sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Mais um bate papo




    Eu estou numa ressaca escrevística, por isso vou agora apenas fazer um bate papo bloguístico com vocês, amigos do blogue.

    O word fala que escrevística e bloguístico não existem, mas ele não sacou ainda que quem manda sou eu.

    Esses dias eu li o original de uma escritora. Eu faço esse serviço de ler originais e orientar o escritor sobre as incoerências, inconstâncias, falta de ritmo, falhas de continuidade, erros graves de ortografia. Erros cometidos pelo narrador (tem muito isso), e erros no tempo em que os acontecimentos se passam.

    Acontece que essa escritora ainda estava um pouco crua. Ela errava coisas muito básicas.

    A história dela era muito interessante, mas as coisas aconteciam aos montes, sem muita explicação, sem pé nem cabeça.

    O word quer que em vez de “sem pé nem cabeça”, eu escreva: “sem fundamento.” Ele é chato pra caramba!

    Bom voltando ao que estávamos conversando antes de sermos interrompidos; eu aconselhei a moça a ler alguns clássicos, a ler alguns bons e bem escritos livros policiais, que é o estilo dela, a ler alguns livros voltados exclusivamente para escritores e a aconselhei a ir com calma nos acontecimentos da história dela.    

  Mostrei pra ela como os personagens apareciam do nada, e até como uma personagem principal, não tinha passado, presente e apenas existia.

    Ela não gostou e me apresentou toda uma história daquela personagem, e eu gostei muito, mas tinha um problema: tudo estava apenas na cabeça dela.

    Quando eu disse: — Muito bom! Parabéns! Mas reparou que é só você que sabe disso tudo, e o seu leitor não?

    Putz! Isso caiu como uma bomba pra ela, que não tinha percebido até então que o livro era apenas um rascunho da grande ideia, cheia de pormenores, que ela tinha na cabeça.

    Ela parou de escrever o livro por enquanto, e disse que era para pensar melhor.

    Ficou chateada consigo mesma, (e talvez comigo, apesar de jurar de pé junto que não), mas resolveu parar o livro.

  Isso é muito mais comum do que a gente imagina. As pessoas têm ideias maravilhosas, mas não colocam tudo no papel. Por isso, vemos hoje alguns livros que seriam maravilhosos com 50 ou 100 páginas a mais.

    Uma outra escritora, que escreve histórias da época dos barões do café, entendeu o que eu estava dizendo e ajustou o seu livro, que também estava corrido e fora de ritmo, no final o livro ficou muito bom.

    Eu entendo que talvez bata uma preguicinha na hora de escrever, e o autor fica sem coragem de colocar tudo que está em sua cabeça, tintim por tintim, no seu livro. Mas essa preguiça estraga o produto final.

    Por isso que eu sempre digo: Vamos ler os clássicos, vamos ler livros bons do gênero que escrevemos, vamos estudar gramática!

    Escrever não é fácil!

    Até escrever um blogue não é fácil.

    Esse livro que coloquei a capa acima, é sensacional para quem quer se aventurar nessa maluquice, que é, escrever.

    

                   

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Show


 


 

E o show vai começar!

Abrem-se as cortinas.

O público está ali; esperando.

As luzes?

Ok!

O som?

Ok!

Um, dois, três, testando...

Um... Dois, três, testando.

Um... Dois...

As luzes? O som?

Ok!

Respeitável público. E agora com vocês, o mais espetacular show da terra!

Os risos, os olhares... Os dentes à mostra!

Alegria, alegria!

Vamos sorrir.

Respeitável público! E agora com vocês: O show!

O show da vida.

O palco é a sua vida, o público é você, a bilheteria é a sua sorte ou o seu azar, o roteiro é você que escreve, baseado num enredo sugerido por Deus.

Atores convidados: Seu pai, sua mãe, seus amigos, seus inimigos, e mais alguns figurantes contratados de última hora.

E o show vai começar...

Ela aflita, ansiosa, se contorce de dor. O homem de branco repete insistentemente:

— Força! Força! Vamos você pode, força!

E o show vai começar...

Ela se contorce de dor, e o show está começando, está dilatando, está despontando, está sangrando, está... Está...

Luzes?

Ok!

Som?

Ok!

Umas palmadas na bunda!

Um choro anuncia.

Um choro anuncia.

Um choro anuncia o começo de mais um show!

O show começou!

Ela sorri; ela é a mãe!

Ele sorri; ele é o pai!

Todos batem palmas... É o show.

O show da vida.

