Republicação de um texto antigo, mas que se mostra muito atual.
Jonas olhou a sua volta.
Tudo estava escuro. A lama cobria-lhe o joelho, e a cada passo que tentava dar ele se atolava mais e mais.
Jonas não via saída, o caminho de repente se
tornou muito difícil.
O sol já não iluminava mais seu rosto, e o
que parecia ser uma floresta de galhos secos e espinhos encobriam o horizonte e
limitava sua visão a apenas alguns metros à frente.
Perdido dentro dos rabiscos que viraram sua
vida, ele ouvia sussurros, risadas de escarnio e gritos. Parecia que falavam
dele, mas não dava para ter certeza, pois as vozes cochichadas partiam de
sombras, que ora se mostravam na penumbra e ora sumiam fazendo algazarra.
— Ei! — gritou Jonas. — Vocês aí, me ajudem,
estou perdido!
Não adiantava!
A cada grito de Jonas, a cada pedido seu, as
vozes se calavam e apenas olhos esbugalhados apareciam em meio ao breu. Esses
olhos, curiosos para saber se Jonas iria sair da enrascada em que estava, não
pareciam querer ajudar.
Olhos da meia noite, olhos da madrugada, que
refletidos no espelho, eram a imagem da desesperança e Jonas os conheciam muito
bem.
Com esforço sobre-humano, Jonas dava
pequeninos passos, que vagarosamente o faziam prosseguir. Ele levantava uma
perna da lama pegajosa, inclinava seu corpo para frente e pisava mais adiante,
depois repetia com a outra perna, e assim ia tentando se desvencilhar desse
pesadelo.
Quanto mais esforço, mais o pântano crescia.
Quanto mais esforço, mas Jonas se lembrava de um cachorro que uma vez observara
correndo atrás do rabo.
Jonas sentia que alguém segurava sua perna e lhe
puxava pra baixo.
As vezes parecia que algumas pessoas saiam
das sombras e colocavam mais lama no meio do caminho. Mas... O engraçado é que
essas pessoas pareciam com ele!
Jonas precisava vencer, Jonas precisava
prosseguir, Jonas precisava respirar, Jonas precisava sair dessa situação.
Foi quando uma pessoa de aparência conhecida apareceu
do outro lado do caminho.
— Olá! — alegrou-se Jonas. — Você não é a
minha professora da quarta série?
A pessoa não respondeu, mas jogou um livro
para Jonas, o livro se depositou no fundo da lama e Jonas pôde se apoiar nele.
Mais pessoas, com feições dóceis, apareceram
ao lado do caminho. Todos pareciam conhecidos de Jonas, uns pareciam antigos
professores, um parecia com o dono de uma livraria que ele sabia onde ficava,
outro parecia o dono da banca de jornais, outro parecia seu pai! E uma mulher que
parecia sua mãe...
Jonas estava atordoado, suas vistas,
embaçadas, não lhe davam certeza da identidade dessas pessoas, ele via apenas
silhuetas e imagens distorcidas.
Como foi que ele chegou nesse estado? Onde
foi que ele se perdeu?
Essas pessoas, que agora pareciam amistosas,
diferentemente das sombras, em um gesto em conjunto, começaram a jogar livros e
mais livros para Jonas.
Ele notou que essas pessoas que hoje vinham
lhe ajudar, eram as mesmas que no decorrer de sua vida tentaram lhe aconselhar
e que ele não havia dado muita importância. Mesmo assim, as pessoas não
desistiram dele e continuavam arremessando revistas, jornais e muitos livros.
Jonas começou a usar esses livros como
escada, subindo, subindo, saindo da lama, até que conseguiu sair do buraco em
que estava e atingir terra firme!
Jonas saiu da lama, saiu da floresta de
espinhos, do emaranhado de rabiscos e caminhou até um lindo jardim.
Ele percebeu que o sol iluminou novamente o
seu rosto!
As cores da vida tornaram a aparecer.
Então... Jonas sorriu!
Que lindo e muito bom que Jonas conseguis se livrar do lodo ... Há mesmo quem pareça querer sempre puxar pra baixo e mais ainda afundar. Mas ainda bem, o bem ganhou e os livros, leituras puderam ajudar Jonas a "subir"... Adorei! abração, chica
ResponderExcluirChica! A salvação para a nossa sociedade é a literatura.
ExcluirNão tem outro jeito.
Um abração!!
Eu li como uma fábula. Bom é dar ouvidos às vozes mais sábias que as nossas que estão ao nosso redor. E conhecimento é sempre um ótimo caminha para se livrar do atoleiro.
ResponderExcluirGostei.
Dudu, infelizmennte nós não damos ouvidos às pessoas mais sábias.
ExcluirNos achamos os sabidões.
Um abraço!
Uma história muito boa com um fundo moral a ser considerado por todos, já que ter em consideração o que os outros nos dizem é importante para a vida.
ResponderExcluirBoa semana caro amigo André.
Um abraço.
Obrigado Jaime!
ExcluirQue bom que gostou.
Tenha uma linda semana.
Que texto sensacional e incrível.
ResponderExcluirEstava com saudade de vir aqui ler você.
Muito bom!
Boa semana, beijinhos!
Olá Sheila!
ExcluirQue bom que veio me visitar e que bom que gostou.
Fico feliz!!
Tenha uma linda semana.
André, una historia grandiosa con la moraleja de pensar que siempre en la vida tenemos que escuchar y aprender de personas sabias que nos encaminen en este largo camino de la vida, fue un placer leerte, me enganché a medida que iba leyendo.
ResponderExcluirAbrazos y un beso
Olá!
ExcluirQue bom que gostou!
Sil, na vida temos que escutar as pessoas sinceras, que querem mesmo nos ajudar.
Muito obrigado pela visita!
Um beijo e tenha um lindo dia!
Bom dia de Paz, André!
ResponderExcluirSem leitura trabalhada, o mundo carece de dignidade.
O final da sua crônica ficou otimista e verdadeiro.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos
Olá Roselia!
ExcluirAcabou otimista né? Tomara que o Jonas aproveite.
Um abração!
Excelente texto André. A iliteracia, nos deixa mergulhados num lamaçal do qual não conseguiremos sair sem ajuda. Ler é condição essencial para caminhar com confiança em terreno firme e a garantia de chegar incólume ao fim da viagem!
ResponderExcluirUm abraço!
Isso mesmo! Eu sempre falo que a salvação do Brasil é investir em literatura.
ExcluirUm abraço!!
André, gracias por visitar mi blog, lo valoro mucho.
ResponderExcluirAbrazos y te dejo un beso
Foi um prazer! Seu blog é lindo!
ExcluirUm texto muito bom.
ResponderExcluirPara bom entendor meia palavra basta.
Seu texto é digno de uma profunda reflexão.
Gostei!
Bom Domingo!
:)
A ideia é servir para reflexão mesmo.
ExcluirQue bom que gostou Piedade!
Um abraço, minha amiga.