Tem uma música da banda Garotos da Rua chamada, "Eu toco Rock". Na letra, o cantor Bebeco Garcia grita cantando — ou canta gritando:
Eu toco Rock!Eu não do bola pro resto,
pode dizer que eu não presto.
Não tenho nada com isso,
pode dizer que eu sou lixo.
Tá no fim...
... não tem futuro pra mim.
Me trata como bandido.
Me chama de caso perdido!
Prejuizo garantido...
Como é a vida né?
Uma vez na faculdade um professor leu um texto que dizia mais ou menos assim:
Essa juventude não tem vergonha!
É um bando de preguiçoso.
Não respeitam os pais!
Se vestem mal.
São chatos e mal educados.
Um texto normal para nossos dias. Afinal, a gente sempre reclama da juventude. Comparamos com nossa geração e dizemos que os jovens são um bando de frouxos.
Nutellas! — bradamos do alto de nosso julgamento, como está na moda dizer.
Mas o problema, é que o texto acima, foi extraído de um papiro egípsio anterior a Cristo.
Olha só!
Meu pai era músico. Acordionista. Tocava pra caramba! Tipo fenômeno mesmo.
Olha só!
Meu pai era músico. Acordionista. Tocava pra caramba! Tipo fenômeno mesmo.
Tocou com vários cantores, e na época que morava em fazendas, ele era o showman.
Carregava um baile de 4 horas, sózinho nas costas.
Naquele tempo os sanfoneiros — meu pai dizia acordionista e não sanfoneiro — faziam os bailes sózinhos ou acompanhados de um violão.
Ele tocava músicas "clássicas" para aquele público: valsas, boleros, músicas românticas, chorinhos e conções sertanejas raiz.
Uma vez ele me viu assistindo a um programa que passava na TV Cultura, chamado: Boca Livre.
Esse programa trazia bandas de garagem, punk e pós punk, que se enfrentavam em um festival que durava o ano todo.
Ele achou que eu estava usando drogas!
Falou que aquilo não era "música de gente!"
Ficou puto de raiva!
Ele tinha um sonho de me ver tocando acordeon... Até fiz aulas um bom tempo e até aprendi a tocar algumas músicas.
Mas não deu em nada!
Eu ouço rock e ouço blues.
Setenta por cento de meu tempo músical é escutando esses ritmos.
Na época eu fiquei revoltadinho com a negação do meu pai.
Carregava um baile de 4 horas, sózinho nas costas.
Naquele tempo os sanfoneiros — meu pai dizia acordionista e não sanfoneiro — faziam os bailes sózinhos ou acompanhados de um violão.
Ele tocava músicas "clássicas" para aquele público: valsas, boleros, músicas românticas, chorinhos e conções sertanejas raiz.
Uma vez ele me viu assistindo a um programa que passava na TV Cultura, chamado: Boca Livre.
Esse programa trazia bandas de garagem, punk e pós punk, que se enfrentavam em um festival que durava o ano todo.
Ele achou que eu estava usando drogas!
Falou que aquilo não era "música de gente!"
Ficou puto de raiva!
Ele tinha um sonho de me ver tocando acordeon... Até fiz aulas um bom tempo e até aprendi a tocar algumas músicas.
Mas não deu em nada!
Eu ouço rock e ouço blues.
Setenta por cento de meu tempo músical é escutando esses ritmos.
Na época eu fiquei revoltadinho com a negação do meu pai.
Com o tempo ele acabou aceitando um pouquinho o meu gosto musical.
O gosto dele — eu amava! E ele sabia disso...
Amava ver ele tocando. Realmente era um mestre.
Herdei dele o gosto por música clássica também.
O gosto dele — eu amava! E ele sabia disso...
Amava ver ele tocando. Realmente era um mestre.
Herdei dele o gosto por música clássica também.
Chorinho é lindo demais e emociona.
Banda e orquestra sinfônica também emocionam.
Adoro aquelas bandas de Charleston americamas, com banjo, violão, washboard e metais.
Hoje, eu tento não implicar com meu filho de 13 anos.
Adoro aquelas bandas de Charleston americamas, com banjo, violão, washboard e metais.