Respeitável público, aqui agora, tem inicio o show mais espetacular da terra... O ator acabou de nascer. O ator principal de seu show, mas o ator coadjuvante do show do seu pai, da sua mãe, do seu médico, e da enfermeira.

Enfim; nós todos somos um emaranhado de shows, que vem e que vão, com público ou não.

Você é o ator e ao mesmo tempo o “videspectador”.

Luzes?

Ok!

Som?

Ok!

Um, dois, três... Começou !!!!!

  


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Bate papo bloguístico

 



    Esse ano eu estou marcando minhas leituras. Em janeiro eu li três álbuns de histórias em quadrinhos e um livro.

    Na verdade verdadeira, o livro eu havia começado a ler em dezembro, mas como ele tem 1022 páginas eu considero uma leitura de janeiro.

    Eu quero ver se esse ano consigo ler mais. Pelo menos um livro por mês e no mínimo três quadrinhos.

    Para muitos essa meta parece ousada, mas depois que a gente pega o ritmo até que fica bom. O segredo é não se cobrar se por acaso não conseguir, pois se o negócio virar obrigação ao invés de diversão, aí já não é legal e nem prazeroso.

    Esse livro enorme que eu li se chama: O coração de Nanquim, e apesar de grande, até que não foi cansativo. No final, eu fiquei um pouco insatisfeito com o desenrolar da investigação, mas depois que pensei um pouco, acho que foi uma saída digna para a autora. Se ela fosse resolver o caso como a história merecia, talvez tivesse que escrever pelo menos mais umas 100 páginas.

    Talvez eu escreva a resenha desse livro aqui, mas dessa vez eu estou com ideia de gravar um vídeo com a resenha e publicar no Instagram.

    Falando em Instagram, qual é o Instagram de vocês? Coloquem nos comentários se tiverem. O meu é @andremansim, me procurem lá. A gente já é amigo aqui mesmo... Podemos nos seguir por lá também.

    Resolvi escrever esse bate papo para incentivar vocês a terem uma meta de leitura esse ano também. E quem sabe incentivar a vocês a incentivarem seus amigos, filhos, irmãos, vizinhos... Gente; vamos ler!

    A literatura é a única saída para o nosso povo!

    Falando nisso, eu vou começar a ler um livro que todo mundo (aqui no Brasil), falou bem: Torto arado.

    Vocês sabem que o Brasil está dividido entre direita e esquerda, e esse livro agradou mais as pessoas com inclinação à esquerda, mas; mesmo assim eu vou ler, porque foi presente de um amigo muito querido.

    Depois falo para vocês o que achei!

    Então é isso! Hoje foi só um bate papo! Na verdade, sempre é, né?

    Então tchau e... Vão ler alguma coisa, seus preguiçosos.

 

 

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Um ano de boas guerras

 


                Uma vez eu comecei a escrever uma série de crônicas disfarçadas de contos, onde um personagem chamado Valfredo lutava contra monstros, bruxas, duendes, participava bravamente de aventuras das mais malucas, à mando do rei, e para salvar o reino onde ele era um grande cavaleiro.

            Acontece que nessa época eu estava com várias batalhas internas e externas na vida, e o Valfredo foi uma válvula de escape para as situações que estava passando.

            Hoje olhando meus guardados eu me deparei com os contos do Walfredo.

            Graças a Deus os tempos mudaram e hoje a vida está muito mais tranquila.

            Mas a título de nostalgia, desse personagem que foi importante pra mim, vou republicar um dos contos e; se vocês quiserem, eu posso republicar outros.

            Esse foi um dos contos do Valfredo escritos quando as coisas já estavam entrando nos eixos, por isso tem um final feliz, “pero no mucho!”

 

 

Um ano de boas guerras

 

 

            Rufus, o cavalo do nosso herói Valfredo, vinha cambaleando pela estrada que trazia até a cidade.

            Com o corpo arqueado para frente e quase desmaiando de sono, vinha seu dono, só Deus sabe como, pendurado em cima de Rufus, que além de também estar exausto, ainda tinha que tomar cuidado e olhar onde pisava, para não dar nenhum tranco que jogasse seu dono ao chão.        O dia era 31 de dezembro, e o cavaleiro, mesmo absorto em pensamentos confusos, ainda conseguiu avaliar o ano e perceber que trabalhando juntos, os dois (ele e Rufus), passaram por muitos apuros. Muitas batalhas, muitas justas e muitos duelos. Os dois se aventuraram por todo o reino e enfrentaram inimigos de todos os tipos: bruxos, magos, cavaleiros negros, gnomos malvados, e praticamente um dragão por dia.

