— Vamos comer pizza na padaria do Dorneles?
— Ixi, Carla... O Dorneles é chato pra caramba.
— É mesmo, Carlinha, — concordou Marcos colocando a mochila cheia de cadernos nas costas — ninguém merece aquela cara dele.
— Eu sei gente, — insistiu a menina fazendo charme — mas a pizza e os salgados de lá são top.
— Os salgados são bons mesmo, mas o Dorneles é dose pra elefante.
— Ah gente... Vamos lá!
— Bom, — ponderou Toninho ajeitando os óculos — se você quer tanto, a gente vai, né...
— Eu sabia que poderia contar com vocês! Eu tô morrendo de vontade de comer pizza de frango com catupiri.
Os amigos entraram na padaria e escolheram uma mesa perto da porta. Toninho colocou sua mochila em uma das cadeiras e foi encarar seu Dorneles, que estava de pé atrás do balcão.
— Oi seu Dorneles! — disse mostrando um sorriso falso. — Bom dia!
— Dia...
O rapaz, sem ligar para a resposta mal educada, olhou para a estufa em cima do balcão. Examinou os salgados e perguntou:
— O senhor tem pizza de frango com catupiri?
— Não, só fazemos de quatro queijos e calabresa.
— Mas o senhor fazia...
— Fazia. Disse bem.
— Mas se a gente pedir o senhor faz pra nós três? — perguntou apontando para a mesa onde estavam seus dois amigos.
— Quatro queijos e calabresa.
— Uai? — estranhou Toninho. — Por que isso?
— Porque aqui não é uma pizzaria, aqui é uma padaria que faz pizzas para colocar na estufa. E pizza de frango na estufa, resseca e ninguém compra.
— Ah... Tá... Mas, o senhor faz os salgados e pizzas o dia todo né?
— Fazemos.
— Tem coxinha de frango com catupiri?
— Coxinha, tem.
— Deixa eu perguntar, — falou o rapaz, já sacando que o dono da padaria, além de chato, não parecia estar num de seus melhores dias. — O senhor faz quatro coxinhas de frango com catupiri e assa uma pizza de calabresa pra gente.
— Tem aí na estufa.
— Não, — retrucou Toninho tentando ser gentil — eu queria dessas que o senhor faz na hora. Pode ser?
— Se vocês quiserem a gente faz.
— Então... Mas eu queria a coxinha sem a massa, e a pizza sem a calabresa.
— Não estou entendendo.
— O senhor tem as massas e os recheios todos prontos, não tem?
— Temos sim.
— Então. O senhor pega a massa da pizza, coloca o recheio da coxinha em cima dela, espalha bem e assa. Pode ser?
— Mas eu vou cobrar quatro coxinhas e uma pizza de calabresa.
— Tudo bem, — respondeu Toninho fazendo mais uma carinha simpática.
— E o que faço com a massa da coxinha e a calabresa?
— O que o senhor quiser, — respondeu o rapaz, pensando em um lugar bem específico para ele colocar a massa e a calabresa, mas só sorriu.
— Então está bem. — respondeu Dorneles esboçando um sorriso e pensando em como aquele menino era bobo. — Vou fazer as coxinhas e a pizza pra vocês.
— Obrigado, — agradeceu Toninho — espalha bem o recheio da coxinha na massa da pizza e capricha no catupiri.
Afffff....eu teruia dado um bom lugar pra ele colocar tudo,rs... Que chatice! Nem voltaria num lugar assim!
ResponderExcluirMas a leitura foi divertida! abraços praianos, chica
Situações parecidas acontecem por aí
ResponderExcluirUm ótimo lugar para exercitar a paciência hem André?
ResponderExcluirGeralmente os comerciantes precisam ser simpáticos para conquistar a clientela, mas o Dorneles passou do ponto e não se esforça nem um bocadinho...
Mas do jeito que estou faminta hoje me deu água na boca os recheios das coxinhas espalhadas em cima da massa de pizza...kkkkkkk
Maravilhosa semana!! :))))
André, adorei esse texto!
ResponderExcluirE eu aqui com uma fome rsrsrs.
Consegui ver a cena inteirinha: os amigos conversando na saída da escola, o jeito decidido da Carlinha, o Toninho tentando negociar com o dono da padaria e o seu Donnelly com aquela rabugice típica de quem já acorda implicando com o mundo, rsrs.
A conversa é tão natural que parece a gente ali, ouvindo tudo de uma mesa ao lado. Adorei a ironia leve, o humor de situação e a esperteza do Toninho que, no fim, acaba sendo o mais gentil e criativo de todos.
E essa invenção da “pizza de coxinha com catupiry”? Genial! Tem um sabor de cotidiano, de amizade simples, e uma pitada de nonsense deliciosa.
Seu texto tem esse dom de transformar o comum em divertido e o ranzinza do Donnelly acaba virando personagem memorável.
Um abraço cheio de risadas e fome de pizza agora😂
Abraço
Fernanda