Ela entrou naquela sala, ficou parada pelo menos cinco minutos, “segundo seus cálculos” e estranhou o fato de que ninguém olhou para ela.
“Estou me sentindo um fantasma!” – pensou, começando a caminhar.
“Essas pessoas devem ser intolerantes! Elas devem estar chocadas com minha roupa, ou com o tom da minha pele!”
Na verdade, ela destoava das pessoas na sala e isso a incomodava, pois ela sabia do preconceito de que sempre fora vítima.
Enquanto todos esperavam quietos, sentados em suas cadeiras, que se dispunham em forma de um grande círculo, ela andava inquieta, procurando arrastar os pés e fazer barulho, para ver se pelo menos alguém a notava, ou se dirigia a ela.
Uma mulher, que deveria ser a assistente social, estava sentada no meio do círculo, com uma prancheta e alguns papeis nas mãos. Percebendo que alguém andava e fazia barulho, falou:
- Boa tarde! A senhora vai participar da reunião?
- Ah.., finalmente alguém me notou! – respondeu ela parando, colocando as mãos na cintura e fazendo cara de nervosa. – Eu entrei aqui, ninguém olhou pra mim. Ninguém teve coragem de falar comigo! Me trataram como se eu não existisse!
- Não, – falou a mulher do meio do círculo – a senhora não está entendedo.
- Não estou entendendo? É logico que estou entendendo! E sabe porque? Porque eu senti isso a vida toda! Vocês são racistas, preconceituosos.
- Não é isso senhora! Aqui ninguém é racista!
- É sempre a mesma desculpa: Não é isso! Nós não somos racistas!
- Deixa eu te explicar.