Você tem que nascer, tem que crescer, estudar, brincar, adolescer, aprender a amar, aprender a trabalhar, continuar a estudar.
Você não pode magoar ninguém, não se magoar com ninguém, ser inteligente, interessante, descolado, casual — uma pessoa legal.
Você tem que orar, rezar, batizar, crismar (ou não), ir à missa, ir ao culto, acreditar em Deus, acreditar na vida, nas pessoas e no coração das pessoas.
Você tem que acreditar nos políticos, nos patrões e nos padrões.
Padrões da vida, da moda, do pensamento, do momento, das gerações.
Tem que entender o culto ao corpo, o culto ao "ter" e mesmo entendendo, você tem que tentar ser... antes de ter!
Você tem que plantar uma arvore, fazer uma casa, escrever um livro, adotar um animalzinho, um cãozinho ou um gatinho, tem que ser gentil, sorrir, falar bom dia, boa tarde, boa noite, durma com Deus!
Falar "saúde", quando alguém espirrar perto de você, e falar obrigado se alguém falar "saúde" quando você espirrar.
Você tem que ser competitivo, tem que dar lucro, tem que se adequar aos padrões da empresa, tem que faturar em prol do grupo.
Você tem que vestir as camisas: do seu serviço, da sua família, do casal, do bairro, da cidade, do país...
Você tem que ir a palestras motivacionais, pois apesar de todas serem iguais sempre alguma coisa é diferente e você tem que se diferenciar.
Você tem que se emocionar com pequenos gestos, tem que fazer grandes gestos, tem que entender pequenos problemas e resolver os grandes sem se descontrolar!
Você tem que se manter “zen” ...
Se alimentar direitinho, de 3 em e horas no máximo, não comer muito carboidrato à noite e beber pelo menos 2 litros d'agua por dia!
Você não pode se embriagar, não pode brigar, não pode discutir, não pode partir para a agressão, nem verbal e nem física. Você tem que ser gentil mesmo onde não cabe a gentileza, você tem que ser sábio mesmo nas horas de burrice em meio aos burros.
Você tem que viver feliz, ser feliz, fazer os outros felizes, seus pais, irmãos, amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos...
Você tem que envelhecer feliz e viver bem. Amar seus pais e fazê-los orgulhosos de você existir, amar seus filhos e fazê-los orgulhosos de serem seus filhos, amar seu cônjuge e fazê-lo orgulhoso de ser seu cônjuge.
Essa é uma fórmula muito simplificada do que você tem que ser, conquistar e viver, mas no final de tudo, quando você for viajar daqui pra sempre, no final da sua vida, existem ainda mais duas coisinhas que são muitíssimo importantes e que você não vai poder se esquecer de fazer:
Não
esperar reconhecimento de ninguém e morrer...

Bravo, meu amigo André!
ResponderExcluirTeu manual está perfeito! Irretocável! Parabéns!
No meu caso e pensando bem, acho que não vou conseguir viajar feliz, pois são tantas tarefas a realizar e estou tão atrasada para realizá-las que acho que nunca vou morrer. Assim sendo, f... a viagem!
Bjs, Marli
Kkkkkkkkkkkkkkkkk.
ExcluirBoa Marli.
Tenha uma linda semana.
rsssssss...Só tu mesmo e quantos passos para chegar à ultima viaghem,rs...Adorei! Algumas vamos deixar pra próxima vida,rs...Aff... abraços praianos, chica
ResponderExcluirÉ a vida Chiquinha!!!
ExcluirAbraços trabalharianos.
Querido amigão,
ResponderExcluirli teu texto e senti vontade de respirar fundo antes de responder. Porque, de certo modo, você descreveu exatamente o que a gente vive essa coreografia cansada que o mundo ensina e a gente repete, acreditando que é dança.
Você tem razão: a vida virou um conjunto de “tem que”.
Tem que acordar motivado, ser produtivo, cuidar do corpo, cuidar da alma, cuidar dos outros, cuidar do cachorro, do cabelo, das contas, das palavras, da postura, do currículo, do sorriso. E ainda sorrir como se tudo isso fosse leve.
Mas sabe, André, tem dias em que eu só quero existir sem meta. Sem render, sem provar, sem dar lucro, sem legenda. Só sentar num banco, ver o vento nas folhas e deixar o tempo passar sem culpa.
Talvez o apocalipse que você descreve não esteja lá fora esteja dentro da gente, cada vez que a gente se obriga a ser o que não sente. A cada “tem que” que engole um “quero”. Gostei especialmente do teu final. “ Não esperar reconhecimento de ninguém e morrer.” Pois é. Talvez viver seja exatamente isso: aprender a morrer um pouquinho de vaidade todos os dias. E continuar, mesmo assim, a amar.
