sábado, 6 de outubro de 2012

Fashion

Essa é mais uma historia onde meu imão Juninho conta pra vocês mais um causo da série: Quando eu morava com minha avó! Espero que se divirtam.



Os anos de 1972 e 1973 foram marcantes na minha vida. Não me recordo bem a época certa de cada “causo e acontecimento”, mas muitas dessas histórias e seus detalhes são bem nítidos e inesquecíveis e jamais deixarão de ser engraçados.
Ainda jovenzinho ou como se diz hoje um pré-adolescente, dos 10 a 12 anos, a inocência ia se escondendo e libertando os primeiros gestos da infinita metamorfose humana.
É bem nessa fase que os olhares para as amigas se tornam diferentes, e um deslize qualquer pode por tudo a perder, especialmente no meu caso, era uma fantástica e literal ginástica para me manter notado e normal como todo menino de olhos brilhantes.
Saibam que minha Avó era uma mulher fantástica, cuidava da casa, tinha um mercadinho onde cuidava juntamente com meu santo avô, criava galinhas, era parteira e entre outras muitas outras coisas para o meu azar ela achava que era costureira...
No cenário daquele ano eu estava na 5ª série do ginasial, hoje seria o sexto ano do ensino fundamental.
Seguindo a moda da época, os meus amigos usavam um tipo de shorts um tanto pequenos. Eu via aquilo e queria um também, foi então que eu muito linguarudo, disse que queria COMPRAR um short igual aos de meus amigos. Pra que fui falar aquilo!
Minha avó se empolgou... Foi na loja comprou um pano parecido com jeans. Podem acreditar, mas acho que não existe nada no mundo mais quente que aquilo!
Ela ficou costurando aquela peça por uma semana, parecia um ciclista naquele pedal da maquina, “pedalava numa velocidade tremenda”, parecia que ia voar. Sim, para ela aquele short seria a sua obra prima, de certa forma, no começo eu também estava bem esperançoso. Quando finalmente ela terminou, era numa terça e a aula de educação física seria na quarta de manhã.
Foi quando ela me apresentou o “short “, por segundos tinha certeza que aquilo era a bermuda que ela tinha feito para meu avô, e o meu short estava por terminar, mas infelizmente não, aquele era o meu short mesmo...
Quando ela disse: - Pronto olha que lindo que ficou o shortinho a Vó fez!
Olhando aquilo eu fiquei tão desesperado que minha voz sumiu, meu coração disparou e transpirava como um gambá...
Vou descrever para que vocês avaliem:
O “short” começava no joelho, passava pelas partes onde fazia um papo enorme, o fecho-eclair começava lá em baixo e ia até o umbigo onde acabava o short, até parecia que meu quadril era feminino... O cordão que tinha que amarrar parecia uma corda, ideal para quem quisesse se enforcar. Não tinha como definir aquilo.
Então após a fatídica frase: - Olha o que a vó fez!
Momentos tensos que se seguiram... Alguns segundos de silêncio que pareciam infinitos foram a única reação que consegui expressar... Minha amada avó sabendo que não gostei não só se decepcionou como também se irou de uma forma nunca vista. Aquilo para ela foi uma afronta e daí em diante ela me declarou guerra e disse furiosa: - Ah você vai usar sim... Ah se vai!
Manchar a minha reputação diante das paquerinhas doeria em mim mais que todas as surras que levei, então nos dias seguintes surgiriam na minha mente brilhante os incríveis planos! Eu era um menino que tinha planos muuuitos planos!
Vesti aquela coisa horrível em alguns dias que não sairia para lugar algum, somente para amenizar a situação, e pensei em manchar aquilo com algo que não podia sair.
Manchei de manga e minha avó tirou, manchei de leite de seringueira e ela tirou de novo, manchei de amora e ela tirou, então apelei... Rasguei de propósito! E não é que ela costurou? Eu acho que ela tinha feito curso pra aquilo, não era possível existir aquela eficiência! Mas não me dei por vencido e procurei um plano que fosse brilhante e é lógico que consegui pois o que não me faltava eram planos para me safar de algo! Então... Quando ajudava a estender a roupa no varal, deixei “aquilo “ bem perto da boca da cisterna sem prendedor. Quando fui recolher as roupas junto com ela, imagina! Hehehe, o vento derrubou meu lindo shortinho dentro da cisterna, oh!!! Que dó... Foi ai que lancei aquele olhar extremamente triste e comecei a chorar, (essa foi a primeira cena de teatro que fiz), mas ai veio o castigo pelo exagero.
Imediatamente minha Avó falou: Pode deixar meu netinho que amanhã mesmo começo a fazer outro. Sagazmente eu disse: - Não vó, eu gostava era desse!
Felizmente não houve mais costuras naquela casa e tudo voltou ao normal, embora aquela maquina de costura de vez em quando me assombrasse.
Com tudo isto eu aprendi que muitas vezes devemos procurar sempre que possível maneiras de demonstrar nossas insatisfações, sem ferir as pessoas que muitas vezes querem apenas demonstrar carinho.
É um exercício de amor e perseverança
Espero que tenham se divertido !
Grande abraço

