sábado, 18 de novembro de 2017

Contagem regressiva



Amigos, tudo bem?
Essa é a capa, e o prólogo do meu novo livro que está na reta final.
Confesso que estou feliz com o resultado, e espero, que quando ele estiver pronto, eu consiga publicá-lo rapidamente.
Resolvi postar aqui, o prólogo, para vocês sentirem o gostinho e quem sabe começarem a torcer por mim e desejar que ele saia do projeto e vire logo um livro de verdade.
Muito obrigado a todos que sempre me incentivam a escrever. Sem vocês do blog, eu acho que não gostaria tanto de escrever, como aprendi a gostar, postando por aqui, minhas Verdades e Bobagens.
Um grande abraço!





Prólogo

Três de fevereiro de dois mil e sete, dezoito e trinta. Um final de tarde quente, e úmido.
A cidade de São Paulo em horários de pico é sempre cruel para as pessoas. Geralmente, enormes engarrafamentos param a correria dessa grande metrópole, que desacelera bruscamente sua forma de viver o dia a dia. Se alguém depender das grandes vias de acesso para chegar a algum lugar com rapidez, certamente se frustrará, pois nesses momentos a cidade não reconhece pressa, não reconhece status, não reconhece posição social ou econômica. Todo mundo, sem distinção, fica aprisionado.

*****

- Marcos, onde você está? Porque está demorando tanto?
            - Desculpe doutor Flavio, mas estou preso no trânsito. Não tem como eu fazer nada.
            - E a Cristina? Como ela está?
            - Está se contorcendo aqui; a bolsa já estourou e ela está em trabalho de parto.
            - E agora? Como a gente vai fazer? Não dá pra buzinar, pedir ajuda, cortar o trânsito? Fazer alguma coisa?
            - Não dá doutor, o trânsito está parado em todas as direções. Não tem como passar nem com bicicleta, imagine de carro.
            - Mas que merda Marcos, arruma um jeito aí, o que não pode é aceitar o engarrafamento numa situação dessas!
            Marcos engoliu em seco. O parto da filha de seu chefe estava marcado para dali a três dias. Já estava tudo calculadamente acertado com o hospital do Morumbi e com a agenda do doutor Flavio. Ele chegaria dos Estados Unidos, onde estava á trabalho, no dia quatro de fevereiro, sua esposa seria internada no dia cinco, e daria à luz no dia seis, que era o mesmo dia do aniversário de Cristina. Mas o destino quis diferente, a bolsa se rompeu e Marcos teve que sair às pressas com sua patroa se contorcendo de dor, rumo ao hospital.
            - O senhor tem uma sugestão doutor?
            - Como eu teria uma sugestão se nem no Brasil eu estou? A sugestão quem tem que me dar é você, que está aí vivendo a situação.
            - Acho que a única solução é pegar o próximo desvio e seguir para o hospital Bento Cardoso que fica a uns dez minutos daqui.
            - O quê? Bento Cardoso? Mas você ficou maluco! Você quer levar a minha esposa, para ter a minha filha, no hospital Bento Cardoso?
            - O senhor pediu a minha sugestão não pediu? A dona Cristina está quase desmaiando de dor aqui no banco de trás...
            Marcos esperou a resposta do patrão sobre o que deveria fazer; dava pra escutar a respiração ofegante do outro lado da linha. Mas de repente a patroa no banco de traz soltou um gemido de dor tão assustador que o motorista não aguentou esperar mais:
            - E aí doutor Flavio? O que o senhor quer que eu faça?
            - Tudo bem, toca para o Bento Cardoso.

