sábado, 8 de novembro de 2014

Cavalo de padeiro




Diogo era uma pessoa cansada! Ele vivia o tempo todo correndo atrás do vento e vivendo de migalhas. Sua vida era mesquinha e Diogo fazia sempre as mesmas coisas com as mesmas rotinas e com pensamentos enraizados em sua cabeça, que não o deixava olhar pra diante.
Tudo para Diogo tinha que ter uma explicação, e nada poderia fugir da racionalidade. Ele seguia todos os dias os mesmos passos e não conseguia ver porque as pessoas achavam graça em pequeninas coisas da vida.
Diogo era prático! Ele tinha tudo traçado em sua mente. Onde, quando e como ele iria viver e conseguir as suas metas.
Um dia Diogo chegou em casa e viu que tinha um cavalo parado do lado do seu portão.
Diogo olhou para o cavalo e achou que ele estava com sede. Então ele entrou, encheu um balde com água e trouxe até a calçada. O cavalo olhou pra ele como se estivesse agradecendo, abaixou-se e bebeu muita água.
- Puxa, como é que alguém tem um cavalo bonito desse e deixa ele aqui no meio da rua sem água, - falou Diogo pensando em voz alta - o coitado está morrendo de sede!
Foi quando o Aristides padeiro virou a esquina correndo e chegou até eles aflito. Chegando perto do cavalo ele sorriu e acariciando a sua cabeça disse:
- Olá amigo... Puxa você não quer parar um só dia hein!
Diogo vendo aquela cena indagou Aristides:
- Porque você deixou seu cavalo solto e sem água?
- Eu era padeiro e entregava pães com esse cavalo puxando a carroça por mais de 10 anos. Todos os dias a gente fazia a mesma coisa. A gente entregava pão de manhã e de tarde, sempre fazendo mesmo caminho todos os dias. Mas esse negócio de padeiro entregar pão de carroça não dá mais certo hoje em dia, e eu não estava ganhando mais nada com isso, eu já estava com a vida feita, com algumas casinhas de aluguel e com uma chácara onde nós moramos, então resolvi parar de trabalhar.
- E abandonou o cavalo? - Interpelou Diogo nervoso.
- Não meu jovem! - sorriu Aristides - Esse cavalo é como se fosse da minha família. Acontece que ele foge de vez em quando e vem fazer o nosso antigo caminho de tantos anos... Coitado ele nunca olhou para as coisas boas da vida, sempre viveu tapado, só trabalhando todos os dias e nunca teve a alegria de viver solto, por isso, agora ele não consegue ser feliz.
Aristides então agradeceu a Diogo e foi embora puxando seu amigo por uma corda. 
A medida que os dois andavam e sumiam no horizonte Diogo foi refletindo e pensando sobre sua situação: - Será que se eu continuar correndo e trabalhando tanto assim eu vou encontrar alguém para me dar água, ou me guiar com uma corda no pescoço no final da vida?



7 comentários:

  1. Que lindo! E que bela reflexão! Diogo agora vai repensar as atitudes! Adorei! E que olhar esse cavalo! abração,chica

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  2. Muito interessante. Oxalá o Diogo perceba realmente o sentido da vida depois dessa lição.
    Um abraço e bom Domingo

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  3. Acho melhor tentar outras alternativas pra levar a vida de forma produtiva e agradável, viu? Não confie nisso de encontrar quem lhe dê água ou lhe cure as ferias, não vai rolar. "A humanidade é desumana", já cantou Renato Russo.
    Reflexão massa, meu caro André, seu paulista!
    Hahaha...
    Beijo.

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  4. André, amei ler aqui, bela reflexão, a rotina faz isso com as pessoas, elas deixam de viver outros horizontes e ficam "viciadas", nem sempre se pode contar com a ajuda no fim da nossa história, nem sempre!
    Abraços meu amigo criativo, suas estórias são lindas!

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  5. Olá André,

    Ótima reflexão você nos trouxe através do seu conto.
    Ainda bem que para Diogo o caso do cavalo de Aristides serviu para abrir-lhe os olhos, fazendo-o repensar sua vida. Sempre é tempo de mudar os rumos equivocados que tomamos na estrada da vida. Há pessoas que vivem no automático, deixando de saborear a vida, que passa rápida demais

    Grande abraço.

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  6. Bela lição meu amigo, que sirva para muitos Diogos que existem por aí.
    Abraço

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