Brasil, oito de setembro de 2025
Zéfa pegou a trouxa de roupas, colocou em um balaio e num galeio só, colocou o balaio na cabeça.
Da casa dela até o barranco do riacho eram quinhentos metros.
Ela levou sabão de cinzas e uma garrafa de café.
Chegando no riacho, Zéfa começou a lavar suas roupas e cantar músicas do terreiro do Zé Modesto, painho de reza.
Logo recebeu a companhia de Gertrudes e Maria Onorina, que também chegaram com seus balaios.
Onorinha trouxe biscoitos de polvilho, que no norte, tem o nome de "mentira", porque parece um pão de queijo, mas não tem nada a não ser: polvilho, água, sal e óleo.
Gertrudes trouxe cuscuz com ovo.
As amigas lavaram suas roupas, cantaram, tomaram café, comeram seus quitutes, deram boas risadas, fofocaram muito, e logo, voltaram para suas casas contentes, para fazer o almoço para seus maridos, que voltavam da roça.
Alessandra levou as roupas sujas até a lavanderia e colocou na máquina de lavar.
Apertou um botão.
Enquanto a máquina fazia seu serviço, ela pediu uma marmita pelo aplicativo e se sentou à mesa.
Abriu seu celular no Instagram para tentar descobrir as novidades de seus amigos virtuais.
Como é triste a vida de Alessandra.
Tudo mudou. Para melhor e para pior, dependendo das circunstâncias e dos pormenores da vida.
ResponderExcluirO tempo, por exemplo, durava muito mais. Agora é escasso e nem as correrias o conseguem encurtar.
Gostei do seu texto, comparar situações ao longo do tempo é analisar a evolução da vida.
Boa semana.
Um abraço.
Bom dia, poeta!
ExcluirNem é análise ao longo do tempo. Essas duas realidades existem no Brasil, agora, nesse minuto.
E muito mais do que a gente imagina.
Tenha uma linda semana.
Que maravilha,André! Olhando a alegria, a parceria ,as cantorias das outras, a vida de Alessandra é mesmo triste demais! Adorei!
ResponderExcluirabraços praianos, chica
Li pro Kiko (maridão) aqui e também adorou. Estavas muiiiiiiito inspirado! Parabéns! Deu pena quando acabou!
ExcluirChiquinha, eu terminei assim, porque queria dar o recado, mas até eu queria que fosse maior.
ExcluirKkkkkkkkkkkkkk.
Que bom que gostaram.
Manda um abraço pro Kiko!!
Olá, amigo André!
ResponderExcluirFaço o mesmo biscoito de polvilho sempre, só que coloco um ovo... queijo raldo por cima... Hum!
Vidas vividas com alegria são as melhores de se viver...
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos de paz
Hummmmm que delícia Rosélia!
ExcluirVou aí pra comer biscoito!!!!
Boa tarde amigo André…
ResponderExcluirque contraste tão delicioso entre o universo da Zéfa, cheio de cores, cheiros, cantorias e risadas compartilhadas, e o mundo mecânico da Alessandra, onde o toque humano se resume a apertar botões e deslizar dedos na tela. 😌
É impressionante como você consegue, com tão poucas palavras, nos transportar para os cheiros do sabão de cinza, o sabor do cuscuz com ovo e o calor da amizade, e ao mesmo tempo nos fazer refletir sobre a solidão do conforto moderno. Adorei essa pequena viagem pelo tempo, pelo campo e pelo coração da vida simples.
Abraço e uma linda semana 🤗
Fernanda!
Oi Fernanda!
ExcluirÉ, minha amiga.
Nesse miniconto eu quis mostrar de forma direta, como dois Brasis coexistem e colocar a questão: Quem é mais feliz.
Que bom que gostou.
Tenha um lindo dia!
Ahh que legal André: 08 de setembro também é um dia especial para mim porque é o aniversário da minha cidade Vitorinha. Você até já esteve lá e meu viu na tentativa de correr na praia..rsrs Mas realmente a realidade é tão diferente!!!
