sábado, 23 de agosto de 2025

E depois... um sorriso sincero.



Essa é a minha participação no coletivo de postagens pelo aniversário de 16 anos do blog da amiga Roselia:





https://www.idade-espiritual.com.br/


Rosélia, minha amiga! Obrigado por me convidar para participar desse evento tão importante que é o aniversário do seu blog. 

Isso só poderia vir de alguém muito bacana e carinhosa com os amigos e a gente sabe que você é assim. 
Uma pessoa sem máscaras.
Eu fiquei muito feliz! Obrigado!





Carmen era o estereótipo de "mulher fatal."
Dessas que, quando desfilam pelas ruas — sim ela não apenas andava, ela desfilava — param o trânsito.
Linda, inteligente, bem sucedida, empreendedora, descolada... Ela era o exemplo de mulher a se seguir.
Suas redes sociais bombavam.
Se ela postasse a foto de um café da manhã, pelo menos três mil visualizações e mais de 500 comentários era o mínimo que se esperava.
Ela era uma deusa e sabia disso.
O pior, ela assumiu esse status de deusa e acreditou nele. Sabia do fascínio que causava. Sabia que a personagem — mulher perfeita — assombrava a mente de quem a conhecesse.
Se fosse homem, certamente cairia apaixonado e se fosse mulher, a inveja ou a adoração brotaria em seu coração.
Ela, acostumada com a fama, não ligava, quando muitas pessoas a acusavam invejosamente de ser a mascarada! De viver um mundo de redes sociais, onde nada é o que parece ser.
"Minha máscara é ser sexy e inteligente." — ela pensava consigo mesma.
Um dia Carmen foi escolhida a patrona do jantar beneficente da Associação dos Amigos dos Animais dos Jardins, um bairro muito glamoroso de São Paulo.
Nesse jantar, empresários, influencers e personagens da alta sociedade paulistana, marcariam presença; para usar a máscara de amigo dos animais, o que os ajudaria em suas reputações.
As nove horas em ponto, Carmen estacionou sua Lamborguini na porta do evento. Um manobrista se aproximou e abriu a porta para ela descer.
Carmen olhou para o rapaz e sentiu o cheiro do suor daquele homem. Um calafrio percorreu desde a base de seu pescoço até o cóccix. 
Os feromônios exalados pelo rapaz, causaram um curto circuito dentro dela. 
— Olá Carmen. — disse o rapaz, de uma forma quase abusada, sem pompa e sem a atenção que uma mulher daquele calibre necessitava.
— O... O... Olá... — respondeu ela tentando entender o que estava acontecendo.
— Eu posso estacionar seu carro.
— S... sim, po... pode! — murmurou Carmen, entregando a chave para o rapaz.
"Meu Deus!" — pensou ela se dirigindo até o salão. — "O que foi isso que aconteceu comigo?"
Naquele instante Carmen se sentiu desmascarada! Nua de sua máscara de mulher fatal. Uma mulher desprotegida, diante de uma situação onde ela não tinha as rédeas.
Durante a festa, Carmen olhava para seus convidados e percebia que nada era real!
Pessoas que sorriam umas para as outras pela frente, e que pelas costas faziam cara feia.
Pessoas que pegavam nos talheres como príncipes e que se comportavam como robôs, querendo demonstrar mais educação do que tinham na verdade.
Pessoas gentis umas com as outras do mesmo nível, mas que nem olhavam para a cara dos garçons.
Carmen se sentiu péssima.
Péssima por ter caído na real.
Um instante em que um homem não fez nada de mais para tentar nada de mais com ela, foi um divisor de águas em sua mente!
Meia-noite, Carmen subiu ao palco onde o DJ tocava suas músicas e pegando o microfone, deu inicio ao seu discurso, antes do leilão que viria a seguir.
— Olá amigos,  — começou cabisbaixa — aqui estamos nós... Vestindo nossas máscaras de boa gente! Boa gente, no meio de pessoas importantes.
— O que ela está dizendo? — perguntou um.
— Ela bebeu? — murmurou outro.
— Eu mesma, — continuou olhando para o salão e encarando pessoas nas mesas — nem gosto de gato ou cachorro. Na verdade, só fui escolhida para ser patrona desse jantar, porque postei uma foto no Instagram, onde um gato atrevido, aparece deitado em uma mesa ao meu lado. Mas eu nem sei que gato é aquele.
— Meu Deus... — cochichou uma mulher, colocando a mão na frente da boca, enquando se encostava no ouvido da amiga ao lado. — A Carmen enlouqueceu?
— Tem muita gente aqui, que assim como eu, nem tem animal de estimação. Mas a gente sabe que posar de protetor dos animais, ajuda a sair bem na foto.
— Que droga! A Carmen está estragando o evento todo. — praguejou um dos representantes da Associação dos Amigos dos Animais.
— Mas nós temos nossas máscaras! — continuou a mulher fatal, agora vestindo sua fantasia. — E pelas nossas máscaras, pela manutenção do personagem que nós criamos... Vamos participar desse leilão e ajudar da forma como nunca ajudamos antes. Os animaizinhos merecem.
A gargalhada ecoou pelo salão! As pessoas fingiram que entenderam e disseram que a Carmen tinha feito uma jogada de mestre.
Foi a maior arrecadação de um jantar beneficente da história de São Paulo.
Terminado o jantar, no saguão do salão,  todos cumprimentaram a anfitriã e declararam que foi um sucesso.
Carmen, agora ciente que naquele momento era um personagem, sorriu para todos e agradeceu a participação no evento.
No final, ela se despediu do presidente da Associação e saiu tentando se concentrar em não desmoronar novamente diante da presença do manobrista.
Quando chegou na rua, ela se assustou ao ver a sua Lamborguini estacionada do outro lado da avenida. Então, um menino se aproximou dela e disse:
— A senhora é a Carmen.
— Sou. — respondeu ela assustada.
— Um moço me pediu para te entregar essa chave do seu carro e esse bilhete.
Carmen pegou a chave, e encabulada, atravessou a rua e entrou em seu carro. Antes de sair, ela leu o bilhete:
"Carmen, me desculpe me passar por manobrista. Mas eu apostei com meus amigos que iria dar uma volta no seu carro hoje. Não fique brava."
" Filhodaputa!" — pensou Carmen dando um sorriso. — "É por isso que ele estava suado e cheirando a macho! Ele estava estressado pelo momento."
Ainda sorrindo, ela abriu seu celular, entrou em seu Instagram e pensando por um momento, titubeou, mas, deletou sua conta.
"Pra mim chega de viver de aparências." — pensou ainda com sorriso nos lábios.


