quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Brasilidades - 3

O Wando empacotou... Empacotou no sentido de morreu não no sentido de empacotar um pacote, porque se ele fosse depender de sacolinhas de supermercado para empacotar alguma coisa ele tava ferrado. Nem as calcinhas das fãs ele poderia levar embora.
Ele era um cantor meio a parte da nossa música popular brasileira, porque ele fazia um tipo de sucesso "underground breguiado" ele tinha moral nas emissoras de tv e ao mesmo tempo era considerado do segundo escalão ou terceiro da MPB, ele era um personagem diferente mas que de vez em quando ainda vai aparecer no na programação da minha rádio chuveiro onde eu vou cantar "você é luz, é raio estrela e luar..."
Voltando a falar em sacolinhas, esse lance foi a maior sacanagem dos últimos tempos. Primeiro falaram que era lei do meio ambiente e todo mundo acreditou só que depois abriram o jogo e falaram que era pro meio ambiente mesmo mas que não era lei nenhuma e sim uma decisão dos próprios donos de mercado que estavam muuuuito preocupados com nosso planeta... Uai, e o monte de papelzinhos de oferta e jornaizinhos que eles jogam lá em casa e que só a Frida minha cachorra lê?  Não atrapalham o meio ambiente?
Hoje eu estava conversando com um amigo e ele disse que viu uma reportagem que falava que na Holanda tem mais impostos que o Brasil! Na reportagem o reporter perguntava aos holandeses se eles achavam ruim os impostos e eles falavam que não porque lá tem escola pra todos e todos estão na escola, lá tem hospitais pra todos, tem 100% de saneamento básico e suas ruas não tem buracos.
Enquanto isso aqui na nossa térrinha tem alguns pedaços de rua no meio dos buracos e só dá pra trafegar mesmo nas estradas pedagiadas. O interessante é que as concessionárias que gerenciam essas estradas pertencem em boa parte a muitos políticos... É mole ou quer mais?
Agora antes dos ministros serem trocados e empossados as denúncias sobre suas falcatruas já caem na mídia... Não que isso seja ruim porque a esquerda tem mesmo é que botar a boca no trombone, mas o que eu queria saber é onde está o serviço de inteligência desse país que não alerta a presidente de que fulano ou ciclano que ela quer colocar de ministro é na verdade um malvadão safado... Assim ela passaria menos vergonha né?
Bom, mas para acabar esse brasilidades com um astral mais altinho vai aí uma musiquinha do Wandão que deve estar se lixando pra esse país maluco lá de onde ele está!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Aparências

- Por favor garçom! O senhor já passou por mim várias vezes e não veio me atender...
O garçom olhou pra figura que reclamava, era um sujeito de pele escura, não chegava a ser negro mas era bem moreno, suas roupas estavam bem surradas e até meio sujas, seu cabelo estava grande e enrolado, parecia não ver água a um bom tempo. - Já vou te atender! - Respondeu o garçom com cara de poucos amigos.
A hora do almoço naquele restaurante era muito corrida, os empresários da cidade traziam seus clientes ali geralmente para impressionar e fechar vários negócios, por isso não economizavam nos gastos. Quanto maior o negócio a ser fechado, maior era a conta no final do almoço.
- Gente! - Reclamou de novo o cliente insatisfeito. - Ninguém pode me atender aqui nesse restaurante? Já faz meia hora que todo mundo passa por mim e desvia... Por acaso eu tô cagado?
Foi quando o garçom fez um movimento para ir atendê-lo mas no meio do caminho viu chegando dois homens muito bem vestidos com ternos de corte perfeito, sapatos de cromo alemão, cada um com uma pasta envernizada se acomodando numa mesa nos fundos do restaurante ele não teve dúvidas, olhou para a cozinha e gritou: - Jonas! Por favor, manda o novato atender aquele senhor ali na mesa 6!
Os dois homens que chegaram foram logo pedindo um prato sofisticado de frutos do mar e uma garrafa de vinho do mais caro que a famosa adega daquele restaurante servia para os clientes de bom gosto. O garçom quando viu o cliente que estava insatisfeito sendo servido pelo novato e pedindo uma comida simplesinha acompanhada por um refrigerante pensou feliz da vida  que se dera bem, e que ganharia uma boa comissão dos clientes chiques.
A hora do almoço foi passando, os clientes foram na sua rotatividade indo embora, inclusive aquele cliente que havia sido atendido pelo jovem novato. 
Os dois clientes da mesa do fundo ainda estavam pedindo lagostas e vinhos. A conta deles já estava altíssima e o garçom feliz porque dois caras tão alinhados e bonitos daquele jeito, com uma educação finíssima certamente lhe iriam dar uma bela gorjeta além de uma bela comissão.
Foi quando um dos rapazes chamou:
- Garçom por favor!
O garçom prontamente se instalou na frente da mesa deles e disse: - Pois não amigos?
Um dos rapazes então abriu a pasta retirando dela rapidamente uma pistola pra em seguida apontá-la para o rosto do garçom enquanto o outro também pegou uma arma e dando um tiro pra cima gritou:
- É um assalto! Todo mundo encostado nas paredes com as mãos pra cima! Você aí do caixa encha as nossas pastas com todo o dinheiro.
Os dois rapazes usaram o garçom como refém, roubaram o dinheiro do restaurante e mais umas garrafas de vinho. Pegaram a chave do restaurante e o trancaram por fora, fizeram tudo isso com o garçom sob a mira da pistola. Depois de trancar o restaurante deram uma coronhada na cabeça do garçom que caiu desmaiado.
Depois disso foram embora tranquilamente se misturando com a multidão e sem causar nenhuma suspeita, afinal quem iria suspeitar de dois rapazes tão bonitos, finos e bem vestidos desse jeito?

