Eu comecei um raciocínio aqui no blog a duas postagens
atrás, me baseando no documentário “Decifrando heróis” do canal History, onde
se mostra que os super heróis foram usados pelo governo americano ao longo da
história para massificar ideias e diretrizes de conduta para a sociedade
americana, e que de tabela (essa conclusão é minha), as sociedades de outros
países acabaram incorporando esse mesmo pensamento, e que por isso o mundo se
americanizou tanto.
Depois eu coloquei na conversa, alguns artistas
brasileiros que ficaram famosos por fazerem anti-heróis, como eles mesmos
classificaram seus personagens, que através do humor, quebravam todas as regras
do que hoje se chama politicamente correto.
Nos anos 80 pelo menos 5 de cada 10 crianças e
adolescentes tinham o hábito de ler histórias em quadrinhos, e hoje, infelizmente
esse dado despencou. Eu conversei com um amigo dono da banca de jornais e ele
me disse que quem lê hoje em dia é o cidadão de trinta e cinco anos pra frente,
e que a moçada não quer mais saber de quadrinhos. Lógico que alguns gatos
pingados adolescentes ainda acompanham tudo o que é lançado, colecionam,
debatem, discutem, entendem, mas não tem 20 amigos reais, (não virtuais), que
tem o mesmo gosto que eles. Por isso, pelo fato de ser uma criança dos anos 80, e saber da situação dos quadrinhos hoje em dia, é que optei por esse tema.
Usei os quadrinhos para levantar a ideia de que
a arte pode servir tanto para construir, como para destruir ideias e paradigmas, mas poderia falar de cinema, literatura,
jornalismo, televisão, que tudo daria na mesma conclusão.
Infelizmente nossos intelectuais se infectaram com o
gramscismo, que é uma teoria elaborada pelo filósofo marxista Antônio Gramsci,
onde a desconstrução da sociedade é necessária para a reforma da mesma nos
moldes marxistas. Nossos políticos, principalmente do PSDB e PT, ao atingirem o
poder começaram lenta e paulatinamente essa desconstrução, e um dos pilares
fundamentais da sociedade que é a educação foi o mais atingido. Nossos artistas
e intelectuais, (logicamente que não generalizando), embarcaram nessas ideias e
influenciaram muita gente, talvez até inconscientemente trabalhando para esse
caminho.
O que eu achei engraçado aqui nessas postagens é que
alguns amigos comentaram que realmente os heróis americanos influenciaram a
sociedade do mundo em geral, mas não concordaram que os quadrinhos brasileiros
influenciaram a sociedade daqui! Acho isso uma incoerência de pensamento ou
algum tipo de bairrismo, mas isso é facilmente explicado quando a gente nota
que essas pessoas agiram com o coração, e por isso enxergaram o micro e não o
macro.
Aliás, nossos maiores erros existem porque sempre
enxergamos o micro, que nos é importante e pessoal, e não enxergamos o macro,
que tem uma importância muito maior, mas é impessoal num primeiro momento, mas
que se formos seguindo as pistas, vamos ver que somos sim indiretamente
atingidos.
Não dá dizer que a imprensa e a mídia, seja ela escrita,
falada, jornalística ou artística não influenciam o cidadão comum.
Eu acho até bonito as pessoas inocentemente lutarem para
defender a ideia de que seus artistas e ídolos, escondidos atrás da palavra
ARTE, se tornam seres além do bem e do mal, e por isso, incontestáveis, mas esse
modo de pensar não cabe mais nos dias de hoje.
Não se trata de caretice, e nem chatice, nem puritanismo,
se trata de dialogar e olhar para o macro! Nossa arte está doente, nossa escola
está doente, nossa sociedade está doente, e nós só estamos olhando para o nosso
mundinho. Eu me incluo nessa.
Um amigo que atacou ferozmente essa série de postagens,
me chamou em off no facebook e me parabenizou por ter a coragem de falar contra
a maioria, e disse que mesmo não concordando 100% com o que eu disse, o nosso
bate papo aqui serviu para ele pensar em coisas que nem tinha se tocado. Fiquei
feliz com isso, pois foi essa mesma, a ideia da postagem.
Obrigado pelos seus comentários, afinal, à favor ou
contra, nós estamos dialogando e isso é bom!
oi André, vou acrescentar alguns fatos e opiniões:
ResponderExcluir1) na minha infância (anos 70) eu não tinha muito amigo que lia gibi. A maioria jogava bola na rua.
Duas meninas (Isabel e Priscila) me fizeram conhecer Asterix e MAD.
Depois, com 12-14 anos, tive um amigo só que lia Disney e Maurício como eu.
2) Essa acusação de estimular o American Way of Life foi feita também contra os quadrinhos Disney no livro de Dorfman e Mattelart,
“Para Ler o Pato Donald”. É forçada e não se sustenta, pois havia também histórias em que discretamente se criticava o patrão Patinhas no jornal A Patada. Um dos autores depois disse que não endossava mais as teses.
