Ele abriu o guarda roupas, e remexeu
as colchas e cobertas, até que lá no fundo encontrou o velho baú.
Com cuidado ele colocou o baú sobre
a cama e depois de pensar um pouco sobre os anos e as lembranças que aquele baú
lhe traria, criou coragem e abriu.
Dentro do baú estavam dobradas, uma
em cima da outra, bem arrumadinhas, as velhas fantasias de carnaval que ele
usara no passado. Cada fantasia era de uma fase de sua vida, e por isso,
algumas fantasias traziam bons e engraçados momentos, mas outras, traziam pensamentos
tristes, que ele queria esquecer pra sempre.
Naqueles anos, a vida era outra, uma
vida inconsequente, sem regras e sem lei. Ele vivia por viver, queria chegar ao
fim de cada dia com o sentimento de que não poderia ter feito melhor...
Coitado!
Os anos se passavam e as desilusões
vinham aos montes, e como se sua vida fosse uma bateria de celular, carregando além
do necessário, ele acumulava essas desilusões até quase estourar, mas, como num
passe de mágica, essa carga negativa era gasta em uma maratona frenética que
durava cinco noites e quatro matinês!
Cada uma daquelas fantasias dentro
do baú significava um descarrego desses, cada fantasia um carnaval, onde ele se
transformava no folião mais feliz do mundo!
Pena que depois dos cinco dias o
celular já estava novamente na tomada carregando sua bateria.
O tempo passou e ele percebeu que a
vida não pode ser isso. Um acúmulo de coisas ruins, gastas em parcos momentos
de euforia. Ele percebeu que a vida tem que ser vivida de forma que as energias
negativas, os pensamentos e desilusões, não façam ninhos em sua cabeça e nem
entrem como inquilinos em seu coração.
Ele dobrou as fantasias e as guardou
novamente no baú.
Pensou em jogar o baú fora, mas isso
seria covardia com o seu passado, e por isso, apenas o guardou novamente lá no
fundo do guarda roupas.
Ele sorriu, porque caindo em si, percebeu que não precisava mais desses cinco dias de folias desenfreadas para
ser feliz, e o pior, ele balançou a cabeça caçoando dele mesmo, quando lembrou
que em sua trilha sonora diária não tem nenhuma marchinha de carnaval, nem pagode
e nem axé! Aliás, ele detesta axé!
“– Meu Deus, - disse consigo
mesmo – como sou mais feliz hoje!”
Que legal ficou,André... Belo final esse! Muito bom e valeu a inspiração,rs abração,chica
ResponderExcluirHahahahaha, que bom que gostou Chiquinha!
ExcluirQue belo texto, ótima reflexão, pois também penso que a vida fica cada dia melhor, pois nada como o tempo para entendermos os verdadeiros valores!
ResponderExcluirAs fantasias ajudam a viver, mas só o tempo nos mostra a beleza e leveza que é descomplicar, ser feliz no dia-a-dia!
Também digo o mesmo "...como sou mais feliz hoje!",mas sempre gostei de carnaval, rsrs sempre curti e muito, mas hoje meus amigos estão meio "enferrujados" e não tenho muitos para juntos festejarmos!
Amei ler aqui, muito bom, abraços apertados querido amigo Andre!
Obrigado por aparecer Ivone!
ExcluirPois então, muitos outros podem ter tentado jogar o baú fora, porém os baús estão impregnados na vida e não tem como joga-lo.
ResponderExcluirPrincipalmente àqueles que trazem as fantasias sejam elas do carnaval ou não.
As fantasias os confetes e as serpentinas sejam elas simbólicas ou reais estão guardadas lá no fundo e fazem parte do alicerce do chamado templo humano, pode ser a areia, a cal ou mesmo o cimento da argamassa e durar por séculos à fio ou ruir durante a primeira tempestade.
É bom guardar o baú de fantasias.
Nunca podemos desfazer dos baús...
ExcluirUm texto muio bonito.
ResponderExcluirA felicidade não se conquista. Está dentro de nós, so temos que reconhecê-la. E parece que ele o fez.
Abraço
As vezes ela se esconde, mas está dentro de nós...
ExcluirUm abração minha amiga!
Oi, André!! Li o teu comentário no blog da Chica e também vim conferir. Gostei muito do texto!! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado! Venha sempre!
ExcluirAquilo que nos faz feliz vai variando com o tempo (idade...).
ResponderExcluirMagnífico texto, parabéns.
Bom fim de semana, caro André.
Abraço.
Verdade, poeta!
ExcluirParabéns!
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