segunda-feira, 23 de maio de 2016

Adultinhos e crianções






Eu tenho notado que as coisas estão um pouco mudadas hoje em dia.
As crianças estão muito mais espertas do que na minha infância, tanto que as vezes, chegam até a discutir com a gente sobre coisas que eu nunca imaginava que elas poderiam saber. Outro dia uma menininha de cinco anos estava falando sobre como o desenho dela estava chato em relação a novela da mãe, porque o desenho repetia muito, e a novela não. Na novela era um capítulo novo por dia e nunca repetia nada.
Quando que eu com cinco anos, saberia argumentar, demonstrando minha opinião sobre qualquer coisa, que não fossem meus brinquedos, ou alguma comida que eu gostasse.
Um filho de um amigo meu estava com uma chuteira no pé, e dizia que era a marca do Neymar, e que o pai dele queria lhe dar uma outra, mas ele não quis, porque calçando a do Neymar, ele poderia mostrar para os amiguinhos e tirar um sarrinho! Gente! Eu nem sabia o que era tirar um sarrinho, e nenhum dos meus amiguinhos sabiam também. Falando a verdade, a gente brincava uns com os outros e até poderíamos fazer o que hoje se chama bulling, mas no nosso tempo era tudo sem maldade.
As crianças de hoje mexem em computador, em televisão, atendem telefone, fazem pesquisa na internet, conversam entrando no assunto dos adultos, e parecem não ter limite!
Minha sobrinha quando tinha seis anos e estava na escolinha, (que hoje não se chama mais parquinho e nem prézinho), já fazia pesquisa na internet. Quando ela tinha dez, já usava batom, bota de couro da Angélica, luzes no cabelo, olhos delineados com lápis, e falava em namorar, (meninos mais velhos!)
Menininhos que jogam futebol, falam em ir para a Europa. Falam em Barcelona, Real Madri, Chelsea. Crianças que tem mais dinheiro, fazem judô, jiu-jitso, caratê, natação, balé, estudam música, inglês, francês, chinês, e por aí vai.
Quando que eu e meus amiguinhos de seis ou sete anos, sabíamos o que é Europa? E Barcelona então?
Mas por outro lado, os jovens pais e jovens mães, que eram essas crianças chatas, adultinhas, se tornaram um adultocrianção, sem ter tido infância, eles querem ser crianças agora. Brincando de Playstation, brincando de ser pai, brincando de ser marido, achando que trair seu cônjuge e beber até cair é uma brincadeira muito legal. As famílias não tem filhos e filhas, elas tem adultos em miniatura. Pois ignoram a hierarquia da família, e deixam seus filhos tomarem as rédeas da casa.
Outro dia um programa estava entrevistando um jovem empresário, que estava de terno e gravata do Mickey. Esse empresário é o que eu chamo de crianção!
Os crianções estão por aí, brincando no trânsito, tirando rachas e arrumando encrenca se alguém encostar no brinquedinho deles.Os crianções brincam de votar sem nunca ter lido um jornal, afinal ler sobre política é um brinquedo muito chato! Melhor assistir o Big Brother.
Tenho uma teoria: Criança adultinha sem infância, vira adulto crianção que quer viver a infância depois de velho.
Tive a ideia de escrever esse texto no supermercado. Na minha frente um casal recém casado estava na fila do caixa, fazendo a sua primeira compra. No carrinho deles só tinha danoninho, bolacha recheada, chocolate, tody, suco, refrigerantes, bolacha recheada, tody, sucos, refrigerantes, refrigerantes,danoninhos, bala, balinha, refrigerante, danone, bolacha recheada, bolacha sem recheio, tody, danone e danoninho.
De repente a mãe de um deles chegou ao mercado e olhou o carrinho que estava lotado dessas coisas, e falou fazendo cara feia:
- Uai gente, essa é a primeira compra de vocês! Onde está o arroz, o feijão, óleo, verduras, frutas, carne?
Eles se entreolharam envergonhados e saíram da fila, voltando a fazer mais compras.
Tomara que eles tenham escutado a mãe e tenham ido atrás de produtos para sua despensa, mas talvez, só tenham se lembrado de que esqueceram a pipoca de microondas.