Hoje, eu tento não implicar com meu filho de 13 anos.
As vezes não consigo.
Acho essa geração parada demais.
Temos que falar mil vezes a mesma coisa.
Eles não tomam iniciativa... Mas e nós?
Nós éramos melhores?
Acho que no final, o que vai valer, é a desenvoltura quando as verdadeiras obrigações da vida chegarem.
Agora ele é criança e eu sou chato. Um chato cuidadoso e presente — mas sou chato.
O Bebeco Garcia morreu no começo dos anos 2000.
Acho essa geração parada demais.
Temos que falar mil vezes a mesma coisa.
Eles não tomam iniciativa... Mas e nós?
Nós éramos melhores?
Acho que no final, o que vai valer, é a desenvoltura quando as verdadeiras obrigações da vida chegarem.
Agora ele é criança e eu sou chato. Um chato cuidadoso e presente — mas sou chato.
O Bebeco Garcia morreu no começo dos anos 2000.
Nos seus últimos shows ele era considerado um dos melhores guitarristas do Brasil e o melhor no estilo slide.
Ele conseguiu superar seus monstros e os seus próprios julgamentos.
Ele ainda toca rock, mesmo depois de morto.
Toca na minha vitrola.
Meu filho vai ter a vitrola dele.
E assim a vida vai tendo seu ciclo...
Ele conseguiu superar seus monstros e os seus próprios julgamentos.
Ele ainda toca rock, mesmo depois de morto.
Toca na minha vitrola.
Meu filho vai ter a vitrola dele.
E assim a vida vai tendo seu ciclo...
Viver é bom demais — sejamos nós os chatos ou os rebeldes do momento — viver é bom demais.
O rock do Bebeco Garcia é muito bom André!
ResponderExcluirUma pena que ele já tenha partido, foi embora cedo e viveu intensamente, cantando e tocando o velho e bom rock na época certa...A letra da música é sensacional, diga-se de passagem!
Infelizmente os jovens sempre são taxados de serem difíceis, de possuírem uma certa rebeldia. Todos tem esse estigma, assim como você com seu pai, um grande músico que apreciava os grandes clássicos ao passo que você adorava punk e rock, coisa que ele abominava. Mas todos os filhos são assim na adolescência, por se encontrarem na fase da negação. Mas no fundo nós queremos ser como nossos pais que são crianças ainda ( está na música do Legião Urbana não é verdade?)
No final os adolescentes são todos iguais, só muda a época!
E eu adorei ouvir esse rock, como é bom o rock cru, original, sem facetas ou uma série de interferências artificiais da tecnologia.
Abraços querido e uma ótima semana!!
Olá Adriana!
ExcluirEu sabia que você iria gostar.
O Bebeco, tanto na fase do Garotos da Rua e depois na carreira solo, tem músicas muito legais.
Você conhecia?
Hoje correria tá grande aqui rsrsrs
ResponderExcluirHora do cafezinho😌
André,
que coisa mais linda essa travessia que você escreveu. Do acordeon do seu pai ao rock que te formou, até chegar no silêncio inquieto do seu filho de 13 anos. A música atravessa as gerações como quem costura pele e memória. A gente briga, discorda, acha estranho o gosto do outro mas no fundo é tudo amor tentando encontrar sua forma. Seu pai vivia na força dos bailes, você vive no balanço do rock, e seu filho, mesmo quieto, vai achar a própria batida. No fim, é isso que importa: cada um carregar uma vitrola no coração.
Abração amigo!
Fernanda
Olá Fernanda!
ExcluirCada um tem o seu tempo, né?
Suas músicas, suas ideias.
Um abração!
Olá, amigo André!
ResponderExcluirEu fui criada com Vicente Celestino e músicas apaixonadas. Meu pai era romântico...
Não curto rock por incrível qie pareça pois foi da minha geração.
Adolescentes são 'na deles '...
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos de paz
Meu pai gostava de Vicente Celestino.
ExcluirAdorava bolero.
Um abraço minha amiga.
Este post mostra de forma divertida as diferenças entre gerações — música, gostos e hábitos que mudam com o tempo, mas que nos fazem refletir e sorrir.
