Pedro
detesta novela que tem como personagem, algum casal homossexual, mas ele não
perde um capítulo.
Manoel fala
que o Brasil vai de mal a pior, e que esses políticos que estão aí são todos
ladrões, mas a cada eleição, ele vota nas mesmas pessoas.
Barbara não
gosta das baixarias que os participantes do Big Brother fazem, mas ela assiste,
torce e às vezes até vota.
Claudete
fala que sua vizinha é fofoqueira, e que ela detesta fofoca. Ela fala isso pra
uma, pra duas, pra três, quatro, cinco... Vinte pessoas.
Juliano acha
que nos atuais programas de humor tem muitas mulheres seminuas e indecorosas e
que isso não faz bem para a sua família, mas ele assiste e dá muita risada com
os comediantes e suas piadas repetidas.
Marcio fala
que o que acaba com nosso país é a malandragem, mas ele tem uma antena pirata
instalada em sua casa.
Andressa
acha que nenhum homem presta. Vive dizendo que os homens são todos iguais, mas
no último ano teve cinco namorados.
Paulo
detesta seu serviço, fala mal de seus patrões pelas costas, tem o sonho de ter
seu próprio negócio, mas trabalha no mesmo lugar a treze anos.
O pastor
Lauro ensinou na igreja que o que está acabando com as famílias é a tecnologia,
e que a internet é coisa do capeta, mas ele tem uma conta no Google, facebook,
watsapp e um tablete de última geração.
Raul é
racista, não gosta de negros e nem de nordestinos, mas Raul adora samba,
dobradinha, forró, baião de dois, vatapá, carnaval e ler a sorte nos búzios de
vez em quando.
Ana critica
as prostitutas, mas trai seu marido.
João Alfredo
brada em alto e bom som, que lugar de ladrão é na cadeia, mas ele vira seu
hidrômetro todo mês, para roubar a companhia de agua e esgoto da cidade.
Todo mundo
tem uma reclamação sobre a forma que o mundo gira, mas infelizmente somos os
primeiros a entrar na roda, somos os primeiros a entrar na ciranda. A ciranda
da esperteza, a ciranda de Gerson, a ciranda do malandro, que leva vantagem
sobre um e joga a culpa no sistema, no governo, na TV, no diabo e as vezes até
em Deus.