Anderson estudou do primário até
a sexta série com Paulinho. Os dois moravam na mesma rua e eram amigos
inseparáveis. Anderson se formou em medicina e Paulinho trabalha como mecânico
em uma oficina. Hoje os dois se encontraram num dos corredores do supermercado,
Paulinho ficou muito feliz e Anderson passou por ele fazendo de conta que não o
havia visto. Paulinho não entendeu...
Carla era amiga de Rebeca e Ana
Luisa, elas fizeram balé, catecismo, teatro e inglês juntas. Viviam se reunindo
para ir ao shoping passear, eram grandes amigas. Carla se tornou uma grande
atriz de cinema e novela, Rebeca trabalha de secretária e Ana Luisa tem um
pequeno box numa galeria onde vende tranqueiras importadas made in China. Hoje
elas se encontraram num salão de cabeleireiro. Enquanto Rebeca e Ana Luisa ficaram
muito felizes ao ver Carla, ela foi para uma sala privada do salão e fez de
conta que não conhecia nenhuma das duas. Rebeca e Ana Luisa não entenderam.
Antonia era babá de Alfredo,
cuidou dele desde o nascimento até quando ele completou treze anos. Ela era uma
verdadeira mãe pra ele, pois a mãe biológica trabalhava o dia todo e era
Antonia quem dava carinho, atenção e educação. Alfredo tem uma rede de
restaurantes, e Antonia aposentada, passa a vida com seu marido em sua casa,
cuidando dos netos. Hoje Alfredo saiu de um de seus restaurantes e Antonia
estava em frente esperando o ônibus no ponto, ela o viu saindo e ficou feliz em
vê-lo, Alfredo a reconheceu e saindo com seu carro, levantou os vidros com
insufilme fumê passando por ela sem nem falar um olá. Antonia não entendeu.
Jânio começou a trabalhar desde
menino na loja de seu Valter, foi seu primeiro emprego. Foi na loja de seu
Valter que Jânio aprendeu a ter responsabilidade e a arte que é ser um
vendedor. Seu Valter era muito generoso e ajudou Jânio a pagar sua faculdade e
quando ele saiu para trabalhar numa grande indústria como gerente
administrativo, Seu Valter acertou todos os seus direitos e ainda deu-lhe uma
gratificação pelos anos em que o menino fora tão fiel em vestir a camisa da sua
lojinha. Hoje os dois vinham pela mesma calçada, Seu Valter ficou feliz em ver
Jânio de terno e gravata vindo em sua direção, ainda lembrou-se daquele menino
pobre que um dia ele acolhera e ensinara tudo o que sabia na sua loja. Jânio a
poucos metros de Seu Valter, olhou pra ele como se olhasse uma paisagem e
atravessou a rua, virando a cara como se não o tivesse reconhecido. Seu Valter
não entendeu...
Paulinho, Rebeca, Ana Luisa, dona
Antonia e Seu Valter não conseguiram entender, porque eles durante todo o
relacionamento que tiveram com seus amigos, sempre foram sinceros e nunca
usaram máscaras. Seus corações eram puros, e eles não entendiam como uma pessoa
poderia ter mudado tanto com o passar dos anos. O que eles não sabiam, é que
essas pessoas que hoje os ignoraram, na verdade não mudaram nada... Apenas não
haviam tido a chance "até hoje" de mostrarem quem eles eram de
verdade.
Por isso eles ficaram tristes,
por isso eles ficaram sem entender. Afinal eles gostavam dos amigos e
possivelmente ainda vão continuar gostando, pois em suas mentes as lembranças
dos velhos tempos ainda estavam vivas.
Um texto triste, porém real, e esse tipo de situação pode ser vivenciada ao nosso redor, e como vc escreveu, pessoas assim sempre tiveram essa índole má, mascarada, só esperam uma oportunidade de mostrarem esse seu lado negro, uma pena mesmo.
ResponderExcluirExcelente texto amigão, como sempre, matando a pau. Parabéns.
Abração mano.
Que pena! Um texto triste, como citou o moço no comentário acima, mas absurdamente real. Mas Paulinho, Rebeca, Ana Luisa e Seu Valter não perderam nada por terei se doado a essas pessoas, os pobres de espírito da história.
ResponderExcluirBeijo, André.
Situações do dia a dia.Pergunto-me o que faz as pessoas se julgarem superiores às outras. Falta de inteligência? AQUELE que era superior a todos, lavou os pés dos seus discipúlos.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim de semana
O pior que o que mais existe , são pessoas usando máscaras o tempo todo, esperando o memento de revelarem suas verdadeiras identidades. Lamentável isso.
ResponderExcluirAbração
Bem, vou discordar do final... é possível que no período em que estes prepotentes eram "do mesmo nível" dos amigos, tbem fossem sinceros. Mas, acredito que a soberba possa mudar as pessoas(aquelas facilmente mutáveis, como as de seu texto). Infelizmente...
ResponderExcluirSaudades daqui...
Abração!!
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