quinta-feira, 21 de julho de 2022

Vitória

Ele pegou a granada nas mãos...

Num instante, o destino de todas as pessoas dentro daquelas ruínas dependiam dele.

Do lado de fora, as tropas inimigas se posicionaram de tal forma, que todo o terreno da casa estava cercado. Não tinha como fugir.

A dois dias, o inimigo cada vez mais, avançava pela cidade e ganhava terreno. A previsão, era de que em menos de duas semanas, toda a cidade passasse a ser dominada por eles.

Do lado de dentro, apreensivo, ele pensava no que fazer: Se entregar, e assim, entregar os civis que se escondiam na casa; ou retirar o pino da granada, se sacrificando e sacrificando a todos em volta.

Ele sabia que as crianças e mulheres que estavam escondidas ali, se fossem pegas pelo inimigo, iriam ser violentadas, espancadas e consumidas, até a morte. Também sabia, que os idosos que estavam escondidos no quarto dos fundos, seriam usados de tabuleta de tiro ao alvo, e picados por balas de fuzil, até não aguentarem mais.

Qual morte seria melhor? Qual morte seria mais digna?

Ele pegou a granada nas mãos... O destino das pessoas dentro da casa dependia dele, e ele tinha que agir!

Mais uma vez, ele olhou para as mulheres no fundo da sala. Seus olhos marejaram e um fio de lágrima correu em seu rosto.

A guerra é assim, pensou: “As vezes, uma aparente derrota, nada mais é, do que um ato de heroísmo.”

Ele apertou a granada, puxou o pino, um clarão, seguido de explosão, fez as ruínas virem abaixo. Muitos inimigos foram atingidos por estilhaços.

Depois da poeira assentar, o capitão inimigo caminhou entre os destroços. Viu o corpo do soldado que detonou a granada. Notou que sua feição era de alegria.

O capitão encontrou os corpos das duas meninas, das três mulheres, e dos quatro idosos, e entendeu a feição do soldado! Feição de vitória.





12 comentários:

  1. Olá André!! Agradeço a sua visita lá no blog. Gostei do teu comentário por lá.
    Um conto muito bem amarrado em um suspense que me prendeu a uma leitura atenta. Reflito que as vezes , a vida nos convida a um teste sobre nossos valores íntimos, mais caros. Temos que fazer uma escolha, assim como o personagem do teu texto. Ele fez. Optou por seus princípios. Tão raro isso numa época como a nossa em que muitos se vendem por tão pouco.
    Parabéns, amigo gostei de vir aqui apreciar um texto tão bom.
    Abraços

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    1. Obrigado pela visita Maria Lúcia!
      Obrigado pelo comentário!
      Um abraço!

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  2. André, estava fazendo um tour pelo seu blog, e li comentário de que vc tenha apagado comentários. Amigo , entre no interior do blog, como se fosse pra nova postagem ou editar algo. Procure em "comentarios" . Há uma caixa de spam . Se encontrar comentários perdidos por lá, marque que não é spam e publique. Não sei porquê ocorre isso, mas acontece muito. Todos os dias verifico nessa caixa. Espero ter contribuído. Abraços.

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  3. Muito bom, André. Aliás como tudo o que tenho lido seu.
    Como vão os livros.
    Abraço e saúde

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  4. Querido Andre, muito bom seu texto, teriam de morrer e morreriam de qualquer jeito, então a escolha de morte rápida deu a Vitória.
    Triste todas as guerras, infelizmente estamos diante delas!
    Muito bem escrito como sempre!
    Abraços apertados, agradecendo o carinho da visita e comec

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  5. Um texto hiper-realista e trágico de uma situação que só a guerra pode proporcionar.
    Excelente, gostei imenso.
    Continuação de boa semana, caro André.
    Um abraço.

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  6. Olá, André, gostei muito de ler esse conto, tenso do começo ao fim, nos leve muito bem ao final da vitória. Sem dúvida o menor dos males teria de ser escolhido, o menos trágico. Muito difícil...
    Um abraço. Aplausos para o ótimo blog.

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    1. Olá Taís!
      Obrigado pelo comentário e pela visita!

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