8 comentários:

  1. Oi André, a minha vida daria uma novela, as vezes sorria a fome, as vezes chorava a falta da minha mãe. Tive outra família, ela minha tia de sangue, apanhei até lavar o chão. Ele era um doce e para me defender até levava uns tapas na orelha.mais um dia não andou mais, era diabética(ainda bem que que ela tinha uma ajudante que era um anjo, pois tinha que lecionar. Eu aplicava insulina, dava banho, escovava seus dentes, mas foi por obrigação e não por amor.ela morreu e ele sem nunca ter ficado doente 10 dias após a morte da sua mulher, morreu e levou com ele um pedaço do meu coração.
    Era muito esperta com 5 anos , já sabia ler e escrever. Aprendi sozinha nos pedaços de jornais que achava pela cidade.Sempre fui a primeira aluna da classe até terminar meus estudos. Eu ensinei matemática e física para meu filho.
    Beijos
    Minicontista2

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  2. Na muche André. Os adultos de hoje, são uma preocupação para os pais. Eles não são capazes de resolver problemas, recorrem aos pais sempre que lhe aparece um problema pela frente, parece que perderam toda aquela inteligência que demonstravam em crianças.
    Um abraço

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  3. Na muche André. Os adultos de hoje, são uma preocupação para os pais. Eles não são capazes de resolver problemas, recorrem aos pais sempre que lhe aparece um problema pela frente, parece que perderam toda aquela inteligência que demonstravam em crianças.
    Um abraço

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  4. Aplaudindo muito daqui.,André! Falaste tudo e EXATAMENTE como acontece! tenho até pemna dessas crianças tão adultas, que tudo sabem, tudo veem, tudo e tudo... E dos adultinhos? Espera-se que cresçam e assumam suas idades e responsabilidades sabendo que ninguém mais achará bonitinho e "uma gracinha"...


    Adorei! abração,chica

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  5. Amigo Andre, muito bom texto reflexivo, eu nem imaginaria o que seria hoje em dia, mas creia, eu sonhava, pois amava ler e tive oportunidades disso, minha madrinha tinha livraria, foi a melhor coisa que aconteceu em minha infância, pois ler me ensinou a pensar, com isso ensinei aos meus filhos e eles ensinam aos meus netos, são espertos, mas cada um deles estão vivendo seu tempo no tempo certo, estudam, praticam esporte e vivem muito bem, não como adultos, ainda bem!
    Mas como dizes,há muitos "adultinhos e crianções" por aí e isso é triste!
    Amei ler aqui, abraços apertados!

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  6. Bem, quem ensinou meu marido a usar um tablet, foi o sobrinho-neto de cinco anos.
    Eu não curto muito essa coisa de criança espertinha demais, agindo e falando como se fosse adulto. Não tem graça...
    Abraços. Excelente post.

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  7. Seu texto é ótimo. É fato que as crianças de hoje são mais espertas, mais aguçadas do que nós quando crianças. Tempos diferentes. Mas muita informação também deixa cego por outro lado, a criança de hoje tem quase tudo à mão, como informação, tecnologia etc, nós fazíamos pesquisas nas bibliotecas. Aprendemos a fazer nossos carrinhos de madeira, rolávamos mais na terra, éramos mais aventureiros,isso também é sabedoria. Quando sofríamos bullying( a palavra nem existia) resolvíamos no tapa ali mesmo, nada de correr pra contar pra mamãe rs rs. Mas confesso... de tecnologia, informática, celular, entendo quase nada, nem tenho paciência, morro de inveja ver pírralhinhos dando show no pc ou fone. Ah e me lembro que os bebês naquele tempoi demoravam até dias para abrir os olhos, hoje já são mais espertos até nisso. abração.

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  8. Desculpe alguns erros de digitação aí, teclado ruim.

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