32 comentários:

  1. rsssssssssssss...Que legal!Ri muito aqui ,pois quem não teve um caso assim parecido? Muito bem contado e foi bom não melindrar a v´po que fez com carinho e tanta boa vontade, correndo risco de sair voando de tanto pedalar,sr Só tu!sr adorei! abração,chica

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    1. Que bom que gostou ! Realmente principalmente em nossa adolescencia sempre temos algo parecido , eheh
      Grande Abraco

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  2. Olá!Boa noite!
    André e Juninho...mas que situação!Ri muito por aqui!Minha mãe também era um "fenômeno" na máquina de costura e quando eu vim de Maringá para Sampa, ela me fez uma bermuda, também! Era branco, e só depois de algum tempo soube que era de "saco de estopa". Situação difícil, delicada, principalmente quando estamos mais preocupados em agradar,agir sem melindrar ,do que corrigir, orientar.
    Mas, temos que ser honestos, coesos em nossas declarações,pois que o vemos insistindo em erro por desconhecimento ou por carinho, não podemos "simpaticamente" concordar, estaríamos sendo cúmplices do engano. Temos que
    humildemente lhe falar...
    Obrigado!
    Bom domingo!
    Abraços

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    1. Ola Felisberto !

      Entendo tambem que para ser sinceros basta a autenticidade e singilezade coraçao.
      Abraço a voce e familia !
      Até a proxima ... Kaiser

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  3. Oi amigo,

    Tudo bem? Sabe que com essa história, me veio a memória um almoço que fui estive quando criança que o prato principal era fígado. Só que eu odiava, mas estava na casa de uma amiga. Quando a avó dela colocou no meu prato, comecei a ficar branca e desmaiei. E quando melhorei, a minha família já estava vindo me pegar.Depois de um tempo, a avó dela disse: perdeu o fígado e da próxima vez venha preparada. Nunca mais almocei lá, mas não a decepcionei.

    Bom domingo!

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    1. kkkk , que amiga heim !!! tadinha ela não sabia !!!
      As vezes é melhor nao ir mesmo , ainda mais que disse para ir preparada . rsrrsr

      Abraçao

      Até mais

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  4. ah, as avós...são lindinhas, carinhosas, mas quando acham que são costureiras...kkkkkkkk

    adorei o causo.
    Abraços ao irmãos.

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    1. Verdade .As Avós tem por nós muito carinho . algumas tem um modo mais que especial .

      abraçao tambem .

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  5. Não consegui rir. Antes fiquei com uma espécie de amargo de boca. É que eu também sou avó. E também tenho a mania que sei costurar... buá...buá... Porém a alegria que vejo nos olhos da netinha, e os abraços que ela me dá, fizeram-me pensar que se calhar ela gosta mesmo das roupinhas que lhe faço.
    Um abraço e que venham mais causos do Juninho.

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    1. Ola Elvira !

      Sabe que os abraços de gratidão cobrem qualquer julgamento que possamos fazer das costuras , estes abraços são gestos que vem direto do coraçao .
      Se pudesse hoje daria tambem esses abraços.
      E que nossas Avós nos perdoem pelos momentos de bobeira quando adolescentes.

      Abraçao bem forte .

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  6. Oi André
    Muito bons os causos que seu irmão conta kkkkkk. Eu não tinha avó para fazer esse tipo de coisa, então não sei o que é na pele, mas imagino o que ele passou.
    Bjos. Fique com Deus!

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    1. Olha Luciana !

      Ter Avó como a minha era como estar no ceu e ... em qualquer outro lugar que nao fosse o céu .

      Eu a amava acima de qualquer situaçao , hoje eu tenho essa certeza ..
      ehehhe

      que Deus lhe abençoe


      Abraçao !

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  7. Anônimo7.10.12

    Queria ter tido uma avó assim...

    Nem avós eu tive!

    Bermudas feita por tia eu tinha/tenho.

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    1. Ei Franco !

      Não tive mãe , mas Deus me compensou com este presente que era minha Avó

      Abraçao

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  8. kkkkk...Conhecendo a vó Lourdes como conheci,imagino o "sufoco" que o Juninho passou...kkkkk
    Parabéns André,amei o texto!!!

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    1. Ola Prima !

      Que bom que gostou ! eheh
      muitos sufocos , em cada um .. uma lição .

      Até a proxima ( Kaiser )

      Abraçao a todos ai !

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  9. Juninho escreve muito bem, parabéns.
    Bom saber que levou a vida de forma bem humorada, assim é mais leve e agradável viver.


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    1. Ola Tio !
      Saiba que tudo é escrito com muito carinho e saudade .

      e .. que todos saibam .. que o Andre é o meu redator oficial , e sem ele
      estes textos não transmitiriam o que tem por objetivo .