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Fogo cruzado

Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga!
Não queira ser o salvador do mundo.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
As injustiças acontecem a todo momento em todos os lugares!
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Você pode ter um bom coração, mas não traga pra sí os problemas do mundo.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Faça o melhor que puder sem pisar e nem maltratar ninguém.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Mas não entre em batalhas perdidas, não lute por ideais alheios e procure o melhor pra você.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Muita gente pede ajuda e depois te abandona no campo de batalha.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Do mesmo modo, não queira incluir pessoas nas suas mazelas.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
Porque você também tem sua pele pra salvar!
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
E cada um tem seus sentimentos e pensamentos.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
E não se esqueça que você pode procurar um companheiro para lhe justificar ou justificar suas atitudes.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
E assim talvez não encontre ninguém.
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.
E assim descobrir da pior forma que:
Na hora do fogo cruzado, ninguém comprará sua briga.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vilões



Normalmente os vilões das estórias de super heróis são criados para servir de escada pros heróis brilharem. Acontece que quando o herói é bom o vilão acaba se tornando um personagem importante também. Em algumas raras exceções os vilões acabam extrapolando o núcleo daquele herói e acaba ficando até mais famoso que o protagonista, um desses casos é o Doutor Destino que foi criado pra ser um vilão do núcleo do Quarteto Fantástico e acabou sendo um super vilão que aparece e amedronta todos os heróis da Marvel Comics.
Mas em alguns casos os heróis são tão populares que o vilão não consegue se desvencilhar daquele mundo e mesmo assim acaba ficando muito famoso, como é o caso dos vilões do núcleo do Homem Aranha que são o Duende Verde, o Doutor Octopus, o Kraven o Caçador, a Gata Negra, o Lagarto e alguns outros.
Existem uns vilões que conseguem até ter fãs espalhados por aí, como é o caso do Coringa do Batman e alguns vilões que não conseguem ter vida própria acabam sumindo quando o herói entra em decadência como é o caso do Lex Luthor que está tão apequenado quanto o Super Homem nesse momento.
Alguns vilões estão na vida das pessoas a muitos anos e fazem parte de toda uma estória de vida onde os sonhos e a realidade se misturam nos momentos de solidão. Quem aí que nasceu nos anos 80 que não se lembra do Mum-ha dos Tundercats, ou de Dick Vigarista da Corrida Maluca, ou do Vingador da Caverna do Dragão, ou até do Esqueleto do He-man? Esses personagens fazem parte da nossa infância.
Algumas pessoas cresceram querendo ser o Peter Parker e algumas pessoas cresceram querendo ser o Dr. Octavius Octopus.
- E daí? - Você deve estar se perguntando. - O que o André está querendo dizer com essa crônica?
Eu estou querendo dizer que o mundo é assim mesmo. Se você for uma pessoa mais ou menos com certeza você não vai ter muitos vilões ao seu redor porque você não vai causar inveja em ninguém. Não vai incomodar ninguém, e ninguém vai querer rivalizar com você. Mas se você for bom meu amigo. Tome cuidado! Porque os vilões vão querer te ferrar. Eles vão querer fazer parte do seu núcleo e tomar através da inveja tudo o que é seu e aí as suas lutas vão ser diárias e constantes. Mas como você é um grande herói você vai cercar sua vida com seus grandes poderes e vai vencer uma batalha atrás da outra e isso vai ser muito bom!
A cada batalha vencida você vai poder olhar pra cara do vilão e dar risada porque o bem acaba sempre vencendo no final!
Então se liga. Seja bom no que faz e se torne um grande herói, mas lembre-se é muito mais interessantes para os vilões aparecerem nas estórias do Homem Aranha do que nas da Formiga Atômica e por isso eles vão te perseguir!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cavalo de padeiro



