— O quê? — respondeu a vizinha do lado chegando perto, com a vassoura na mão.
— Ontem eu estava subindo a rua da feira, e vi a Maria parando o carro do lado da escola, debaixo das árvores.
— Ela devia estar indo no mercadinho do seu Roque...
— Não! — respondeu a da casa rosa arregalando os olhos. — Eu não sou fofoqueira, por isso não quero inventar coisas.
— Eu sei que não é, a gente só está conversando. Nem eu quero cuidar da vida dos outros. — cochichou a vizinha se abaixando perto do ouvido da amiga. — E aí? O que você viu?
— O Antônio, marido da Tânia... Sabe?
— Sei, lógico. Ele ajuda na missa de domingo.
— Então menina! Ele parou o carro na frente do carro dela. Saiu. Parecia meio assustado. Olhou pra todos os lados... e rapidamente, entrou no carro dela!
— Minhanossasenhora!!!!
— É... — continuou a vizinha da casa rosa fazendo cara de espanto. — E os dois saíram juntos no carro.
— E você não viu se eles demoraram pra voltar?
— Não! Porque eu não quero cuidar da vida dos outros, né?
— Lógico! Eu também acho. Cada um sabe o que faz.
— É... — concordou a da casa rosa. — Mas a Judite, aquela fofoqueira, me disse que eles demoraram mais de uma hora e meia.
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