*****

            O hospital Bento Cardoso é um dos hospitais mais procurados pela população da cidade, funciona como se fosse a “Santa Casa” das cidades do interior. Quando alguém tem, qualquer coisa, de dor de barriga a derrame cerebral, o primeiro lugar que se lembra, é o hospital Bento Cardoso. Nesse dia não era diferente.
            - Misericórdia gente, por favor, alguém faça alguma coisa. – gritava Luiz nervoso. – Minha esposa vai ter minha filha agora. A bolsa estourou e ela está com muita dor.
            - Já chamei o médico senhor - falou o enfermeiro, ajeitando um colchonete num canto do corredor. – Não tem nenhum leito sobrando, e o médico que vai fazer o parto de seu filho está acabando de atender um rapaz que chegou baleado.
            - Mas como isso é possível? – falou Luiz gesticulando com o enfermeiro. – Minha filha vai nascer aqui no chão do hospital?
            - Senhor! – disse o enfermeiro tentando ser paciente - nós sabemos que é uma visão terrível, mas, por favor, deite sua esposa nesse colchonete.
            Luiz quis esbravejar com o enfermeiro, mas engoliu em seco quando viu que do lado de sua esposa, outro enfermeiro ajudava mais uma grávida a deitar-se em outro colchonete.
            Da porta do hospital, outra enfermeira gritou:
            - Arrumem mais um colchonete do lado das grávidas que vem chegando mais uma!
            Era Cristina, que vinha carregada por Marcos que falava desesperado:
            - Ela desmaiou! A bolsa já arrebentou a mais de meia hora e ela está fraca demais para dar à luz sozinha!
            - Tudo bem senhor! – falou a enfermeira guiando Marcos. – Deite-a nesse colchonete.
            - No chão do corredor? – perguntou Marcos aflito.
            - Senhor! – disse um médico que chegava se arrumando para fazer os partos. – Dê uma olhada á sua volta. A gente faz o melhor que pode, e nesse momento o melhor é esse corredor.
            Marcos levantou o olhar e reparou que o hospital estava realmente superlotado. Pessoas com fraturas expostas, baleadas, crianças chorando, pessoas desmaiadas nas poltronas que ficavam num tipo de sala de espera, choro de mães, de pais, correria de médicos e enfermeiros, e pelo menos cinco grávidas deitadas naquele grande corredor.
            Nesse momento mais três médicos apareceram colocando luvas e máscaras. Dava pra ver que um deles era anestesista, pois trazia seringas e vários frascos em suas mãos. Outro munido de um bisturi, entregou-o a uma das enfermeiras e falou:
            - Cesariana só em último caso!
            A enfermeira balançou a cabeça afirmativamente e depois de dar uma olhada no estado das parturientes, disse:
            - Doutor, eu acho que devemos começar por essas duas, uma está quase desmaiada e a outra está muito mal também.
            - Beleza! – falou um dos médicos, que parecia mais velho, se abaixando e ficando de cócoras. – Vou ver se reanimo essa aqui. – depois, virando-se para um médico bem jovem e com cara de assustado, falou: - Cuida dessa aí, se precisar de ajuda, me fala.
            Marcos e Luiz tremiam de medo. Um de ser demitido e processado pelo patrão, além de temer pela vida de sua patroa, e o outro de desespero ao ver sua esposa passar por aquela situação crítica e humilhante. Pra piorar, essa última frase que o médico mais velho disse ao médico do lado não ajudou nada para acalmá-los, pois denotava que além das condições ali serem precárias, nem todos os médicos estavam acostumados a fazer um parto.
- Moça! Moça! – falou o médico dando pequenas palmadas no rosto de Cristina. – Preciso que acorde! Vamos, chegou a hora de você trabalhar, senão seu filho não vai nascer.
            Cristina escutava uma voz distante e sentia que alguma coisa batia-lhe no rosto. Aos poucos seus sentidos foram voltando e ela conseguiu enxergar à sua frente uma pessoa vestida como se fosse um médico.
            - Hã... o... onde estou? – perguntou Cristina indecisa.
            - Está no hospital, eu sou médico e agora chegou a hora de você fazer força pra seu filho nascer!
            Do lado de Cristina outro médico falava para Raquel a mesma coisa:
            - Como é seu nome?
            - R... Raquel...
            - Então Raquel! – disse o médico segurando-lhe a mão e apertando. – Faça força! Respire, e faça força! Seu filho já está passando da hora de nascer.
            Os doentes e feridos que esperavam para serem atendidos, fizeram uma pequena aglomeração ao redor das mulheres grávidas e um dos enfermeiros teve que intervir:
            - Gente, deem espaço! As mulheres estão tendo nenê, caramba!
            Cristina, ao lado de Raquel começou a obedecer ao médico tentando fazer força, mas estava fraca e não conseguia. O médico percebendo a dificuldade da moça insistia:
            - Como é seu nome?
            - Cristina.
            - Cristina, a gente não está em situação de fazer uma cesariana, eu não sei se você reparou, mas a gente está no corredor de um hospital.
