Todo
dia era a mesma coisa!
Eles
nem se lembravam mais, qual foi o primeiro dia em que eles começaram a
trabalhar naqueles tuneis. No começo o percurso era menor e os tuneis eram
novos e fáceis de trafegar, mas com o passar do tempo o percurso só foi
aumentando e os túneis cada vez mais foram ficando cheios de obstáculos.
O
serviço deles era de vital importância nesse sistema. Eles tinham que levar
oxigênio para o controle central, e de lá, esse oxigênio era distribuído para
todos os departamentos por esses túneis.
O
problema, é que com o passar dos anos, o gerente dessas instalações não tomou
as devidas providências para manter os túneis limpos e fáceis de trafegar. Esse
gerente deixou muito lixo se aglomerar nas paredes dos túneis, o que infectou e
degradou todo o sistema com produtos tóxicos que estragaram quase todas as vias.
Assim,
os funcionários responsáveis pelo transporte de oxigênio estavam com muita
dificuldade de executar o seu serviço, o que exigia que o comando central
mandasse cada vez mais energia nos túneis, em uma tentativa muitas vezes
inútil, de fazer com que o fluxo de oxigênio continuasse correspondendo as
necessidades. O descaso com a malha de túneis era tanta, que o controle central
não conseguia socorrer em todas as direções, e por isso, o processo e o sistema
inteiro estava sofrendo, e poderia até, entrar em colapso.
O
setor responsável pela filtragem da água não filtrava direito e mandava
impurezas para todos os lugares, o setor responsável pela renovação do oxigênio
dos túneis não conseguia sugar e nem transferir esse ar para o sistema, o setor
responsável pela inteligência do comando central e pela mecanização do todo,
começava a falhar e tudo estava desencarrilhado, como engrenagens que não se
encaixavam mais... Até que um dia; o sistema todo parou!
—
Vamos tentar mais uma vez — falou o médico na ambulância!
—
Carregando! — respondeu o enfermeiro com os olhos arregalados. — O senhor pode
colocar os eletrodos no peito dele.
—
Pronto!
—
Então vamos. — falou o enfermeiro olhando para o médico. — Um, dois, três, lá
vai!
O
corpo estrebuchou e o coração deu novamente sinais de vida.
— De novo! —
gritou o médico.
—
Um, dois, três... Lá vai!
O
corpo estrebuchou de novo e o médico começou a fazer massagem no peito do
paciente e respiração boca a boca. Depois de mais de quinze minutos de luta,
finalmente os socorristas conseguiram salvar o paciente.
Ele
foi internado na UTI e por lá ficou mais de uma semana. Quando saiu, o médico
lhe passou um regime, um plano de exercícios e alguns remédios. O médico falou
que seu corpo estava muito descuidado e debilitado e que se ele não se cuidasse
fatalmente não teria muitos meses de vida. —
Ainda dá pra recuperar, — advertiu o médico — só depende de você!
Assim
as coisas foram melhorando para as células que eram os funcionários dos túneis.
Agora eles poderiam levar oxigênio para todo o corpo e assim continuar a semear
a vida. As placas de gordura foram sumindo das veias, as artérias foram se
limpando, o sangue conseguia levar vida a todos os órgãos e por isso, o sistema
conseguiu uma sobrevida melhor e com mais qualidade.
O controle
central parecia que estava mudado. Parecia que tinha entendido que as
engrenagens necessitavam de cuidado constante... Os funcionários dos túneis
agradeciam.
A vida
melhorou para todos
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