sábado, 9 de fevereiro de 2013

Tradição vende?




Esses dias eu fui até a banca de jornal e fiquei intrigado com uma coisa. Entre os vários títulos de histórias em quadrinhos, havia pelo menos uns quatro títulos do Tex!
Era Tex especial, Tex ouro, Tex clássico e apenas Tex...
Eu me virei pra japonesa dona da banca e perguntei:
- Esse monte de revista do Tex vende?
- Se vende? - Respondeu ela folheando uma revista sem se dar o trabalho de olhar pra minha fuça. - Vende demais. Nunca devolvi uma revista Tex pra editora.
- Mas esse personagem tem mais de cinquenta anos, não tem mídia falando dele, e nunca nem fizeram um filme dele pra ele ficar mais famoso?
- Ah.... Aí eu já não sei, mas tem gente que vem todo mês aqui só pra comprar esse Tex. E de vez em quando tem umas edições comemorativas que são muito procuradas, tenho que encomendar uma dúzia delas pra editora e não sobra uma! - Falou a japonesa ainda olhando sua revista.
"Que coisa né?" - Pensei eu com meus botões. - "Como pode nos dias de hoje, um produto vender assim. Sem mídia, sem propaganda, sem marketing, sem nada!"
Depois desse dia eu comecei a reparar em coisas desse tipo, que vendem por sí só. Eu reparei que a cerveja Caracu vende no Brasil inteiro (inclusive pra mim), e não faz propaganda nenhuma. Descobri que o povo árabe tem fama de "mão de vaca" e de bom negociante sem fazer propaganda sobre essa fama. Descobri que o Caetano Veloso vende milhares de exemplares de seus discos e tem fama de ser intelectual e a mídia não fala nada sobre seus novos trabalhos. Descobri que o Quentin Tarantino cavou um público cativo de seus filmes, que podem ser horrorosos, e mesmo se a crítica especializada falar mal, os cinemas vão encher para assisti-los. Nessa linha descobri que se você quiser o melhor relógio, deve ser o Rolex, melhor carro deve ser o Bentley, melhor macarrão deve ser em uma cantina Italiana (que pode até não ser de italianos), melhor samba deve ser de algum carioca... E tudo isso sem fazer propaganda.
Descobri que os charutos cubanos são os mais vendidos no mundo... Alguém já viu um comercial de charuto cubano? Descobri que os japoneses tem fama de serem fechados e anti-sociais, quem não tem um amigo japonês? Eu tenho, e o cara é bem legal!
Descobri um monte de coisas que estão impregnados na nossa vida e não sabemos de onde isso vem! Você pode fazer o melhor charuto da galáxia, milhões de vezes melhor que o cubano, mas se você for a uma charutaria e colocá-lo á venda, fatalmente ele ficará lá empacado, enquanto os cubanos venderão aos montes.
Depois de muito pensar (quase morri de pensar, pois de tanto pensar morreu um burro) eu cheguei á conclusão de que esses fenômenos se devem á tradição. De coisas passadas de pai pra filho, de família pra família... As vezes esses produtos nem são tão bons assim e nem os melhores do mundo em seus segmentos, mas eles estão co inconsciente coletivo das pessoas, e assim vendem por sí só...
Não sei se estou certo nessa minha conclusão, só sei que comprei um gibizinho do Tex e descobri que não é tão ruim quanto eu imaginava...

40 comentários:

  1. Legal,André! Acredito que essa tradição influencia mesmo muito. Ouvir falar que é bom, lembrar do que era comprado por um pai ou irmão mais velho...tudo faz o negócio girar! abração, bom feriadão!chica

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  2. Caro Andrpe. Eu sou muito fã do Tex Willer e sua turma. Leio até hoje. Um abraço.

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  3. Grande Mansim, ótima colocação a sua, e também intrigante, visto que vivemos num mundo onde a publicidade é a alma do negócio, mas há um outro lado, qualidade é algo que transcende o tempo, e atravessa gerações, quando algo é bom, sempre terá espaço.