            Nesse momento, Cristina levantou um pouco a cabeça e olhou ao seu redor, a cena que viu não lhe agradou muito. Como a esposa de um dos maiores industriais brasileiros, além de político influente, foi parar num corredor de hospital?
            - M... mas c... como? – disse ela assustada olhando para Marcos, seu motorista, e depois, virando-se para o médico. – Eu tenho dinheiro pra c... comprar esse hospital se quiser! Meu m... marido é um dos industriais mais bem s... sucedidos do Brasil, nós te... temos negócios com o gov... governo, meu marido tem carreira n... na política...
            Essas palavras de Cristina chamaram a atenção das pessoas que estavam aglomeradas em volta das grávidas. Pessoas humildes que estavam ali por não ter outra opção; que sentiram dó da pobre moça rica dando a luz ali no meio do povão. Outras pessoas, sem dó, se aproximaram para fitar o rosto de Cristina e dirigir-lhe algum sorriso de zombaria e ao mesmo tempo de “justiça”, outros, se olharam sem entender a frase da moça e acharam que ela estava delirando, mas ao repararem em seus traços delicados e roupas finas, acabaram achando que ela realmente falava a verdade.
            - É minha senhora? – falou o médico enérgico. – Mas agora você pode escolher: ou dá à luz aqui mesmo, ou vai virar uma defunta rica e ser enterrada num caixão de ouro. A escolha é sua!
            Cristina fuzilou o médico com o olhar, mas logo entendeu que ele não tinha culpa de nada e estava ali tentando dar o seu melhor; por isso, consentiu com o olhar se entregando ao atendimento do médico.
            Um burburinho correu pelos corredores do hospital dizendo que uma mulher milionária estava dando à luz ali, e mais pessoas vieram ver o show.
Do outro lado, um grito de dor ecoou pelo corredor chamando a atenção de todos:
            - Força! Força! – gritou um terceiro médico.
            Nesse momento um choro esganiçado se ouviu e uma enfermeira pegou a criança dos braços do médico.
            - É um menino! – falou o pai sorrindo. – Pra onde ela vai levar meu filho?
            - Ele vai para o berçário, disse o médico. Lá um pediatra vai fazer os primeiros atendimentos, depois ele vai tomar banho e vai para o berço.
            - Vocês duas estão vendo? – falou o médico que atendia Raquel, ficando de pé e gesticulando para ela e Cristina. – Vocês duas estão muito moles!
            Luiz que acompanhava a tudo aflito virou-se para sua esposa, e falou nervoso:
            - Meu amor, faça força, por favor, senão a Manoela não vai nascer!
           - Ah... É uma menina! – falou o médico com um sorriso. – Vamos lá então dona Raquel, respire fundo e faça força!
            Marcos, ao lado de Luiz, olhava para sua patroa e não se conteve:
            - Dona Cristina, a senhora tem que fazer força também!
            Um homem com um corte na cabeça que estava esperando para ser atendido, um menino com a perna quebrada que gemia de dor, uma mulher que segurava um pedestal com um frasco de soro, outra mulher com dor nas costas porque levou um tombo no piso molhado de um supermercado, dois policiais, que acompanhavam um homem algemado e baleado por ter tentado fugir de um flagrante, uma mulher segurando um nenê infestado de catapora, uma mulher com uma grande ferida na perna, algumas pessoas aparentemente sem problemas e mais dois enfermeiros, olhavam fixamente para Cristina e Raquel, que resolveram, apesar das dores e da condição precária, fazer toda a força que podiam.
            - Isso dona Raquel, - falou o médico – respira e faz força!
            Aos poucos o bebê começou a despontar e sair, o médico, com habilidade, ajudava a mulher retirando a criança.
            Ao lado, Cristina tinha mais dificuldade, e toda a força que fazia não era suficiente para dar à luz sua filha. Foi então, que o médico que ajudava Raquel, aproveitando que seu bebê já tinha colocado a cabeça para fora, cortou um pouco do cabelo do bebê e passou discretamente para o médico ao lado, que pegou o chumaço de cabelo e colocou bem perto dos olhos de Cristina falando pra ela:
            - Tá vendo esse chumaço de cabelo aqui? É do seu bebê, mas parece que você não quer que ele nasça, pois não faz força!
            Esse gesto do médico caiu feito uma bomba na cabeça de Cristina, que ganhou uma dose extra de força que nem ela sabia que tinha.
            Ao mesmo instante nasceram as duas crianças. A filha de Raquel, que se chamaria Manoela, e a filha de Cristina que teria o nome de Patrícia.
            Os médicos entregaram as meninas para as enfermeiras, que rapidamente saíram com as meninas pra fazerem os primeiros atendimentos.
            As pessoas que assistiam aos partos aplaudiram as mães que mesmo com muita dor, retribuíram com sorrisos e muita felicidade.
            - Ufa! – falou um dos médicos. – Vocês deram trabalho pra gente hein!
            Marcos e Luiz, que acompanhavam a tudo muito apreensivos, abraçaram os médicos, e Marcos falou ao ouvido do que fez o parto do bebê de Cristina:
            - Doutor! Parabéns, que golpe de mestre o lance do chumaço de cabelo.
            - Ah, - respondeu o médico sorrindo – você percebeu!

