segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Gripe do caramba

 


Peguei uma puta duma gripe do caramba!

Renite, sinusite, faringite, laringite e otite. Tudo no mesmo pacote.

Eu fui ao médico do meu plano de saúde e ele nem olhou pra minha cara. Isso porque era no médico do plano. Que fica lá no pronto socorro do plano, pra atender os clientes do plano, e pelo que eu saiba, ele não foi forçado nem pelo plano, e nem pelos clientes do plano, a atender as pessoas que vão lá, gripadas e sinusitadas querendo um pouco de atenção e carinho. Ele é um médico malvado! Nem escutou meu pulmão, nem olhou meu nariz, nem nada!

Com aquela cara de falso legal, ele sorriu um falso sorriso e fez uma falsa pergunta:

— Que cor é o catarro? Verde ou branco?

— Branco.

— Ah tá... Você vai tomar essas 3 injeções agora e comprar essa receita aqui. — disse passando a receita que magicamente apareceu pronta na mão dele.

— Mas o senhor não vai nem me examinar?

— Que cor é o catarro?

— Branco...

— Então! Tá examinado. Toma as injeções e essa receita.

Se fosse um veterinário acho que me daria mais atenção. 

Que chato né...

Aí eu tomei as 3 injeções na bunda. Doeu pra caramba, e fui até a farmácia.

O farmacêutico deu risada porque eu contei a história pra ele, e com um falso sorriso disse:

— Fica tranquilo que você vai sarar.

— Por quê? Como você sabe?

— Porque ele deu receita pra tudo o que existe. Todos os tipos de gripes, sinusites e bronquiolites e até dor nas costas. Uma com certeza ele acerta.

Eu dei um falso sorriso. Peguei o cartão de verdade e paguei a lotérica receita.

Mas tô melhorando...

Minha mãe mandou tomar chá de alfavaca e acho que foi bom...

 

sábado, 17 de agosto de 2024

A Salvação de Jonas


Republicação de um texto antigo, mas que se mostra muito atual.




 

Jonas olhou a sua volta.

Tudo estava escuro. A lama cobria-lhe o joelho, e a cada passo que tentava dar ele se atolava mais e mais.

Jonas não via saída, o caminho de repente se tornou muito difícil.

O sol já não iluminava mais seu rosto, e o que parecia ser uma floresta de galhos secos e espinhos encobriam o horizonte e limitava sua visão a apenas alguns metros à frente.

Perdido dentro dos rabiscos que viraram sua vida, ele ouvia sussurros, risadas de escarnio e gritos. Parecia que falavam dele, mas não dava para ter certeza, pois as vozes cochichadas partiam de sombras, que ora se mostravam na penumbra e ora sumiam fazendo algazarra.

— Ei! — gritou Jonas. — Vocês aí, me ajudem, estou perdido!

Não adiantava!

A cada grito de Jonas, a cada pedido seu, as vozes se calavam e apenas olhos esbugalhados apareciam em meio ao breu. Esses olhos, curiosos para saber se Jonas iria sair da enrascada em que estava, não pareciam querer ajudar.

Olhos da meia noite, olhos da madrugada, que refletidos no espelho, eram a imagem da desesperança e Jonas os conheciam muito bem.

Com esforço sobre-humano, Jonas dava pequeninos passos, que vagarosamente o faziam prosseguir. Ele levantava uma perna da lama pegajosa, inclinava seu corpo para frente e pisava mais adiante, depois repetia com a outra perna, e assim ia tentando se desvencilhar desse pesadelo.

Quanto mais esforço, mais o pântano crescia. Quanto mais esforço, mas Jonas se lembrava de um cachorro que uma vez observara correndo atrás do rabo.

Jonas sentia que alguém segurava sua perna e lhe puxava pra baixo.

As vezes parecia que algumas pessoas saiam das sombras e colocavam mais lama no meio do caminho. Mas... O engraçado é que essas pessoas pareciam com ele!

Jonas precisava vencer, Jonas precisava prosseguir, Jonas precisava respirar, Jonas precisava sair dessa situação.

Foi quando uma pessoa de aparência conhecida apareceu do outro lado do caminho.

— Olá! — alegrou-se Jonas. — Você não é a minha professora da quarta série?

A pessoa não respondeu, mas jogou um livro para Jonas, o livro se depositou no fundo da lama e Jonas pôde se apoiar nele.

Mais pessoas, com feições dóceis, apareceram ao lado do caminho. Todos pareciam conhecidos de Jonas, uns pareciam antigos professores, um parecia com o dono de uma livraria que ele sabia onde ficava, outro parecia o dono da banca de jornais, outro parecia seu pai! E uma mulher que parecia sua mãe...

Jonas estava atordoado, suas vistas, embaçadas, não lhe davam certeza da identidade dessas pessoas, ele via apenas silhuetas e imagens distorcidas.