    Abração pra ti ótimo feriadão Mansim.

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  4. André, eu penso que muitas dessas marcas conquistaram no mercado, aquilo que talvez as consolidem como produtos tão aceitáveis, mesmo sem o poder de propaganda. Eu poderia citar outros tantos exemplos aqui. Mas penso que, talvez essa até não possa ser a explicação mais completa para o fenômeno, chamemos assim, abordado aqui por você, mas certamente é uma das explicações para tal. Interessante e bem sacada a sua reflexão a respeito. Um grande abraço meu caro.

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  5. Meu amigo,

    Tudo bem? gostei do texto e lembrei da revista Seleções entre gerações. O apelo mercadológico é importante, mas as vezes compramos certas revistas por acomodação. Digo isso porque tenho assinatura da Veja há mais de 10 anos e, embora, pense em outras revistas que gosto como Época, fico na acomodação do débito automático na renovação da assinatura.

    Bom feriado e beijos.

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    1. A acomodação realmente interfere nas nossas escolhas, verdade Lú!

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  6. É bem assim! Tem coisas que sabemos desde que nascemos e não sabemos pq! E assim caminha a humanidade....
    Bjus, amigo!

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    1. E assim caminha a Humanidade... Sem rumo e sem destino! Hahahahahaha.

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  7. lembrei da revistinha Seleção, tem desde que eu era criança, não tem propaganda e continua ativa. só não sei se vende tanto. ótima reflexão, acho que é por aí mesmo, tá no incosciente coletivo...
    bjs

    http://eubipolarbuscandoapaz.blogspot.com.br/

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    1. Deve vender né? E quem curte, curte mesmo!

      Obrigado por aparecer!

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  8. Anônimo9.2.13

    Se passar na Rede Grobo vende!!!

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  9. Dedé, tudo bem com vocês por aí?
    Texto bem interessante, pois é tem uma série de produtos e serviços que são passados culturalmente para a gente, e as escolhas, na maioria das vezes, são emocionais, ligadas a sensações positivas que nem sempre são as nossas. E daí podemos falar nesses produtos que têm público cativo, ou mesmo celebridades que nem se renovaram tanto, como o Roberto Carlos, mas que de tempos em tempos emplaca mais um hit e seu público sempre consome, mesmo que um novo público não apareça na mesma proporção, e por aí, poderia citar vários exemplos que se consolidam pela emoção de quem consome; e não tanto pela qualidade, mas de qualquer forma em publicidade: "quem não tem competência, não se estabelece" - então conseguir se transcender por décadas também indica que a coisa não é tão ruim assim, ou pelo menos não existe uma concorrência à altura de sua ruindade haha
    Abração ao pessoal daí, e um beijo especial no Samuelzinho!

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  10. Pode-se comprar porque se ouviu dizer que é bom (rss). Depois de experimentar, se gostamos, a propaganda na mídia se torna desnecessária. E passamos a informação, levando outros a também fazer o teste. Bjs.

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  11. Olá André,
    Os produtos realmente bons não precisam mesmo de propaganda! Como você outro dia fui na farmâcia e fui de cara pegar o polvilho antiséptico Granado, dai pensei: "Nossa! Esse produto é velho as pampas e se mantem forte até hoje! Não lembro de ver comerciais dele..." E é assim, aqui na banca também tem as revisitinhas do TEX e devem vender bem... É o que digo, a melhor propaganda é o próprio produto quem faz, se for muito bom fica.... Isso me lembra também do Pink Floyd que não queria pagar jaba para as rádios e mesmo assim vendia muitos discos!

    Muito legal...
    abraços, Flávio (Telinha)

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  12. Nossa tradição vende demais! Tanto de produtos bons quanto de ruins!
    Post muito interessante!

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  13. Tudo bem.
    Mas a mídia vende até estrume enlatado e a macacada compra mesmo não sabendo para que serve, principalmente se for em suaves prestações e a perder de vista.