Um comentário:

  1. Amigo André, que alegria receber sua participação que li avidamente de inicio...
    Agora, que respirei fundo, vamos por etapas.
    A mensagem primordial está muito bem passada.
    O desenrolar do tema ficou surpreendente.
    A mulher, cheia de soberba, ensimesmada, se achando " a rainha da carne seca", como se diz no Brasil... caiu em si, finalmente.
    Aleluia!
    Oxalá aconteça com todos nós o desfecho favorável da conversão.
    Metanoia é fundamental.
    Mudança de hábitos...
    Rumar pelo caminho da transparência, com virtudes e sombras é o melhor.
    Aceitar nossas imitações que TODOS temos é sinal de sabedoria.
    Ninguém é...
    Todos estamos...
    Ela foi se desconcertando da sua pose e percebendo seu modo mascarado de ser inconcebível.
    O cara ainda tirou uma onda em cima dela.
    É assim., os espertos se acham e esquecem que têm outros mais espertos ainda...
    Deu um final surpreendente, gostei muito da sua contribuição.
    Enquanto não cair em si, o ser humano é pura pose, mascarado de tudo, menos do que é realmente.
    Muito obrigado por ter nos enriquecido.
    Seja muito feliz e abençoado!
    Abraços fraternos de gratidão e estima.
    🤝💐🙏😘

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