            O dia estava raiando quando o cavalo ganhou a praça central da cidade e se encaminhou para a casa de Valfredo.

            Eles viajaram a noite toda, porque no dia anterior haviam libertado a princesa Florinda, das mãos do perverso Rei da Malvitânia. Teoricamente, o rei a havia capturado e a fazia refém em seu castelo.   Valfredo teve que agir como um agente secreto e se infiltrar entre os cavaleiros de Malvitânia para poder chegar até o castelo sem ser notado, e assim, poder salvar a princesa.

            O problema é que na hora da fuga eles foram notados, por isso Valfredo teve que enfrentar os soldados da guarda real em uma batalha mortal. A guarda real da Malvitânia era conhecida por ter grandes espadachins, e bruxos com línguas mágicas que conjuravam os mais terríveis encantamentos. Mas, felizmente eles não tinham tanta experiência na arte da sobrevivência, e um a um foram caindo.

            Enquanto isso, Rufus se posicionou na porta do castelo, para que ele, a princesa e seu dono, saíssem em uma fuga desenfreada.

            Quando chegaram com a princesa Florinda até as portas de seu reino, o “Reino do Amanhã”, que é conhecido como um reino onde todos os problemas se resolvem, o trio foi surpreendido em uma emboscada, e acabaram descobrindo que foi a própria irmã da princesa, que querendo ser a única herdeira do reino, a havia traído e a entregado ao rei da Malvitânia.

            Valfredo apeou de seu cavalo, colocando-se como escudo entre os bandidos e a princesa, e nervoso falou para seu companheiro:

— Rufus! Corra com a princesa e a salve! Leve-a para o castelo de seu pai.

            O bom e obediente cavalo, saiu correndo com a princesa, enquanto Valfredo ficou ali enfrentando com fúria todos os cavaleiros que fizeram a emboscada. O aço das espadas soltava fagulhas a cada pancada que davam entre si.

            Depois de longos minutos de luta, Valfredo não aguentou e caiu no chão. Quatro cavaleiros que ainda sobravam de pé, cercaram Valfredo e quando iriam desferir o golpe de misericórdia, ouviram o som de uma trombeta e dos cascos dos cavalos da cavalaria real que chegava. Todos correram deixando Valfredo estendido no chão, mas com vida. À frente da cavalaria, vinha Rufus guiando a guarda real.

            Os cavaleiros chegaram e saudaram o cavaleiro que havia salvado a princesa, dando-lhe os cumprimentos reais.

            Já era tarde e Valfredo morto de cansaço, não quis ir até o castelo participar da confraternização de boas-vindas pela volta da princesa, por isso se despediu ali mesmo e decidiu voltar para casa, pois estava com muita saudade de sua esposa e de sua cama.

            Valfredo chegou em casa, apeou de Rufus, desarreou seu amigo, deu-lhe água, milho, e soltou-o no pasto para descansar. Então, sua esposa, quando percebeu que ele havia chegado, correu ao seu encontro, lhe deu um beijo de boas-vindas e os dois entraram em casa de mãos dadas. O brio do cavaleiro depois da demonstração de amor de sua esposa, até voltou, deixando-o mais animadinho.

            — Val, — falou a esposa balançando um papel. — O mensageiro do rei deixou essa carta pra você.

            O cavaleiro abriu a carta, e correndo os olhos, franziu a testa quando viu que nela havia as seguintes instruções:

            "Cavaleiro Valfredo, se apresente no castelo real, as sete horas da manhã do dia 1 de janeiro. Você tem alguns serviços agendados para este mês. Entre eles, deve caçar e matar o dragão que está assustando o povo do vilarejo dos camponeses plantadores de figo, depois, tem que enfrentar e encarcerar o cavaleiro negro que tomou o castelo do príncipe Joselito, e em seguida, se juntar a tropa de cavaleiros da meia cruzada, para expulsar os bárbaros das terras baixas do bairro da cidade norte. Depois, se ainda estiver vivo, deve lutar contra as gárgulas vampiras, que estão atacando os pescadores do rio que contorna as muralhas do nosso reino, e por fim, caçar a bruxa da floresta, que está amedrontando os caçadores de raposas, com feitiços e poções mágicas terríveis."