Porque, no fundo, o que nos salva, meu amigão, não é cumprir o manual é rasgar ele todo e começar de novo, do nosso jeito. Do jeito que a alma entende.
Com carinho,
Fernanda😉
Olá Fernanda.
ExcluirÉ minha amiga; o mundo dita suas regras, mas as pessoas criam seus próprios mundos, com as suas próprias regras.
Ultimamente nós vivemos a era da ofensa. Tudo é ofensa, mesmo quando não é, e ofender porque se sentiu ofendido, com um sentimento de justiça, virou licença poética.
A coisa está feia.
Tenha uma linda semana.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAndré, que reflexão precisa!
ExcluirVivemos mesmo tempos em que a sensibilidade se confunde com a agressividade tudo fere, tudo é pessoal, e o diálogo se perde entre ruídos de vaidade e ressentimento. Gostei muito da sua observação sobre
“criar mundos com as próprias regras”; é exatamente isso que temos feito, cada um trancado em sua bolha de certezas.
Seu texto é breve, mas diz muito. Penso que é um convite à lucidez num tempo em que o silêncio vale mais do que muitas palavras.
Acredito que palavra, mesmo quando dura, pode ser “justa”; mas a que fere sem propósito deixa cicatriz. A poesia e até a crítica nascem do desejo de compreender. Já a ofensa nasce do impulso de ferir.
Por isso, quando não há licença poética, o que resta é discernimento. Saber quando estamos escrevendo com alma… e quando estamos apenas descarregando o que a alma não soube curar no outro.
Um abraço
Olá, amigo André!
ResponderExcluirFiquei pensando aqui, o que a gente pode, sem ser da lista? rs...
Ser e fazer feliz, certamente.
Gostei do final verdadeiro...
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos
Olá amiga Rosélia.
ExcluirSer feliz é a meta, né?
Um abração!!
Texto pra lá de porreta, andrezim!!!!!!!!
ResponderExcluirtodo mundo vive pra cagar regras pra todo mundo. Escola, igreja, clube, pais, avós, o juiz, o deputado, o prefeito...cadê esse negócio de liberdade? Tem não, fio...tem que se enquadrar no que a sociedade espera. Como eu já me enquadrei....ao longo dos anos, ficando mais velho, tomei coragem de desenquadrar de algumas coisas possíveis, daquelas que não me levariam à cadeia ou ao manicômio.
E no final, é como você disse. Se reconhecerem que algo de bom fiz, tudo bem. Mas ninguém fique obrigado a nada.
Olá Dudualdo.
ExcluirEntão, meu amigo.
Ninguém é obrigado a reconhecer, e por isso mesmo... Não reconhecem.
Seus bisnetos, nem saberão seu nome, mesmo morando na casa que você deixou de herença.
Um abração!!!
Puxa André, ler o seu texto tão completo e complexo em um dia em que estou tão sensível fez um nó na minha cabeça. Sabe, eu também tenho muita dificuldade para me adaptar aos padrões, parece que muitas vezes eu não sou deste mundo.
ResponderExcluirÉ só em um belo dia você dizer "não" a algum familiar ou colega de trabalho que não poderá fazer o que ele está requisitando, que o mundo vai cair literalmente na nossa cabeça. E digo e repito, não vale a pena. Por isso que às vezes dá vontade de se isolar em uma cabana no meio do mato, sem internet e sem ninguém, apenas para ter um pouco de paz...Mas aí as obrigações com a família fazem "toc" "toc" na nossa porta. Não tem como fugir, os boletos e as responsabilidades estão aí como fantasmas a nos importunar. Mas às vezes é cansativo demais viver.
Não é a toa que uso a minha bike como uma forma de escapar de tudo isso. No meio do trânsito caótico na ciclovia, ou subindo os 70 metros da Terceira Ponte aqui em Vitória, são os lugares e momentos que mais tenho paz. Minha mente se liberta! O Cansaço vai-se embora. Mas é só voltar para casa ou o trabalho que a amolação recomeça..rsrs Não tem jeito...Mas adoraria ser livre, SEMPRE!!! :))))
Fantástico André, você sabe o que é VIDA!!
E o melhor de tudo é como você sabiamente frisou no final: "não esperar reconhecimento de ninguém".
Beijos e uma semana muito linda amigo, nós merecemos!! :))))
É isso mesmo Dri.
ExcluirEu tenho me perguntado se vale a pena muitas coisas.
A gente infelizmente é escravo das situações.
Mas temos que ir driblando esses problemas, né?
Um abração minha amiga.