            - Isso salvou meu emprego! 






quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ao vencedor? Nada...




Ultimamente eu ando um pouco sem paciência com as coisas.      
No facebook eu vejo pessoas brigando por causas irrelevantes, e percebo que essas pessoas estão vazias.
Parece que ganhar essa batalha facebuquial, seria o mesmo que encontrar um bilhete premiado de alguma loteria que lhes desse um pouco de sentido para uma vida triste e sem sentido de ser.
As pessoas estão cada vez mais impondo as suas opiniões, e certezas. Parece que ninguém no mundo pode pensar diferente delas e que, opinar e aparecer, é mais importante que viver bem e feliz em comunidade e cultivando amizade.
As pessoas estão se tornando intolerantes e acreditam que o mundo inteiro virou um grande bulling, e que todos só nasceram para ter a função de sacaneá-las! Antigamente o nome disso era esquizofrenia, mas hoje, a gente tem que aguentar esses doentes mimados, senão pode ser acusado de algum crime.
 O individualismo está massacrando as amizades, porque cada vez mais as pessoas estão solitárias e trancadas em si mesmas.
É triste, porém também enche o saco. Muita gente cheio de mimimi, cheio de não me toque, com o rei na barriga.
Eu até confesso que sempre fiz as minhas chatices, e participei de briguinhas que não levaram a lugar nenhum, mas nunca me chateei e nem perdi amizade com ninguém por causa disso. Uma vez eu escutei a frase: “Briguem as ideias, jamais, os homens.” Eu achei essa frase bonita demais, e por isso, nunca briguei pessoalmente com ninguém por questões ideológicas.
Por isso, hoje, mais maduro, eu resolvi não alimentar brigas ideológicas, políticas e nem religiosas com ninguém. Não que eu não vá dar a minha opinião, e nem dizer o que eu penso sobre o assunto, mas quando eu perceber que a pessoa não quer interagir, e sim, ganhar em uma briguinha de ideias, ela vai ter que brigar sozinha, porque eu tô fora disso.
Pois, como disse algum filósofo, que não me lembro o nome: “É melhor ser feliz do que estar certo.”





sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Alguns desenhos



Eu gosto muito de escrever, mas também gosto de desenhar.
A correria da vida não deixa com que eu me dedique a essas duas paixões como eu gostaria, mas, de vez em quando eu consigo fazer alguma coisa.
Aqui pra vocês, um pouquinho da minha arte, arteira.
Meio tosca, mais ou menos bem feita, mas é de coração!

















