quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Tudo me é lícito, pero no mucho!




A gente converte, "vira" cristão; mas, talvez não tão cristão assim... Apesar de que essa reflexão, não sirva apenas para cristãos, mas para todos que acreditam em ação e reação. Nesse caso; da vida!

Porque, na nossa cabeça de novos convertidos, dizemos que Deus sabe que estamos tentando mudar, e que por isso ele tem que ter paciência com a gente, e na nossa cabeça de velhos convertidos, dizemos que Jesus já pagou pelos nossos pecados; então não tem problema dar umas mancadinhas.

Por isso, algumas coisas que gostamos de fazer e que talvez não sejam tão boas, nós acabamos cedendo e fazendo, só mais uma vez, só mais uma vez, só mais uma vez...

Todos nós conhecemos aquele versículo que diz:

12 Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine; (1 Coríntios 6:12).

É permitido que eu beba bebidas alcoólicas? Sim; é permitido, mas como diz a parte 2 do versículo: "... eu não deixarei que nada me domine." Então, se a bebida me domina, é melhor que eu não beba!

Essa é velha, já escutamos isso em incontáveis pregações, e às vezes as pregações ficam rasas porque ficam batendo na mesma tecla e focando em proibições autoritárias, que são lógicas e que todo mundo sabe. Mas vamos tentar aprofundar e pensar mais um pouco, perguntando e respondendo para nós mesmos:

Eu posso faltar do serviço sempre que não estiver à fim de trabalhar? 

Posso!

Vou para o inferno se fizer isso? 

Não, não vou para o inferno.

Que bom, então pelas leis de Deus eu não serei castigado! Mas pelas leis trabalhistas e pela lei do meu patrão, ele pode me mandar embora.

Então concluímos que é permitido que eu falte, mas não convém que eu falte. E se faltar e ficar em casa, se tornar gostoso demais e isso me dominar, aí a coisa fica pior ainda.

Entendeu?

Vamos pensar em outro exemplo:

É permitido que eu não estude para uma prova da faculdade? 

Sim é permitido.

É pecado?

Não, não é pecado. 

Ninguém vai sofrer a ira divina se não estudar para uma prova. Mas como consequência, certamente vai tirar nota baixa.

Concluímos que é permitido ficar sem estudar, mas não me convém ficar sem estudar?

Então, num exercício de futurologia, podemos prever que, se a gente faltar muito no serviço porque ficou gostoso ficar em casa, logo, logo, seremos mais um desempregado.

Se não estudarmos para a prova na faculdade, provavelmente ficaremos de DP, ou desistiremos da faculdade.

Então pensem meus amigos e comentem o que acharam da frase: Tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém... 

E não estamos falando sobre bebida!


terça-feira, 15 de outubro de 2024

Resenha do livro: Até o fim. De Harlan Coben.

 


Acabei de ler: "Até o fim", mais um livro do; na minha opinião, maior contador de histórias policiais da atualidade, Harlan Coben.

Mas dessa vez ele forçou um pouco a barra.

Ele tinha uma pré-estória na cabeça, de um passado do personagem, que só ele sabia e que maldosamente não contou para ninguém, só para ter um plot nas últimas páginas. E com isso, confundiu um pouco o meio de campo!

Aconteceu um assassinato e a investigadora que começou a trabalhar nesse caso procurou um investigador chamado Nap em outra cidade, porque esse investigador, há algum tempo, colocou na base de dados da polícia as digitais que foram encontradas na cena do crime.

As digitais eram de Maura, uma ex-namorada do Nap, que estava sumida há alguns anos e a pessoa que morreu era Rex, um amigo da época de escola.

Teoricamente, o crime foi um assassinato cometido por um homem que estava acompanhado de Maura, que depois de ter feito o serviço, desapareceu.

Aqui é que vem o problema do livro, porque ao invés de investigar o assassinato do amigo e o possível envolvimento da ex-namorada no caso, o Nap resolve reabrir um caso de sua infância, que já estava encerrado, onde seu irmão gêmeo, Léo e a namorada, Diana, morreram atropelados por um trem. 

Na época, as investigações apontaram para um descuido movido à álcool e drogas, ou um suicídio duplo.

Acontece que Léo, na adolescência tinha um clube secreto de amigos, onde tanto a Maura, quanto o Rex, faziam parte. E isso foi suficiente para o Nap partir para esse lado da investigação.

Na cidade deles tinha uma base secreta do governo, que ninguém sabia ao certo do que se tratava. Todos fofocavam que era coisa da CIA. Diziam que era para fabricar armas nucleares, fazer contato com extraterrestres, ou que era apenas uma base científica ligada à agricultura. Léo e seu clube secreto, eram intrigados com essa base, e queriam a todo custo descobrir para o que ela servia. Até que um dia, eles foram à noite bisbilhotar essa base, e na manhã seguinte Léo e Diana apareceram mortos.

O suspense aumenta, porque assim que Nap começa a investigar esse passado, outros membros do clube secreto de seu irmão começaram a morrer misteriosamente.

O livro é bom? Sim... é bom. 

Ele prende o leitor do início ao fim, e no fim, como sempre nos livros do Harlan Coben, nas derradeiras páginas, ele desvenda o mistério, trazendo como culpado, uma personagem acima de qualquer suspeita.