Como foi que ele chegou nesse estado? Onde foi que ele se perdeu?

Essas pessoas, que agora pareciam amistosas, diferentemente das sombras, em um gesto em conjunto, começaram a jogar livros e mais livros para Jonas.

Ele notou que essas pessoas que hoje vinham lhe ajudar, eram as mesmas que no decorrer de sua vida tentaram lhe aconselhar e que ele não havia dado muita importância. Mesmo assim, as pessoas não desistiram dele e continuavam arremessando revistas, jornais e muitos livros.  

Jonas começou a usar esses livros como escada, subindo, subindo, saindo da lama, até que conseguiu sair do buraco em que estava e atingir terra firme!

Jonas saiu da lama, saiu da floresta de espinhos, do emaranhado de rabiscos e caminhou até um lindo jardim.

Ele percebeu que o sol iluminou novamente o seu rosto!

As cores da vida tornaram a aparecer.

Então... Jonas sorriu!

 


quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Ideia

 



Hoje tive uma grande ideia para um conto.

Aí, comecei a pensar e a ideia poderia ser elevada à categoria de novela ou para um livro.

O problema é que eu tenho um caderno imaginário cheio de ideias, que vou escrevendo imaginariamente até o dia em que resolvo escrever de verdade.

Eu trabalho como vendedor em uma loja de materiais para construção. 

Hoje eu atendi uma cliente que trouxe a netinha dela de 3 anos para passear. A menininha fez muita amizade comigo e me abraçou e disse que eu era muito legal. Mas tipo: Do nada! Ela simplesmente gostou de mim, de graça.

Eles foram embora e eu com minha cabeça doida e fértil pensei no começo de um conto assim:

Uma mulher vai a uma loja com sua netinha de 3 anos e acontece o que aconteceu aqui hoje.

Quando eles vão embora a avó pergunta:

— Camila, você gostou bastante do moço lá da loja né?

— Gostei vovó... E fiquei com dó dele.

— Com dó por quê?

— Porque ainda hoje Deus vai chamar ele pra ir morar junto lá no céu.

— O quê? De onde você tirou essa conversa? 

— Foi o anjo que estava do lado dele que me contou!

Pronto! Essa é a ideia.

Mas ainda está crua. Tenho que desenvolver, e perguntar coisas.

O que a avó faria?

Teria como mudar o destino do vendedor?

Por que o anjo contou isso à menina?

A avó tentaria impedir ou falaria alguma coisa para o rapaz?

Então... Vou pensar...

Se sair algum conto eu conto pra vocês.

O que vocês acharam? Da história gente. 

Não estou perguntando o que vocês acharam da minha maluquice.



sábado, 10 de agosto de 2024

Nós somos coach do mundo!

 


O brasileiro é um tipo de homo sapiens que tem que ser estudado pela NASA. 

Eu acho que antes do Cabral chegar aqui, alguém do além, de outras galáxias ou de outra dimensão, já havia colocado uma sementinha no pessoal daqui. Só pode ser.

Nós somos peritos em tudo! Somos os coaches do planeta, e alguns de nós acham que poderiam ensinar até a Deus como funciona o mundo.

Há um mês e pouco todo mundo sabia qual foi a causa da enchente no Rio Grande do Sul. Apareceu perito em meteorologia, perito em muro de contenção, perito em bomba submersa... Apareceu gente que tiraria a água da chuva com baldes e o Rio Grande ficaria seco!

Depois, nós viramos snipers! Uns que queriam que o Trump morresse, falaram sobre o ângulo, o vento, o calibre da arma e explicaram por que o justiceiro não acertou o tiro. Outros, que queriam salvar o Trump, falaram sobre o ângulo, o vento, o calibre da arma e explicaram por que o terrorista errou o tiro.

Aí nós viramos especialistas em dirigir Porshe, e explicamos o que o motorista bêbado deveria fazer para dirigir alcoolizado. Porque nós entendemos de Porshe, praticamente tiramos a nossa habilitação dirigindo Porshes nas autoescolas.

Semana passada, nós que entendemos de urnas eletrônicas, explicamos para o mundo, porque o Maduro roubou nas eleições e também porque as eleições foram legítimas! Coisas que só nós sabemos.

E hoje, nesse momento, nós estamos explicando para os pilotos de aeronaves o que eles devem fazer pra não acontecer mais tragédias como a que aconteceu ontem.

Eles devem planar aproveitando as correntes de vento, devem subir mais alguns pés para dar tempo de reagir se o motor parar, devem procurar uma rodovia pra pousar, devem ter aquecedor a gasolina, colocar para quedas no avião, consultar uma cigana antes da viagem e por aí vai.

Então eu vou deixar registrado aqui no meu blog: Se você, que não é brasileiro, tiver qualquer problema, de qualquer espécie. Seja material ou espiritual. Seja no presente ou no futuro... Consulte a gente.