terça-feira, 31 de outubro de 2017

Poção magica






Colocou três pitadas de asa de morcego, um colherinha de patas de barata, três dentes de alho e meio litro de mel de abelha jataí. Mexeu tudo com uma colher de pau feita com o tronco da árvore mais torta do bosque. Ela acreditava nessas coisas e achava que isso iria mudar a sua vida.
Cuidadosamente, juntou mais sete minhocas vermelhas e sete minhocas brancas, uma pata de coelho e vinte e dois cogumelos bravos que dão em madeira podre de beira de brejo.
Ela sabia da antiga lenda que dizia que essa poção era tiro e queda. Uma poção antiga que vinha passando de geração em geração, desde a criação da sociedade das bruxas obscuras de Cabrobó; e agora, essa poção prometia acabar com todos os seus problemas.
Ela não sofreria mais por amor, não teria mais TPM, ninguém mais fofocaria sobre ela, nunca mais ela teria impulsividade por fazer compras no shopping, essa poção seria magia pura em sua vida.
Seguindo a receita bruxesca, ela juntou dois rins de tartaruga, quatro olhos de cachorro poodle, um testículo de gato persa, mexeu mais uma vez acrescentando aos poucos trinta e oito gotas de limão siciliano. Na receita lia-se: “Importante, a cada gota de limão que cair no caldeirão, a pessoa que estiver fazendo a poção mágica, deve recitar as nove palavras libertadoras e dar uma volta completa no caldeirão.”
 Ela fazia isso com muito prazer, porque a lenda afirmava que todas as mulheres que recorreram a essa poção nunca mais choraram por desilusão, nunca mais tiveram problemas com roupas que não lhe cabiam, nunca mais tiveram estrias, nunca mais tiveram celulite, nunca mais tiveram pensamentos suicidas quando viram aquela amiga que ela detesta usando um vestido igual ao que ela comprou naquela loja caríssima, nunca mais foi incompreendida pelo seu marido, noivo ou namorado!
Como toque final ela colocou três pétalas de rosa vermelha, duas pétalas de rosa branca, um talo de couve manteiga e trezentas gramas de estrume de uma vaca malhada.
- Pronto! – pensou e voz alta. - Agora todos os meus problemas, vão magicamente acabar.
Com um sorriso nos lábios ela colocou duas conchas cheias da poção em uma caneca e recitando pela última vez as palavras libertadoras, tomou sete goles da poção dando o intervalo de sete segundos entre elas.
Realmente todos os problemas dela foram resolvidos, a poção era mesmo mágica, as bruxas obscuras de Cabrobó sabiam fazer feitiços, e por isso ela nunca mais se queixou de nada na vida, porque a poção mágica a transformou numa linda, alegre, esbelta e delicada ameba.





segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Marqueteiro






Os marqueteiros políticos estão se especializando mais e mais em criar personagens bonzinhos, para enganar o povo burrinho, e a gente se especializando mais e mais em votar errado pra poder ficar quatro anos reclamando no Facebook.





terça-feira, 10 de outubro de 2017

Mariana viajou, e Graziela se casou




                              

