terça-feira, 14 de outubro de 2025

A história dos nomes apagados.


Meu tataravô, cujo nome eu não sei, veio da Itália.
Ele se estabeleceu em uma fazenda em Jaborandi.
Ali nasceu meu bisavô, que também não sei o nome.
Ele se mudou para Barretos e aqui nasceu meu avô Caetano.
Meu pai que se chamava Crisógno, nasceu em Barretos e viveu muito tempo em São Paulo, onde eu nasci.
Eu me chamo André.
Meu pai voltou para Barretos. Eu vim com ele.
Meu pai fez uma casa e comprou um terreno ao lado.
Eu construí a minha casa nesse terreno.
Meu filho se chama Samuel.
Ele um dia vai herdar a casa do meu pai e a minha.
Não sei se o Samuel se lembra do nome do meu pai.
Meu neto, que talvez saiba meu nome, um dia vai herdar tudo isso do Samuel e talvez, mais alguma coisa que ele construa, se tudo correr bem.
Meu bisneto, talvez saiba o nome do Samuel, mas seus filhos, certamente não saberão.
Por isso eu digo... Será que nós somos tão importantes e inesquecíveis assim como achamos que somos?



14 comentários:

  1. Um texto profundo e tocante. ✨ A forma como descreves a ausência e a memória é de uma beleza silenciosa que fica a ecoar no coração. Há nomes que se apagam, mas permanecem gravados na alma.
    Com carinho, Daniela Silva 💜
    alma-leveblog.blogspot.com
    Convido-te a visitar o meu cantinho também 🌷

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    1. Daniela, obrigado pela visita!
      Um abração.

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  2. Perfeita reflexão a tua,André!
    Não somos tão importantes a ponto de ser lembrados pro tantas gerações...Mas vamos tentando deixar nossa marquinha para as que estão perto de nós!
    Vale muito!

    abração praiano,chica

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    1. Isso mesmo Chica!
      Temos que nos importar com os que estão aqui com a gente.

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  3. André,

    que texto forte!
    Você parte da árvore genealógica e chega ao cerne da existência: essa constatação delicada de que o tempo vai apagando os nomes, mas talvez não as essências. É bonito pensar que, mesmo sem lembrarmos os nomes, algo de cada um fica um gesto, um valor, um modo de olhar a vida. Talvez, não sejamos “importantes” no sentido da memória eterna, mas somos necessários no elo que mantém a vida e movimento. Seu texto é um lembrete suave de humildade e continuidade.
    Somos breves, sim, mas parte de uma história muito maior. 👏🏻👏🏻👏🏻

    Abraço
    Fernanda

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    1. Sim minha amiga!
      Somos importantes hoje, para nossos contemporâneos.
      Antes e depois, já não fazemos mais falta.

      Um abração!

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  4. Aqui, minhas avós também vieram de descendentes italianos, de navio e tudo. Não era nada chique naquela época. Na verdade, eram condições precárias. Quando minhas avós se foram, houve uma mudança drástica no ritmo de visitas entre os familiares. Muitos tios e primos, mas a frequência caiu bastante. Com a partida de vários desses tios, os primos simplesmente resolveram viver suas vidas com seus pares e seus filhos os quais eu nem conheço. alguns eu vi quando pequenos. Hoje, se algum passar perto de mim, nem sei quem é. Eu não tenho filhos, meus irmãos também não. Nossa família acaba em nós. Percebo que meus irmãos até gostariam, mas não podem. A genética não favorece. Eu lido de boa. Desde quem me descobri gay, soube que filhos não seriam para mim. Não quero criar filhos neste mundo. Mesmo que eu quisesse, não tenho condições. O que haverá de Samuel para seus netos e bisnetos será algo material que ele deixou.

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    1. Olá Fabiano.
      Tudo é uma escolha né, amigo.
      A vida é assim também.

      Um grande abraço.

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  5. Aí Ai, muito bom o texto realmente é por aí...o tempo passa e vamos ficando esquecidos

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    1. O bom seria não ser esquecido em vida, né?
      Kkkkkkkkkkkkkkk.
      Obrigado pela visita!!!

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  6. Não, não somos, mas eu tenho curiosidade de fazer aquelas árvores genealógicas pra ver até onde vai minhas origens. Certamente tenho origens na Europa e em África. Tem empresas que fazem isso se não me engano. O mais longe que vou é ter conhecido o meu bisavó materno, mas apenas por ele constar em uma publicação de um livro comemorativo ao meu avô que também não conheci.

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    1. Eu também tenho.
      Minha irmã tem um estudo da família e acabou encontrando umas coisas estranhas.
      Tipo filhos perdidos de meu avô e alguns tios distantes.
      Kkkkkkkkkkkkkkkk.

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  7. Olá, amigo André!
    Tenho um filho que fez nossa árvore genealógica.
    Agora estamos numa era que só se sabe os da nossa casa... ninguém quase tem estima por sua ancestralidade.
    Um ótimo tema a se refletir.
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos

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    1. Olá Rosélia!
      Que bom que veio.
      É legal sim, a arvore genealogica.
      Também queria saber da minha.

      Um abração!

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