      Grande abraço

      seu sobrinho

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    2. Então meu sobrinho, continue escrevendo e nos brindando com este contos pitorescos que por vezes me faz lembrar Ariano Suassuna que muitas vezes conta em seus discursos que odeia alguém que desmascara um mentiroso.
      Ariano disse certa vez que estava sentado em uma calçada ouvindo um amigo contar uma historia 'verídica' rodeado de amigos e todos prestavam muita atenção na criatividade do sujeito.
      De repente chega um desses estraga prazeres que querem tudo muito bem explicadinho nos últimos detalhes e começa a inquirir o sujeito e acabando com a historia.
      Quando o dono da verdade se afastou todos os amigos se entreolharam e disseram: Que sujeito estraga prazeres, a historia estava tão legal e ele veio estragar tudo.
      Não estou dizendo com isso que suas historias são mentiras pois sei que no bojo elas trazem a verdade, mas sei que é vista pelo prisma de um garoto que hoje é um homem que lapida o conto tornando-o mais suave e pitoresco.
      Abraço do tio.

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  10. Olá, amigo André!
    Essa história é muito boa e para mim trouxe recordações de minha infância.
    Minha vó também sabia costurar e fazia roupa para mim, no entanto, eu tinha que usar, pois, sem pai nem mãe, não tinha outra opção Apesar de o calção ser feito de retalhos multicoloridos de tergal (lembra-se deste tecido?), eu gostava e usava com todo prazer e alegria. A necessidade torna as coisas mais bonitas e importantes. Para mim, a vergonha seria ficar usando a mesma roupa o tempo todo.

    A respeito de sua dúvida sobre os versos: olha, há uma regra gramatical para o uso das letras maiúsculas que diz que cada verso, independente de pontuação do verso anterior, inicia-se com letra maiúscula, simples assim. Contudo, há autores que preferem minúscula. Como professor de Língua Portuguesa, prefiro seguir a regra para dar bom exemplo.

    Parabéns pelo prestigioso texto!

    Abraços.

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    1. Ola Bento !

      Recordaçoes são boas , ainda mais aquelas bem marcantes mesmo com a falta de nossos pais ( situaçao dificil )
      Mas é bom saber que Deus te sustentou em alegria e contentamento durante o periodo dificil ( imagino ) de sua infancia .

      Grande Abraço.

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  11. Olá André,

    O Juninho escreve deliciosamente bem. Adorei o "causo" tão bem contado e divertido e ainda por cima com uma ótima mensagem no final.
    Ainda bem que a avó não tentou recuperar o short na cisterna, pois seria bem capaz de conseguir (rsrsrs).
    Parece que o dom da escrita está no sangue, hein?

    Ótimo dia.

    Beijo.

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    1. Pois é Vera !

      Não saberemos nunca o que viria por vir se minha Avó tentasse recuperar aquilo ..
      Ainda bem que ficou assim ne ?

      Grande abraço

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  12. Huahuahua salvou minha tarde chata. Morri de rir aqui! Que dó meu Deus, que dó! !! Kkkkk

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    1. Ola Camila !!!

      Sabe que é previlegio meu estar aqui neste blog podendo publicar meus causos ( veridicos ) !

      Se gostou desse , aguarde os proximos entao .. eheheh
      Parabens pela foto , amo bichos

      Abraço

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  13. André, eu lia o texto dando gargalhada. Muito bom! Gosto muito quando no seu blog pinta publicações desse tipo. E o que é legal, é que agente lendo, não percebe que vai dando boas risadas ao mesmo tempo. Parabém meu caro.

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    1. Ola Paulo !

      Que bom que Deus nos permite alegrar alguem !

      abraco

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  14. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Como é bom ler algo que me faz rir! Tadinha da vovó! Mas isso acontecia com frequência. Hoje é difícil alguma criança usar roupas feitas em casa. Bjs.

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  15. Oi Marilene !

    Pois é hoje em dia nao temos mais esta riqueza do fazer com as proprias mãos.
    Infelizmente .


    Fique tranquila que usei muitas outras roupas feitas pela vóvo ( dentro de casa ) kkk

    Abraçao

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  16. Ahahaha, foi um ótimo texto para começar a navegar pelos blogues. Por sorte não tive avós assim, mas mesmo que tivesse, acredito que não saberia levar as coisas de modo que não ofendesse ou magoasse. Eu tenho problema com isto, como por exemplo, presentes. Se eu não gosto de um presente, fica estampado na minha cara! Não dá pra evitar, minha expressão de desgosto consegue ser mais rápida que meu raciocínio. Eu sei que devo aprender a ser mais ponderado nestas situações, porque é ofensivo e com a aproximação do Natal, isto realmente preocupa. rs.
    Legal seus escritos, o dom de escrever parece ser de família aí.

    => CLIQUE => Escritos Lisérgicos...

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  17. Ola Christian !
    Nao se preocupe , A autenticidade é uma virtude , e para acompanha-la separe alguns sorrisos , alguns gestos faciais , um improviso , e no final teremos uma agradavel surpresa .
    É um exercicio interessante ! , voce se supreendeá
    E que venha o Natal !

    Grande abraço .

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  18. Olá Juninho,
    Curti muito o texto cara, sempre que leio coisas do tipo sou transportado para minha própria infância e para as lembranças que ainda guardo dela.
    Teu texto emana nostalgia e inocência, parabéns!

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/

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