segunda-feira, 22 de setembro de 2025

A pequena história de nossos dias

 

Um dia um menino chamado Karl, escreveu um manifesto que dizia que o povo deveria estar no poder. Primeiro o Estado mandaria em tudo e na hora certa o povo assumiria por conta própria. 
Dividiria tudo — custos, gastos e bens — igualitariamente.
Com esse manifesto, o menino Karl estava criando o Comunismo.
Uns amiguinhos dele, principalmente um tal de Lênin, mais moderado e depois Stalin, mais malvadinho, pegaram essa idéia, entraram no governo apoiados pelo povo, mas se uniram às forças armadas e instituíram um governo onde só eles mandavam e ditavam as regras da brincadeira. 
Lênin começou a brincadeira, mas foi Stalin que fez as regras mais severas, usando de força, tortura e morte de milhares de pessoas que queriam brincar uma brincadeira diferente.
Do outro lado do quarteirão, outro menino chamado Benito, espiou o que Stalin e Lênin estavam fazendo e pensou: — Que brincadeira legal!
Então ele achou que deveria brincar também, mas de forma diferente. 
Depois de chegar no poder, assim como os vizinhos, fortaleceu suas forças armadas e matou, torturou, prendeu e sumiu com quem não queria brincar a brincadeira dele. Benitinho chamou essa nova brincadeira de Fascismo.
O menino que morava na rua do lado, ficou sabendo que esses meninos haviam inventado essa brincadeira.
A princípio ele fez amizade com todos eles, até aprender a brincar.
Então, depois de entrar no poder apoiado pelo povo, fortaleceu seu exército e diferente dos amiguinhos que haviam se voltado contra seus próprios irmãos, esse menino resolveu tomar a brincadeira dos vizinhos e declarar que só a brincadeira dele era legal.
Seu nome era Hitler.
Sua brincadeira ganhou o nome de Nazismo.
O menino Hitler achava que as pessoas da sua rua eram mais bonitas e inteligentes, por isso ele achava que deveria mandar em todas as ruas.
Acontece que, quando ele começou a atacar as ruas do lado, os vizinhos ficaram chateados. Até alguns vizinhos de outro bairro vieram entrar na briga.
O menino Benito ficou do lado do Hitler, e alguns vizinhos que já estavam influenciados por ele, também ficaram. 
Até os vizinhos de um bairro japonês apoiaram o menino Hitler.
No final, o Benitinho e o Hitlerzinho perderam.
A cidade  ficou dividida entre bairros que apoiavam as primeiras ideias do Karl, e bairros que preferiam viver livremente, sem serem dominados por ideias de ninguém.
As ideias do Karl, necessariamente precisavam de revoluções para serem implantadas. Mas a cidade não queria mais guerras.
Então, um outro menino chamado Antonio Gramsci teve uma ideia:
— E se a gente, — explicou ele a seus colegas — em vez de querer impor nossa brincadeira através da força, nos infiltrarmos nas escolas, igrejas, famílias, ruas, bairros e cidades, e formos fazendo a propaganda de que nós somos bonzinhos, que a nossa brincadeira é a mais legal e que quem pensa diferente de nós é de extrema-direita, igual ao Benitinho e o Hitlerzinho?
— Não sei, — respondeu um dos camaradinhas levantando a mão para falar — as pessoas vão saber que nossa brincadeira matou mais gente que as outras brincadeiras.
— Não... — respondeu Toninho — a gente não deixa eles estudarem! Mudamos a história e criamos nossas narrativas.
— É... — pensou um deles — pode dar certo.
— Interessante... — pensou outro em voz alta.
— Boa ideia! — concordaram todos no final.
Assim foi feito.
Hoje, outros meninos que vieram depois do Antoninho, baseando-se nas suas ideias, concluíram que as famílias têm que enfraquecer, para que o Estado seja forte.
Esses malvados também decidiram que o racismo, a homofobia e o feminismo devem ser alimentados. Porque isso enfraquece a sociedade. 
Como disse Toninho Gramsci: — Temos que dividir para conquistar.
Mas isso gerou um problema: as pessoas não conseguem mais brincar sem roubar no jogo!
Quando alguém diz:
— Eu sou cristão e amo minha família.
Logo ele é tratado como extrema-direita, e extrema-direita não pode brincar.
Mas se alguém do jogo mata outra pessoa que não brinca do mesmo lado — ele apenas matou um radical, e não fez nada de errado, afinal, tudo é em prol do nosso brinquedo.
O pior, é que aqueles que teóricamente deveriam ser mais passivos e vítimas dos malvados, estão aprendendo as falcatruas e se tornaram um novo tipo de malvadinhos.
Que também sabem mentir, também sabem matar e também sabem roubar no jogo.