Rodolfo namorou com Graziela desde a adolescência. Com o passar do tempo, Rodolfo que sempre fora um doce de pessoa, se transformou em um rapaz ciumento e obsessivo, que não suportava a inteligência e a beleza de Graziela, que era uma menina que chamava atenção por onde passasse. Ele se julgava menor perto dela e apesar de amá-la perdidamente, sentia-se confuso e acuado perto dela.
Luiz e Mariana namoravam a oito anos. No quarto ano de namoro eles decidiram morar juntos, a vida era perfeita, eles realmente se amavam, eles realmente se respeitavam e viviam bem.
Chegou um dia que a Graziela não aguentou mais as crises de ciúme de Rodolfo, e decidiu terminar o relacionamento. Rodolfo não aceitou e chegou até a bater em Graziela. Foi uma briga enorme, que mobilizou os vizinhos e até a polícia. Rodolfo acabou preso naquela noite, e depois de dormir na cadeia, logo cedo, pagou a fiança e foi liberado.
Mariana era bióloga e recebeu uma oferta de emprego irrecusável no Canadá, pois além de independência financeira, ainda poderia fazer o que mais gostava na vida, só que Luiz era promotor, e tinha uma carreira brilhante pela frente.
Graziela começou a namorar com Ricardo seis meses depois da separação com Rodolfo, dois anos se passaram, mas quando Rodolfo soube que sua ex-namorada iria se casar, passou a ameaçar os dois. Ligava pra ela todos os dias, mandava cartas, e-mails e mensagens através do Facebook, dizendo que não aceitava esse casamento. Rodolfo fazia da vida de Graziela um verdadeiro inferno.
 Mariana e Luiz estavam num beco sem saída, ela tinha a maior proposta que um biólogo poderia ter, e ele tinha uma vida pela frente num ramo em que havia lutado muito para conseguir. Essa situação começou a martelar na cabeça deles, até que no calor de uma discussão, Luiz pediu para Mariana ir pro Canadá sem ele.
Rodolfo resolveu que não iria abrir mão de Graziela e não a deixaria se casar com Ricardo, o casamento estava marcado pro próximo sábado as 20 horas.
Sábado, as 20 horas, sairia o vôo que levaria Mariana ao Canadá. Numa última conversa, ela deixou claro para Luiz que se ele aceitasse, ela abandonaria o convite de emprego e ficaria no Brasil, mas Luiz não achou justo atrapalhar o sonho de Mariana, mesmo amando-a como a amava. 
Rodolfo foi até uma favela e comprou um revólver.
Mariana se despediu de Luiz e foi de taxi para o aeroporto.
Graziela estava se preparando para ir pra igreja.
Rodolfo bebeu a tarde inteira pra tomar coragem de executar sua vontade.
Quinze para as oito, Luiz se arrependeu, correu até a garagem e saiu em disparada com seu carro para tentar impedir Mariana de viajar.
Quinze para as oito, Rodolfo tomou coragem, pegou a arma, carregou-a, e partiu com seu carro pra matar Graziela e Ricardo na porta da igreja.
Luiz estava a 120 por hora na marginal, ultrapassando todos os carros, desviando dos motoqueiros e dos caminhões, enquanto Rodolfo vinha em sentido contrario, ziguezagueando e correndo o máximo que seu carro podia dar, os dois, cada um movido por um tipo de sentimento, vinham fazendo loucuras no trânsito, correndo riscos, e pondo todas as vidas que passassem por eles em risco também.
Foi então que num cruzamento dois carros colidiram de frente, outros carros que vinham atrás foram batendo, batendo, batendo, e isso se transformou no maior engavetamento que aquela cidade já havia visto. Os dois motoristas morreram na hora, e pedaços de peças de carro se espalharam por quarteirões inteiros.
A polícia chegou, os bombeiros chegaram, as pessoas foram parando seus carros no engavetamento.
As oito horas em ponto de um lado do engavetamento Rodolfo olhou no relógio e pensou: “- Isso deve ser um sinal de Deus... Eu ia fazer uma cagada e ia me ferrar pro resto da vida...”
Do outro lado, Luiz sentou-se no capô do seu carro, e olhando para o caos a sua frente, franziu a testa e pensou: “- É, eu tive muitas oportunidades para não deixar Mariana viajar, mas talvez seja melhor assim.”


Re-postagem de um conto que gosto muito, pela rotatividade do blog, acho que muitos novos leitores ainda não leram. Espero que tenham gostado.







terça-feira, 3 de outubro de 2017

Aperte o play, e sinta o gosto da agua...





Gosto de sentar quieto e escutar blues. Também gosto de rock.
Gosto de ler um bom livro, assistir um bom filme, escrever contos, crônicas e livros... Gosto de desenhar.
Gosto de tudo isso, mas a vida pede outras coisas.
Nossa vida cobra coisas da gente, que até fazemos com prazer, mas, com o prazer da obrigação!
Eu tenho prazer um cuidar da minha esposa, do meu filho, de atender meus clientes, de sair cedo, trabalhar o dia inteiro e chegar em casa à noite exausto, sem vontade de escutar blues, sentar e escutar rock, ler livro, assistir filme, desenhar ou escrever.
Respirar, as vezes a gente respira, olhar à volta, as vezes a gente olha. Sentir o gosto da agua, da comida, da bebida. Sentir o cheiro do sabonete, da flor, da manhã... As vezes a gente sente!
Mas quando a gente se pega sentindo esses sabores da vida, logo o relógio avisa que não há tempo para essas bobeiras.
O relógio avisa que a vida está cobrando desempenho, e cheiro de sabonete não ajuda em nada. Os minutos cobram resultado, e respirar não ajuda em nada.
Gosto de sentar quieto e escutar blues...
Também gosto de rock, e de respirar. Aliás, eu tenho que respirar.
Gosto de abraçar minha esposa, meu filho, minha mãe.
Gosto de abraçar minha cachorra e fazer cafuné na barriga da minha gata...
Tenho coragem de assumir, mesmo que à contragosto minha condição de ser vivente dependente da engrenagem maligna das obrigações. Às vezes me engano me achando feliz demais, e as vezes, me engano me achando triste demais.
Quando dá, sento quieto e escuto blues, respiro e sinto o gosto da agua. Mas quando não dá, vou fazendo parte da engrenagem e vivendo, afinal, também existem os prazeres da obrigação...





