Quem leu a última postagem, sabe que eu comecei a falar
sobre os super heróis através da história e como eles foram utilizados pelo
governo americano para influenciar e ditar algumas normas dentro da sociedade
americana, e como que de tabela, as sociedades de outros países inclusive o
Brasil, também foi influenciado por essa forma americana de pensar.
Na década de 80, eu e quase todos os meus amigos éramos
devoradores de gibis e todos os meses corríamos até a banca do seu Chico atrás
das revistas do Homem Aranha, Heróis da TV, Superaventuras Marvel, Conan,
Batman, Liga da Justiça, quadrinhos Disney, Capitão América, Aventura e Ficção,
Hulk, e por aí vai.
No Brasil a indústria de quadrinhos quase não existia no
que se diz respeito a heróis, mas de vez em quando aparecia uma revista de
algum personagem imitando o modelo americano, que infelizmente, depois de três
ou quatro edições saia de circulação. Digo infelizmente, porque algumas dessas
histórias e personagens, se fossem americanos, e publicados pela Marvel ou DC,
certamente ganhariam o grande público, mas por aqui eles não tinham vez. Quando
as editoras brasileiras investiam em histórias em quadrinhos nacionais, elas
apostavam nos anti-heróis, desenhados por humoristas vindos do antigo Pasquim,
que era um jornal da época mais viva da ditadura militar, e que tinha
identidade esquerdista, com ideias de esquerda, humor de esquerda e ideologia
de esquerda.
Angeli, Glauco, Laerte, Spacca, Paulo e Chico Caruso,
Jaguar, Luiz Gê, entre outros, tinham prestígio e por isso, as revistas Chiclete
com Banana, Piratas do Tietê, Níquel Nausea, Geraldão e Circo, que eram
revistas feitas por esses artistas, circularam por muito tempo e tinham muitos
fãs, inclusive eu, que confesso que mesmo dialogando aqui e fazendo o advogado do diabo, ainda sou fã desses caras.
A grande diferença entre os super heróis americanos e
essas revistas, é que enquanto os heróis queriam ajudar a sociedade a lutar contra
o mal, esses anti- heróis queriam anarquicamente destruir a sociedade e os
valores da família, política, religião e bons costumes, sob a ideia de fazer
humor pelo humor ou protestar em forma de quadrinhos, atacando o que se achava
antigo, imperialista e reacionário.
Confesso que eu achava muito divertidas essas revistas e
que dei muita risada com os Skrotinhos, com Bob Cuspe, com os Piratas do Tietê,
com o Geraldão e com Los três amigos. Hoje, vendo o Bob Cuspe, cuspindo na cara
dos seus desafetos, vendo o Geraldão tarado pela própria mãe, drogado, andando
pelado pela casa, vendo a Rebordosa bêbada vivendo de sexo e eternamente de
ressaca pelada dentro de uma banheira, eu não acho mais tão legal como achava
naquele tempo.
Pra gente continuar a nossa conversa interativa eu vou fazer algumas
perguntas.
A desconstrução da nossa sociedade, onde o adolescente
está alienado, as famílias estão se desmantelando e a escola não consegue mais
fazer o básico, que é alfabetizar ou ensinar uma simples tabuada, tem
influência desse tipo de arte?
Se tiver influência, na sua opinião, será que o
intelectual da época, (geralmente de esquerda), trabalhou conscientemente nessa
desconstrução?
O autor de quadrinhos brasileiro, publicou anti-heróis
como uma forma de retaliação ao herói americano?
Obrigado pelos comentários na postagem anterior. Estou imaginando que com mais uma postagem no máximo duas, nós esgotamos esse pensamento, por isso, espero seus comentários pra gente ver se fecha esse raciocínio junto. Um
abração!