            Valfredo olhou para o céu, olhou para sua esposa que o fitava esperando sua reação, olhou para sua cama, que o convidava para descansar e com uma lágrima brilhando, que escorria pelo seu rosto, falou consigo mesmo:

             — Puxa vida... Como é bom ter saúde, disposição e poder começar o ano com tanta coisa para fazer! Assim me sinto cada dia mais vivo e útil. Triste deve ser aquele que não tem vontade de se virar, e vive só de sonhos... É, parece que mais um ano feliz vem por aí!

 

 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Yelowstone e a nossa moralzinha insípida

 



            Se você gosta de séries ou se liga no que está acontecendo nos streamings e na vida dos grandes astros de Hollywood, certamente já ouviu falar de Yelowstone.

            Yelowstone é uma série que conta a história da família Dutton, que é uma família que tem uma fazenda enorme no estado americano de Montana há 7 gerações.

            A fazenda é cercada por uma reserva indígena e pela cidade urbana, que parece estar um pouco estacionada no tempo, justamente porque a área rural onde a maior é Yelowstone, trava o avanço da modernidade.

            No seriado vemos que a família dos Dutton, chefiada pelo pai John, é uma família totalmente esfacelada. Os filhos: Beth, Kayce e Jamie, tem problemas uns com os outros e com o mundo. O pai, agora viúvo, se preocupa muito mais com ter poder e mandar na fazenda, na cidade, na lei, na política, do que na sua própria casa.

            Os americanos chamam suas fazendas de rancho, e o rancho Yelowstone tem vários cowboys que moram em um alojamento e que depois de ficarem ali por um tempo e participarem de algumas atrocidades, são marcados como gado pelo capataz Rip, e não podem mais sair do rancho; o que quase sempre eles escolhem fazer por livre e espontânea vontade.

            Na última temporada, o ator Kevin Costner, que interpretava o patriarca John Dutton, alegou problemas com o contrato e com sua agenda e não participou das gravações da série, por isso o seu personagem teve que sumir, deixando os fãs da série revoltados com o ator e com a direção.

            Bom... Vamos lá!

            A série é boa. Prende a gente do início ao fim. Tem reviravoltas absurdas, que fazem a trama ficar cada vez mais interessante.

            A família Dutton, principalmente a Beth, é uma personagem complexa, com incontáveis camadas psicológicas, que fazem dela uma vilã e heroína ao mesmo tempo.

            Na verdade, todos da família e alguns dos empregados são ao mesmo tempo heróis e vilões. E aqui é que está o “X” da questão, pela qual eu resolvi escrever essa crônica.

            Os Dutton fazem qualquer coisa pela sobrevivência de seu rancho, que está ameaçado pela reserva indígena e pela cidade que quer se modernizar, e invadir suas terras. Qualquer coisa mesmo. Matar, torturar, julgar, enforcar, sumir com os corpos, mandar na lei e na justiça com mão de ferro, infiltrar na política da região, interferir em ações na bolsa de valores, destruir carreiras e demitir pessoas sem qualquer motivo e pisar em todos que possam ser empecilho.

            Mas apesar de serem seres desprezíveis, eles são mostrados de uma forma tão humana, desnudados de suas intimidades, com múltiplas fraquesas e questões psicológicas, traumas e carências, que a gente acaba entendendo e até torcendo por eles.

            Mas isso está errado! A série desperta na gente uma sensação de apresso pelo mal. De afeição ao monstro que o ser humano pode ser quando o poder está em jogo.

            Essa série nos mostra e joga na nossa cara, porque os políticos são tão desprezíveis e porque tanta gente apoia isso. Nós, seres humanos sempre tomamos um lado na disputa, e as vezes não olhamos e nem pensamos no que estamos fazendo. Estamos sendo manipulados e torcemos pelo lado ruim sem pestanejar.

            Tem um personagem que nos é apresentado como vilão, que é o presidente da reserva indígena; que a gente pega birra, o vê como inimigo e quer que ele se ferre, mas que na verdade durante as seis temporadas, não fez absolutamente nada de errado ou fora da lei. Inclusive, deu vários conselhos para os Dutton, abrindo-lhes os olhos para as besteiras que eles estavam fazendo.

            Olha que doido isso!

            Se você ainda não assistiu Yelowstone, vale a pena assistir, é um drama familiar psicológico de altíssima qualidade.

            No final, as coisas acabam se encaixando e o pior, nós ficamos chateados porque nossa torcida era para acabar diferente. Como espectadores... Nesse caso, torcemos pela maldade e pela loucura pelo poder. Tudo o que dizemos que mais abominamos na vida.