sábado, 23 de setembro de 2017

O macro e o micro






As coisas estão estranhas no Brasil.
As “minorias”, que são: homossexuais, lésbicas, feministas, negros, nortistas, gente oriunda de religiões diferentes etc, estão preferindo se inferiorizar para ganhar espaço na mídia como coitadinho, e ganhar alguma coisa com isso, ao invés de aceitar que gente é gente, e problemas acontecerão sendo ele do jeito que é ou não. No final, as minorias estão ditando as regras e as maiorias estão sendo obrigados a obedecer.
Um grande exemplo de gente inteligente e trabalhadora e que não ficou lutando burramente pra ser minoria, e se impôs na sociedade, cavando seu espaço, e hoje está perfeitamente dentro da engrenagem brasileira e as vezes com grande destaque, são os chineses.
Chegaram aqui recentemente, sem saber falar absolutamente nada, enfrentaram um racismo que também foi muito duro contra eles, estudaram, entenderam a sociedade e hoje em sua grande maioria são patrões.
Os árabes também: chegaram um pouco antes que os chineses, mas de uns anos pra cá, devido as várias guerras no Oriente Médio, fizeram uma nova investida no Brasil, se encaixaram perfeitamente na sociedade, e hoje, quando não são patrões, tem ótimos empregos e destaque na sociedade.
Não tem chinês e nem árabe querendo ser minoria. Não tem coreano, não tem europeu, brigando pra se apequenar e ganhar a peninha dos outros.
Me desculpem a sinceridade desse texto, mas eu sou da opinião de que nesse pais chamado Brasil, existe condição pra todo mundo que queira encarar a vida, que queira trabalhar, que queira estudar e lutar para encontrar seu espaço. A nossa sociedade tem racismo, tem homofobia, tem preconceito religioso? Claro que tem, mas em relação à grande maioria dos países do mundo, nossa sociedade é muito mais acolhedora e humana. Ultimamente quando você vê um caso de racismo, de mulher violentada, de intolerância religiosa, pode ir à fundo na notícia, que você vai ver que o infrator, geralmente é um perturbado mental, ou pessoa de moral duvidosa.
Gente... Vamos olhar para o macro e não para o micro. Vamos deixar de ser burros! Vamos imitar os chineses, coreanos, árabes e todo mundo que venceu por aqui, eles vieram de longe e olharam para o macro, entendendo nossa sociedade muito melhor que a gente e hoje fazem parte de um todo.
Pense nisso!






sexta-feira, 15 de setembro de 2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Descartáveis S/A

                                          
                                               





Tuuu... Tuuu... Tuuu... Tuu.
- Obrigado por ligar para a Descartáveis S/A, se você precisa de uma namorada ou namorado, tecle 1. Se precisa de um amigo tecle 2, se precisa apenas de um caso de final de semana, tecle 3, se quiser receber o nosso catálogo tecle 4, ou aguarde para falar com um dos nossos atendentes.
- Alô, aqui quem fala é Ademar Pereira, em que posso lhe ajudar?
- Oi, eu queria saber como é esse negócio de descartáveis.
- Sim... Aqui a gente trabalha com todos os tipos de descartáveis. Pois nesse mundo corrido em que vivemos não dá mais pra ficar perdendo tempo com coisas fúteis e sentimentalistas.
- Legal, se eu quiser um relacionamento como é que vocês fazem?
- Nós temos agentes espalhados pelos bares e clubes da cidade, e em todos os tipos de balada. Você pode beijar quantas meninas quiser sem compromisso, como num relacionamento relâmpago, totalmente descartável. Mas se preferir, pode levar esse relacionamento por alguns dias ou semanas, e talvez até meses, depois quando enjoar, pode simplesmente largar e terminar o relacionamento.
- Mas a menina não vai ficar chateada?
- Não, porque aqui o nosso lema é: "Eu feliz e mais ninguém." Nossos clientes tem que zelar apenas pela sua satisfação pessoal, e nada mais.
- E casamento?
- Temos também. Totalmente descartáveis, até com filhos, você namora, fica noivo, casa, tem filhos e o dia em que não estiver mais feliz, parte pra uma vida nova, sem problemas.
- E os filhos?
- Descartáveis, eles arrumam outro pai descartável que lhes crie depois.
- Que legal! Aí tem amigos também?
- Temos... Amigos de infância, de escola, de faculdade, do futebol, de trabalho, todos totalmente descartáveis, depois quando você não os quiser mais como amigos, é só passar do outro lado da rua, como se não os conhecesse.
- Rapaz, mas isso aí é bom demais!
- Obrigado senhor, a sua satisfação, é o mais importante para nossa empresa.
- Então anota aí meu pedido: Eu quero, três amigos pra um ano, cinco meninas pra beijar hoje, sendo que uma delas é pra namorar três meses.
- Tudo bem senhor, mais algum pedido?
- Ah, sim... Me manda também uma dúzia de copinhos plásticos pra café!





