Olá amigos! Bom, retornando as atividades blogueiras, eu resolvi postar um grande conto que escrevi a algum tempo, e que até já postei aqui. Da outra vez eu postei esse conto inteiro, todo de uma vez, e por isso, pouca gente leu. Agora resolvi postá-lo em capítulos e assim facilitar a vida de todo mundo.
Esse conto já foi publicado em uma antologia de contos da editora Big Time, e quando publicado no facebook, me rendeu bons comentários. Espero que gostem!
Virgem Maria
O sol
raiava no horizonte, e o vilarejo acordava, com suas ruas ainda vazias.
A
fumaça saia lentamente pelas chaminés dos fogões à lenha e os bolos e pães
começavam a ficar prontos, enquanto a agua para o café era fervida.
Era
início de inverno. A neve caíra a noite toda de uma forma branda, e agora, aos
primeiros raios de sol, ela começou a derreter, e isso a fez misturar com a
terra das ruelas formando um barro espesso, que grudava nas rodas da carruagem
que trazia o Monsenhor Fernando e o alcaide Carlos Arguiles.
Junto
com eles vinham mais quatro guardas da brigada da santíssima corte da igreja e
da cidade de Manzaneda, armados com suas espadas, armaduras e escudos, como se
fossem a uma guerra. Na verdade iriam mesmo, mas não sabiam ainda quem era o inimigo.
Sabiam apenas, que era um inimigo de Deus e dos homens de bem, católicos e
defensores dos bons costumes.
O
barulho do estanque da carruagem e das ordens para os cavalos pararem entrou pela
casa adentro, dona Matildes cutucou seu marido Armando sussurrando:
- Tem
alguém na nossa porta!
- Deixem que chamem, uma hora dessas da
madrugada e ainda no domingo, talvez nem seja aqui.
A
porta da carruagem rangeu e duas pessoas desceram, deu pra ouvir os passos das
botas de couro de coelho com salto de madeira chegarem até bem perto da porta,
quando alguém bateu com batidas firmes e anunciou em voz alta:
- Ô
de casa! Monsenhor Fernando e o alcaide Arguiles estão aqui para falar com o senhor
Juan de Castro!
Dona
Matildes olhou para seu marido assustada e perguntou: - O prefeito e o chefe da
igreja querendo falar com o Juanito? Deve ser um engano.
- Calma mulher que vou abrir a porta - falou
Armando de um salto só até a fechadura. - Olá senhor alcaide, a benção Monsenhor
Fernando, (Armando disse isso se inclinando e beijando a mão do líder da
igreja), o que está acontecendo?
- Senhor
Juan de Castro?
- Não
Monsenhor, eu sou Armando de Castro, pai de Juan, o que está acontecendo?
- Queremos
ver o senhor Juan de Castro!
- Matildes,
- falou Armando virando para sua esposa - chame o Juanito por favor, depressa! –
depois virando-se novamente para o chefe da igreja, perguntou: - Posso saber o
que está acontecendo Monsenhor? - Falou Armando voltando-se para o “santo
homem”.
- O
frei Augusto do convento de Manzaneda pegou esse escrito mal intencionado no
meio das coisas do seu filho Sr. Juan de Castro - falou o Monsenhor balançando
um pedaço de papel - esse escrito fala de um amor carnal de um homem por uma
mulher, e como o senhor bem sabe, não são permitidos os poemas escandalosos no
nosso reino. O papa proibiu todos os poemas carnais subversivos e só é
permitido escrever sobre a vida ou a história dos santos homens da igreja e
obras sacras!
- Mas o que está escrito de tão grave nesse
papel? - Perguntou Armando aflito.
- Um
poema carnal e isso só pode vir de uma mente suja e influenciada pelo demônio -
falou Monsenhor Fernando dobrando e colocando o papel no bolso - posso falar agora com seu filho?
Foi
então que dona Matildes apareceu com um garotinho de 14 anos, trazendo-o pela
mão até a porta.
-
Quem é esse menino? - Perguntou o Monsenhor.
- Esse
é meu filho Juan de Castro - disse dona Matildes abraçando Juanito como uma
galinha protege seus pintinhos debaixo das azas. - Como o senhor pode ver ele é
apenas uma criança!
Foi
então que o alcaide Sr. Arguiles se aproximou do casal aflito e examinando
Juanito de cima abaixo, fez uma careta entortando a boca e franzindo a testa
para depois de um longo momento falar:
- É
monsenhor Fernando, isso é pior do que a gente estava esperando... Um garotinho
desses escrevendo uma coisa daquelas só pode mesmo ser um bruxo encarnado!
- Realmente Arguiles; guardas! - falou
monsenhor Fernando bradando autoritariamente. - Vamos levá-lo para a masmorra
enquanto espera o julgamento para o dia da fogueira santa.
Acordando com o dia e com o barulho na
rua, várias pessoas saíram de suas casas e começaram a se aproximar daquela
triste expedição matinal. As pessoas tentavam entender o que estava acontecendo
e alguns até se revoltaram, mas eles sabiam que a palavra do Monsenhor Fernando
era a última a ser dita e nem pensavam em questioná-lo.
Seu Armando entrou na frente de
Juanito, como se fosse um escudo, protegendo-o, e desesperadamente gritou
suplicando: - Como vocês vão querer fazer isso com uma criança, vocês não veem
que ele é inocente? Não vou deixar que levem meu filhinho. Quero saber o que foi que ele escreveu de tão
grave!
Dona
Matildes agarrava ainda mais forte seu filho que ainda bêbedo de sono não
conseguia entender nada do que estava acontecendo, sabia apenas que aquelas
pessoas estavam falando dele e que seus pais estavam aflitos.
