sábado, 24 de outubro de 2015

Ele

                                             



                                                      
Com um pincel Ele pintou as joaninhas, algumas de preto com bolinhas laranja, outras de branco com bolinhas pretas, e ainda umas de verde com bolinhas amarelas. Com verniz cor de imbuia ele envernizou as asas das baratas. Nos besouros, Ele envernizou com goma laca, mas antes, tingiu com betume e deu uma bela polida.
No jardim Ele pegou uma moita de marias-regateira e pintou cada uma de uma cor, umas laranjinhas, outras rosinhas, outras azuladinhas, outras branquinhas, tudo com pinceladas de tinta guache.
Na maçã Ele fez uma obra prima! Usou vermelho magenta, amarelo ouro e um pouquinho de branco, foi pincelando, colocando mais vermelho, mais amarelo, umas pitadas de branco e por fim um verniz copal pra dar um brilhosinho.
Ele também fez com papel verde picotado um grande gramado e com bolinhas de massinha marrom fez os tatuzinhos colocando pelos de crina de cavalo cortadinhas pra fazer as perninhas. Também usando massinha ele fez umas cobrinhas pequeninas e fininhas e as colocou na grama e deu a elas o nome de minhoca, com uma espátula pequenina ele fez os risquinhos nas minhocas dando-as um formato mole com um monte de anéis emendados.
Ele pegou argila e fez um monte de bolinhas, pegou papel de seda e fez umas asinhas, pegou mais crina de cavalo cortou bem pequenininho e espetou nas bolinhas de argila, aí com o pincel de pelo de malta pintou listrinhas amarelas e pretas nas bolinhas, colocou mais uma bolinha fazendo uma cabecinha e pintou com spray metálico fazendo grandes olhos, a essas bolinhas coloridas Ele deu o nome de abelhas.
Por hoje ele achou que já estava bom. Então ele olhou pra esses bichinhos e plantinhas e falou: - Vivam!
Aí Ele juntou toda a tralha do seu ateliê e foi contente pra sua casa. Muitas pessoas não acreditam que foi Ele quem fez tudo isso e tudo mais o que existe, mas Ele não está nem aí,  por isso continua fazendo mais e mais a cada dia! 





sábado, 17 de outubro de 2015

Eu?




Estão culpando Deus.
Culpando o governo.
Culpando o vizinho, o calor, o frio.
Estão culpando as chuvas, a estiagem, os ventos.
Culpando os cachorros da rua e os gatos de casa.
Estão distribuindo culpas.
Os dedos estão em riste.
O julgamento é voraz.
Ninguém tem culpa de nada.
Mas todo mundo é culpado.
Pela falta de emprego, de luz, de água, de arroz, de amor, de um forrózinho gostoso pra dançar agarradinho!
Quem inventou esse rock barulhento?
Quem educou essa geração de energúmenos?
Onde estão os beijos, as flores, e os amores?
Onde estão os políticos honestos?
Onde está o verdadeiro futebol brasileiro?
Os dedos estão em riste.
O julgamento é voraz!
Querem que eu vista a carapuça?
Querem dizer que cada cidadão tem uma parcela de culpa?
Mas o cidadão não tem nem mais a parcela do PIS... Onde está meu décimo terceiro que estava aqui?
A culpa é da igreja.
Das famílias sem igreja.
Das pessoas sem Deus.
Dos padres, dos pastores e dos ateus!
O mundo vai acabar... Cadê Jesus que não volta logo?
Vamos fazer a arca e esperar...
Querem que eu vista essa carapuça?
Os dedos estão em riste.
O julgamento é voraz.
Mas...
De quem é a culpa afinal?
Acho que da habilidade que todos nós temos, pra jogar a culpa de tudo nos outros...
Ops! Todos nós não...
Vocês!