Assim, as cidades estão cada vez mais divididas. 
De um lado quem quer brincar e implantar a brincadeira do Karl.
Do outro quem quer brincar a sua brincadeira, diferente. 

Descrito assim, poderia ser mesmo uma brincadeira de criança, mas infelizmente não é.
Em todas essas fases históricas e através desses personagens, milhares e milhares de pessoas morreram no mundo e ainda hoje morrem ou sofrem injustiças, em nome da "brincadeira" intolerante.

Pensem nisso!



20 comentários:

  1. Olá, amigo Andrè!
    A injustiça está por todo lado nosso, é uma tragédia tudo que vivemos há muitos anos, não só na tão falada ditadura. Os tempos passam e nada muda, entra governo e sai governo e cada vez vai ficando mais insustentável.
    Ainda sonho com crianças brincando nas ruas como antigamente e em algumas poucas cidades do interior... claro que no meio de tráfego intenso não dá.
    Não suporto nem ouvir falar em comunismo e tal. Desde pequena meu pai falava de tal disparate, abomino mesmo. Não é de Deus.
    Os intolerantes de todos os lados precisam de prudência e senso coletivo.
    É o povão que sofre enquanto os bolsos estão cheios...
    Tenha uma primavera abençoada!
    Abraços fraternos

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    1. Ah coisa tá feia minha amiga Rosélia.
      E a gente não sabe onde vai parar.

      Um abraço!!!

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  2. André, a coisa tá feia! Desde alguns anos a coisa aqui tá danada. O Brasil ficou totqalmente dividido e lá fora as coisas andam muito chatas e cheias de chatos daqui que estão lá aprontando contra nosso país.
    E tá difícil de mudar!!!

    Ah, num comentário falaste que eu tenho um novo blog. Não, apenas o sementes que é velhinho e um para as participações,rs SÓ,rs... abraços praianos, chica

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    1. Ah bom!!!!
      Achei que já estava criando blogs e mais blogs.
      Kkkkkkkkkkkkkkkkkk.
      Um abração minha amiga.

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  3. Andrezão, mandou bem, taí a síntese de uma boa parte da nossa história política e econômica modernas. Sempre tem um "iluminado" que conhece a fórmula perfeita pra que todo mundo possa brincar feliz num mundo ideal.
    Só acho que faltou aí na brincadeira aqueles meninos que conseguiram estabelecer a narrativa de que o melhor mundo possível é o mundo capitalista e liberal. Eram meninos americanos que dominaram corações e mentes no mundo todo, vejam só, tal qual fez o Antoninho, através da sua grande cultura cinematográfica e musical. O Antoninho quis fazer a mesma coisa, só que ao contrário...

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    1. Oi Dudualdo!
      Você tem razão.
      mesmo au falando aquela parte em negrito, dizendo que os do outrro lado estão aprendendo, eu poderia ter sido mais específico.
      Mas é que o cerne da minha idéia é o pessoal de ideologia contrário ao do país, se infiltrar para querer mudar.

      Mas vc tem razão.

      Um abraço!!!

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    2. No tabuleiro do jogo político, todo lado tem seus métodos pra manter tudo sobre controle, até mesmo nosso estimado regime democrático.

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  4. Que história bonita e cheia de ternura 💛 Cada momento que partilhas toca o coração e faz sentir a simplicidade e a doçura da vida diária.