- Guardas, peguem o Sr. Juan de Castro
à força se for preciso. - ordenou o alcaide Arguiles.
Um dos guardas, homem forte, forjado para a guerra, com uma armadura que brilhava com o reflexo dos primeiros raios de sol, empunhando uma espada de lâmina tão larga e afiada que cortaria uma pessoa ao meio facilmente, se aproximou de Armando e sem fazer nenhum esforço deu com o cabo da espada em sua cabeça fazendo-o desmaiar. Armando ainda teve tempo de olhar fixamente para os olhos do guarda e conseguiu enxergar que ele não estava feliz em cumprir essa ordem, depois disso, o mundo se apagou...
Um dos guardas, homem forte, forjado para a guerra, com uma armadura que brilhava com o reflexo dos primeiros raios de sol, empunhando uma espada de lâmina tão larga e afiada que cortaria uma pessoa ao meio facilmente, se aproximou de Armando e sem fazer nenhum esforço deu com o cabo da espada em sua cabeça fazendo-o desmaiar. Armando ainda teve tempo de olhar fixamente para os olhos do guarda e conseguiu enxergar que ele não estava feliz em cumprir essa ordem, depois disso, o mundo se apagou...
Amigo André, era mesmo assim em tempos que se vão longe, mas olhe que despertou minha curiosidade em saber o desenrolar desse conto, eu não tenho preguiça de ler, portanto publique logo a sequência...
ResponderExcluirBem escrito, nossa, amei!Parabéns!!!
Abraços apertados!
Oi Ivone!
ExcluirQue bom que gostou.
Estou pensando em colocar um capítulo a cada 3 ou 4 dias.
Falam Mansim, não lembro desse conto, e estava lendo agora, e quando estava esquentando acabou,rs, era pra ter postado ele todo, mas vou acompanhar, muito bacana, parabéns.
ResponderExcluirAbração do Cheng
Hahahaha. Acompanha aqui Chengão.
ExcluirEu fui das que leu o conto todo. Mas uma boa leitura relê-se sempre com prazer.
ResponderExcluirUm abraço e bom Domingo.
Obrigado Elvirinha!
ExcluirLindo,André e vale ler e reler sem dúvida! Adorei teu pedacinho por lá! abraços,chica
ResponderExcluirO blog dos pedacinhos é muito legal.
ExcluirOI ANDRÉ!
ResponderExcluirAINDA BEM QUE CHEGUEI AQUI NO PRIMEIRO CAPÍTULO, VOU VOLTAR PARA CONTINUAR LENDO, FIQUEI CURIOSA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Hahahahahaha chegou na hora!!!
ExcluirOi André, iria gostar de ler até o final, mas não estou bem: vou operar os dois pés.Tudo veio a cavalar, acho que é feitiço dos bravos.
ResponderExcluirAgora estou nas mãos de especialistas vamos ver o que vai dar. Se eu soubesse que iria sofrer tanto não tereia 39 anos , teria ido pra zona, mas não é o que você está pensando e seria cuidadora dos filhotes das mademoseles.kkk
dorlisilva@bol.com.br.
Beijos
Lua Singular
Ore e peça pra Deus te ajudar minha amiga! Tem coisas, que só ele pode!
ExcluirUm beijão e melhoras!!!
Desculpe o erro: é a maldita dor: não teria trabalhado 39 anos.
ResponderExcluirDorli
Gostei desse conto,
ResponderExcluirsó não gostei, todavia
do que aquele tonto
sem dó nem alma fazia!
Obrigado pela visita, boa tarde, caro amigo André, um abraço,
Eduardo.
Hahahahahahaha, e como fazia.
ExcluirEssa época da inquisição deve ter sido pesada demais!!!
Oh deuses!...Um poema de amor carnal! O rapazinho só poderia estar de facto ter sido possuído pelo demónio ou ter encarnado um bruxo! Só poderia de acordo com a visão altíssima das Eminências ser atirado para a "Santa" fogueira!...
ResponderExcluirExcelente narrativa, e fiquei com muita curiosidade em relação à continuação do conto. Parabéns.
Obrigada pela visita ao meu blog.
xx
Hahahaha, de nada Laura!
ExcluirOlá Andre! Passando para agradecer a tua visita e amável comentário, assim como me deliciar com a leitura do Virgem Maria, que promete ser um ótimo conto. Será que o poema do Juanito fala da mãe do alcaide?
ResponderExcluirAbraços,
Furtado.
Será?
ExcluirParece a inquisição...
ResponderExcluirAté aqui o conto é muito bom. Fico à espera da parte 2.
Gostei da narrativa, que prende o leitor da primeira à última linha.
Bom fim de semana, caro amigo André.
Abraço.
Um abraço Jaime. Obrigado por vir!
ExcluirSenti o cheiro do café daquela manhã fria he he he e a cada frase sinto confirmar que a humanidade só pode evoluir com a liberdade de expressão, todos os tiranos se pudessem calariam a boca daqueles que sabem lidar com as palavras ou seja os homens que pensam e se expressam livremente em qualquer tipo de assunto.Uma das colunas principais de uma sociedade mais justa é o contraditório porque a verdade de uns colide com os anseios de outros.
ResponderExcluirA sociedade que se preza deve sempre defender a mídia. E como disse Evelyn Beatrice Hall.
Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.
Abraço meu sobrinho pensador.
Isso aí, Tio!
ExcluirMuito talento por aqui..sempre!
ResponderExcluirabraços meus de boa noite de Domingo pra ti.
Obrigado Lia!
ExcluirCoitado do gurizinho...
ResponderExcluirCoitado do gurizinho...
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