sábado, 21 de junho de 2025

Cada um sabe o que faz!


— Menina, — falou a vizinha da casa rosa. — Você não sabe o que eu vi ontem?
— O quê? — respondeu a vizinha do lado chegando perto, com a vassoura na mão.
— Ontem eu estava subindo a rua da feira, e vi a Maria parando o carro do lado da escola, debaixo das árvores.  
— Ela devia estar indo no mercadinho do seu Roque...
— Não! — respondeu a da casa rosa arregalando os olhos. — Eu não sou fofoqueira, por isso não quero inventar coisas.
— Eu sei que não é, a gente só está conversando. Nem eu quero cuidar da vida dos outros. — cochichou a vizinha se abaixando perto do ouvido da amiga. — E aí? O que você viu?
— O Antônio, marido da Tânia... Sabe?
— Sei, lógico. Ele ajuda na missa de domingo.
— Então menina! Ele parou o carro na frente do carro dela. Saiu. Parecia meio assustado. Olhou pra todos os lados... e rapidamente, entrou no carro dela!
— Minhanossasenhora!!!!
— É... — continuou a vizinha da casa rosa fazendo cara de espanto. — E os dois saíram juntos no carro.
— E você não viu se eles demoraram pra voltar?
— Não! Porque eu não quero cuidar da vida dos outros, né?
— Lógico! Eu também acho. Cada um sabe o que faz.
— É... — concordou a da casa rosa. — Mas a Judite, aquela fofoqueira,  me disse que eles demoraram mais de uma hora e meia. 



terça-feira, 17 de junho de 2025

Linha de chegada

 

Ele correu!
Correu.
Correu tanto — e nem olhou à sua volta.
Correu tanto que chegou rápido à sepultura.
Agora morreu. Descansou.
Não corre mais...



sexta-feira, 13 de junho de 2025

Vidas sem letra

 


Vidas sem letra:
Escrever pouco, para quem pouco lê.
Cliques e visualizações; vazias...
Comentários falsos.
Dias sem espaço, parágrafo — travessão.