sábado, 14 de janeiro de 2012
Os homens de hoje em dia
Meu vizinho "seo" Bebem esses dias negociou uma égua com nosso outro vizinho "seo" Aceir. Eu estava conversando com eles na rua e vi a negociação:
- "Seo" Bebem, quanto é que o senhor quer por essa égua?
- Olha Aceir - falou "seo" Bebem coçando os cabelos brancos - eu gosto muito dessa égua, ela me acompanha a muitos anos e eu não queria dispor dela não.
- Mas Bebem, você já tá aposentando e nem faz mais carretos.
- É mas eu e essa égua já trabalhamos muito e não dá pra se desfazê assim de quem ajudô a gente.
- Eu dou 600 reais nela - falou Aceir mexendo no bolso.
- Ah não... - Respondeu "seo" Bebem com cara de malandro. - Se eu fosse me dispor dela tinha que ser por pelo menos mil reais!
- Mil reais! - Falou "seo" Aceir dando um pulinho pra trás. - Mas essa égua nem tem raça "seo" Bebem?
- Uai, então deixa ela aqui quietinha que ela não tá fazendo mal pra ninguém...
- Eu dou 650 reais.
- Dá 900 então...
- 700 e mais nada!
- Tudo bem - falou "seo" Bebem setecentos reais eu te vendo.
- Então espera aí que eu vô em casa buscar do dinheiro.
Eu fiquei por ali conversando com "seo" Bebem até que ele me falou que tinha que ir em casa pegar um dinheiro e que eu esperasse até ele voltar.
Enquanto "seo" Bebem foi em casa o "seo" Aceir voltou e nós ficamos falando de futebol até "seo" Bebem voltar.
"Seo" Bebem voltou e com uma carinha triste falou pro "seo" Aceir:
- Olha Aceir, eu não vou mais vender a égua... Eu pensei bem e acho que vô ficá com ela.
- Ah... Mais nóis já tinha tratado - falou "seo" Aceir indignado.
- Eu sei - falou Bebem pegando um dinheiro no bolso - tá aqui o "destrato".
"Seo" Aceir contou na minha frente o dinheiro e tinha setenta reais. Contou e guardou no bolso e disse que foi bom negociar com Bebem.
Eu entrei na conversa e falei:
- O que é esse dinheiro aí?
- É o destrato - falaram os dois ao mesmo tempo.
- O que é destrato: - Eu perguntei indignado.
- É dez por cento do valor do trato. Se destratar um negócio tem que pagar o destrato.
- Gente isso não existe! Hoje em dia as pessoas compram as coisas e nem pagam. Onde já se viu pagar por uma coisa que nem comprou?
- É André... - Me falou "seo" Bebem rindo feliz e apertando a mão de "seo" Aceir. - Mais nóis não somos homem de hoje em dia.
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Adorei seu texto, contudo o comento em detalhes em outro momento. Vim para agradecer as palavras lá no Cronutopia e dizer que fico feliz em saber que tenho camaradas como tu...
ResponderExcluirMas mudando de assunto. Quando vai nascer seu bebê?
Gostei do texto! Tenho saudade não dos destratos, mas do tempo que o ter nome limpo valia mais que dinheiro.
ResponderExcluirEstou seguindo e recomendando o blog.
Oi André,
ResponderExcluirOutrora, a palavra valia mais que qualquer contrato. Questão de honra, sabe? Meu pai era assim.
Você sumiu... Senti sua falta.
Ótimo final de semana para você e família.
Abraço.
Dedé, tudo bem?
ResponderExcluirPutz!
E se eu ficar sem comentar por aqui,
ou você ficar sem comentar por lá...
será que um de nós vai ter que pagar pelo destrato?
rsrs
Mas como está tudo tratado, estou aqui!
Bah tchê, eu que não vou pagar 10% do que vale teu blog, vou ficar sem grana alguma $$$$$
Isso foi um elogio.
Muito bom seo Dedé. Diálogos perfeitos. :)
Abração amigo para ti e a turma!
Ótimo fim de semana!!!
Lindo e como é legal quando podemos crer nas palavras de alguém..Tantos nunca viveram isso!!!abração, praianos ,chica
ResponderExcluirGostei do texto.Antigamente uma palavra tinha muito valor...
ResponderExcluirOi André..gosto demais da maneira omo voce conduz as suas cronicas.
ResponderExcluirBela lição esta.
Antigamente as pessoas tinham palavras. Hoje tá dificil.
Amei estes dois homens de BEM!!!
Bj
Eu sou da época que palavra valia mais do que assinatura em promissória, entendo bem esse texto do amigo!
ResponderExcluirAbraços renovados!
Kkkkkkk
ResponderExcluirSao homen do futuro...
( e eu jurndo que "seu" Bebem tava era preparando o bote pra se dar bem...)
Eh o chamado direito consuetudinario, eu acho.
: )
Um prazer conhece-lo.
Como minha irmã, eu me lembrei de meu pai. Para ele, a palavra empenhada nem precisava contrato escrito. Havia que ser cumprida, em nome da honra. Teve muitos prejuízos por causa disso, mas não mudou seu comportamento. São homens do passado, infelizmente.
ResponderExcluirBjs.
hahaha genial!
ResponderExcluirGosto de dizer que uma palavra deveria valer mais que uma assinatura. Infelizmente hoje em dia nenhum dos dois vale nada.
Abração.
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Site Oficial: JimCarbonera.com
Rascunhos: PalavraVadia.blogspot.com
Oi Andrezinho! Tudo bem?
ResponderExcluirEssa é a versão antiga para a quebra de contrato? rs
É, pessoas honestas, hoje em dia, são consideradas antigas, de outro tempo...Triste né? Parece que a nossa geração se conforma em ser considerada trapaceira e desonesta.
Beijos
www.giselecarmona.blogspot.com
Oi Andrezinhoooo, estou de volta! Confesso que desejei esticar mais uns diazinhos lá pelas bandas da Bahia, mas o dever me chama! Ahhh, como faltam essas pessoas honestas de antigamente, que tinham palavra! Como diz minha vozinha, as pessoas de antigamente davam valor ao que as palavras faladas diziam. Era lei... hoje?! São apenas palavras ao vento...
ResponderExcluirAh, estava com saudades do "Verdades e Bobagens"...
bjks
É o famoso 'fio de bigode' que se falava antigamente, seu Caetano também era assim.
ResponderExcluirBelo texto André.
É o famoso 'fio de bigode' que se falava antigamente, seu Caetano também era assim.
ResponderExcluirBelo texto André.
Pois é, André!
ResponderExcluirNão se "fazem" mais Homens como antigamente, assim como não se "fazem" o respeito, a honestidade, a lealdade, o amor ... E tantas e tantas outras coisas! ^^
Ótimo texto, parabéns!
PS: Não estou Hipocondríaca não viu, só estava alertando um pouquinho!! uashsahusauh'
Abraços e ótima semana!
Muitos valores estão ficando para trás. Com eles, lá se vai a cidadania, algo tão dignificante para um povo, não é?
ResponderExcluirBelo texto, agente Carequinha!
Abraço na "barrigudinha...