segunda-feira, 17 de março de 2025

Seja platéia



Outro dia eu estava conversando com uma pessoa que entendia de tudo: política, história, matemática, religião, filosofia, futebol, automobilismo, mecânica, viagens espaciais, química, biologia, agronegócio, zootecnia, advocacia, veterinária, gastronomia, crime organizado, cinema, física quântica, engenharia molecular, arqueologia, cutelaria, churrasco, vinho, artes plásticas, música e gestão de pessoas.

Ele não deixava a gente falar e cortava todos a todo instante, colocando sua explicação para todos os problemas da vida.

Nós que estávamos conversando trocamos olhares que diziam: "Meu Deus, que cara chato do cacete!" Mas o sabichão, no alto de sua majestade, nem percebeu que estava sendo inconveniente.

Era como se ele vivesse em uma bolha onde fosse o único ser com direito a pensar e transmitir seus pensamentos e sentimentos.

Outro dia, eu conversei com outro amigo que gosta de viajar. E o assunto perto dele acaba sendo direcionado para suas viagens. Ele sabe tudo sobre os lugares que visitou. Tipo: se ele for em uma viagem de um final de semana na Argentina, na volta ele sabe fazer um relatório de todo o povo argentino! Suas crenças, pensamentos políticos, seus costumes, o que comem, o que gostariam de comer, como é o dia a dia, como funcionam suas leis, o que pensam os patrões, os empregados, os estudantes, os velhos, as mulheres e até o que pensam os pombos que dormem na praça central de Buenos Aires.

Ele já falou isso sobre os Estados Unidos, Chile, Canadá, Turquia, Itália, Peru, Nova Zelândia, Austrália, Amazonas, Sergipe, Serra Gaúcha, Florianópolis e Inglaterra... Deve faltar mais algum país ou estado, mas não me lembro agora.

Será que essas pessoas são mais dotadas de inteligência que a gente? Ou são mais dotadas de egocentrismo? Eu, que gosto de ver até onde a vaidade dessas pessoas vai, acabo inflando o ego delas, fingindo que estou acreditando, concordando e interessado nas balelas que elas dizem. E às vezes estou mesmo. Não porque concorde, mas porque gosto de conversar e ver até onde as coisas vão.

Meus amigos "mais normaizinhos" me chamam de cínico, mas não é verdade! Eu acabo me divertindo com esse tipo de gente boca-aberta, que se acha a última bolacha do pacote. Gosto de ver que eles realmente acreditam no que dizem.

Seria engraçado, se não fosse trágico, perceber que essas pessoas, apesar de se acharem tão importantes, na verdade são carentes. São amargas e necessitam de aceitação.

Ao longo da vida, eu percebi que muitas pessoas que se comportam assim podem até parecer descoladas, antenadas e alegres, mas, no fundo, são sérios candidatos a ter depressão e a cometer suicídio.

Muitas dessas pessoas imaginam que estão em um palco e que a plateia está ali para aplaudi-las.

Eu já vi isso até em pastores. O cidadão se acha mais importante que Jesus Cristo, e alguns fiéis também idolatram o cara, como se o motivo da reunião fosse ele, e não um culto a Deus.

A queda pode ser dura!

Logicamente, todos nós temos uma área da vida, um hobby ou um assunto que realmente conhecemos de verdade e sobre o qual podemos conversar e até ensinar. Mas nunca sabemos de tudo sobre nada! Não sabemos tudo nem sobre nós mesmos.

Mesmo os doutorados e PhDs não sabem tudo sobre suas especialidades.

Eu acho que, quando nos deparamos com pessoas como as que citei acima, não devemos isolá-las por completo. Devemos entender que elas são carentes. Entender que, apesar de serem "um pé no saco", elas precisam do palco e de espectadores.

Nem que seja para depois virmos ao blog e escrever um texto desses falando mal, mas a gente tem que aprender a conviver com eles.

Pense nisso.



14 comentários:

  1. AFFFF...
    Essas pessoas que acham que tudo sabem são uns baita chatos de galocha e desmancha bolinhos, pois ninguém, pelo menos eu, não GUENTO!rs...
    abração, ótima semana, sem gente chata por perto! chica

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  2. Olá, André!
    Realmente cansa...
    Petulante são aborrecidos.
    O bom é aprendermos como não devemos ser e o próximo nos ensina.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Abraços fraternos

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  3. André,
    Pois é, tem gente
    que precisa exercitar o
    *ouvir* para então saber
    como *falar*.
    Nesse ponto admiro meu
    marido e companheiro de 43 anos
    de viagem nessa vida.
    Ele conversa muito bem
    em todos os assuntos.
    Mas quando ele chega
    e o assunto já está andando,
    1° ele escuta e muito elegantemente
    se coloca e entra na conversa.
    E da mesma forma elegante
    se há algum dr dono
    da conversa: ele sai do grupo.
    Adorei essa publicação e como
    frequento muitos
    grupos em minhas atividades diárias, me vi e vi
    muitos dos que seu texto cita.
    Bjins
    CatiahôAlc.

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    1. Eita! 43 anos é um bom tempo, né!
      Parabéns minha amiga.

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  4. Se fosse para decidir em ser platéia ou apresentador eu escolheria platéia com honra e pompa!
    Encontrar "donos da verdade" por esse mundo afora não é nada agradável. É muito melhor ficar ouvindo do que se expor sem razão, afinal quem fala demais "dá bom dia a cavalo". rsrs
    Um assunto bastante relevante André, grata por trazer pra gente!!
    Tenha uma semana muito boa!! :)))))

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    1. Oi Adriana!
      É verdade! Quem fala demais...
      Obrigado pela visita!

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  5. Esses caras são legais, geralmente sabem mesmo um pouco de tudo; o seu problema maior é a moderação...rs

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  6. Voltei pra dizer que adorei tua poesia e participação lá!
    TRI!
    Obrigadão!
    abraços, chica

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  7. Excelente crónica 👏
    Ao longo do nosso caminho, acabamos quase sempre por encontrar pessoas assim, pensam que sabem de tudo e falam... falam, sem deixar os outros se pronunciar. Eu faço como você, ouço e calo, embora sejam chatos, eu acredito também que são pessoas carentes de atenção e que talvez se sintam sós.
    Abraços

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    1. Olá Maria!
      Verdade, é a melhor forma de agir.

      Um abraço e obrigado pela visita.

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