Finalmente ele começava um dia feliz!
Era dia de assumir seu novo cargo na empresa. Depois de 8 anos dando duro, estudando e participando de treinamentos, ele foi reconhecido pela gerência e hoje começaria essa nova etapa.
Além do reconhecimento profissional, coisa que o agradava demais, ele ainda teria um gordo reconhecimento financeiro.
Em seus sonhos, esse reconhecimento financeiro daria condições de melhorar — e muito — a sua vida. Ele até tinha uma tabela mental das prioridades e de onde mais deveria usar esse dinheiro.
"Que bom — pensava, imaginando seu salário no bolso — agora tudo vai ser mais fácil."
Tudo bem que seu novo cargo trazia novas responsabilidades e que um setor inteiro da fábrica agora estava sob sua supervisão. Mas isso seria fácil. Ele já estava escolado e se sentia preparado para essa nova empreitada.
Para comemorar, ele resolveu que esse seria o dia perfeito! Encomendou um anel de noivado e reservou uma mesa no restaurante preferido de sua namorada. Era dia de mudar de vez!
Sairia do time dos solteiros logo, logo; e o primeiro passo era ficar noivo.
Com quatro anos de namoro, ele recebia indiretas e cobranças sutis de "seu amorzinho" e também de sua sogra, que não via a hora de ver sua filha vestida de noiva.
Ele saiu de casa e foi direto para a fábrica.
O diretor o acompanhou até sua nova sala e os dois tiveram um bate-papo sobre seu novo cargo e sobre como gerir a turma, que a partir daquele momento estaria sob seus comandos.
Depois, desceram para a fábrica, onde ele foi formalmente apresentado ao pessoal, que na verdade já o conhecia. Mas essa apresentação era importante, para que os colaboradores percebessem que ele agora teria um posto mais alto e poder de liderança.
A manhã transcorreu tranquila, e no horário do almoço ele foi até ao ourives buscar o anel de noivado que havia encomendado.
"Lindo — ele pensou, sorrindo com o anel na mão — ela vai ficar muito feliz."
Contente, ele trabalhou até o final do expediente. O sorriso era persistente em seu rosto e todos perceberam como ele estava feliz.
Ele havia marcado de buscar sua noiva às 21 horas, mas antes ele tinha que passar no restaurante e deixar o anel de noivado para o garçom, que era seu amigo de longa data, e combinar que, no momento em que pedissem a sobremesa, o anel seria servido dentro de um cloche e, nesse momento, as caixas de som do restaurante tocariam a música que ela tanto amava — e que dizia ser a música deles.
Ele estacionou seu carro em frente ao restaurante. Seu amigo garçom o esperava sorridente.
Ao sair, ele escutou um barulho de sirene e portas de carro se fechando com força.
No morro em frente, os traficantes atiraram em direção à polícia, que atirou de volta.
Uma bala perdida o atingiu no peito. Bem no coração.
Ele não teve tempo de correr, de entregar o anel ao seu amigo garçom, de dizer o quanto amava sua namorada, de exercer seu novo cargo.
Caiu na calçada, já sem vida.
Numa fração de segundos, seus sonhos acabaram.
Andre boa tarde. Cara um final inesperado. Deixar a vida passar e achar que só seremos felizes quando alcançamos algo é muito triste. Nos vivemos muito na ânsia de ter e no tédio do possuir e achamos que temos tempo infinito. Seu texto nos lembrar a importância de vivemos o agora. Sucesso.
ResponderExcluirEu fiz na intenção de chocar as pessoas e mostrar como tudo é passageiro e também como a violência está atacando cada vez mais.
ExcluirObrigado pela visita, Carneirinho.
Um abraço!
Meu Deus! Que tristeza e pior que apesar de ser um co9nto, pode muito bem acontecer na realidade! Os tempos de insegurança aí estão! Estava torcendo pelo final feliz sonhado por ele,mas...
ResponderExcluirabração, tudo de bom,chiuca
É isso Chica! Um conto realista, que pode acontecer a qualquer um ainda mais em um país que está sendo tomado de assalto.
ExcluirUm abraço minha amiga.
Em modo despedida, vim para agradecer o carinho comigo sempre!
ExcluirO ciclo chica blogueira encerrou!
Tuuuuuuuuuuudo tem seu tempo ! Obrigadão por tudo! Nesses 17 anos que bloguei, li,aprendi, interagi com o maior prazer! beijos, chica
Olá, André!
ResponderExcluirEm meio à violência, temos visto situações similares. Uma tristeza imensa.
Um conto bem contado que espero não ser mais do que uma criatividade de uma possível realidade.
Infelizmente, muitos fazem malabarismos para se declarar e os casamentos não duram nada, é outra vertente até mais 'feliz' do que a do seu conto muito realista.
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos de paz
Olá Rosélia!
ExcluirÉ um conto fictício mesmo. Mas com toques de realidade que escutamos vez ou outra nos noticiários.
Um abraço, minha amiga!
Eu gosto de tragédias. Gosto mais das comédias, mas o drama, a tragédia, tem um componente humano não tão inusitado: o acaso, ou a má surpresa. Tragédias como gênero literário, são sempre mais realistas, pé no chão, sem aquela fantasia do "viveram felizes para sempre". Ninguém jamais, nunquinha, viveu "feliz para sempre". Os contos de fadas são um engodo para criança dormir melhor. E nem isso eram em suas formas originais...
ResponderExcluirVerdade, Dudualdo.
ExcluirNinguém realmente vive feliz para sempre. A vida é uma montanha russa e a gente tem que fazer o melhor possível para viver bem.
Viver feliz o maior tempo possível e entender que as tragédias existem.
Um abraço meu amogo.
Final inesperado e muito eficiente! Isso não está longe da realidade de ninguém, quantas vezes colocamos a nossa felicidade nos "se" e "quando" e não procuramos vive-la com a dádiva do presente!
ResponderExcluirObrigado, Claudineizim!!
ExcluirUm abraço!
Andre,
ResponderExcluirGostei muito do seu conto.
Retribuo a sua gentil visitinha.
Um grande abraço
Verena
Obrigado, Verena!
ExcluirRapaz...
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkk.
ExcluirÉ Azarildo, as vezes acontece...
Andre,
ResponderExcluirHoje vim ler e voltarei
para comentar o texto de fato.
Aproveito para
deixar meus
Bjins e Abraço
de bom fim de semana pra
vc e sua família.
CatiahôAlc.