Diogo era um cara cansado! Ele vivia o tempo todo correndo atrás do vento e vivendo de migalhas. Sua vida era mesquinha e Diogo fazia sempre as mesmas coisas com as mesmas rotinas e com pensamentos enraizados em sua cabeça que não lhe deixava olhar pra diante.
Tudo para Diogo tinha que ter uma explicação e nada poderia fugir da racionalidade. Ele seguia todos os dias os mesmos passos e não conseguia ver porque as pessoas achavam graça em pequeninas coisas da vida.
Diogo era prático! Ele tinha tudo traçado em sua mente. Onde, quando e como ele iria viver e conseguir as suas metas.
Um dia Diogo chegou em casa e viu que tinha um cavalo parado do lado do seu portão.
Diogo olhou para o cavalo e achou que ele estava com sede. Então ele entrou, encheu um balde com água e trouxe até a calçada. O cavalo olhou pra ele como se estivesse agradecendo, abaixou-se e bebeu muita água.
- Puxa, como é que alguém tem um cavalo bonito desse e deixa ele aqui no meio da rua sem água - falou Diogo pensando em voz alta - o coitado está morrendo de sede!
Foi quando o Aristides padeiro virou a esquina correndo e chegou até eles aflito. Chegando perto do cavalo ele sorriu e acariciando a sua cabeça disse: - Olá amigo... Puxa você não quer parar um só dia hein!
Diogo vendo aquela cena indagou Aristides:
- Porque você deixou seu cavalo solto e sem água?
- Eu era padeiro e entregava pães com esse cavalo puxando a carroça  mais de 10 anos. Todos os dias a gente fazia a mesma coisa. A gente entregava pão de manhã e de tarde sempre fazendo mesmo caminho todos os dias. Mas esse negócio de padeiro entregar pão de carroça não dá mais certo hoje em dia e eu não estava ganhando mais nada com isso, eu já estava com a vida feita, com algumas casinhas de aluguel e com uma chacarazinha onde nós moramos então resolvi parar de trabalhar.
- E abandonou o cavalo? - Interpelou Diogo nervoso.
- Não meu jovem - sorriu Aristides - esse cavalo é como se fosse da minha família. Acontece que ele foge de vez em quando e vem fazer o nosso antigo caminho de tantos anos... Coitado ele nunca olhou pras coisas boas da vida, sempre viveu tapado só trabalhando todos os dias e nunca teve a alegria de viver solto por isso  agora ele não consegue ser feliz.
Aristides então agradeceu a Diogo e foi embora puxando seu amigo por uma corda.
A medida que os dois andavam e sumiam no horizonte Diogo foi refletindo e pensando sobre sua situação: - Será que se eu continuar assim eu vou encontrar alguém  pra me dar água ou me guiar com uma corda no pescoço no final da vida?



A Cissa do blog Humor em conto me falou que no Rio Grande do Sul quando uma pessoa é tapada as pessoas dizem que ele é igual a cavalo de padeiro. Eu fiquei com esse ditado na cabeça até que nesse domingo um cavalo estava na minha calçada e eu dei água pra ele e levei-o até um terreno baldio aqui perto. Pronto! Assim nasceu esse conto.