Nós somos coach do mundo. 


terça-feira, 6 de agosto de 2024

Jogos olímpicos? Tô fora!


 


Eu não assisti nada das Olimpíadas. Pela primeira vez eu não me empolguei com isso.

Na verdade, eu nem sei quem são os melhores atletas brasileiros e nem em qual modalidade nós estamos bem.

Eu não sei o que está acontecendo comigo em relação a representantes brasileiros no esporte.

Acho que cansei de torcer e ver o país ficar lá atrás no quadro de medalhas.

Até a seleção brasileira de futebol não tem me empolgado em nada. 

Nem ligo!

Desde que os meninos começaram a sair muito cedo dos nossos times para irem jogar na Europa, eu parei de torcer.

Eu nem conheço os jogadores... Não acompanho campeonatos europeus. Não assisto Champions League e não me importo com campeonatos de futebol de outro pais.

Eu sou são-paulino. Torço pelo São Paulo Futebol Clube. Esse eu acompanho todos os jogos, conheço todos os jogadores, fico bravo, feliz, choro e dou risada. 

O São Paulo é uma das paixões que eu tenho na vida; mas essa crônica são é sobre paixões e sim sobre desilusões.

Eu ando desiludido com atletas, cantores, cartunistas, humoristas, escritores e mais um monte de gente famosa, que deveria abrir os olhos do povo para as barbaridades do poder, mas que acabam se vendendo ao sistema e abocanhando uma fatia do dinheiro público.

A lei Ruanet, que privilegia artistas que já são ricos, enquantos os artistas iniciantes não conseguem emplacar seus projetos, na minha opinião, é uma sacanagem monstro! 

Esses artistas, que sabem de onde vem a corrupção que os abraça com carinho, viram cabos eleitorais na época das eleições, esquecendo seus escrúpulos... Isso é, se eles tiverem algum escrúpulo ainda, né?

O Brasil tá muito louco! Na verdade, o mundo tá muito louco! Essa loucura maligna se infiltrou em todos os lugares e apodreceu o que eu achava que era mais puro na nossa sociedade: o esporte e a arte.

Isso me deixa triste, e por isso nesses jogos olimpicos eu resolvi me abster. 

Privar-me da função de torcedor. 

Sumir na braquiara, como se diz aqui na roça! 

Dar um perdido, como se diz nas cidades grandes.

E apesar da minha consciência as vezes me falar que eu estou sendo muito exagerado... Eu resolvi assim.  

E vocês? Conseguem separar o joio do trigo e ainda torcer de forma pura e infantil? Tipo com o coração?

Eu... Só pro São Paulo.


quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Inveja plantada em mentes manipuladas

 



Nós brasileiros somos uma raça de gente invejosa e mequetrefe, que não aguenta ver alguém bem-sucedido que logo fica arrumando comentários tipo:

— Ah, mas como ele subiu de vida rápido!

— Trabalhando a gente não fica rico assim... Tem coisa estranha aí...

— Deve estar mexendo com droga! Certeza!

— Vai ver recebeu alguma herança, porque ele sempre foi burro.

Nós somos assim! Pode até ser que você que está lendo não seja, mas a maioria do brasileiro é.

Todos os dias, muita gente enche a cara de cachaça e bate seu carro ou atropela alguém no trânsito, muita gente morre por causa disso e ninguém fala nada. Mas semana passada um cara dirigindo um Porsche, saiu trolado de cana, atropelou e matou um mototaxista. Rapaz... Todo dia os portais, os jornais, os telejornais, as fofoqueiras da esquina, o papagaio da minha vizinha, todos só falam nisso!

Será que é dó do mototaxista ou inveja do Porsche?

Porque quando o mané pingaiada atropela e mata alguém com seu Fiat 147 ninguém fala nada e as vezes tem até pena do Mané pingaiada. Deveria ser notícia da mesma forma que o bebum do Porsche.

Os dois estão errados do mesmo jeito. Mas o rico, só porque é bem-sucedido, parece que tem mais culpa!

Nós somos manipulados gente! Primeiro de tudo o estabilishment ataca a família, depois a religião, depois a ideologia política e depois a classe social dominante.

Nós temos que entender as entrelinhas das notícias.

Entender o porquê das coisas.

Entender a manipulação dos bens, da moral e dos costumes.

Senão... Viraremos gado de verdade.

— Ah, mas o mundo não tem mais caminho de volta. — diz o orelhudo.

Eu digo que tem sim. É é uma solução não tão simples, mas ao mesmo tempo, simples demais. A solução é:

Ler. 

Ler, ler e ler. 

Ler bons livros. 

Estudar literatura.

Literatura clássica de preferência. 

Saber compreender e interpretar textos, para deixar de ser uma pessoa tão manipulável.

Meus amigos da blogosfera e leitores, levem essa idéia para frente, porque essa é a nossa única salvação.