ResponderExcluirJuro para você que a vida por aqui não é triste como a da Alessandra, mas nem chega aos pés da vida animada da Zéfa, Gertrudes e Maria Onorina.
É maravilhoso como a felicidade está na simplicidade, na ausência de tecnologia, na convivência humana e nos sorrisos...
Ingressamos na geração da inteligência artificial e será que agora seremos tristes para sempre?
Bem, ainda bem que ainda dá tempo de mudar...Mas será?
Grata por tudo isso e muito mais amigo!!
Beijos e uma linda e especial semana!!
Então Dri!
ExcluirSerá que ainda dá pra mudar?
As coisas estão caminhando para um momento estranho.
Vamos fazer a nossa parte.
Escrever e alertar.
Um abração!
Tenha um lindo dia.
Mas por quê a vida de Alessandra é triste? Porque ela não precisa ir para um rio lavar roupa? Tá de sacanagem? Ó, marido da dona Zéfa, vê se compra aí uma máquina de lavar pra mulher!!!! rs
ResponderExcluirAliás, o nome da minha sogra é Josefa, e claro, todo mundo a chama de Zefinha ou Zefa. Também vinda do interior, infância pobre. Mãe lavava roupa no rio também. Olha a coincidência! Mas tem uma história triste. Um dia que sua mãe foi lavar roupa no rio e levou a caçula com ela, o rio levou a caçula e nunca a encontraram.
Puxa Dudu!
ExcluirQue triste isso.
Essas coisas acontecem com quem mora perto de rio.
Já escutei antes casos parecidos.
No caso do texto, nem é a máquina de lavar que faz a vida da Alessandra mais ou menos triste, mas sim, o distanciamento social que as telas trazem.
Mas você já sabia disso!
Só tava de sacanagem.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
bem, depende. As telas me fez conhecer você, um escritor porreta que eu gostaria de um dia tomar uma cerveja juntos numa tarde ensolarada batendo um bom papo. Aliás, cerveja não porque eu sou crente e crente não bebe cerveja, só coca-cola..
ExcluirEntão!
ExcluirAs telas não são ruins quando são bem usadas.
Aposto que as meninas que foram lavar roupa no rio, também tem celular.
Hoje todo mundo tem.
Mas elas não desprezam os momentos juntas.
Como nós, que vamos beber nossas várias cervejas juntos, mas não vamos nos embebedar, primeiro porque somos crentes, mas não somos xiitas, e segundo porque quando a pessoa se embebeda, ele não é mais senhor do seu corpo.
Em várias religiões isso é falado.
Inclusive, no espiritismo, quando uma pessoa médium se embebeda, um "espirito obcessor", pode tomar o controle de seu corpo.
Eu já vi isso ao vivo, várias vezes, na rua em que morava em SP.
Uma vizinha sempre acontecia isso com ela.
Eita... Mudei muito de assunto.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, parece até que já estamos tomando uma e conversando.
"crente não bebe cerveja, só cocao-cola" - quando eu era mormon, não podíamos tomar coca-cola nem café e nenhuma bebida preta com cafeína ou álcool. Meu irmão vai na Baptista e também não pode tomar coca, mas ele toma café.
ExcluirUm conto muito interessante.
ResponderExcluirRealmente é assim...
Depois há maridos satisfeitos com comida caseira e maridos mastigando comida congelada aquecida no microondas...
Dias felizes.
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Kkkkkkkkk, mas tem marido que não liga né?
ExcluirA vida é complicada mesmo.
Mas momentos alegres tem que aparecer mais na nossa vida.
Um abraço!
O escritor provocador fica provocando a mente da gente.
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkk.
ExcluirÉ a minha função!
E você também sabe fazer isso, muito bem.
Bom dia Andre. texto curto e cirúrgico.
ResponderExcluirBom dia!!!
ExcluirEsse foi!