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  14. Na época da escola eu tinha um amigo japonês, um dos melhores amigos que eu já tive, que era péssimo de matemática, história, português e eu costumava brincar com ele que ele deveria ser o único japonês burro do planeta.. rsrs.

    Eu acho que tem a ver com a tradição sim, a sobrevivência de tantas coisas boas como essa, como de tantas outras coisas que deviam ficar pra trás também. Por exemplo, teve uma época que amarrar a mão dos canhotos para que eles escrevessem com a mão "certa" já foi uma tradição, que felizmente não existe mais.

    Grande abraço meu chapa!

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    1. Hehehehehehhehe essa dos canhotos eu não sabia Almirzão!

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  15. Oi André
    Muito bom o texto, como sempre meu amigo, reflexivo, eu diria mais, a internet também vende kkkkkk, algumas pessoas ficaram famosas só por colocarem seus vídeos na internet, como é o caso do fenômeno "Galinha Pintadinha", aposto que o Samuquinha adora.
    Bjos. Fique com Deus!

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  16. Oi André, tudo bom?
    Rapaz é verdade! Quando vou comprar meus mangás sempre vejo as revistas do Tex...lembro disso desde pequena e meu pai disse que quando ele era moleque já tinha...
    Sabe o mesmo acontece com nossa famosa caneta Bic..Alguém fala dela? Não, mas todo mundo compra.
    E aquilo..tem coisas que meio que atingiram um status quo tal que nem precisam mais de marketing...até a Coca Cola diminuiu um pouco as propagandas...
    Como está sua revisão do livro? Ainda estou empolgada para começar a rascunhar o meu *.* Mas claro que quero contar com seu apoio para ir lendo e opinando!
    Ah eu gostei mesmo do seu livro, por isso comentei tanta coisa por mail!
    Ah legal vc ter curtido os cosplays da Asuka...eu já pensei em fazer o cosplay da personagem mas tenho tantos outros projetos na frente que esse está em hiato.
    bjs!!

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    1. Valeu Tsu! Vc demora a aparecer, mas quando aparece faz bons comentários!

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  17. Bom Bril, Band Aid, Contonetes... Mais que marcas, se transformaram nos próprios materiais. Outra esponja de aço pra se comparar com a da Bom Bril, tadinha, há de penar um bocado.

    Acho que nós mesmos somos os divulgadores,né?

    Adoro essas suas divagações.

    Beijo!

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  18. Olá Andre
    Você está correto, a tradição vende muito mais que o comercial. Existem produtos, que existem por si só.
    Abração

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  19. André, há quanto tempo não entro aqui. Que bom que voltou a postar, percebi que havia dado um tempinho. Sim a tradição realmente vende muito, não só produtos, os produtos dizem muito dos costumes sociais das pessoas também, e acaba ficando dificil quebrar certas regras impostas pelo marketing durante a história, é o caso de várias marcas como "danone" que não chamamos de iogurte entre outros exemplos, que por mais bobos que possam parecer enfatizam ainda mais o seu post, de que tradição vende.

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  20. Oi André,

    Enquanto lia o texto fui pensando também sobre a questão e concluindo que, de fato, são valores passados através de gerações. Com certeza, a tradição vende, pois traz consigo o destaque resultante do uso do produto pelos antepassados.
    Creio que temos a ideia de que se o produto se mantém no mercado por tanto tempo e sem propaganda é porque possui qualidade, mesmo que esta seja uma falsa premissa.

    Abraço.

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  21. Quando li o seu texto, pensei na palavra CONCEITO. Imaginei esses conceitos permeando as nossas vidas através da mídia, mas neste caso eles atravessaram gerações.
    Por isso, acredito que automaticamente o nosso inconsciente incorpora antigos conceitos, mesmo se estiverem equivocados. É uma forma de respeito às antigas conotações que nosso cérebro já julga como irrefutáveis.
    Adorei a sua análise!
    Bjos

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