Sei que vocês não gostam de ler textões, mas acho que essa reflexão que escrevi vale a pena.
Seus preguiçosos!!!!
A
parábola bem conhecida, que Lucas narra no capítulo 15 de seu livro, dos
versículos 11 a 32, fala de um homem que tinha dois filhos. Um dia, o filho
mais novo, pediu para seu pai a parte que lhe cabia da herança e sumiu no
mundo. Lucas fala que ele gastou seu dinheiro de forma indevida, e que chegou a
passar fome, desejando comer a comida que as pessoas davam aos porcos.
Esse,
“gastou o dinheiro de forma indevida”, a gente que não é bobo, entende que o
rapaz deve ter gastado com a mulherada, com bebida, jogos de azar e por aí vai.
Mas
um dia, depois de sofrer um pouco com as cabeçadas da vida, esse rapaz caiu em
sí e voltou pra casa do pai. No caminho ele decorou um pedido de desculpas bem
convincente, mas nem precisava, porque o pai, a hora que viu seu filho voltando
pra casa, ficou muito feliz, e organizou uma festa de arromba! Mandou matar um
novilho e fazer um churrascão, mandou também dar roupas novas pro moço, e um
anel que significava que o menino era seu filho e portanto, patrão.
O
filho mais velho, quando viu o furdunço, a música, a festança, ficou com muita
raiva e foi conversar com seu pai:
-
Pai, - disse ele – eu trabalho pra caramba, nunca te traí, nunca fiz nada de
errado e o senhor nunca me deu nem um bezerrinho pra eu fazer uma festinha com
meus amigos, mas esse seu filho problemático volta do nada, e o senhor faz uma
festa dessas!
-
Meu filho, - respondeu o pai, entendendo a braveza de seu filho – você sempre
esteve comigo, tudo que é meu é seu, você não pegou esse bezerro e não fez essa
festa porque não quis, mas agora, nesse momento, eu estou feliz, porque seu
irmão que estava perdido voltou!
Bom,
essa aí, praticamente, é a parábola que Jesus contou e que foi narrada por
Lucas. Acontece que durante esses dois mil e tantos anos, alguns teólogos dizem
que essa parábola fala sobre o arrependimento e a volta pra casa, espelhada
pela figura filho pródigo, e outros teólogos falam que na verdade a parábola
fala de pessoas que são filhas e não desfrutam do reino de Deus, espelhada na
figura do filho mais velho.
Hoje,
feriado, eu estava fazendo o almoço, e pensando na minha vida e na vida do meu
filho Samuel, que ainda tem 5 anos, e tentando imaginar como ele vai estar
daqui a alguns anos, e de repente essa parábola me veio à mente e eu me liguei
que essa parábola pode também estar falando em outra situação, que não sei se
alguém já olhou por esse lado. Então pra começar a nossa curta reflexão, eu vou
fazer duas perguntas, e você que é inteligente, “eu acho”, já vai sacar onde eu
quero chegar.
- Como anda o relacionamento seu com seus filhos?
- Você é o melhor amigo dos seus filhos?
- Como anda o relacionamento seu com seus filhos?
- Você é o melhor amigo dos seus filhos?
Me
parece, lendo e relendo a parábola, que o pai em questão amava verdadeiramente
seus filhos, que ele se preocupava com eles, e que, pela alegria que ele
demonstrou na volta do filho rebelde, que ele também era um pai compreensivo.
Mas,
apesar dessas qualidades, ele tinha umas falhas, que a gente percebe em uma
leitura mais atenta, e que são falhas corriqueiras nas nossas casas, e nas
nossas famílias de hoje em dia.
Um
dos filhos, não estava contente vivendo na casa do pai, pediu sua parte da
herança e partiu. Oras! Mas a casa do nosso pai, não deveria ser a melhor casa
do mundo? Nosso pai não deveria ser o nosso maior amigo? A gente, não deve
fazer o esforço de ser o melhor amigo de nossos filhos? Ainda mais nesse mundo
maligno, onde existe uma má companhia em cada esquina, querendo sugar a vida de
nossos filhos?
O
pai da parábola não parece tão amigo dos filhos. Ele deveria ser aquele pai,
que ama os filhos, e que acha que trabalhando muito, e dando tudo de bom e do
melhor para o filhos, boas roupas, brinquedos, vídeo game, escola particular,
aula de inglês, judô, natação, chocolate, danone, salgadinho e bicicleta com
quadro de alumínio, já está bom! Ele deveria ser daqueles pais, que nunca
sentou com o filho, nunca acariciou, nunca abraçou, nunca perguntou como foi o
dia do filho e se o filho já está olhando diferente pra alguma menininha. Nunca
perguntou como está o coração do filho, qual são as ideias do filho, e por fim,
nunca disse ao filho: - Pode contar comigo! Eu sou seu melhor amigo!
