Torto Arado é o maior sucesso literário nacional dos últimos tempos. Ganhou o prêmio Jabuti e vendeu mais de 800 mil exemplares.
A história é simples e não se complica na hora de passar sua mensagem.
Talvez o diferencial que o fez ser considerado um bom livro, seja a estrutura sem diálogos e os parágrafos enormes, narrados por 3 pessoas diferentes. Bibiana e Belonisia; meninas que cresceram durante a história e que contam em primeira pessoas as suas memórias; e santa Rita Pescadora, uma entidade que vive pelas redondezas da cidade, vendo, ouvindo e participando dos acontecimentos, desde tempos antigos onde era influente nos terreiros, até os dias de hoje, onde está um pouco esquecida.
O livro tem um tom místico e aborda muito uma vertente do candomblé chamada Jarê, que tem muita importância para a vida dos personagens e os acontecimentos ao longo da história.
A narrativa é totalmente focada nas mulheres. Todos os personagens principais são mulheres. Todos os acontecimentos são revelados sob o olhar das mulheres. As mulheres da trama são destemidas, fortes, determinadas, inteligentes, resilientes e sabem lidar com os problemas, resolvendo-os muitas vezes de forma violenta, mas com um pano de fundo que as faz ter razão em seus atos.
Os homens do livro servem para fazer a parte má, ou são coadjuvantes sem tanta importância, a não ser o pai das narradoras, que é o líder religioso do Jarê, mas que quando incorpora sua entidade, ela também é mulher e veste roupas de mulher.
A gente entende porque esse livro chegou tão longe, se formos analisar o viés feminista que está tão em moda no momento. Isso o torna nos dias atuais, uma obra "politicamente correta." Pena que alguns autores e a própria editora Todavia, foram desmascarados, mostrando que tudo não passava de fachada. Muitos deles escreviam textos e narrativas feministas e progressistas, mas intra-muros, não passavam de picaretas, machistas e enganadores. O que prova, que mal-caratismo existe tanto na direita, quanto na esquerda.
Agora, falando tecnicamente, eu achei um absurdo esse livro ter ganhado o prêmio Jabuti. Absurdo de proporções estratosféricas.
Os personagens são pessimamente desenvolvidos. As meninas que narram a história são quilombolas, vivem em condições precárias, vivem com pessoas sem instrução e sem estudo, mas elas narram de forma culta, usando palavras de um vocabulário que elas não tem. Falam de coisas que elas não conhecem e até de acontecimentos que elas não participaram. Isso é um furo enorme. Você olha para a situação narrada e a forma como elas narraram e não vê um personagem verdadeiro. Na verdade, o que a gente vê é a narração do autor, palavras do autor e não palavras da personagem. Eu particularmente achei que o autor desrespeitou a origem das personagens, o que, em uma análise mais delicada, pode deixar a impressão de que o próprio autor não dá o devido valor às pessoas daquela realidade, pobre e inculta.
O livro é dividido em três partes, cada narradora, conta uma das partes da história sob a sua ótica, mas todas elas usam a mesma linguagem, e se elas não avisassem a nós leitores, que elas é que iriam contar a história à partir daquele ponto, a gente nem saberia que mudou. Todas são idênticas, inclusive a entidade santa Rita Pescadora.
Como história, como contexto e como denúncia, o livro é correto. A narrativa das condições precárias, que os empregados, negros, quilombolas, mulheres e meeiros passavam nos anos 1970, até meados dos anos 80, é importante. Como obra literária e desenvolvimento de personagens, o livro é ruim.
Na média, a nota para Torto Arado é 6, mas como viés feminista e ideológico ele entrega o que se propõe com louvor.
Um livro para ficar para história, e servir de exemplo de uma época onde o viés político valeu mais do que a técnia lierária, em um prêmio tão decantado, como é o prêmio Jabuti.
Olá, André!
ResponderExcluirVamos ler o livro no Clube da Leitura em breve.
Foi bom ver algo aqui sobre ele.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos
Rosélia, minha amiga!
ExcluirVocê vai gostar.
O livro é bom; mas tem esses probleminhas.
Um abração e tenha uma linda semana.
Oi André , também fiquei surpresa em saber que essa obra ganhou o prémio Jabuti.
ResponderExcluirCreio que o sucesso seja em parte por contemplar tantos personagens femininos fortes e vitoriosos e por mencionar entidades que são incorporadas, além da ampla divulgação da população quilombola. Adorei a sua narrativa sobre o livro pois já me cortou um caminho para poder lê-lo. Agradecida!!
Aproveito para desejar uma ótima semana!! :))))
Olá Adriana! Que bom que apareceu aqui.
ExcluirLeia sim. Vai gostar.
No fim, é um livro bom.
Um abraço minha amiga!
Olá, não conheço o livro nem o autor... Vou procurar.... obrigada pela dica....
ResponderExcluirBeijos e abraços
Marta
Olá!
ExcluirObrigado pela visita!
Oi, André! Não desmerecendo este livro mas não entendo como ele ganhou o prêmio Jabuti, no entanto o livro é sim bom. Gostei da resenha. Abraço!
ResponderExcluirEntão Luciano.
ExcluirÉ maluco isso.
Não tem explicação de como um livro desses foi tão premiado.
Um abraço!
Só comprei no meu kindle porque foi muito falado, ganhou Jabuti e coisa e tal, muita gente militante tecendo elogios rasgados ao livro, digno, talvez, de um Nobel de literatura...Tá claro que esse "torto arado" é torto para o lado esquerdo...apesar de não ter lido o livro, já li sobre ele, seu texto foi mais um. Um livro com todas as categorias que a turma da "diversidade amorosa" gosta e premia. Igual fez Hollywood ao decretar que só filmes com pautas de diversidade estariam elegíveis ao Oscar. Não sei até quando dura mas já tá dando água...quando se dá mais atenção à pauta política, a história fica em segundo plano.
ResponderExcluirMas não quero criticar negativamente o livro sem antes lê-lo. O farei, sentado em minha poltrona, tomando um açaí e com o livro Manifesto Comunista ao lado para deixar o ambiente bem positivo.
Kkkkkkkkk.
ExcluirLeia antes o livro do Hadad.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Não faço ideia se o livro está editado ou não em Portugal, mas fiquei interessado pela descrição que faz.
ResponderExcluirBoa semana.
Um abraço.
André,
ResponderExcluirRealmente é um ótimo
livro.
Quanto as regras para
concorrer aos prêmios
como o Jaboti,
bem... essa é uma
outra história... Melhor
deixar quieto.
Bjins
CatiahôAlc.