sábado, 26 de agosto de 2017

Aventura e Ficção






Eu era criança em uma época em que os gibis de heróis faziam sucesso entre a garotada. O gibi do Homem Aranha chegava na banca do Sr. Joaquim no dia 15, o “Superaventuras Marvel”, chegava dia 20, o “Heróis da TV”, que trazia as aventuras dos Vingadores, chegava dia 25, no comecinho do mês, geralmente dia 5, chegava “A espada selvagem de Conan”, gente... Como eu ficava apreensivo esperando esses dias chegarem logo no calendário.
O “seu” Joaquim era um sujeito estranho, ele sabia que eu comprava todos os gibis, mas se eu não corresse lá no dia certo, ele vendia pra outra pessoa.
- Seu Joaquim, - eu falava – cadê o gibi do Homem Aranha.
- Vendi, - ele respondia seco!
- Mas o senhor sabe que eu venho sempre comprar, porque o senhor não guardou um pra mim?
- Eu não estou aqui pra ficar guardando revista pra ninguém! – respondia ele ficando vermelho de raiva.
Uma vez, depois de anos que eu comprava gibi em sua banca, não sei como, o velho Joaquim me disse:
- Gordinho, como é o seu nome?
- André.
- Olha aqui, chegou essa revista nova, ela se chama Aventura e Ficção, eu guardei uma pra você.
- O senhor guardou uma pra mim? – eu falei sem acreditar na gentileza daquele bruto.
- Você tem que ter responsabilidade. – disse Joaquim me entregando a revista. – Quando você gosta de uma coisa, você tem que correr atrás dessa coisa, antes que outros a tomem de você. Assim funciona a vida. Você vai ver que durante a sua vida toda, você vai ter que correr atrás, se quiser se dar bem. Então não adianta você falar pra eu guardar as revistas pra você! Você sabe o dia que elas chegam, e é sua responsabilidade vir aqui buscar!
- Mas Sr. Joaquim, quando o senhor não guarda pra mim, eu tenho que ir na banca do Mário, lá no largo da matriz. Tenho que andar quase uma hora pra chegar lá! Ainda bem que ele pede um monte de gibi e sempre sobra.
- Ele não está ajudando em nada pedindo um monte de gibi pra sobrar. Aposto que os meninos lá são folgados e não são fiéis como os meninos que compram comigo.
Na época eu não entendi muito bem essa posição do velho Joaquim, não entendi como essa chatice dele poderia me ajudar em alguma coisa, e achei simplesmente que ele era um velho ranzinza.
- Quanto é essa revista nova que o senhor guardou pra mim?
- Nada! – disse Joaquim me estendendo a revista. – Mas olhe bem! Hoje é dia 12, e essa revista vai chegar sempre por volta desse dia, se quiser comprar, já sabe! Mês que vem não vou nem guardar e nem te dar!
Sabe que hoje eu entendo bem as chatices pedagógicas do Sr. Joaquim, além de me ensinar a correr atrás das coisas que gosto, de ser disciplinado com isso, ainda me deu de presente a “Aventura e Ficção”, que me fez ter que que escolher todo mês uma revista que tinha que deixar de comprar, porque o dinheiro que meu pai me dava, não dava pra comprar todas... O Sr. Joaquim era sábio... Também... Era dono de banca de revista, devia ser bem informado...