sábado, 10 de outubro de 2015

Dois meninos





Zéquinha chegou da escola correndo, jogou sua mochila na cama e apressadamente voou até o fogão. Colocou arroz, feijão, bife, ovo frito e um pouco de abóbora. Sentou-se no sofá da sala e matou seu pratão com um grande copo de laranjada, pra ajudar a empurrar tudo. Em minutos ele já tinha dado um beijo em sua mãe e estava gritando na frente do portão de Osvaldo seu amigo:
- Anda Osvaldo, "vamo" logo!
Quase que instantaneamente, Osvaldo se materializou na rua com uma bola debaixo do braço e os dois foram correndo pro campinho onde seus amigos estavam esperando pra começar a pelada.
Wilson Júnior chegou da escola, abriu a porta devagar, limpou os pés, entrou e colocou sua mochila em cima da escrivaninha do lado esquerdo, encaixadinha entre a parede e o computador.
Depois, Wilson lavou bem as mãos enquanto a empregada esquentava o marmitex no forno de microondas. Wilson mastigou a comida bem mastigadinha. Tinha arroz, lasanha, batata frita, salpicão e bife à role, tudo acompanhado com um copo de refrigerante. Ele estava meio amarelo ultimamente, e o médico da família receitou uma vitamina que devia ser tomada logo após o almoço. Wilson acabou de almoçar, escovou os dentes e foi para seu quarto ligar o computador.
Zéquinha estava empolgado, seu time estava ganhando do time da rua de baixo, e quem perdesse iria pagar tubaína e paçoquinha pro outro time.
- Toca a bola Roliço - gritou Carlinhos - toca logo!
Roliço tocou a bola pro Carlinhos, que tocou pro Zéquinha que chutou pro gooooooolllllllllllllllllllll!
- Hahahahaha - gargalhou Zéquinha - ganhamos a tubaína e paçoquinha!
Wilson Júnior conversou um pouco no facebook com alguns amigos virtuais e depois abriu uma página de jogos on line, pra jogar em rede com outros amigos que não conhecia.
Depois da partida emocionante, Zéquinha e os moleques foram roubar manga no quintal do seu Argemiro. Eles fizeram escadinha com as mãos e pularam o muro. Os meninos deram sorte porque seu Argemiro tinha saído e havia prendido os cachorros no quintal da frente de sua casa. Foi uma festa só!
Wilson Júnior era bom em matar os soldados inimigos no computador. Matou, correu, jogou bomba, dirigiu helicóptero e submarino. Ficou sentado em frente ao jogo, das quatro da tarde até as oito da noite quando sua mãe e seu pai chegaram do trabalho.
Zéquinha voltou das brincadeiras por volta das cinco horas. Comeu um pedação de bolo de fubá com leite e foi fazer a lição de casa.
As sete horas jantou, e se sentou na calçada junto com seus pais e os pais dos seus amigos num grande bate papo. As dez, morto de sono, Zéquinha tomou um copo de leite quentinho que sua mãe preparou e desmaiou até o outro dia. Sua mãe foi ao seu quarto, deu-lhe um beijo no rosto, e o cobriu com carinho. Então ele sorriu mesmo dormindo e sonhou com os anjos.
Enquanto os pais de Wilson Júnior estavam checando seus e-mails, ele ficou mais um tempo no facebook. Depois disso desceu com cuidado a escada, foi até a cozinha, tomou um copo de refrigerante, abriu um pacote de bolacha recheada, e passando pela sala, falou boa noite aos pais e foi dormir.
Os pais responderam sem levantar e nem tirar os olhos do computador. Wilson teve pesadelos... Sonhou que o exército inimigo o havia capturado e que ele estava encurralado num beco sem saída...




sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Crise? Onde?




A gente pensa na situação... Escuta pessimista atrás de pessimista, falando que tudo vai de mal a pior e que ainda tende a piorar mais!
Puxa vida, serão os últimos dias?
Os economistas dizem que um hecatombe econômico vem aí, e que nós brasileiros provavelmente vamos morrer de fome, consumidos pelo verme inflacionário, e que depois disso, nem nosso pó sobrará, para detectar nosso DNA de povo mal votante.
Gente, estou com medo! Acho que ou é o reino do capeta se instalando, como fala em apocalipse, ou, o capeta é a Dilma e Jesus já está voltando.
Ainda bem que a gente, povo brasileiro, além de não saber votar, também não sabe ouvir, não sabe ler, não sabe assistir ao noticiário, não sabe escutar o rádio quando o assunto é sério, e por isso, a gente continua acordando cedo, saindo pra trabalhar, e dando duro o dia inteiro pra comprar o leitinho das crianças.
Já pensou se a gente tivesse aprendido a ler?
Ficaríamos em casa esperando a crise passar. Não tomaríamos banho, pra não gastar nem agua, e nem energia. Não compraríamos roupas, vinho, refrigerante, picanha, carvão e nem Danoninho que vale por um bifinho... Porque uma vez letrados e entendidos, a gente iria descobrir, que em tempos de crise, vive-se a pão e agua. Em tempos de crise, faz-se sopa de pedra. Em tempos de crise anda-se a pé...
Ufa! Ainda bem que a gente é burrão, porque vivemos uma crise mais ou menos, e deixamos o espanto e a preocupação para os analistas, os economistas, os padres e pastores...
Nós apenas vivemos um dia após o outro.
A única coisa ruim de sermos burrões, é que definitivamente não sabemos votar... Porque se soubéssemos, certamente esse país aqui seria mais chique que a França, mais rico que Dubai, mais desenvolvido que o Japão e mais humano que o Tibete.
Mas fazer o que? Em tempos de crise é assim mesmo. E só daqui a umas duas gerações, onde a sociedade brasileira vai realmente ser mais educada, letrada e escolarizada, é que nós vamos aprender a votar e a viver o lado correto dos dias.
Até lá... Se Jesus não voltar antes e se a Dilma não for mesmo o capeta, nós vamos Zecapagodiando e deixando a vida nos levar.