sexta-feira, 4 de março de 2016

Metamorfose






Muitas vezes temos certeza de que estamos certos, e que nossa forma de pensar e agir, é a mais correta. Nossa doutrina torna-se o nosso modus vivendi, e isso acaba por se tornar quase que uma questão de honra. Nós não admitimos pensamentos contrários aos nossos, pois nossos pensamentos estão friamente calculados, e estudados. Nós vestimos essa camisa, e morremos por ela, pois é assim que acreditamos, pois fomos convencidos, e o melhor: estamos prosperando e progredindo, pensando e agindo dessa forma.
Correntes de pensamentos existem aos milhões. Filósofos, estudiosos, cientistas e teólogos, que pensaram e repensaram a vida, de trás pra frente e de frente pra trás. Gente capacitada e antenada cada um em seu tempo e que formam opiniões, seguidores e as vezes até adoradores, de seus pensamentos e teorias.
Pessoas que absorvem a todas essas infinitas informações como esponja, sem peneirar antes, as vezes, absorvem muitas baboseiras. Essas baboseiras criam raízes em suas personalidades, enfraquecendo-as psicologicamente para enfrentar o diferente, e aceitar que o diferente tem direito de ser diferente e de pensar diferente e agir diferente.
Hoje pessoas não toleram que alguém torça para outro time de futebol, que seja de outra religião, ou apenas de outra corrente teológica dentro da mesma religião. Enquanto algumas pessoas criam regras rígidas, outras criam a única regra que consiste em não seguir regra alguma. As pessoas estão como dizem os antigos, seguindo o ditado do “oito ou oitenta”, onde: ou é do meu jeito e você me segue, ou você não serve para andar comigo.
As pessoas deveriam pensar mais. Analisar os problemas pela ótica alheia. Conhecer outras correntes de pensamento, e meditar sobre elas. Talvez, o modo que outra pessoa pense sobre algo em que nos tornamos irredutíveis a vida toda, seja a melhor forma de pensar a questão. E talvez essa pessoa não esteja cem por cento certa, mas uma nuance de seu pensamento pode te ajudar a melhorar sua posição, afirmando-a ou renovando-a.
Eu vivo em constante mudança. Não sou uma metamorfose ambulante, porque tenho sim minhas questões irredutíveis. Quase todas essas questões, são questões morais. Mas em outras questões secundárias, que de certa forma ajudam a formar essas questões morais, eu me dou ao luxo de estuda-las, incorporando-as ou não, ao meu eu pensante.
Sei que não sou o dono da verdade, e quando descobri isso, eu me tornei uma pessoa muito mais feliz.
Não tenho que ganhar todas as discussões. Não tenho que estar certo em tudo. Posso deixar os louros da vitória para o outro, mesmo que intimamente eu saiba que ele está errado. Mas o que é errado pra mim, pode não ser pra ele.
Por isso descobri que as minhas questões irredutíveis, não existem para serem compartilhadas com todo mundo. Elas existem para serem compartilhadas com pessoas íntimas. Pessoas amigas, pessoas que podem ou não te entenderem, mas que assim como você, aprenderam a aceitar as diferenças. Aprenderam a viver melhor. Aprenderam a analisar outras formas de vida, outras maneiras de agir, de pensar, de comportamento.
Todo mundo um dia vai dar conta de suas atitudes e vai colher o resultado de sua plantação. Mais cedo ou mais tarde a justiça, que eu acredito ser divina, mas que muitos acreditam ser da natureza, vai acabar cobrando seus dividendos. Nesse dia, tudo vai estar claro para quem seguiu a vida toda por um caminho. Nesse dia, o caminho vai ser avaliado e feliz daquele que foi aprendendo enquanto caminhava. Certamente este vai ter uma colheita melhor do que aquele que começou errado, continuou errado e acabou errado, plantando ervas daninhas e semeando pragas. Este vai se afundar em si mesmo, afogando-se em seu ego e morrendo em sua ignorância.
Quando vemos alguém se afundando assim nós temos obrigação de adverti-lo dos problemas que está arrumando para si mesmo? Sim, eu acho que temos essa obrigação.
Mas e julgá-lo? Nós devemos julgá-lo por ele não nos escutar e se meter em um cenário tão ruim? Não, acho que não! Afinal, o que é não é bom pra nós, pode ser o céu que ele tanto desejou para o fim de sua vida. Tudo é relativo!
O mundo é relativo, a vida é relativa. E como meu avô já dizia: Uns gostam dos olhos e outros gostam da ramela. A vida é assim!