ResponderExcluirCom amor,
Daniela Silva 🦋
Alma‑leveblog.blogspot.com — espero pela tua visita no meu blog
Olá Daniela!
ExcluirObrigado pela visita!!
Jovem é outro papo, já dizia Jovem...(lembra do personagem do Chico?). À juventude é dado o direito de ser rebelde. De preferência na medida certa. Rebeldia por rebeldia não leva a lugar nenhum.
ResponderExcluirDe fato, o rock não foi bem visto pelos pais dos anos 50,60...na igreja foi visto como coisa do Diabo nos anos 80. E eu, adorador do rock, como ficava? Sendo o rebelde da igreja... Mas o rock venceu!! A juventude da época se embriagou de sexo, drogas e rock. Morreram cedo. Mas viveram o que queriam viver. Deus perdoa.
Acho que temos gostos musicais parecidos. Eu gosto quase de tudo, desde que seja música boa. Bom saber que seu pai era o cara na sanfona. SIM, SANFONA E SANFONEIRO, manda teu pai plantar batatas. (ele tá vivo, né?).
Certa vez, lá pelos idos não sei de que ano, Luiz Gonzaga estava em Natal e foi até o bairro das Rocas conhecer o famoso maestro Eduardo Medeiros, meu avô materno. Diz minha mãe que eles fizeram um barulhinho bom, mas o Rei do Baião não conseguia acompanhar na sanfona as valsas que o maestro compunha e tocava. Merda, eu não vi isso...
Meu pai já me dizia que minha geração era podre. Fazer o quê? É coisa de pai meter o pau na geração jovem. Apresentei a meus filhos os melhores da MPB, um bom punhado de boas bandas de rock. Ele gostou de quase tudo, mas teima em ficar ouvindo na maior parte do tempo, músicas que alguns canais do youtube fazem com temas de séries e filmes. E eles mandam bem!
Não conheci essa banda Garotos da Rua.
Por fim, lembro os versos do Ultraje.
Meus pais não querem
Que eu fique legal
Meus pais não querem
Que eu seja um cara normal
Não vai dar, assim não vai dar
Como é que eu vou crescer sem ter com quem me revoltar?
Não vai dar, assim não vai dar
Pra eu amadurecer sem ter com quem me rebelar
Abraços.
Oi Dudualdo!
ExcluirNão... Meu pai já foi rocar sanfona no céu, desde 1995.
Mas de lá ele deve ter te xingado por falar sanfoneiro.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Sanfona (e ele tinha uma boa explicação pra isso) é aquilo que os gaúchos chamam de gaita, que tem botões dos dois lados, e acordeon, é quando é tecla de um lado igual a piano e botões do outro.
No Brasil tudo vitou sanfona, por causa do fole, que abre e fecha como uma sanfona.
Kkkkkkkkkkkkkkkkk.
Oi, Andre, as gerações têm o direito de escolher suas músicas, afinal os é preciso música para todos os gostos. É como a arte, artistas e obras tiveram e têm suas fases.
ResponderExcluirSegui o gosto do meu pai, mas não quer dizer que seja o certo isso e aquilo. Não existe música certa. Gosto dos clássicos, música internacional, algumas Americanas, Italianas, francesas, da Espanha, algumas músicas Tradicionalista Gaúcha etc., e a nossa do Brasil, MPB é claro.
Gosto muito de música instrumental. Cantadas também, mas não para todas as horas. Depende dos momentos. Gosto de música calma.
Mas, quem gosta de rock Punk, e outras 'cositas', nada contra, há de respeitarmos os gostos alheios. Vários movimentos culturais e musicais enriquecem a nossa cultura. E os jovens, têm o gosto deles.
Show de postagem, amigo!
Uma ótima semana,
Bjos, paz e alegria!
Olá Tais!
ExcluirQue bom te ver aqui.
Sim... temos que respeitar o gosto musical de todos. (Mas tem cada um — Caneta azul que o diga — Kkkkkkkkkkk.)
Um abração!!!!
Olá, hoje venho aqui para lhe fazer um convite:
ResponderExcluirhttps://www.idade-espiritual.com.br/2025/08/mascaras-sociais-16-anos-do-blog.html
Abraços fraternos