— Próximo!
Ele olhou pra atendente dando um sorriso simpático e disse:
— Bom dia!
— O que você deseja? — respondeu a mulher em meio a um suspiro.
— Eu quero tirar a segunda via do meu...
— Já pagou no banco?
— Como senhora?
— Banco! Já pagou no banco?
— Não entendi...
— Tem que pagar no banco antes de fazer o requerimento. Já pagou no banco?
— M... Mas, pagar o que no banco senhora?
— Tem que pagar a segunda via do RG e trazer o comprovante — rosnou a mulher entre os dentes.
— Mas aqui não é o lugar onde se resolve tudo mais rápido.
— O que não quer dizer que você não tenha que antes fazer o pagamento! — respondeu ela olhando por cima da cabeça de Humberto e gritando. — Próximo!
— Eu não sabia que tinha que...
— Tem que pagar no banco! Próximo!
Humberto correu. O banco ficava dentro do próprio prédio. Pegou a senha, esperou mais dez minutos, pagou, correu de novo até a outra repartição, entrou na fila novamente, e depois de mais meia hora escutou:
— Próximo!
— Oi, bom dia mais uma vez! — disse com sorriso meio simpático.
— Pagou no banco?
— Paguei, aqui está o comprovante.
— Cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Como?
— Cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Não entendi. — falou Humberto franzindo a testa.
— Não touxe?
— O quê?
— A cópia do RG antigo, ou CNH e a certidão de nascimento original.
— Precisa?
— Sim!
— Mas... Porque a senhora já não falou isso antes?
Ela olhou para o Humberto com a paciência de quem olha para uma criança arteira; deu uma bufada, ajeitou os óculos, pegou uma caneta e grifou em um papel:
— Agora tem que trazer a cópia do RG antigo, ou da CNH, e a certidão de nascimento original.
— M... Mas...
— Próximo!
Coloquei a imagem das capas dos meus dois livros ao lado.
Se quiser adquirir algum deles, é só clicar na imagem, e será direcionado para a loja.
Também tem o link na aba: Onde me encontrar, para adquirir o segundo livro na versão e-book, na Amazon.
AFFFFF....Quantas vezes isso acontece!!! Má vontade e preguiça dos atendentes! HAJA!!!
ResponderExcluirLinda crônica! abração,chica
Chiquinha; quando te atendem bem e rápido é que é que a gente estranha.
ExcluirKkkkkkkkkkkk.
Um abração!
Andre,
ResponderExcluirNem vou dizer nada além de que:
Num è assim mesmo? Fico brava, mas fazer o quê?
Essa semana fui no Posto de Saúde e
indicada a ir na regulação, lugar de aferir
pressão e glicemia. O atendimento é rapidinho,
mas na Sa feira, demorou... a chamar,
e uma vez lá dentro demorou... porque a enfermeira
e a assistente consternadas debatiam sobre de quem
era a responsabilidade de a Moça ter morrido.
Que Moça? Oras a do Vulcão, enquanto isso eu ficava
presa com o aparelho de pressão apertando
meu braço e a fila lá fora... só aumentando.
Fazer o que? Ficar na minha, porque as duas
nem olharam na minha cara, só aquele acontecimento
tinha relevância...
Sai e esperei um pouco lá
fora para vconferir se elas iam chamar
logo ao proximo da fila. Mas que nada!
Deixei a fila enorme e fui embora.
Saudade do senhor là no Espelhando, viu?
Bjins de bom fim de semana.
CatiahôAlc.
Olá minha amiga!!
ExcluirVerdade, estou devendo visitas há muitos amigos.
Essas situações que você citou relmente acontecem, e é triste né?
Um abraço!
Tenha um lindo domingo.
Querido André,
ResponderExcluirLi sua crônica como quem assiste a um clássico da vida real e não consigo comentar pequeno aqui rsrsrs . Uma tragicomédia administrativa onde Humberto, coitado, só queria um simples pedaço de papel. E me vi. Não como Humberto, veja bem. Eu seria aquela da fila atrás dele, olhos arregalados, tentando prever qual seria o próximo plot twist burocrático. Talvez: “Agora falta o comprovante de que você existe desde 1987 e não foi clonado em 1994”.
A lógica da repartição pública, como você bem retratou, é uma entidade mística, com seus próprios rituais: pagar antes sem saber o que vai precisar, esperar sem saber se será atendido, e sair de lá com a sensação de que perdeu um jogo cujo tabuleiro nunca foi mostrado. A atendente, claro, cumpre seu papel de Oráculo do Balcão. Só responde o que você não perguntou e só informa o essencial depois que você já fez tudo errado. E tudo isso com aquele tom de voz que mistura tédio secular com um leve desdém por sua existência. Mas confesso: ri alto com o “tem que pagar no banco! Próximo!” a pontuação perfeita entre impaciência institucional e vocação teatral. A fila avança, meu caro, mas a alma retrocede. Agora, entre nós: Humberto errou? Sim. Mas quem nunca tropeçou no abismo entre pagar a taxa e saber por quê? A repartição pública é o escape room da vida adulta. E quem sobrevive, merece medalha. Ou pelo menos a segunda via.
Com empatia e risos kkkkkkk de desespero,
Fernanda
Olá Fernanda!
ExcluirQue legal que apareceu aqui.
Realmente, a gente tem que rir, para não chorar né?
Eu tenho uma história hilária com repartição pública.
Hilária, mas no dia fique bravo pra caramba.
Kkkkkkkkkkkkkk.
Tenha um lindo domingo.
Humberto que é um tonto, deveria procurar saber antes de qual documentos precisaria...ah, brasileiros....
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkk.
ExcluirEle teve culpa também.
Obrasileiro é assim.
Que texto misterioso e cheio de potencial! 💙 Adorei a forma como deixas espaço para que cada leitor interprete o "próximo" conforme a sua própria história, entre o enigma e a expectativa. Isso desperta a curiosidade e mantém a mente atenta.
ResponderExcluir💜 Desejo-te uma excelente semana!
Com carinho,
Daniela Silva
🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
🦋 Visita também o meu cantinho 🌸
Olá Daniela.
ExcluirQue bom que gostou.
Obrigado pela visita.
Boa noite de paz, André!
ResponderExcluirO atendimento público é precário e apressado, muitas vezes.
Temos que nos informar bem antes de ir a um tal lugar para fazer algo, caso contrário, corremos o risco de dar viagem perdida...
Sua descrição foi perfeita num atendimento ao público.
Tenha um julho abençoado!
Abraços fraternos
Olá amiga Roselia!!!
ExcluirVerdade.
Abração!