3) A teoria gramscista de fato interessou muito os intelectuais de esquerda (só pra ter uma ideia, em 1980 houve um congresso de 4 dias em SP com 120 artistas, professores e jornalistas com o tema “Comunicação, Hegemonia e Contra-Informação”).
Contudo, a interpretação não era unívoca.
Havia uma divisão entre os que achavam que tinha que ser criada uma cultura popular independente, e os que achavam que tinha que se infiltrar e aproveitar brechas no sistema. O mais eficiente (e Gramsci é mais isto mesmo) era usar os “aparelhos ideológicos de Estado” existentes.
4) para se falar de uso gramscista de uma instituição, é preciso que seja realmente de massa e a mensagem não explícita. Quadrinhos alternativos e diretamente contestadores influenciam de outra forma, por propaganda ou crítica direta ao “sistema”. Gramscistas ou de tática similar seriam a Teologia da Libertação, as novelas da Globo (desde Dias Gomes, que nunca deve ter lido Gramsci e fazia tudo no instinto, aliás muito bem). Hoje o que temos é o comprometimento de grandes HQs como a Turma da Monica com o politicamente correto e mesmo com a militância, em parte pelos que trabalham lá e concordam, em parte por intimidação (empresa grande com muitos funcionários, lidando com criança e educação, é extremamente vulnerável e tem que fazer o jogo).
abraço!
Obrigado pelo seu ilustre comentário Spacca!!!
ExcluirA venda desses autores nacionais nunca foi suficiente para influenciar a nação. Eu mesmo tive acesso a algumas tirinhas de jornais e uma ou outra coletânea, diferentemente das demais hqs, Marvel e DC, que eu colecionei apaixonadamente durante toda a década de 90.
ResponderExcluirOi Edson!
ExcluirOlhando para o micro você tem razão, mas olhando para o macro você está errado.
Não influenciou a massa, mas influenciou muita gente, inclusive nós dois.
Pois é, o que é arte, e o que não é?
ResponderExcluirPara mim, arte é o que me encanta; o que me choca, é desastre.
Arte é o que edifica; o que destrói, é desastre.
Arte é o que eleva; o que submerge, é desastre.
EXISTE MAIS DESASTRE DO QUE ARTE.
Não há nada que mais influencie o cidadão comum do que a imprensa seja escrita ou falada. Aliás é através dela que os governos "fazem" a cabeça do povo.
ResponderExcluirAbraço
Quando criança lia e me deleitava com a historinhas, tudo era lúdico, emocionante e prazeroso, hoje já "maduro" kkk (caindo do pé) rio muito com a criatividade dos desenhistas e roteiristas e me regojizo com as artes lendo e relendo historinhas que influenciam sim tanto para o que algumas pessoas acham que é bom como o que outras acham que é ruim. Indo mais à fundo, o que algumas culturas rejeitam e outras aceitem como normal.
ResponderExcluirEste é um dos motivos da campanha "Je suis Charlie" após o atentado ao jornal satírico francês Charlie Ebdo que matou 12 pessoas.
As sociedades são muito loucas e o bom humor muitas vezes vai até que o outro não pareça desrespeitoso e este limite é tênue. Sempre haverá alguém que queira lhe mudar, influenciar pensando que é dono da verdade absoluta e que todos devem seguir seus ideais.
Da mesma forma os aviões e bombas decoradas com a nose art são jogadas sobre as tendas de beduínos no deserto matando inocentes ou em Damasco, trazem desenhos dos mais variados e até símbolos religiosos.
Então tudo pode ser desvirtuado e usado naquilo que eu acho que é bom ou para aquilo que eu acho que é ruim.
Este é um dos motivos que me levam a gostar do 'maldoso' Chico Bento.
Abraços.
É bem lamentável que os adolescentes deixem de ler; os livros e os gibis, jornais e revistas foram trocados pelas redes sociais. Os unicos quadrinhos que eu lia eram da turma da mônica, acho que não li nenhum título que fosse mais social, até porque as condições financeiras impediam e hoje a internet disponibiliza música de qualidade, documentários, livros... E o que chama mais a atenção é postar uma foto com uma frase de "impacto"
ResponderExcluirAcredito que nem bons escritores estão surgindo. Os que são bons são muito poucos e o movimento youtuber é que dita a vez. Você já viu os livros que estão na lista dos mais vendidos? A maioria são de youtubers, que têm pouco conteúdo e que sinceramente, não acrescentam nada.
Como diz a música de Caetano Veloso:
Nessa terra a dor é grande
A ambição pequena
Carnaval e futebol
e posso acrescentar: youtuber e opinião rasa.
É realmente muito triste ver toda essa desconstrução.
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