O que me incomodou foi o ponto de partida para a investigação, que só fez sentido na cabeça do Harlan e do Nap. Inclusive, alguns personagens falam isso para o detetive!

Só ele via algum sentido no que estava investigando e por vezes, até ele duvidou se estava no caminho certo.

De 0 a 10, a minha nota para esse livro é 7. A menor nota que já dei para um livro do Harlan. Mas como disse, o livro é bom e diverte.

Se a gente não ligar para as incongruências, o livro é perfeito. 

 


segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Conversão

 



Eu era um pré-adolescente. Tinha mais ou menos 13 anos, quando fiz a primeira comunhão. A "minha" igreja ficava na Freguesia do Ó em São Paulo e tem o apelido de "Igreja de Zinco", porque o telhado dela é todo coberto de telhas galvanizadas.

O padre na época era o padre Matheus, e a moça que ensinava a gente sobre a vida de Jesus e sobre a nossa nova vida com Jesus, se chamava Soninha.

O padre Matheus juntou com a Soninha e os dois sumiram no mundo! Se casaram e nunca mais tive notícias de nenhum deles.

Ixi... Esse trem deu uma conversa danada! 

Crucificaram o padre, apedrejaram a Soninha, falaram que o capeta estava agindo dentro da igreja. Uns irmãos disseram que tinham percebido, outros que foram pegos de surpresa, outros que o padre era safado, outros que a moça era safada, e eu... Eu não entendi nada!

Naqueles dias, tinha um padre irlandês, que estava passando um tempo na igreja, não sei fazendo o quê, mas mesmo eu achando que nem ele sabia o que estava fazendo lá, ele teve que assumir a igreja, até que um novo padre fosse escalado pra gente.

O padre irlandês nem sabia falar direito português, ele lia as coisas e dava a entonação que ele imaginava que estava certo, tipo: 

— I Jééésuzzz faulou parrrra sus apóstoulous! Iu soui o verdade e o vido.

A gente; crianças e adolescentes, íamos na igreja aos domingos só pra dar risada desse padre, coitado! Ele ficava bravo, avermelhava as bochechas e falava: 

— Voucezzzz non prestammm otencioun in nado!

Ele era grandão, devia tem quase dois metros e era corpolento sem ser gordo, era grandão mesmo. Devia ter uns 150 quilos mais ou menos.

Nas tardes, ele se sentava na padaria ao lado da igreja e tomava sozinho mais de uma dúzia de cerveja. Isso todos os dias, até que os homens, cabeças da congregação, foram conversar com ele:

— Padre, o senhor não pode se sentar aqui e beber desse tanto.

— Coma non poude?

— Não pode porque é feio!

— Feia? Coma anssí?

— As pessoas falam mal do senhor.

— Pessoas falar maou de minha, pourque eu beber cerveja?

— Isso.

— Mas lá no Irlanda, nóuis dá cerveja no mamadera do bebêzinha.

— Então padre! Mas aqui é feio um padre fazer isso. O senhor pode até beber, mas lá na casa paroquial.

Eu não sei como acabou a conversa, só sei que o padre parou de beber na padaria, e que de vez em quando algum dos homens tinham que ir fazer companhia pra ele na casa paroquial, porque ele achava triste beber sozinho.

Mas porque estou contando essa história?

Estou contando essa história, porque há mais de 20 anos eu vou à uma igreja evangélica, e outro dia o pastor perguntou aos irmãos, como foi a conversão de cada um deles.

Quando chegou a minha vez, eu contei uma cena que eles não gostaram muito, mas é a primeira cena de que me lembro, que eu entendi o que, ou quem é Jesus.

O padre irlandês, na primeira aula do catecismo depois que a Soninha e o padre Matheus sumiram, começou a aula dando a notícia sobre eles e ligando isso à nossa vida e ao cristianismo:

— Vacêis sobem que a padre Matheus e o Soninho resoulveram si casar. Juntaram como vocêis dizem acá em Brasil, os panélos, e foram morarem juntas! Mas... — ele deu uma parada e apontou pra gente com cara de acusador e continuou teatralmente. — O que vaia acountecir com a padre e o Soninho? Eles vai pra inferna? — outra pausa antes da conclusão. — Eu achar que non, porque a padre e o Soninho já entregar o alma a Crista! O que eles fizer foi largar o igreja, e não largar o Crista! Eles continuam sendo cristianas! E agoro vanm procurarem otro igreja para congregarem, ou nom, e nom tem nada errada. É simples! Eles continuam sendo salvas, mas agoro vam fourmarem um familio!

Cara! Essa fala caiu como uma bomba na minha cabeça! Eu que achava que entendia o que era Cristo, o que era Jesus e o que era igreja, na verdade não entendia nada!

Esse, pra mim, foi o dia em que eu me converti...

Hoje eu tenho uma vida longa dentro de igrejas evangélicas e até em religiões alternativas e algumas até misteriosas... Outro dia eu conto para vocês. Mas foi esse dia que marcou a fé que até hoje me norteia. E mesmo que alguns irmãos evangélicos sejam contra o que vale é dentro de mim, e esse padre, que falava mal o português e que gostava de uma gelada, pois para ele era tradição e não pecado, foi a pessoa que me mostrou: Quiém é a verdadero Crista!