    Com carinho,
    Daniela Silva
    alma-leveblog.blogspot.com
    Espero pela tua visita no meu blog

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    1. Verdade!
      Você gostou mais da parte do Saci Pererê ou do coelhinho da Páscoa?

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  5. ANDRE MANSIM.
    E no meu blog "Humor em textos e outros textos sem nenhum humor" levo para Brasília a lenda do boto cor-de-rosa, das regiões ribeirinhas da Amazônia e tento explicar as verdades de uma lenda com a canalhice mentirosa dos políticos que por lá povoam!
    Um abração carioca.

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    1. Olá Paulo!!!
      Vou passar lá pra ver.
      Obrigado pela visita.

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  6. André,

    a tua crônica tem esse jeito curioso de transformar a História numa grande brincadeira de meninos e talvez por isso mesmo ela seja tão potente. A leveza da metáfora contrasta com a gravidade dos fatos, e a gente percebe, quase sem perceber, como as ideologias, quando ganham força pela imposição e pelo medo, deixam de ser ideias e viram instrumentos de dor.
    Gostei sobretudo do tom provocador: não é apenas uma narrativa lúdica, é um convite à reflexão. Tu consegues lembrar que por trás das “brincadeiras” sempre há vidas reais, famílias, lágrimas e perdas que não se apagam.
    Obrigada por nos oferecer esse olhar criativo e crítico. Faz pensar e isso é sempre um presente.

    Fernanda

    PS: kkkk coitado do Saci e do coelhinho da Páscoa kkkk
    Ah André, você é uma figura
    Kkkkk

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    1. Oi Fernanda!
      Que bom que veio.
      Então menina, esse texto é para provocar mesmo.
      Fazer pensar e quem sabe, abrir alguns olhos...

      Mas tem que ser os olhos de quem lê, né?
      Kkkkkkkkkkk.
      Se não lê, tem que acreditar no Saci mesmo...

      Na verdade eu fiquei bravo com o comentário dela, mas esse é meu jeito de esbravejar.

      Um abraço minha amiga.

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    2. André,

      ri aqui com teu jeito de esbravejar! 😄 Adoro esse teu humor e a forma como provocas reflexão sem perder a leveza. É verdade: cada leitor lê com seus próprios olhos, e a beleza está justamente aí em abrir a mente e, às vezes, rir do próprio espanto.
      Hahaha, André,
      parece mesmo que o coleguinha não entende que, se veio comentar, precisa ler para entender. Mas creio que é só para demarcar território, né? 😂 E há o que vem que vêm só politicar o próprio espaço, ponto dar o recado e ponto final. Kkkk… eu me divirto com essas situações! É quase como se o saci ganhasse mais fumo a cada comentário despretensioso.

      Um abraço divertido,😂

      Um abraço cheio de carinho,

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    3. Até o comentário aqui saiu com sono.Bom meu amigo preciso ir dormir .

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    4. Sim. Mas se for par ir em um blog, não ler o que a pessoa postou e depois comentar qualquer coisa, tentando enganar e dizer que leu.
      É melhor não ir, ou não comentar.

      Agora vai dormir, menina!!!!
      Vai, vai, vai...

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  7. André, você foi muito sagaz em inventar essa brincadeira de criança perfeita para ensinar os adultos sobre temas tão complexos.
    Estou realmente fascinada, pois em um texto leve e cheio de vida, você mencionou os maiores monstros da humanidade que massacraram a vida de muitos. Crônica essa sua contada de uma maneira que a gente (desse jeitinho) nem consegue ficar com tanta raiva daqueles seres terríveis. Mas a reflexão bate forte e a gente pensa no que vai dar isso tudo e que está acontecendo atualmente...Há muita maldade, muita tristeza e sofrimento e pelo andar da carruagem a tendência é piorar...Como ter esperança diante de tudo isso?
    Valeu amigo, fica bem!! O importante é a gente jamais perder a esperança!!
    Maravilhoso início de primavera!! :)))))

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    1. Olá Dri!
      É minha amiga, falando assim, de forma leve, até aprece brincadeira né?

      Que bom que gostou.
      Um abraço!!!

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