pelo caminho da transparência, com virtudes e sombras é o melhor.
Aceitar nossas imitações que TODOS temos é sinal de sabedoria.
Ninguém é...
Todos estamos...
Ela foi se desconcertando da sua pose e percebendo seu modo mascarado de ser inconcebível.
O cara ainda tirou uma onda em cima dela.
É assim., os espertos se acham e esquecem que têm outros mais espertos ainda...
Deu um final surpreendente, gostei muito da sua contribuição.
Enquanto não cair em si, o ser humano é pura pose, mascarado de tudo, menos do que é realmente.
Muito obrigado por ter nos enriquecido.
Seja muito feliz e abençoado!
Abraços fraternos de gratidão e estima.
🤝💐🙏😘
Olá Rosélia!!!
ExcluirMenina, quando eu tenho que escrever sobre um tema específico, só consigo escrever pensando em conto.
Aí, coloco minha máscara de escritor e faço essas doideiras.
Obrigado pelo convite e pelo carinho.
Amigo, você não é mascarado de escritor....kkk. é um dos tantos que estão na interação fraterna e muito nos enriqueceu, tenha certeza.
ExcluirMais uma vez, muito obrigada por entrar na roda do baile sem máscaras..
Abraços fraternos
Olá, André!
ExcluirVenho lhe apresentar as Ressonâncias:
https://www.idade-espiritual.com.br/2025/08/ressonancias-dos-xvi-anos-do-blog.html
Abraços fraternos
Presa dso início á última palavra! Que legalc e que bom Carmém deu-se conta que nada valem as aparências..O recheio é que se chama verdade! A-DO-REI!!!
ResponderExcluirabraços praianos, tudo de bom,chica
Olá Chiquinha!
ExcluirQue bom que gostou minha amiga!
A sua opinião sempre é uma das mais importantes.
Afinal, você é a rainha da blogosfera.
Um abração!
Andre amigão,
ResponderExcluirque narrativa envolvente! Gostei muito de como você construiu a personagem de Carmen, essa mulher tão segura de si e, ao mesmo tempo, tão vulnerável por trás da máscara que escolheu vestir. Há uma força grande no instante em que ela se vê desmascarada, quando percebe a superficialidade ao redor e encara a sua própria. Esse momento de ruptura, quase doloroso, é também libertador: o início de uma tomada de consciência. Seu texto mostra, com ironia e realismo, a sociedade de aparências em que vivemos e como, muitas vezes, um gesto simples ou até uma farsa inesperada, como o “manobrista” pode ser o gatilho para uma transformação. O final, com o sorriso e a exclusão da conta no Instagram, traz um alívio, um recomeço, como quem decide respirar pela primeira vez sem precisar de máscara.
Beijinho
Fernanda
MaFe, a Carmen caiu em si.
ExcluirNunca tinha pensado que alguém interessante poderia passar por ela de forma desinteressada.
Isso a fez acordar.
Não sei se com o tempo ela vai retornar aos velhos hábitos.
Mas essa é outra história.
Um abração, amiga!
Así es la vida de muchas personas de la sociedad de hoy, viven con máscaras una mentira, y así piensan o creen que son felices, es triste llegar a eso y no darse cuenta. Un escrito para reflexionar. Un abrazo
ResponderExcluirNuria!
ExcluirObrigado pela visita.
Sim... Muita gente se esconde atrás dessas máscaras.
Um abraço!
Vejam só o que feromônios de macho fazem...tiram até máscaras! Mas o que seria da sociedade sem nossas máscaras? Se formos autênticos, vamos tirando uma por uma e a sociedade que se lasque para encarar a nossa cara de verdade. Mas isso cobra um preço muito alto e mesmo tirando muitas máscaras, pelo menos uma acabamos guardando para momentos propícios. Confesso que não acredito na Carmem. Ele jamais deletaria sua conta. Muitas vezes nos acabamos nos confundindo com nossas próprias máscaras...sabe onde tem muita gente mascarada? Na igreja.
ResponderExcluirDudualdo.
ExcluirTambém acho que ela vai começar outra conta logo, logo.
Mas nesse dia, o choque de realidade foi grande.
Um abraço, meu amigo.
pois é, pois é, pois é...
ExcluirMuito bom. A realidade não cabe em máscaras e a verdade, muito mal se consegue disfarçar.
ResponderExcluirUm abraço. Tudo de bom.
APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.
Olá Antônio.
ExcluirObrigado pela visita!!
Seu conto magnífico eu assisti de boca aberta como a um filme, todas as cenas, o salão a postura da infuencers e achei um estouro toda a sequência, mas acho inverossímel que ela delete o que ela mantinha. Pessoas assim narcisistas são puro ego! Feliz semana para você, André. Lhe vejo muito lá no Eduardo Medeiros e estou indo pra lá agorinha! Abraço!
ResponderExcluirOlá Maria!
ExcluirTambém acho que foi só nesse dia.
Logo ela faz outro Instagram.
Kkkkk.
Um abraço!!!
Obrigado pela visita.
Boa tarde André,
ResponderExcluirOs meus Parabéns e aplausos por esta excelente história, que bem podia ter sido verdadeira.
Será que a protagonista mudou mesmo? Pode ser, talvez naquele momento as suas máscaras tivessem caído de vez.
Uma participação maravilhosa.
Beijinhos e uma boa semana.
Emília
Olá Ailime!
ExcluirObrigado.
Que bom que gostou!!
Acho que pelo menos, por enquanto a máscara dela caiu.
Então Carmem tirou a máscara?
ResponderExcluirBelíssima participação na festa da Rosélia, André
Um grande abraço
Verena.
Obrigado Verena.
ExcluirUm abraço!!!!
Excelente relato, me encantó tu aportación sobre las máscaras. Te felicito.
ResponderExcluirSigamos celebrando la fiesta de nuestra querida amiga Roselia, unidos en letras.
Un abrazo.
Olá Maria!
ExcluirA Rosélia merece.
Olá, André
ResponderExcluirUm conto que nos acorda para o que realmente interessa. Fingir o que não se é acaba por nos enredar nas nossas próprias mentiras.
Bela participação na Comemoração dos 16 anos do Blog da Rosélia, Espiritual-Idade.
Abraço
Olinda
Obrigado Olinda!!!
ExcluirUm abração.
Bravo Andre, com um conto bem criativo falou tão bem das mascaras sociais. A sua personagem ainda teve tempo de se recuperar de uma falha de muitos, que perambulam pelas redes e na ilusão vivem suas fantasias até que a noite lhe caia nos olhos.
ResponderExcluirAbraços e feliz fim de semana.
Olá Toninho.
ExcluirQue bom que gostou, amigo!
Você é um grande escritor, e a sua opinião é muito importante pra mim.
Tenha uma linda semana.
Uma excelente narrativa que nos manteve presos a um tema que envolve boa parte da sociedade .
ResponderExcluirUm beijo , André
Olá Manuela!!!
ExcluirEsse tema é interressante né?
O pior é que é tão verdadeiro.
Um grande abraço!
Tenah uma linda semana.