O
pai da parábola, foi inconsequente quando deu metade da herança pra um filho
descabeceado, e o deixou partir pelo mundo com todo dinheiro, correndo até
risco de morte. Um pai de verdade deveria conhecer o filho. Deveria saber que
seu filho não estava preparado para fazer o que fez, e não poderia deixar isso
acontecer.
Mas
a parte do texto que mais demonstra que esse pai, apesar de amar seus filhos,
não era um pai amoroso, é a resposta que ele dá ao filho mais velho, quando
esse reclama que sempre foi um bom filho, e nem um bezerrinho o pai o deu pra
fazer uma festinha com a galera.
O
pai responde: - Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu!
Olha
que absurdo! O menino se sentia um escravo do pai, um serviçal, ele não se
sentia dono de tudo como o pai falou, “tudo o que tenho é seu”, e sabe por que?
Porque o pai nunca disse nada disso ao filho. Nunca agiu com amizade, nunca
sentou com o filho e disse que ele estava alí para segurar qualquer bronca!
Nunca disse ao filho, que tudo o que era dele, também era do filho. Eles não
eram amigos de verdade. O pai era um provedor na casa, e as provisões, para
ele, eram a forma de demonstrar amor.
O
filho por sua vez, demonstrou carência afetiva, tanto na revolta contra o irmão
mais velho, quanto na revolta com o pai.
Amigos,
dar tudo de bom e de melhor para nossa família é uma coisa boa, mas dar
carinho, amizade verdadeira, amor e companheirismo, isso é melhor que qualquer bem.
Porque os bens acabam, mas o amor de pai e filho, de marido e mulher, de
família unida, esse amor dura para sempre.
Então,
pra terminar a nossa reflexão, eu volto a fazer aquelas duas perguntas:
- Como anda o relacionamento seu com seus filhos?
- Você é o melhor amigo dos seus filhos?
- Como anda o relacionamento seu com seus filhos?
- Você é o melhor amigo dos seus filhos?
A
Bíblia é rica e viva! Um mesmo texto pode falar com a gente de diversas
maneiras, e esse texto, tão batido e conhecido, hoje falou comigo dessa
maneira.
Pense
nisso!
Que coincidência André. Ontem lembrei de si, senti saudades das suas postagens e das suas visitas virtuais. Tanto que estando a escrever uma nova história, e à procura do nome do personagem masculino, um homem meio português meio italiano, escolhi André ferreira Angeloni.
ResponderExcluirAdiante...
Estou quase de acordo consigo. E digo quase, porque embora entendendo que um pai deve ser um grande amigo do filho, ele nunca em momento algum se deve esquecer de que é pai. Porque nós não temos por um amigo o mesmo respeito que temos por um pai, e não lhe admitimos a autoridade que um pai tem que exercer em certas situações da vida. Ou será que estou enganada. Vejamos, a minha mãe, talvez por deficiência na sua educação, talvez pela vida dura que teve desde os seis anos de idade, nunca foi uma mulher carinhosa, nunca se mostrou amiga. Não é que ela não nos amasse, e muito. Mas só em condições extremas deixava passar um pouco de emoção. Era bem menina, quando jurei que seria o oposto dela. E fui-o. Mas também não resulta. Na maioria das vezes, quando precisava ser dura, ele não me acatava. E então entrava em cena, o pai, que era militar, e que o punha em sentido como se estivesse numa parada. E hoje ele terá talvez a sua idade ou perto disso. Tem 37 anos. E todas as dificuldades que enfrenta no dia a dia, (ganha pouco, e quase todos os meses, sobram dias ao ordenado, a vida está difícil) vem desabafar comigo e pedir-me ajuda. Com o pai, brinca, fala de futebol, do trabalho, mas nunca passa disso.
Abraço
Que bom que apareceu Elvira, eu estava com saudade!
ExcluirObrigado pelo comentário.
Que beleza trazer esse texto, essa parábola,André! Nada é melhor do que estar bem com a família e filhos... Os meus estão todos adultos e continuamos a ter bom relacionamento. Faz bem! abração,tudo de bom,chica
ResponderExcluirObrigado Chiquinha!
ExcluirAmigo, maravilhado com o teu espaço, tua cara de bonachão, o nome despretensioso e gozador do blog e estarrecido com o lado que refletiste sobre a parábola. Sou meio rebelde, sem a crença do Jó, mas estudei em colégio católico, sou irmão de uma irmandade secular e sigo a fé sem muita fé como "Caótico Apostatado Romântico". Isso posto, digo que igual a ti, eu também já havia notado que o cara aquele foi um tanso danado. Se um dos meus filhos quisesse meu dinheiro, eu o diria: Vai trabalhar, vagabundo - eu não morri ainda! E diferente dele, eu bebo uma taça de vinho com meus filhos e me abro. Tu escreves muito bem, sem a pretensão de impressionar e sem empolamento. Parabéns, Andrezão! Voltarei muitas vezes. Meu abraço fraterno. Laerte.
ResponderExcluirObrigado Laerte!
ExcluirComo é bom fazer novos amigos na blogosfera!